A Hospitalidade de Abraão – A Trindade Divina com Abraão e Raquel – Holy Monastery Dormition of Theotokos – Parnes – Grécia

Sobre a Obra

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A Hospitalidade de Abraão – A Trindade Divina com Abraão e Raquel – Holy Monastery Dormition of Theotokos – Parnes – Grécia

Sobre o Ícone da Santíssima Trindade | Andrei Rublev (youtube.com)

O ícone da “Trindade” (youtube.com)

Ore para a Santíssima Trindade / Prayer for the Holy Trinity:

A Hospitalidade de Abraão ou a Trindade Divina

Interpretando o ícone da Trindade Divina de Andrey Rublev

Eis o famoso ícone com três anjos reconhecidos por suas asas que estão assentados em torno de uma mesa e sobre esta está colocado um prato.

No fundo há uma paisagem mais sugerida do que nítida, aí vemos uma árvore e um edifício.

Trata-se de uma representação do episódio descrito no capítulo 18 do Gênesis, onde diz o texto que o Senhor apareceu a Abraão na planície de Horeb é sob a forma de três homens.

A bíblia não pronuncia a palavra anjos. Abrahão os convidou a descansar e lhes ofereceu uma refeição tradicional.

A tradição patrística viu nesses três visitantes uma figura das três pessoas divinas em seguida a tradição e iconográfica bizantina optou por representar a trindade sob o aspecto de três homens tornando os anjos assentados a mesa de Abraão.

Sua condescendência convida ao círculo divino os seres criados mas estes permanecerão distintos e no seu próprio lugar curvando a árvore o movimento circular da vida divina atingir a natureza inclinando o teto do edifício o qual ao julgar pelo seu próprio estilo geral e mais especialmente pelo estilo da janela da porta.

É uma igreja atingir a humanidade orante a humanidade no que ela tem de mais elevado o mundo adotado constitui de certo modo a periferia as três pessoas permanecem no centro.

Isso é indicado por uma sutil degradação das cores. Os tons escuros por exemplo, azul-grená, laranja verde, das vestes dos anjos são envolvidos pelo amarelo fogo mais leve das asas e dos assentos e a pálida transparência dourada do fundo. 

Fixemo-nos agora nos traços das três pessoas: Elas não têm idade e contudo transmitem uma impressão de juventude. Elas não têm sexo e contudo unem em vigor e graciosidade.

As fisionomias e os gestos não foram construídos em vista do charme e contudo o charme que se desprende.

O grande artista Rublev soube expressar de uma maneira única a eterna juventude e a eterna beleza dos três cada um dos três.

Os anjos levam nas mãos um bastão alongado e muito fino é que cada pessoa divina é um viajante é um peregrino.

Somente o verbo se fez carne, mas ele se fez carne pelo poder e o querer do Pai e do Espírito.

Em nenhum momento as duas pessoas permanecem estranhas e alheias à obra da salvação do filho e nenhum momento elas deixaram de vir até nós e de agir sobre  nós de uma maneira invisível.

O ícone ressalta a participação de toda Santíssima Trindade na encarnação.  

Os três bastões constituem uma declaração e uma promessa: eles declaram que os três já vieram para os homens, eles prometem que os três virão ainda.

Seria portanto essa oferta do patriarca que o prato quer indicar. Na narração do Gênesis os anjos vieram à casa de Abraão para lhe anunciar a promessa divina da qual Isaac é objeto e o próprio Abraão permanece de pé perto dos anjos durante a refeição e Sara se instala sob a tenda, mas o ícone do quadro ignora a presença de Abraão.

A refeição oferecida aos anjos e colocadas sobre a mesa adquire uma significação que ultrapassa infinitamente o gesto hospitaleiro do patriarca.

Não se trata mais aqui de Abraão e de Isaac. devemos procurar um novilho imolado, um outro e mais elevado sentido. Deus prescreverá mais tarde seu cordeiro que ofereceu em sacrifício pelo pecado. (Levítico 92).

É mesmo holocausto associar a um novilho e um cordeiro ambos sem mancha e com a idade de um ano (Levítico 93).

Mais tarde ainda o próprio Salvador em uma parábola contará como o pai do filho pródigo mandou matar um novilho para a festa pela qual ele celebrou a volta de seu filho. (Vocês podem ver isso em Lucas 15 : 23.)

Assim o novilho do ícone é um sinal de sacrifício e de salvação.

Por aí o quadro, faz nos aproximar do mistério da salvação porque esses três termos trindade, encarnação, redenção não são separáveis.

A peregrinação dos três anjos portadores de bastões de viagem não seria completa se não terminasse no calvário.

O ícone evoca pois o conselho das três pessoas divinas em vista da redenção do gênero humano.

Agora, que sabemos sobre qual o objeto preciso o ícone concentra a atenção dos três anjos observemos os matizes que exprimem suas respectivas atitudes.

Eles são notavelmente parecidos, seus traços são quase idênticos, contudo, se olhar a seus gestos, manifestam a maneira própria pela qual cada um aborda o mistério da redenção.

O anjo que está de frente para o espectador e que em relação ao espectador está atrás da mesa representa o pai sua mão aponta para o prato ela sugere o sacrifício e convida para ele mas esse gesto da mão é esboçado mais do que é afirmado não é um gesto aberto mas um gesto repetido como capaz de retrair

 Seu olhar carregado de tristeza volta-se para o outro lado o anjo assentado na frente e à direita da mesa sempre em relação ao espectador, representa o filho, também o olhar é triste mas seu olhar não se desvia, enquanto a cabeça se inclina suavemente em sinal de aceitação os olhos ao mesmo tempo fascinados e mortalmente tristes,

Lembrando aquela frase minha alma está triste até a morte os olhos de ficção sobre o prato a mão se estende para ele mas também aí o gesto é contido retido não é um gesto hesitante.

Mas de algum modo explorador como que avançando cautelosamente toda sua atitude exprime um sim obediente designado doloroso.

O anjo a sentado à esquerda diante da mesa representa o paráclito é bem o caso de designá-lo como paráclito mais do que como o Espírito porque é aqui que a terceira pessoa exerce de modo supremo seu ministério de consolador.

Suas mãos não se estendem aqui diretamente em direção aos pratos e bem que os dois dedos da mão direita parecem apontar para ele as duas mãos seguram com ar de solenidade. 

Eles têm uma expressão um pouco triste aflita a atenção da terceira pessoa é profundamente totalmente concentrada sobre o que o filho vai fazer.

Todo o ser do terceiro anjo está em silêncio, a simpatia e a piedade qualquer um que experimente dificuldade para se representar o espírito como pessoa deveria contemplar longamente esse terceiro anjo do quadro.

se não fosse a relação que cada fisionomia exprime para a outra, aqui temos três generosidades, simplesmente colocadas de costas uma em relação à outras colocadas não diante do outro mas no outro de tal modo que é nessa relação de amor que cada pessoa divina se encontra.

Enquanto distinta se afirma e goza de sua felicidade cada pessoa divina, tende para a outra como para o termo onde alcança sua plenitude.

O ícone de Rublev pelo que ele nos faz prever do mistério da trindade nos revela o mistério do amor supremo que nosso amor criado nunca poderia alcançar mas do qual ele pode receber sua inspiração e sua orientação.

Andrei Rublev não pretende sugerir pensamentos mas uma oração, nosso encontro com as mais célebres de suas obras só será o que ele quis que ela fosse se tomando nessa ocasião um contato mais profundo com as três pessoas.

Repetimos prostrados as palavras de Abraão aos divinos visitantes na planície de Horeb:

“Meu Senhor, se eu achei graça aos teus olhos não passes adiante peço te fica aqui em casa como meu hóspede.” (Genesis 18: 3)

Esse acolhemos as três pessoas de todo o coração.

Viva a Santíssima Trindade. Somos Todos Um pelo Espírito Santo!

Deus Pai encarnou em Deus Filho e está em todos pelo Espírito Santo

O três, na simbologia dos números, é a expressão da totalidade, da conclusão da manifestação. Deus é um em três Pessoas (Santíssima Trindade).

A Cabala multiplicou as especulações sobre os números.

Tudo provém, necessariamente, de três, que, ao mesmo tempo, não passa de um.

Em todo ato, distingue-se:

1 – o princípio atuador, causa ou sujeito da ação

2 – a ação desse sujeito, seu verbo;

3 – o objeto desta ação, seu efeito ou seu resultado.

A Trindade Divina também está em nosso dia a dia.

Corpo, Mente e Espírito.

Deus Filho,  Deus Pai, Deus Espírito Santo.

Ou seja, os três são partes do Um. Deus É!

E Maria, em Total Comunhão com o Espírito Santo é a Mãe do Filho de Deus.

Deus está em Tudo o que existe. Sua Energia e Seus Pensamentos são chamados de Espírito Santo. Se Deus é Um, ou Três ou é Tudo eu confesso que não sei.

Mas o que sei é que Jesus é o caminho do Deus Pai.

Imite-o! Pense puramente como Jesus.

A Hospitalidade de Abrahão é O Ícone da Trindade Divina

Quando você entra em uma igreja, é difícil não sentir falta de uma Trindade de Rublev. 

Este ícone é o mais reproduzido, o mais consensual e o mais compartilhado do mundo cristão.  Três anjos estão ao redor de uma mesa no centro da qual é colocado um cálice.

Neste, uma forma indefinível. Não há necessidade de ser um grande clérigo para adivinhar que esta é a Eucaristia, o pão mergulhado no vinho que, através da transubstanciação, se transforma no corpo e sangue de Cristo absorvido pelos fiéis no final da missa. 

A representação permanece evasiva no conteúdo do vaso sagrado porque a comunhão é, por definição, um grande mistério.

Os três personagens são levemente curvados, as cabeças, as mãos e os pés seguem a mesma inclinação que, desenhando um esboço, revelam um círculo perfeito.

No simbolismo cristão, esse círculo é Deus, um Deus sutil, pródigo e onipresente, já que se manifesta em três pessoas distintas: o Pai, o Filho e o Espírito Santo.

O esquema pictórico é extraído de um modelo de ícones apresentados anteriormente – A Hospitalidade de Abrahão, que transcreve o episódio bíblico dos três estranhos recebidos pelo patriarca em casa (Gênesis 18).

Esses visitantes misteriosos anunciam a gravidez de Sarah, sua esposa, que por sua vez dará hospitalidade em sua barriga à criança esperada. 

As cores suaves, loiras e transparentes atraem o frio.

Dependendo do ângulo de visão, acredita-se que sejam polvilhadas com gelo ou petrificadas em uma fina camada de gelo.

Às vezes, eles se sentem como crepitação sob a superfície, dilatando e estreitando-se como entidades vivas expostas alternadamente a temperaturas quentes e frias. 

O ícone não é uma pintura religiosa comum.

Certamente, ela pode contar a história sagrada como os portais esculpidos de nossas catedrais, mas, além do ensino linear simples, ela é investida de uma função sobrenatural.

O ícone é uma testemunha do Céu na terra.

O santo representado permanece sempre um homem, mas um homem transfigurado, um homem realizado, unido a Deus em verdade.

Toda a humanidade, santa ou não, batizada ou ainda não, é à imagem de Cristo, consubstancial a Cristo por sua humanidade, assim como Cristo é consubstancial ao homem por sua encarnação. E isso, desde toda a eternidade. 

Se alguém adora somente a Deus, se venera a Virgem, os santos e os anjos por meio do ícone, saiba que a imagem é carregada de energia divina depois de sua bênção, como o pão e o vinho da Eucaristia depois da morte.

Eis a consagração. Então o ícone é capaz de espalhar a energia celestial e trabalhar em nome daquele que ele representa. 

O salvamento espiritual busca a paz e o silêncio da alma em Deus, a experiência mística de sua luz interna. Essa paz luminosa é adquirida não apenas pela vontade do Espírito Santo, mas pelo autocontrole, pelo controle rigoroso dos próprios pensamentos, pela colocação no passo da conversa interior, de modo que o coração purificado esteja pronto para a reunião.

O hesicasmo é ao mesmo tempo oração e técnica respiratória, aspira ao objetivo supremo para o qual todo cristão deve lutar pela união com Deus.

Esta união é a razão para a encarnação do Verbo do Antigo Testamento que se fez Carne no Novo, a famoso “boa notícia” de Deus feito homem para “que o homem se tornasse Deus”. 

A Trindade de Rublev recapitula tudo isso. Esta é a razão pela qual ela é venerada como uma imagem sagrada em toda a sua verdade.

Tornou-se um protótipo iconográfico que os pintores copiam incansavelmente.

Sintetiza o dogma cristão do único Deus em três pessoas enquanto reverbera a visão celestial de uma alma eleita.

Remonta ao milagre da gravidez de Sarah por meio da visita dos 3 Anjos do Senhor.

Um Deus em Três Pessoas

Deus Pai é quem gera, Deus Filho é gerado, e o Espírito Santo é quem realiza.

Acredita-se que a existência de Jesus é pretérita ao seu próprio nascimento, pode ter sido uma primeira divisão da célula de Deus que se transformou em seu Filho encarnado.

Hieronymus Bosch, 500 anos antes dos surrealistas, teria desenhado no Jardim do Éden, ao lado de Adão e Eva, Jesus Cristo.

Afinal de contas, Deus disse: “Façamos o homem a nossa imagem e semelhança”?  (Genesis, 1:26). Estaria Deus Pai falando em conjunto com outro Deus, Jesus? Ou estaria Deus falando de sua Esposa e Filhos? Quem era o Verbo? Ou Logos?

Eis algumas indicações de que Jesus poderia ter existido antes de seu nascimento.

“No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus. Ele estava no princípio com Deus, Tudo foi feito por ele; e nada do que tem sido feito, feito sem ele.” (João 1:1-18).

Fonte do ícone: Aperges

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