A Escada da Ascenção Divina – Monastério de São Nicolau de Meteora

Sobre a Obra

Escutar áudio do texto

A Escada da Ascenção Divina – Monastério de São Nicolau de Meteora

Resumo:
A imagem ilustra um tratado escrito por John Klimacos, um monge cristão e mais tarde abade do Mosteiro Ortodoxo de Santa Catarina, no Sinai, Egito. O tratado foi escrito baseando-se na história de Jacó, contada no livro do Gênesis, na primeira metade do século VII. No livro Jacó teve um sonho em que via a escada que ligava o céu e a terra, e por ela, os anjos subindo e descendo. O tratado, em resumo, dá os 30 passos para a evolução espiritual.
  A pintura é uma representação da metáfora principal tratada no texto, e os 30 degraus da escada correspondem a cada um dos passos para a evolução espiritual. Visualmente, a escada cria uma linha diagonal que passa pelo centro do ícone, dividindo-o em duas partes iguais. Ao acompanhar a movimentação retratada na pintura, o espectador se depara com várias cenas que fazem referência ao céu e ao inferno, as virtudes e os pecados, os anjos e os demônios.
A obra de arte mostra os monges subindo pela escada, almejando conquistar a salvação. A entrada dessas pessoas no céu, no entanto, não é certa, já que os demônios puxam aqueles que têm a fé abalada durante a subida.
Os detalhes de A Escada da Ascensão Divina que se destacam:

  1. Recepção divina:
    Cristo aparece no topo da imagem, recebendo os bem-sucedidos homens de fé que se aproximam do paraíso. Suas vestes são de cores vivas, em contraste com os tons sombrios dos que estão no meio do caminho e com o preto dos demônios abaixo.
  2. Agentes de Lúcifer:
    Nove figuras aladas e suspensas se esforçam para atirar flechas, lanças e puxar os monges vacilantes para o inferno. As figuras servem de lembrete para aqueles que perdem a fé no meio do caminho, mostrando o terrível destino que os aguarda.
  3. Aguardando a vez:
    Na parte inferior da tela um grupo de monges observa os colegas na subida. As mãos abertas dão a ideia de bênçãos e súplicas, abençoando os que estão no caminho enquanto se preparam para a sua vez.
  4. Boca do inferno:
    Monges que sucumbem à tentação e ficam vulneráveis diante dos agentes de Lúcifer são jogados na boca do inferno, para um destino desconhecido. Isso permite que os homens de fé imaginem quais castigos e punições os sem fé receberão.

Fonte: https://www.universia.net/br/actualidad/vida-universitaria/conheca-escada-da-ascenso-divina-913668.html
“Os demônios frequentemente se transformam em anjos de luz ou mudam sua aparência para a de um mártir, então eles vêm até nós durante nosso sono, fazendo parecer que estamos em comunicação com eles. Depois que acordamos, eles nos submergem em uma felicidade e orgulho profanos. No entanto, você pode discernir seu ofício por este fato: os anjos nos mostram tormentos, julgamentos e divisões. E depois que acordamos julgamentos para você. No entanto, se o desespero o perturba, então esses sonhos também são dos demônios.
Este é o terceiro passo, que é igual em número à Trindade. Aquele que o alcançou, não olhe para descobrimos que estamos trêmulos e tristes. Uma vez que começamos a acreditar nos demônios nos sonhos, então eles também fazem o que querem conosco quando estamos acordados. Aquele que confia nos sonhos é verdadeiramente um novato. Mas aquele que não acredita em sonhos é inteligente. Confie apenas em sonhos que revelem torturas e julgamentos para você.”
Escrito por São João do Sinai

A Escada do Céu

O livro trata das paixões que se encontram na luta pela iluminação espiritual, listando-as em ordem crescente, das mais pragmáticas às mais espirituais, e conclui com o capítulo “Sobre o amor, a esperança e a fé”.

A Escada tornou-se um dos livros mais amados e lidos sobre a vida monástica, lido pelos monges de todos os tempos. Isto é evidente pela multidão de cópias manuscritas, bem como pela tradução inicial da obra do grego para outras línguas (latim, siríaco, árabe, armênio e eslavo) e, mais tarde, para muitas línguas. do mundo moderno.

São João do Sinai também é conhecido como João “da “Escada” devido ao título de seu aclamado livro sobre ascetismo e teologia Klimax (a Escada da Ascensão Divina) que ele escreveu com base na visão bíblica de Jacó.

Ele viveu durante o século VI (provavelmente entre 526 e 603 ou pouco mais tarde), como asceta no deserto do Sinai. Por algum tempo serviu como abade do Mosteiro do Sinai. Ele se distingue como um importante professor de vida espiritual cristã e figura emblemática da tradição monástica do Oriente e do Ocidente, São João iniciou a sua vida monástica como eremita no Sinai, aos dezesseis anos, sob a orientação espiritual do ancião Martyrios, tendo já adquirido uma educação superior no mundo exterior.

Após a morte de seu pai espiritual, ele viveu em reclusão e oração por cerca de quarenta anos em um local próximo chamado Tholas, onde alcançou um alto nível de santidade, e ascendeu como a quintessência líder do monaquismo do Sinai de seu tempo.

Na sua velhice foi convidado a assumir o cargo de abade do Mosteiro do Sinai, onde permaneceu apenas por um curto período de tempo, estabelecendo as bases sólidas da vida espiritual da irmandade, pois preferiu regressar ao seu eremitério em Tholas, onde finalmente faleceu.

O auge do percurso do Santo coincide com um período de transição crucial para o deserto do Sinai. A construção do complexo de edifícios do mosteiro por Justiniano estabeleceu as bases para o desenvolvimento de uma forte tradição monástica ‘lavra’ e cenobítica no Sinai, enquanto o modo de vida eremítico e solitário também prosperou na mesma área.

São João deixou a sua marca indelével em toda esta atividade monástica, não só através da realização espiritual da Escada e da sua vida santa, mas possivelmente também através dos seus esforços de organização, muitos dos quais sobrevivem e são evidenciado até hoje.

A pesquisa moderna identificou João com o patrono espiritual da composição do mosaico religiosamente significativo da Transfiguração (c. 565) na abside do Katholikon do Mosteiro de Santa Catarina no Monte Sinai, representando um jovem João, provavelmente o Santo, durante os seus anos como diácono.

A sua obra foi escrita no final da sua vida, em resposta ao pedido do abade do Mosteiro de Raithou para fornecer orientação espiritual. A obra resume a sabedoria espiritual, a experiência e os feitos da luta ascética de uma vida inteira.

A Escada do Céu é composta por trinta capítulos, nos quais João analisa com maestria as virtudes e que liga o Mosteiro do Sinai ao Santo Cume dos Dez Mandamentos também lhe foi atribuído, pois o nome Abade João é encontrado na inscrição em grego do arco do caminho; ao mesmo tempo, há uma associação muito clara entre a árdua construção dos degraus de pedra do caminho para o Cume Santo e o longo tempo necessário para progredir nos degraus espirituais da Escada Divina. Também outras obras de construção, como a construção da capela da Fogueira Santa a leste da abside de Katholikon, estão possivelmente ligadas à atividade de João no mosteiro no final do século VI.

São João foi recentemente ligado à figura desconhecida de um ancião João, que descobriu em Nafkrati o Relatório de Ammonios sobre o primeiro massacre dos Quarenta Santos Padres do Sinai, traduzindo e possivelmente revisando em grego um texto original no “Egípcio”.

Talvez não seja por acaso que uma inscrição funerária do século VI contendo um hino, elaborado precisamente em reverência a estes mártires, e conservado pelo menos desde a Idade Média no Mosteiro de Katholikon, ostenta duas vezes o monograma Padre (presbítero) Ioannis.

Assim, pode ser que tenha sido o próprio São João quem cuidou da recolha das tradições orais e da promoção da reverência destes santos locais. Na mesma linha, investigadores propuseram recentemente que São João também poderia estar associado ao texto mais antigo que sobreviveu que conta o Martírio de Santa Catarina.

João Klimacus também experimentou a vida monástica do Egito, durante uma curta estadia – como se constata, de acordo com a Escada – nos centros monásticos proeminentes da região.

Esta visita foi considerada um esforço deliberado ou mesmo uma missão, destinada a dar o impulso necessário para organizar a vida cenobítica no recém-criado Mosteiro do Sinai.

MMK

Fonte: The Monastery of Mount Sinai and its Sacristy – 2020, pg. 45

A Escada da Ascenção Divina, do Céu, do Paraíso ou de Jacó
Prefácio do Livro
Adiante um resumo dos ensinamentos de John de Climacus na visão do Bispo Kallistos e de João Mendes de Almeida Júnior – Resumo do livro The Ladder of Divine Ascent – The Classics of Western Spirituality – Edit. Pauslist Press. 1982. e A Escada do Céu. Edit. Ecclesiae. 2019.

João de Climacus, nasceu em torno do ano 575, ingressou no Monastério de Santa Catarina no Sinai com 16 anos de idade, e daí partiu para morar 40 anos em uma caverna e após isto foi convidado pelos monges para dividir seu conhecimento com o mundo.

Seu livro escrito em torno do ano de 600 é um dos mais lidos por todos os cristãos para seguir a Cristo e se tornar “como Deus”, para imitar e agir como Ele, abandonando o mundo para atingir a perfeição do amor e crendo totalmente na Trindade Divina.

A Escada de Ascenção Divina (A Escada de Jacó, A Escada do Céu), mostra o caminho para o Divino e como não cair no inferno. Este livro foi dividido em 30 capítulos, sendo que os 23 primeiros tratam de como superar as tendências destruidoras, os vícios e somente os 7 últimos tratam do amor, da paz e da graça de Deus.

A estrutura básica dos trinta degraus (e nomes dos capítulos) da Escada da Ascenção Divina foi representada e comentada da seguinte forma pelo bispo Kallistos, autor de um detalhado prefácio de seu livro em inglês.

I. A ruptura com o mundo

  1. Renúncia
  2. Desapego
  3. Exílio

II. A Prática das Virtudes (“Vida Ativa”)

(i) Virtudes Fundamentais

  1. Obediência
  2. Penitência
  3. Lembrança da Morte
  4. Tristeza

(ii) A luta contra as paixões

(a) Paixões predominantemente não-físicas

  1. Raiva
  2. Malícia
  3. Difamação
  4. Falabilidade
  5. Falsidade
  6. Desânimo
    18-20. Insensibilidade
  7. Medo
  8. Vangloria
  9. Orgulho (também blasfêmia)

(b) Paixões físicas e materiais

  1. Gula
  2. Luxúria
    16-17. Avareza

(iii) Virtudes mais elevadas da “vida ativa”

  1. Simplicidade
  2. Humildade
  3. Discernimento

III. União com Deus (transição para a “vida contemplativa”)

  1. Quietude
  2. Oração
  3. Desapego
  4. Amor

Adiante, um longo resumo deste livro de João de Climacus que é um dos maiores tesouros do cristão que almeja estar próximo de Jesus. Eis o verdadeiro caminho da iluminação.

João Mendes de Almeida Júnior no prefácio do Livro “A Escada do Céu”, versão brasileira do livro de Climacus feito pela editora Eclesiae, 1ª edição em 2019, conta um pouco sobre a vida do santo da escada:

“Escolheu sua caverna em um lugar chamado Tola, a cinco milhas de uma igreja; e, a essa igreja, aos sábados e domingos, vinha ele, como os outros solitários, para ouvir a Missa e comungar. Assim perseverou, por espaço com grande alegria trabalho de mãos, meditação das grandes verdades da religião, sobretudo a meditação da morte. Sua abstinência era perfeitamente regulada: comia de tudo, porém em mínima quantidade, a fim de que, comendo de tudo, evitasse a nota de singularidade e vanglória, e, comendo pouco, vencesse a intemperança. De tal maneira apagou a chama da luxúria, que já não lhe dava esforço a resistência aos incentivos da carne.

Venceu a avareza, essa idolatria dos bens da terra, na frase do Apóstolo, com a largueza e misericórdia para com os outros e com a escassez para consigo, a fim de contentando-se com o pouco, não tivesse necessidade de cobiçar o muito, que é o próprio desta pestilência.

Venceu a acídia e a preguiça com a memória da morte.

Venceu a ira com a obediência.

Venceu a soberba e a frota de vícios que ela traz consigo, levantando contra ela a memória da Paixão de Cristo e a virtude da humildade.

Deus lhe concedeu o dom das lágrimas; ele recolhia-se a uma cova, situada à raiz do monte, para secretamente e longe dos outros solitários levantar vozes ao céu, gemer, suspirar, chorar, como se recebesse cautérios de fogo, cortes de ferro afiado, e como se lhe estivessem arrancando os olhos. Dormia apenas o suficiente para conservar a substância do entendimento e não desfalecer com a demasia das vigílias.

O curso de sua vida era perpétua oração e constante exercício no amor de Deus; e o seu descanso consistia em ler os Livros Sagrados e os Santos Padres, especialmente São Gregório Nazianzeno, São Basílio, São Cassiano e São Nilo”.

Nas palavras do bispo Theophan, o recluso: “A oração é a prova de tudo … Se a oração é correta, tudo está certo “.

Ação de graças, penitência, petição – essa é a sequência básica a ser seguida quando se ora. A Ação de Graças deve ter o primeiro lugar em nosso livro de oração e, a seguir, confissão e contrição genuína.

Que a lembrança da morte e que a Oração para Jesus (Jesus Prayer) seja praticada antes de dormir e ao acordar. Esta oração é extremamente útil na hora que se for pegar no sono.

Oração para Jesus (Jesus Prayer) conforme apresentado por Diadochus de Photice e combinada com a saudação inicial dos ortodoxos:

“Lorde Jesus Cristo, Filho de Deus, Tenha Piedade de mim!
Senhor Jesus Cristo, Tenha Piedade de mim!
Senhor Jesus Cristo, salve-me!
Mestre Jesus Cristo, proteja-me!
Jesus, socorra-me!”

Esta oração é uma arma contra os demônios! Não há nada mais poderoso no Céu ou na Terra, talvez somente a mesma oração no plural, pois fica ainda mais forte e abrangente:

“Lorde Jesus Cristo, Filho de Deus, Tenha Piedade de nós!
Senhor Jesus Cristo, Tenha Piedade de nós!
Senhor Jesus Cristo, salve-nos!
Mestre Jesus Cristo, proteja-nos!
Jesus, socorra-nos!”

Jesus Prayer é uma oração tão poderosa por conta de sua simplicidade, ajudando a extirpar todos os pensamentos e a concentrar os pensamentos na pureza da oração. Eis algo essencial para desenvolver a quietude, passo essencial da iluminação que é relatado no Livro.

Esta referida quietude é a ausência de pensamentos durante a oração, a ausência de imagens sensoriais durante a oração. Concentre-se nesta oração com intensidade. A quietude é louvar a Deus sem parar e com uma oração Jesus Prayer simplificada:

“Nosso Senhor Jesus Cristo, Tenha Piedade de mim!
Eu Louvo a Deus, meu Senhor Jesus, socorre-me!”

A fé maior abunda no coração, mas o corpo se torna ansioso. Mas aquele que desiste por não confiar já tropeçou, pois tudo o que não vem da fé é pecado.

A essência da perfeição consiste paradoxalmente no fato de que nunca nos tornamos perfeitos, mas que avançamos incessantemente de “glória em glória”. A razão para essa visão é que ele encara a vida eterna em termos de amor pessoal.

A gula é um vício, mas comer não é pecaminoso. Não há nada errado em saborear nossa comida. A prática do jejum não implica condenação na ação de comer, mas serve para tornar essa ação sacramental e eucarística.

Até a raiva pode ser usada para um bom uso. Quanto ao impulso sexual, este também é um dom divino e tem seu papel a desempenhar na vida do espírito.

João não tem medo de aceitar o termo amor físico, eros – que tem no grego muitas das mesmas associações que a palavra inglesa “erótico” – e aplicá-lo ao nosso amor a Deus. O impulso erótico não deve ser suprimido, mas redirecionado:

Observei almas impuras loucas por amor físico (eros), mas transformando o que elas sabem desse amor em uma razão de penitência e transferindo a mesma capacidade de amar (eros) ao Senhor.

Um homem casto é alguém que expulsou o amor corporal (eros) por meio do amor divino (eros), que usou o fogo celestial para apagar o fogo da carne. O fogo é extinto pelo fogo, e não pela água!

Embora João diga que o “amor corporal” – que significa uma queda neste contexto – Eros impuro – deve ser “expulso”, verifique se o seu lugar deve ser tomado, não por um estado de desapego frígido, mas por um “impulso erótico divino”:

O amor físico pode ser um paradigma do desejo de Deus…

Sorte o homem que ama e anseia por Deus como um amor apaixonado por sua amada…

Alguém verdadeiramente apaixonado mantém diante de sua mente o rosto do amado e o abraça com ternura. Mesmo durante o sono, o desejo continua desagradável, e ele murmura para sua amada. É assim que é para o corpo. E é assim que é para o espírito.

A importância dessas passagens foi enfatizada corretamente pelo Dr. Yannaras.

Eros físico, portanto, não deve ser considerado pecaminoso, mas pode ser usado como uma maneira de glorificar a Deus. O pecado é mau, mas não o corpo e seus impulsos naturais. A pecaminosidade da paixão reside, não na materialidade – pois, como a criação de Deus, o corpo material é bom e, de qualquer forma, nem todas as paixões são físicas – mas no desvio da vontade humana.

O pecado não é material, mas espiritual em sua origem; pois o diabo caiu antes que o homem o fizesse, e o diabo não tem corpo.

Essas conclusões sobre eros, o corpo e as paixões são confirmadas por uma análise do termo “desapego” (apatheia), como usado por João no Degrau 29 e em outros lugares na Escada.

O desapego não é negativo, mas positivo: Santo Diadochus de Photice (meados do século V) fala até do “fogo do desapego”.

É uma negação das paixões, considerada a expressão contranatural da pecaminosidade caída, mas é uma reafirmação dos impulsos puros e naturais de nossa alma e corpo. Conota não repressão, mas reorientação, não inibição, mas liberdade.

Vencendo as paixões, somos livres para sermos nossos verdadeiros eus, livres para amar os outros, livres para amar a Deus.

O desapego, portanto, não é uma mera mortificação das paixões, mas sua substituição por uma energia nova e melhor.

João define desapego, não como uma forma de morte, mas como “ressurreição da alma anterior à do corpo”.

João enfatiza o caráter dinâmico e afirmativo do desapego, associando-o de perto ao amor, a tal ponto que ele virtualmente identifica os dois: amor, desapego e apego são distinguidos pelo nome e somente pelo nome.

Ter desapego é ter a plenitude do amor, a habitação completa de Deus.

O desapego, portanto, não é indiferença ou impassibilidade, mas amor ardente, não vazio, mas a plenitude da habitação divina. Enquanto na ética estóica tende a ser um estado de desapego individualista e egocêntrico, como usado em Na Escada da Ascenção Divina, implica um relacionamento pessoal.

Ser “desapaixonado” é se relacionar com Deus, ter Sua energia ativa dentro de nós:
“Um homem é verdadeiramente desapaixonado na presença do Senhor”.

Uma coisa que desapego certamente não significa para João é a imunidade de Deus. Tentação, impecabilidade, uma condição na qual não somos mais capazes de pecar. João está totalmente claro que tal estado não é possível “deste lado da sepultura”.

Diz-se dos anjos que eles não, ou, como alguns gostariam, que eles não podem cair. Mas os homens caem, mas podem rapidamente se levantar novamente, sempre que isso lhes acontecer.

João concorda com Isaque, o Sírio: “O desapontamento consiste, não mais em sentir as paixões, mas em não aceitá-las”.

A ressurreição, como um relacionamento pessoal com Deus no amor, desapego significa o retorno ao estado não caído do homem, a recuperação da “beleza eterna” que ele possuía “antes de vir do barro”.

No paraíso, o homem não era uma alma desencarnada, mas uma unidade de alma e corpo, um todo psicossomático; e, portanto, o desapego, como o retorno ao paraíso, envolve não o repúdio do corpo e seus impulsos, mas a reintegração deles com a alma e a libertação da “corrupção”.

A Invocação, a Oração, é por natureza um diálogo e uma união do homem com Deus. Como tal, é de alcance cósmico, a fundação do universo: “Seu efeito é manter o mundo unido”, eis o fim primário para o qual a pessoa humana foi criada: “Que bem maior existe do que se apegar ao Senhor e perseverar em uma união incessante com Ele?”

A Luz Divina e o Amor Divino
Esse é o objetivo de todo ser humano, enquanto ele sobe a escada invisível: um toque direto, um simples olhar de Deus, contínuo e livre de imagens mentais e pensamentos discursivos. E o que há além disso? John é reservado. Ele não usa o idioma da “deificação” ou “divinização” (teose), difundida entre os Padres Gregos. Mas, embora não ofereça descrições detalhadas, fornece algumas dicas. O nível mais alto de oração, ele diz, é o “arrebatamento (arpagi) no Senhor”, mas ele não desenvolve o argumento. Uma vez que ele alude a uma experiência visionária própria, evidentemente isso era de caráter estático, pois ele lembra as palavras de São Paulo (2 Cor. 12: 2) “e se, durante tudo isso, eu estava no corpo ou fora dele, não posso dizer com razão”. No entanto, nessa visão, não foi com o próprio Cristo que João falou, mas com um anjo.

Além disso, é uma passagem isolada; ele não fala mais – onde receber tais visões. No entanto, ele se refere em vários lugares a experiências de luz ou iluminação, embora não seja fácil determinar até que ponto a linguagem pretende ser mais do que metafórica. As principais passagens são as seguintes:

(1) Superada pela castidade, a luxúria em nossas almas “recebe aquela luz não material (aÿlon) que brilha além de todo fogo”.
(2) A pureza do coração leva à “iluminação”. Isso é algo indescritível, uma atividade ou energia que é percebida sem perceber e invisível.
(3) “O monge verdadeiramente obediente geralmente se torna repentinamente radiante e exultante durante suas orações”.
(4) Sobre humildade: “Você saberá que possui este dom sagrado quando experimentar uma abundância de luz indescritível”.
(5) “Para os perfeitos, há um aumento e, de fato, uma riqueza de divinas luzes …. Uma alma, libertada de seus antigos hábitos e também perdoada, certamente viu a luz divina.
(6) “Além desses, há o caminho do êxtase (ekstasis), o caminho da mente misteriosamente e maravilhosamente transportados para a luz de Cristo.
(7) Alguns emergem da oração “como se fossem resplandecentes da luz.”
(8) “Quando o coração está alegre, o rosto fica radiante e um homem inundado de amor de Deus revela em seu corpo, como se fosse um espelho, o esplendor de sua alma, uma glória como a de Moisés, quando ele ficou cara a cara com Deus”
(9) Finalmente, há uma longa passagem no final da obra Para o Pastor, na qual o pastor é comparado a Moisés que viu o fogo de Deus.

A eternidade é progresso, porque a eternidade é amor: e uma relação de amor entre duas pessoas nunca é estática, nunca é explorada exaustivamente, mas implica sempre estar fresca com crescimento, movimento e descoberta. O mesmo que acontece entre pessoas humanas, assim é entre as pessoas divinas da Santíssima Trindade e assim é entre a alma humana e Deus.

João é muito insistente quanto à primazia do amor, concordando aqui com seu contemporâneo São Máximo, o Confessor. É o amor que faz a pessoa humana se assemelhar a Deus “na medida em que isso é humanamente possível”.

O amor permanece mais alto do que qualquer visão ou êxtase, mais alto do que qualquer revelação mística. Evagrius, em seu esquema de ascensão espiritual, considerava a gnose (o conhecimento) superior ao amor; mas para João o cume da escada é o amor, e não pode haver nada mais alto que isso.

Depois de todas as suas palavras negativas contra o pecado, depois de todas as suas austeras exigências de abnegação, São João Climacus conclui o capítulo final da Escada dizendo que temos que subi-la por nossa conta própria e com palavras inteiramente positivas: “O amor é o maior de todas as virtudes”.

Exortação Final
Ascendam, meus irmãos, ascendam avidamente. Subam, subam. Deixem os corações subirem. Ouça a voz de quem diz: “Vinde, subamos ao monte do Senhor, à casa de nosso Deus”, que faz com que nossos pés sejam como os pés do cervo, e nos pôs nos lugares altos, para que sejamos triunfantes no caminho.”

Correi, rogo-vos, ao lado daquele que diz: Apressemo-nos a receber o Senhor em unidade de fé e conhecimento de Deus.

Vamos nos apressar até que todos cheguemos a unidade da fé e do conhecimento de Deus, na idade adulta.

Jesus Cristo está posto no trigésimo degrau desta escada espiritual, porque Jesus Cristo é Deus e Deus é caridade, como disse São João.

A Jesus Cristo, Deus e Homem verdadeiro, império, fortaleza, causa de todos os bens, a Jesus Cristo vitória e louvor, assim como foi, é, e será por todos os séculos dos séculos. Amém.

Saint John of Sinai – Author of the Klimax

The passions that one encounters in the struggle for spiritual enlightenment, listing them in an ascending order from the more pragmatic to the more spiritual, and concludes with the chapter “On love, hope and faith”.

The Ladder became one of the most beloved and widely read books on monastic life, read by monks of all times. This is evident from the multitude of manuscript copies, as well as the early translation of the work from Greek to other languages (Latin, Syriac, Arabic, Armenian, and Slavonic), and, later on, to many languages of the modern world.

Saint John of Sinai is also known as John “of the Ladder” from the title of his acclaimed book on asceticism and theology Klimax (the Ladder of Divine Ascent) that he authored based on the biblical vision of Jacob.

He lived during the sixth century (most probably between 526 and 603 or little later), as an ascetic in the Sinai desert. For some time he served as abbot of the Sinai Monastery. He is distinguished as a leading teacher of Christian spiritual life, and an emblematic figure of the monastic tradition of both East and West. Saint John started his monastic life as a hermit in Sinai at the age of sixteen under the spiritual guidance of the elder Martyrios, having already acquired a higher education in the outside world.

After the death of his spiritual father, he lived in seclusion and prayer for about forty years in a nearby location named Tholas, where he attained a high level of sanctity, and rose as the quintessential leader of Sinai monasticism of his time. In his old age he was asked to take on the position of abbot of the Sinai Monastery, where he remained for only a short period of time, setting the solid foundations of the brotherhood’s spiritual life, as he preferred to return to his hermitage in Tholas, where he finally passed away.

The height of the Saint’s course coincides with a pivotal transition period for the Sinai desert. The construction of the monastery’s building complex by Justinian set the foundations for the development of a strong ‘lavra’ and cenobitic monastic tradition in Sinai, while the eremitic and solitary way of life also thrived in the same area.

Saint John set his indelible seal on the whole of this monastic activity, not only through the spiritual accomplishment of the Ladder and his saintly life, but possibly also through his organizing efforts, many of which survive and are evident today.

Modern research has identified John with the spiritual patron of the composition of the re- ligiously significant mosaic of the Transfiguration (c. 565) in the apse of the Monastery’s Katholikon of Saint Caterine Monastery in Mont Sinai, depicting a young John, probably the Saint, during his years as a deacon.

His work Klimax was written towards the end of his life, in response to the request of the abbot of the Raithou Monastery to provide spiritual guidance. The work sums up the spiritual wisdom, experience and feats of ascetic struggle of a whole lifetime.

The Ladder consists of thirty chapters, in which John analyses in a masterful manner the virtues and links the Sinai Monastery with the Holy Summit of the Ten Commandments has also been attributed to him, as the name Abbot John is found in the inscription in Greek of the path’s archway; at the same time there is a very clear association between the arduous construction of the stone steps of the pathway to the Holy Summit, and the long time required to progress on the spiritual steps of the Divine Ladder.

Other construction works as well, such as the building of the chapel of the Holy Bush to the east of the Katholikon apse, are possibly linked with John’s activity in the monastery by the end of the sixth century.

Saint John was recently linked with the otherwise unknown figure of an elder John, who discov- ered in Nafkrati the Report of Ammonios on the first slaughter of the Forty Holy Fathers of Sinai, translating and possibly revising in Greek an original text in the “Egyptian” language. Perhaps it is not by chance that a sixth century funerary inscription containing a hymn, fashioned precisely in reverence to these martyrs, and kept at least since the middle ages in the Monastery Katholikon, twice bears the monogram Priest (presbyteros) Ioannis. Thus, it might be Saint John himself who attended to the collection of the oral traditions, and the promotion of the reverence of these local saints.

Along the same lines, researchers have recently proposed that Saint John might also be associated with the oldest surviving text recounting the Martyrdom of Saint Catherine.

John also had experienced the monastic life of Egypt, during a short stay – as its turns out, according to the Ladder – in the prominent monastic centers of the area. This visit has been considered as a deliberate effort or even a mission, aimed at providing the necessary impetus to organize the coenobitic life in the newly established Sinai Monastery.

MMK

Source: The Monastery of Mount Sinai and its Sacristy – 2020, pg. 45

Produzido por