A Ascenção de Jesus Cristo

Sobre a Obra

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A Ascenção de Jesus Cristo – Stefanos, Bispo de Arsinoe

Assista um Documentário sobre o Local da Ascenção (em inglês):

 

 

A Visão da Ascenção – Beata Anne Catherine Emmerich

 

 

Visões de São Boaventura – The Ascension of Christ

Hino da ascensão

Após ter cumprido a missão em nosso favor, e unido a terra aos céus, ascendeste aos Céus em glória, ó Cristo Deus, sem te afastares de nós, permanecendo sempre conosco, dizendo aos que te amam:

“Eu estou convosco.

Nós te amamos sobre todas as coisas.

Não nos deixes, então, toma-nos em teus braços, tu que tudo cumulas, abraça-nos e repete:

‘Não me separarei de vós, eu estou convosco’.”

Os primeiros dentre os anjos clamaram a todas as potências celestes:

“Levantai os portais, abri os acessos celestes e triunfais, porque está para subir a Rainha da glória.

Nuvens, aplainai-vos sob aquela que está para subir.

Éter, preparai-vos para acolher aquela que está para vos atravessar.

Céus, abri-vos.

Céus dos céus, acolhei-o, porque sobe para vós aquela que disse aos seus:

‘Não me separarei de vós, eu estou convosco”. […]

Os apóstolos se prostraram adorando ao Deus dos céus, e, em um transporte de louvor, elevaram suas vozes àquela montanha, como a querer congratular-se com o monte das Oliveiras por ter sido lugar digno de tal honra:

“Como superas o monte Sinai! Este acolheu os passos de Moisés, mas tu acolheste os passos de Deus!

Naquela montanha foi dada a lei, mas a graça foi derramada do alto de ti”.

Ó tu que és sem pecado, dá-nos a tua paz, e, através de nós, dá a paz ao mundo que é teu, pelas orações daquela que te gerou.

O inimigo não vê com benevolência o bem que devemos praticar.

Mantém o inimigo longe, tu que prometeste:

“Não me separarei de vós, eu estou convosco, ninguém prevalecerá contra vós!”.

ROMANOS, O MELODE, Hino para a Ascensão, LIII

The Ascencion

After having accomplished the mission in our favor, and uniting the earth with the heavens, you ascended to the Heavens in glory, O Christ God, without moving away from us, always remaining with us, saying to those who love you: “I am with you”. […]

“We love you above all things. Do not leave us, then, take us in your arms, you who accumulate everything, embrace us and repeat: ‘I will not separate myself from you, I am with you’.” […]

The first among the angels cried out to all the heavenly powers: “Lift up the portals, open the heavenly gateways and triumph, for the King of glory is about to ascend. Clouds, level yourselves under him who is about to ascend. Prepare you to welcome him who is about to cross you.

Heavens, open you. Heavens of heavens, welcome him, for he who said to his own has come up to you: ‘I will not separate myself from you, I am with you.’ […]

The apostles prostrated themselves worshiping the God of heaven, and, in a transport of praise, raised their voices to that mountain, as if wanting to congratulate the Mount of Olives for having been a place worthy of such honor:

“How do you overcome the Mount Sinai! It welcomed the steps of Moses, but you welcomed the steps of God!

On that mountain the law was given, but grace was poured out from above you.”

O you who are without sin, give us your peace, and, through us, give peace to the world that is yours, through the prayers of her who gave birth to you.

The enemy does not look kindly on the good we should do. Keep the enemy away, you who promised: “I will not separate myself from you, I am with you, no one will prevail against you!”.

ROMANS, THE MELODE, Hymn to the Ascension, LIII

Fonte: Vida de Maria em Ícones. Giovanna Parravicini. Edições Loyola.

Produzido por / Organized by: MuMi – Museu Mítico

A Ascensão e a vinda do Espírito Santo

1. O Senhor despede-se dos seus

2. Jesus sobe ao céu

3. Preparação dos Apóstolos e discípulos para a vinda do Espírito Santo

4. A vinda do Espírito Santo

A Ascensão e a vinda do Espírito Santo

1. O Senhor despede-se dos seus

Na véspera da ascensão veio Jesus, com cinco discípulos à casa de Lázaro, em Betânia, onde se encontraram com Maria e as outras santas mulheres.

Muito povo se reuniu em redor da casa, para ver mais uma vez Jesus e despedir-se d’Ele.

O Divino Mestre apareceu à gente de fora, benzeu e distribuiu-Ihes muitos pãezinhos; depois se afastaram.

Na casa tomou Jesus, em pé, um refresco com os discípulos, que choravam amargamente, porque ia deixá-Ios.

Ele, porém, disse: “Por quê chorais, queridos irmãos? Vede esta mulher, que não chora.” Dizendo-o, apontou para a Mãe Santíssima.

Jesus despediu-se mais intimamente de Lázaro. Deu-lhe do pão bento a comer, abençoou-o e apertou-lhe a mão.

Depois se encaminharam todos, com exceção de Lázaro, que morava escondido em casa, para Jerusalém, onde Nicodemos e José de Arimatéia prepararam uma refeição.

“Vi Jesus, com os Apóstolos, andando por vários caminhos, em redor do Monte das Oliveiras; os outros grupos O seguiam.

Às vezes parava Jesus, para Ihes explicar alguma coisa.

Todos estavam em grande angústia, alguns choravam; outros estavam muito abatidos. Vi um deles pensando:

“Quando Ele for embora, quem será o mestre?

E como se cumprirá tudo o que foi prometido a respeito do Messias?”

Pedro e João pareciam-me mais calmos e compreendendo tudo melhor.

Muitas vezes faziam perguntas ao Senhor e Ele parava, explicando-lhes muitas coisas. Assim andaram até à noite.

O Senhor parava freqüentemente, estava muito sério, ao ensinar-Ihes, às vezes desaparecia repentinamente.

Então ficavam muito assustados, mas de repente Ihes voltava de novo.

Era como se quisesse prepará-los para a próxima separação.

Vi-os andando por belas campinas, por caminhos agradáveis e debaixo de árvores.

O sol brilhava lindamente à tarde.

Quando Jesus e os Apóstolos se aproximaram da casa do banquete, já o sol se tinha posto.

Maria, Nicodemos e José de Arimatéia vieram-Lhe ao encontro em frente à casa.

Jesus entrou ao lado de sua Mãe. As outras mulheres vieram mais tarde.

Depois de Ihes haver dito algumas palavras e de terem chegado os outros discípulos, Jesus entrou na grande sala do banquete.

Benzeu o peixe, o pão e as verduras e ofereceu a todos; cada um recebeu um bocado.

Durante o banquete, Jesus não deixou de ensinar-Ihes, com palavras muito sérias.

Vi as palavras saírem-lhe da boca como raios de luz e entrarem na boca dos Apóstolos, num mais depressa, noutro mais vagarosamente, conforme o grau de desejo ou sede da doutrina de Jesus.

No fim da refeição Jesus benzeu também um cálice de vinho, bebeu e ofereceu-o aos outros e todos beberam. Mas não foi o Santíssimo Sacramento.

Depois dos discípulos se terem levantado do ágape, reuniram-se os outros, que comeram nas salas laterais, debaixo das árvores, em frente à grande sala; vi Jesus aproximar-se-Ihes, ensinar-Ihes por muito tempo e abençoá-Ios; depois se afastaram.

Vi então as outras mulheres, que nesse meio tempo tinham chegado, entrarem no jardim, debaixo das árvores.

A Santíssima Virgem estava com elas. Jesus aproximou-se-Ihes e deu a mão a sua Mãe. Falou-Ihes muito sério.

Todos estavam muito comovidos e senti que Madalena desejava veemente abraçar os pés do Senhor.

Tendo-Ihes falado assim por algum tempo e depois de as haver abençoado, deixou-as Jesus.

Choraram muito, mas silenciosamente, abafando a dor; a Santíssima Virgem, porém, não a vi chorar, nessa ocasião.

Ao aproximar-se a meia noite, saiu Jesus com os Apóstolos, toman-do o caminho pelo qual viera à cidade no domingo de Ramos.

Maria seguiu depois dos Apóstolos e após ela, um grupo de discípulos.

Muita gente se Ihes aproximou no caminho e o Senhor falou-Ihes.

“Em companhia dos onze Apóstolos, cerca de trinta discípulos, a Santíssima Virgem e algumas mulheres, dirigiram-se ao Cenáculo.

Só Jesus, os onze e Maria penetraram na sala interior; os discípulos entraram nas salas laterais, onde havia bancos de dormir, não sei se dormiram ou rezaram.

As companheiras de Maria ficaram no vestíbulo.

Foi preparada a mesa da última Ceia e aceso o candeeiro. Havia na mesa apenas um pão ázimo e um pequeno cálice.

Os Apóstolos revestiram-se das vestes de cerimônia e Pedro pôs a veste própria de sua dignidade.

A Santíssima Virgem sentou-se em frente ao Senhor.

Vi Jesus fazer o mesmo que fizera na última ceia: marcar o pão, oferecê-Io a Deus, partir, benzer e dá-Io aos discípulos; depois beberam também do cálice, sem que o enchessem de novo.

Vi o Santíssimo Sacramento brilhando, ao pronunciar Jesus as palavras, penetrar como um pequeno corpo luminoso na boca dos Apóstolos.

Na consagração do cálice, se lhe derramou a palavra sacramental no cálice como um rubro fulgor de sangue. Madalena,

Marta e Maria Cleofas já tinham recebido o SS. Sacramento nos últimos dias.

No começo da noite fizeram a oração e cantaram com mais solenidade do que comumente, à luz do candeeiro.

Jesus deu mais uma vez a Pedro poder sobre os outros. Impôs-lhe mais uma vez o manto, repetindo o que dissera, ao aparecer-Ihes na praia do lago Tibérias e no cume da montanha.

Ensinou ainda sobre o batismo e a bênção da água.

Durante a oração e a doutrina, já pela manhã, vi ainda cerca de dezessete discípulos, dos mais íntimos de Jesus, atrás da SS. Virgem, na sala do Cenáculo.

Antes de saírem de casa, o Senhor apresentou-Ihes a Santíssima Virgem como centro e intercessora dos fiéis. Pedro e os outros inclinaram-se diante dela; Maria, porém, abençoou-os.

No momento em que isso se deu, vi Maria revestida, de um modo sobrenatural, de um grande manto, de cor azul celeste, colocada sobre um trono, tendo na cabeça uma coroa.

Era um símbolo de sua dignidade.”

2. Jesus sobe ao céu

Ao amanhecer do dia, saiu o Senhor do Cenáculo, conduzindo os onze Apóstolos pelas ruas de Jerusalém, por todo o caminho da Paixão.

Seguiram-nos Maria e um grupo de discípulos.

Onde se dera uma cena da Paixão, demorava-se alguns momentos, explicando-Ihes a significação do lugar ou um trecho dos profetas referente a isso.

Onde, porém, os judeus tinham obstruído o lugar, para impedir a veneração dos fiéis, mandou Jesus tirar esses obstáculos.

Assim saíram da cidade e vieram a um jardim ou lugar de oração, onde se sentaram à sombra das árvores e Jesus ensinou e consolou-os.

Como no entanto começava a amanhecer, tomaram-se-Ihes os corações um pouco mais alegres, na esperança de que Jesus ainda ficasse com eles.

Aproximaram-se então muitas turbas de povo.

Jesus continuou o caminho para o monte Calvário e dali para o Monte das Oliveiras, onde se sentou novamente num jardim, falando ainda muito tempo com os discípulos, como para terminar a sua obra.

Já estava reunida numerosa multidão em redor de Jesus e por toda a redondeza; em Jerusalém correu o boato do grande concurso de povo no Monte das Oliveiras, ao qual se juntaram novos grupos da cidade.

Então se dirigiu o divino Salvador ao Horto de Getsêmani e subiu o Monte das Oliveiras.

“A multidão caminhava como em procissão, subindo o monte pelos diversos caminhos, de todos os lados e muitos grupos passavam pelas moitas, pelas sebes e cercas.

O Senhor, porém, tornava-se cada vez mais resplandecente e ligeiro.

Os discípulos seguiam-no, mas não mais podiam alcançá-Lo.

Tendo o Senhor chegado ao cume do monte, brilhava como a luz branca do sol. Do céu, porém, desceu sobre Ele um círculo luminoso, que brilhava com todas as cores do arco-íris. Todos os que O seguiam, ficaram parados, em vasto círculo, como que ofuscados.

O Senhor brilhava ainda mais do que o esplendor que o cercava.

Pousando a mão esquerda sobre o peito, abençoou com a direita elevada todo o mundo, virando-se para todos os lados.

A multidão ficou imóvel, vi que todos foram abençoados.

Jesus não abençoava como os rabinos, com a mão aberta para a frente, mas como os bispos cristãos. Senti com grande felicidade essa bênção sobre todo o mundo.

Então se lhe uniu o próprio esplendor à luz do alto e notei que se tornava invisível, a partir da cabeça, dissolvendo-se-Ihe a figura na luz celeste e desaparecia como que subindo.

Era como se um sol entrasse no outro ou como uma chama entrando numa luz ou uma centelha numa chama.

Era como se se fitasse o sol radioso do meio-dia e ainda mais branco e claro; o pleno dia parecia escuro, em comparação com aquela luz.

Quando já não se Lhe via mais a cabeça, ainda se podia distinguir-Lhe os pés resplandecentes, até que desapareceu inteiramente, no esplendor do céu.

Inúmeras almas vieram de todos os lados, entrando nessa luz e desapareceram no céu com o Senhor.

Não posso dizer que O vi tomar-se cada vez mais pequeno, como algo que voa no ar; mas vi-O desaparecer numa nuvem de luz.

Ao aparecer a nuvem luminosa, caiu, por assim dizer, um orvalho de luz sobre todos e não podendo mais suportar essa luz, ficaram todos cheios de espanto e admiração.

Os Apóstolos e discípulos achavam-se mais perto de Jesus; estavam em parte deslumbrados e olhavam para baixo; muitos se prostraram por terra.

A Santíssima Virgem estava logo atrás dos Apóstolos, olhando tranqüilamente para a frente.

Após alguns momentos, quando o esplendor diminuiu um pouco, toda a assembléia, no maior silêncio e nas mais intensas emoções da alma, olhou para a luz do alto, que ainda ficou por algum tempo.

Nessa luz vi descer duas figuras, no começo pequenas, crescendo cada vez mais e aparecer, com vestes longas e brancas e um bastão na mão, como profetas, falando à multidão; as vozes soavam alto e forte, como a de trombetas e parecia-me que as deviam ouvir em Jerusalém.

Não se moviam, mas estavam inteiramente imóveis, ao dizer as poucas palavras:

“Homens da Galiléia, que estais aí olhando para o céu?

Esse Jesus que acaba de vos ser arrebatado, para subir ao céu, voltará como o vistes subir ao céu.”

Tendo dito essas palavras, desapareceram.

O esplendor, porém, ficou ainda por algum tempo, até que afinal se desfez, como do dia se passa à noite.

Os discípulos estavam fora de si, sabiam agora o que lhes tinha sucedido: O Senhor tinha ido embora para o Pai Celestial.

Muitos caíram por terra, de dor e atordoamento.

Enquanto desaparecia o esplendor, recobraram ânimo e ergueram-se, cercados pelos outros.

Muitos formaram grupos, as mulheres aproximaram-se também e assim se demoraram ainda, olhando para o céu, pensando e falando sobre o sucedido; depois voltaram os discípulos a Jerusalém, seguidos pelas mulheres.

Alguns dos mais simples choravam como crianças, outros se conservavam recolhidos e pensativos.

A Santíssima Virgem, Pedro e João estavam muito tranqüilos e consolados.

Vi, porém, também muitos outros que não estavam comovidos, mas descrentes e duvidosos e que se apartaram dos outros e se afastaram; pouco a pouco se dispersou toda a multidão.

No lugar onde Jesus subiu ao céu, havia uma grande laje, sobre a qual o Divino Mestre estava ensinando ainda, antes de dar a bênção e desaparecer na nuvem luminosa.

As pegadas do Senhor ficaram impressas na pedra e numa outra se imprimiu uma das mãos da Santíssima Virgem.

Meio dia já tinha passado, quando toda a multidão acabou de dispersar-se.

Os discípulos e a Santíssima Virgem dirigiram-se ao Cenáculo.

Sentindo a princípio a separação de Jesus, estavam inquietos e julgavam-se abandonados.

Quando, porém, se acharam reunidos no Cenáculo, encheram-se todos de consolação, principalmente pela presença da Santíssima Virgem no meio deles e, confiando inteiramente na palavra de Jesus, de que Maria lhes seria o centro, a Mãe e intercessora, recuperaram a paz de coração.

3. Preparação dos Apóstolos e discípulos para a vinda do Espírito Santo

Os dez dias entre a ascensão do Senhor e a vinda do Espírito Santo passaram-nos os Apóstolos reunidos com a Santíssima Virgem, no Cenáculo.

Reuniam-se freqüentemente para a oração, na sala da última Ceia, em que observavam uma ordem mais rigorosa do que o grande número de discípulos e fiéis, também presentes. Demais viviam muito recolhidos, temendo também a perseguição dos Judeus.

Um dia Pedro, estando no meio dos Apóstolos, vestido da vestidura episcopal, propôs a eleição de um Apóstolo em lugar de Judas, indicando a José Barsabas e Matias para esse fim.

Ambos nunca tinham pensado nisso, nem desejado tal dignidade, enquanto muitos dos discípulos que assistiram à eleição, desejavam ser Apóstolos.

Matias, apesar de mais delicado e fraco, por possuir maior fortaleza da alma foi preferido por Deus a Barsabas, que era jovem, na flor da idade.

Como a piedosa Emmerich relata em poucas palavras apenas esse acontecimento importante, damos a seguir aqui a bela narração dos Atos dos Apóstolos de S. Lucas (1, 15-26):

Naqueles dias, levantando-se Pedro no meio dos Irmãos (e montava a multidão dos que ali se achavam juntos, a quase cento e vinte pessoas), disse:

“Irmãos, é necessário que se cumpra a Escritura, em que o Espírito Santo predisse, pela boca de Davi, acerca de Judas, que foi o condutor daqueles que prenderam Jesus; e o qual estava entre nós alistado no mesmo número e a quem coube parte deste ministério.

E este possuiu de fato um campo do preço da iniqüidade; e depois de se enforcar, arrebentou pelo meio e todas as entranhas se lhe derramaram na terra.

E tão notório se fez a todos os habitantes de Jerusalém este fato, que se ficou chamando aquele campo, na língua deles, Hacéldama, isto é, campo de sangue.

 Porque escrito está no livro dos Salmos:

Fique deserta a habitação dele e não haja quem nela habite e receba-lhe outro o seu cargo.

Convém, pois, que destes homens, que têm estado juntos na nossa companhia, todo o tempo em que viveu entre nós o Senhor Jesus, começando desde o batismo de João, até o dia em que foi arrebatado ao céu, que um dos tais seja testemunha conosco da ressurreição.

E propuseram dois: José, que era chamado Barsabas, o qual tinha por sobrenome o Justo e Matias.

E orando, disseram: Tu, Senhor, que conheces os corações de todos, mostra-nos destes dois a quem escolheste, para que tome o lugar deste ministério e apostolado, do qual pela prevaricação decaiu Judas, para ir ocupar-lhe o lugar.

E a respeito lançaram sortes e caiu a sorte sobre Matias, que foi contado no número dos Apóstolos.

4. A vinda do Espírito Santo

Para a santa festa de Pentecostes enfeitaram a sala da última Ceia festivamente, com árvores, grinaldas e flores.

Nas vésperas da festa, Pedro benzeu dois pães ázimos, partiu e distribuiu-os aos Apóstolos e à Santíssima Virgem.

À cidade, porém, chegaram muitos peregrinos para a festa de Pentecostes, estrangeiros de variadíssimos trajes e costumes estranhos.

Os Apóstolos e discípulos passaram a noite antes de Pentecostes, junto com Maria e as santas mulheres, na sala da última ceia, em oração e silenciosa meditação, preparando-se para a vinda do Espírito Santo.

Estavam reunidas ao todo mais de cento e vinte pessoas.

Todos desejavam ardentemente a vinda do Consolador prometido, que os encheria, segundo a promessa de Jesus, de força celeste. A piedosa serva de Deus descreve esse importante acontecimento com palavras intuitivas:

“Percebi, depois de meia-noite, uma maravilhosa intensidade e um movimento misterioso e benfazejo na natureza inteira, que se comunicava a todos os presentes.

Pareceu-me também que, pela abertura no teto da sala, se podia ver o céu tornar-se mais claro.

Os Apóstolos tinham-se retirado em silêncio do meio da sala para junto das paredes, ficando perto das colunas; por entre eles vi os discípulos nos pórticos laterais, olhando pelas paredes abertas para dentro da sala.

Pedro estava diante da cortina atrás da qual se guardava o Santíssimo Sacramento; a Santíssima Virgem, porém, estava na sala, diante da porta do vestíbulo, no qual se achavam as santas mulheres.

Estando assim todos silenciosos, cheios de veemente desejo, com os braços cruzados sobre o peito, olhos baixos, propagou-se-lhes a calma e o silêncio por toda a casa.

Os discípulos, nos átrios laterais, se dirigiram todos aos respectivos lugares e após alguns momentos, reinava o maior silêncio em todo o redor da casa.

Pela manhã vi sobre o Monte das Oliveiras, onde Nosso Senhor subira ao céu, se aproximar uma nuvem luminosa, resplandecente, prateada, vindo do céu, em direção à casa dos Apóstolos, em Sião.

Vi-a primeiro, a grande distância, como um globo, cujo movimento acompanhava uma doce e ardente brisa.

Ao aproximar-se, aparecia cada vez maior a nuvem luminosa, passando como um nevoeiro brilhante sobre a cidade, até que parou sobre Sião e a casa da última Ceia, concentrando-se cada vez mais e tornando-se cada vez mais clara e transparente como um sol brilhante; finalmente desceu, com crescente sussurro, como uma nuvem de trovoada muito baixa.

Muitos judeus, que ouviram o bramido e viram a nuvem, correram assustados ao Templo. Toda essa cena tinha alguma semelhança com uma trovoada que se aproxima rapidamente, mas em vez de trovão, ouvia-se o zunido, que se sentia, porém, como uma brisa cálida e profundamente reconfortante.

Quando a nuvem luminosa pairava muito baixo sobre o Cenáculo e, a par do crescente ruído, se tomava cada vez mais brilhante, vi também a casa e os arredores banhados numa luz intensa, mas os Apóstolos, discípulos e mulheres,

cada vez mais silenciosos e ardentes.

Eram cerca de três horas da manhã, antes do nascer do sol, quando vi de repente saírem da nuvem, sussurrante, torrentes de luz branca, que se cruzavam sete vezes e ao cruzarem, se dissolviam em raios e gotas ígneas, que caíram sobre a casa e arredores.

O ponto em que as sete torrentes de luz se cruzavam, era cercado como de um arco-íris, onde vi formar-se uma figura luminosa e pairar sobre a casa; parecia-me que essa figura tinha asas estendidas sob os ombros; mas não posso dizer com certeza se eram asas, pois tudo parecia emanação de luz.

Nesse momento, porém, toda a casa estava cheia de luz em redor.

Não vi mais a luz do candelabro de cinco braços. As pessoas reunidas estavam todas como pasmas e extasiadas; levantaram inconscientemente os rostos, com desejo ardente e vi derramar-se na boca de todos uma torrente de luz, como pequenas línguas de fogo em chamas.

Era como se respirassem e recebessem ardentemente esse fogo e como se algo de sua boca, em ardente desejo, fosse ao encontro dessas chamas.

O santo fogo derramou-se também sobre os discípulos e as mulheres, no vestíbulo e desta forma se dissolveu a nuvem luminosa gradualmente, como uma nuvem que derrama chuva de luz.

As línguas de fogo vieram sobre todos, mas com intensidade e cores diferentes.

O estrondo semelhante a uma trovoada acordou muitos homens.

O Espírito comoveu muitos fiéis e discípulos que moravam nos arredores.

Depois de acabada a efusão do Espírito, nasceu alegre coragem em toda a assembléia.

Todos estavam comovidos e como embriagados de alegria e confiança.

Rodeavam a Santíssima Virgem, única que permanecia toda tranqüila e calma, em seu habitual recolhimento e santo silêncio, apesar de feliz e confortada.

Os Apóstolos, porém, abraçavam-se uns aos outros, penetrados de uma jubilosa audácia de falar.

Era como se clamassem uns aos outros: Em que estado estávamos? Que foi feito de nós?

Também as santas mulheres abraçavam umas as outras; todos os discípulos, nos corredores, estavam do mesmo modo comovidos.

Os Apóstolos correram para eles e em todos havia, por assim dizer, nova vida, cheia de alegria, confiança e coragem.

Esse transporte de Iluminação do coração e de conforto terminou em uma ação de graças.

Reuniram-se em oração, dando graças a Deus, com profunda comoção.

No entanto desapareceu gradualmente a luz. Pedro fez então um discurso aos discípulos e enviou alguns para os acampamentos de peregrinos bem-intencionados, vindos para a festa de Pentecostes.

Havia, porém, entre o Cenáculo e a piscina de Betesda diversos barracões e dormitórios abertos, onde os forasteiros que vinham para a festa, dormiam e guardavam os animais.

Estavam ali muitos dormindo; outros estavam acordados e receberam também a graça do Espírito Santo; pois passara uma emoção geral pela natureza.

Muitos homens bons receberam iluminação e a graça da conversão; os maus, porém, ficaram tímidos, medrosos e ainda mais endurecidos.

A maior parte dessa gente, que estava acampada naqueles arredores, onde se reunira a nascente comunidade, estava já ali desde a Páscoa, porque, pela distância de sua terra, não valia a pena fazer a viagem de ida e volta entre a Páscoa e Pentecostes.

Esses, pois, por tudo que ouviram e viram, se tornaram mais familiares e amigos dos discípulos do que os outros.

Quando os discípulos enviados por Pedro os procuraram e lhes anunciaram o cumprimento da promissão do Espírito Santo, tornaram-se de diversos modos conscientes de sua própria conversão e, obedecendo à palavra dos discípulos, reuniram-se todos em redor da piscina de Betesda, que ficava próxima.

No entanto Pedro no Cenáculo impôs as mãos a cinco Apóstolos, que deviam ajudar a ensinar e batizar na piscina de Betesda. Se me lembro bem, foram esses Tiago o Menor, Bartolomeu, Matias, Tomé e Judas Tadeu.

Vi nessa ordenação, que o último tinha uma visão: foi como se o visse abraçar o corpo de Nosso Senhor.

Antes de Irem à piscina de Betesda, para benzer a água e batizar, vi-os ainda receber a bênção da SS. Virgem, ajoelhados diante dela; antes da ascensão de Jesus a recebiam em pé.

Vi os Apóstolos receberem essa bênção sempre, nos dias seguintes, antes de saírem e depois de voltarem.

Nesses atos de bênção e sempre quando comparecia entre os Apóstolos, em sua dignidade, a SS. Virgem vestia um longo manto branco, um véu amarelo sobre o rosto e na cabeça, caindo de ambos os lados até quase ao chão, uma larga faixa de pano azul celeste, dobrada sobre a testa um pouco para trás, enfeitada de bordado e segura na cabeça por uma pequena coroa de seda branca.

The Ascencion

After having accomplished the mission in our favor, and uniting the earth with the heavens, you ascended to the Heavens in glory, O Christ God, without moving away from us, always remaining with us, saying to those who love you: “I am with you”. […]

“We love you above all things.

Do not leave us, then, take us in your arms, you who accumulate everything, embrace us and repeat: ‘I will not separate myself from you, I am with you’.” […]

The first among the angels cried out to all the heavenly powers: “Lift up the portals, open the heavenly gateways and triumph, for the King of glory is about to ascend.

Clouds, level yourselves under him who is about to ascend. Ether, prepare – you to welcome him who is about to cross you.

Heavens, open you.

Heavens of heavens, welcome him, for he who said to his own has come up to you:

‘I will not separate myself from you, I am with you.’ […]

The apostles prostrated themselves worshiping the God of heaven, and, in a transport of praise, raised their voices to that mountain, as if wanting to congratulate the Mount of Olives for having been a place worthy of such honor:

“How do you overcome the Mount Sinai! It welcomed the steps of Moses, but you welcomed the steps of God!

On that mountain the law was given, but grace was poured out from above you.”

O you who are without sin, give us your peace, and, through us, give peace to the world that is yours, through the prayers of her who gave birth to you.

The enemy does not look kindly on the good we should do. Keep the enemy away, you who promised:

“I will not separate myself from you, I am with you, no one will prevail against you!”.

ROMANS, THE MELODE, Hymn to the Ascension, LIII

Fonte: Vida de Maria em Ícones. Giovanna Parravicini. Edições Loyola.

Produzido por / Organized by: MuMi – Museu Mítico