A estigmatização de São Francisco – Giotto de Bondoni – Museu do Louvre, 1300

Sobre a Obra

A estigmatização de São Francisco – Giotto de Bondoni – Museu do Louvre, 1300

A estigmatização de São Francisco

A vida de Francisco de Assis

No dia do seu batismo, François recebeu o primeiro nome de Jean. Seu pai é italiano, mas sua mãe é francesa, tanto que ele é apelidado de Francesco, “o francês”. O pai teve um negócio de tecidos em Assis, que espera passar ao filho. Ele prefere se divertir e vai aos festivais da cidade com os amigos. Mas aos 25 anos, sua vida de prazer de repente lhe pareceu desinteressante. Optou por dedicar-se a Deus, apesar da discordância do pai, e fez os votos de pobreza, castidade e obediência, comuns a todas as ordens religiosas. 

A corda que ele usa como cinto demonstra seu desejo de viver na pobreza. Ela é o símbolo das ordens mendicantes. Ao contrário de muitos homens da Igreja que, no seu tempo, se afundavam na opulência, Francisco acreditava que para viver livre e feliz é preciso ser privado de tudo. Muitos companheiros, seduzidos pelo seu testemunho de vida, juntaram-se a ele. Assim nasceu a ordem de São Francisco, também chamada de ordem franciscana.

Em 1224, dois anos antes da morte de Francisco, as vocações eram numerosas. Francisco confia a direção da ordem ao seu companheiro, Pedro de Catânia, e depois retira-se para o Monte Alverno, não muito longe de Assis. Ali, na maior solidão, teve a visão de Cristo na cruz. As marcas da crucificação, chamadas estigmas, estão impressas em sua carne, morreu aos 44 anos.

A aparição do serafim

Veja as asas negras deste anjo!

Ele tem seis, ele é um serafim. Seu rosto lembra estranhamente o de Jesus. Na verdade, é ele quem aparece a São Francisco. Os raios que emanam das feridas em seu corpo ficam incrustados na carne do monge. Francisco terá, portanto, as mesmas marcas de Cristo, os estigmas. São cinco, nos pés, nas mãos e no lado, onde Jesus recebeu o golpe de lança.

Uma montanha, duas cabanas e algumas árvores: o cenário é tão humilde quanto a vida que François leva. Mas François teria que se curvar para trás para passar por uma das portas! Que desproporção! A perspectiva, que nos permite respeitar as proporções da realidade espacial no papel, só seria descoberta um século depois… No entanto, o pintor consegue dar-nos uma ideia de profundidade: é claro que São Francisco se encontrava entre as duas cabanas, e que as árvores estavam bem atrás dele.

Na parte inferior do painel encontramos o santo em três pequenas cenas. Relatam os episódios que marcaram a sua vida: no seu leito, o Papa sonha que Francisco apoia uma Igreja vacilante, e assim entende que pode aprovar a regra da ordem criada por São Francisco. 

À direita, vemos ele conversando com os pássaros. François entendia os animais e era compreendido por eles. Para ele, os menores seres merecem ser ouvidos.

Fonte: Les Saints – Marie Lhébrard – Edit. Bayard Jeunesse

The Life of Saint Francis 

On the day of his baptism, Saint Francis received the first name of Jean. His father is Italian, but his mother is French, so much so that he is nicknamed Francesco, “the Frenchman”. His father has a cloth business in Assisi, which he hopes to pass on to his son. He prefers to have fun, and attends city festivals with his friends. But at 25, his life of pleasure suddenly seemed uninteresting to him. He chose to devote himself to God, despite his father’s disagreement, and took the vows of poverty, chastity and obedience, common to all religious orders. 

The cord he wears as a belt demonstrates his desire to live poorly. She is the symbol of the mendicant orders. Unlike many men of the Church who, in his time, wallowed in opulence, Francis believed that to live free and happy, one must be deprived of everything. Many companions, seduced by his testimony of life, joined him. Thus was born the order of Saint Francis, also called the Franciscan order.

In 1224, two years before the death of Francis, vocations were numerous. Francis entrusts the direction of the order to his companion, Peter of Catania, then retires to Mount Alverno, not far from Assisi. There, in the greatest solitude, he had the vision of Christ on the cross. The marks of the crucifixion, called the stigmata, are imprinted in his flesh. A few months later, Francis, Il Poverello, “the little poor man”, as he is called in Assisi, died at the age of 44.

Fonte: Les Saints – Marie Lhébrard – Edit. Bayard Jeunesse

The appearance of the seraph

Look at the black wings of this angel!

He has six, he is a seraph. His face is strangely reminiscent of that of Jesus. It is indeed he who appears to Saint Francis. The rays that emanate from the wounds on his body become embedded in the monk’s flesh. Francis will therefore bear the same marks as Christ, the stigmata. There are five, on the feet, hands, and side, where Jesus received the spear blow.

A mountain, two cabins, and a few trees: the setting is as humble as the life François leads. But François would have to bend over backwards to pass through one of the doors! What disproportion! Perspective, which allows us to respect the proportions of spatial reality on paper, would only be discovered a century later… Nevertheless, the painter manages to give us an idea of ​​depth: it is clear that Saint Francis was found between the two cabins, and that the trees were far behind him.

At the bottom of the panel, we find the saint in three small scenes. They relate the episodes that marked his life: in his bed, the Pope dreams that Francis is supporting a faltering church, and thus understands that he can approve the rule of the order created by Saint Francis. On the right, we see him speaking to the birds. François understood animals, and was understood by them. For him, the smallest beings deserve to be listened to.

Desenho de rosto de pessoa

Descrição gerada automaticamente com confiança média

La vie de François d´Assise 

Le jour de son baptême, François recoit le prénom de Jean. Il est italien par son père, mais sa mère est française, si bien qu’on le surnomme Francesco, <<le Français >>. Son père a un commerce de draps à Assise, qu’il espère céder à son fils. Celui-ci préfère s’amuser, et court les fêtes de la ville avec ses amis. Mais à 25 ans, sa vie de plaisirs lui apparaît soudain sans intérêt. 

Il choisit de se consacrer à Dieu, malgré le désaccord de son père, et prononce les vœux de pauvreté, chasteté et obéissance, communs à tous les ordres religieux. La cordelette qu’il porte comme ceinture manifeste son désir de vivre pauvrement. Elle est le symbole des ordres mendiants. Contrairement à de nombreux hommes d’Église qui, à son époque, se complaisent dans l’opulence, François pense que pour vivre libre et heureux, il faut être démuni de tout. De nom- breux compagnons, séduits par son témoignage de vie, le rejoignent. Ainsi naît l’ordre de saint François, qu’on appelle aussi l’ordre des franciscains.

En 1224, deux ans avant la mort de François, les vocations sont nombreuses. François confie la direction de l’ordre à son compagnon, Pierre de Catane, puis se retire sur le mont Alverne, non loin d’Assise. Là, dans la plus grande solitude, il a la vision du Christ en croix. Les marques de la crucifixion, qu’on appelle les stigmates, s’impriment dans sa chair. Quelques mois plus tard, François, Il Poverello, «le petit pauvre », comme on l’appelle à Assise, meurt à l’âge de 44 ans.

L’ apparition du séraphin

Regarde les ailes noires de cet ange!

Il en a six, c’est un séraphin. Son visage rappelle étrangement celui de Jésus. C’est bien lui qui apparaît à saint François. Les rayons qui émanent des plaies de son corps viennent s’incruster dans la chair du moine. François portera donc les mêmes marques que le Christ, les stigmates. On en compte cinq, sur les pieds, les mains, et le côté, où Jésus a reçu le coup de lance.

Le montagne, deux cabanes, et quelques arbres : le décor est aussi humble que la vie que mène François. Mais il faudrait que François se plie en quatre pour passer dans l’une des portes! Quelle disproportion! La perspective, qui permet de respecter sur le papier les proportions de la réalité spatiale, ne sera découverte qu’un siècle plus tard… Néanmoins, le peintre parvient à nous donner une idée de la profondeur: il est clair que saint François se trouve entre les deux cabanes, et que les arbres sont loin derrière lui.

En bas du panneau, on retrouve le saint dans trois petites scènes. Elles relatent les épisodes qui ont marqué sa vie: dans son lit, le pape rêve que François soutient une église chancelante, et comprend ainsi qu’il peut approuver la règle de l’ordre créé par saint François. À droite, on le voit qui s’adresse aux oiseaux. François comprenait les animaux, et était compris d’eux. Pour lui, les plus petits êtres méritent d’être écoutés.

São Francisco de Assis estigmatizado – a maior prova da divindade de Jesus

Giovanni di Pietro di Bernardone, ou São Francisco de Assis, é um dos mais famosos santos católicos e provavelmente é a figura mais importante do cristianismo depois de Jesus Cristo. Revolucionou a fé cristã e trouxe os valores da simplicidade e da devoção a Deus, manifestados nos aspectos da natureza e da pobreza.

Em relação à valorização da pobreza, pode-se inferir que com a pobreza material é mais fácil se desapegar do ego, da ambição, da inveja e dos demais pecados capitais e assim entrar no reino do céu. A riqueza é uma tentação para muitos e pode escravizar seus súditos e desviar o percurso do homem de Deus. O uso da riqueza e do poder para muitos é um abuso e vicia. Para estes viciados, a riqueza é uma busca constante e muitas vezes à custa de qualquer coisa. Muitos perdem a vida, a saúde e a felicidade conjugal em busca da riqueza.

Alguns santos resolveram cortar o mal pela raiz e tiveram uma vida franciscana, ou seja, se desapegaram totalmente das riquezas materiais. Evitaram as posses e riquezas para não se escravizarem.

Outra forma igualmente bela de se elevar espiritualmente é usufruir do dinheiro e usá-lo para o bem comum por meio de apoio a projetos do terceiro setor, a caridade com o próximo e o patrocínio de projetos educacionais, de pesquisa científica, de combate à pobreza ou de conservação dos recursos naturais.

Ninguém mais do que São Francisco venerou a Deus por meio da reverência à natureza. São Francisco via a divindade da criação em cada ser vivo e via todos os seres como sagrados e iguais perante a Deus, inclusive os do reino vegetal e animal. Conversou com as flores, protegeu um lobo que atacava as comunidades e se tornou grande amigo deste e de um falcão. Pregava para as aves, porcos, era protetor das abelhas, das ovelhas e até das minhocas. Até em seu enterro recebeu a visita de diversas cotovias que acompanharam seu velório e fizeram uma revoada final em homenagem ao amigo.

Protetor das ervas daninhas, que segregava das plantações em áreas diferentes, Francisco transitou por este mundo como devoto de Deus, adorador de Jesus Cristo, e se tornou o pai da ecologia. Muitos séculos antes deste assunto virar moda, Francisco, por amor à natureza e a Deus, se santificou.

Os milagres de São Francisco

De acordo com relatos de seus amigos e seguidores, Francisco atingiu estados meditativos e místicos bastante elevados, tendo ouvido a própria voz de Cristo. Mas certa vez entrou para orar na igreja de São Damião, fora das portas da cidade, e ali, diz a tradição, ele ouviu pela primeira vez a voz de Cristo, que lhe falou de um crucifixo. A voz chamou a sua atenção para o estado de ruína de sua Igreja, e instou para que Francisco a reconstruísse. Imediatamente voltou para sua casa, recolheu diversos tecidos caros da loja de seu pai e os vendeu a baixo preço no mercado da cidade, e voltou para a igreja onde tivera sua revelação, doando o dinheiro para o padre, a fim de que ele restaurasse o prédio decadente. Ao saber disso, o pai se enfureceu e mandou que o buscassem. Atemorizado, Francisco se escondeu em um celeiro, onde seu amigo lhe levava um pouco de comida.

Passado algum tempo, decidiu revelar-se, e diante do povo de Assis se acusou de preguiçoso e desocupado. A multidão o tomou por louco e divertiu-se o apedrejando. O pai ouviu o tumulto e o recolheu para sua casa, mas o acorrentou no porão. Alguns dias depois, sua mãe, por compaixão, livrou-o das correntes e Francisco foi buscar refúgio junto ao bispo. O pai seguiu-o e o acusou de dissipador de sua fortuna, reclamando uma compensação pelo que ele havia tirado sem licença de sua loja. Então, para a surpresa de todos, Francisco despiu todas as suas belas roupas e as colocou aos pés do pai, renunciou à sua herança, pediu a bênção do bispo e partiu, completamente nu, para iniciar uma vida de pobreza junto do povo, jamais retornando. O bispo viu nesse gesto um sinal divino e se tornou seu protetor pelo resto da vida.

Durante a viagem de navio, conta a tradição que o santo fez o milagre de pacificar uma tempestade e de multiplicar a comida dos marinheiros, que terminava. Nessa época seus milagres foram numerosos. Em Ascoli, curou enfermos e fez muitas conversões. Em Arezzo os arreios de um cavalo que ele havia tocado curaram uma mãe em perigoso trabalho de parto. Em Narni, curou um paralítico. Em San Gimignano, expulsou demônios e, em Gubbio, pacificou um lobo que assolava a região, entre muitos outros prodígios. Sua fama como santo já se espalhava, e recebeu em doação o monte Alverne para que erguesse ali um refúgio para os irmãos.

Seus anos finais foram passados em tranquilidade interior, quando, segundo seus biógrafos primitivos, seu amor e compaixão por todas as criaturas fluíam abundantes. Ao mesmo tempo em que ele experimentava repetidas visões e êxtases místicos, fazia outros milagres, continuava a percorrer a região em pregações, e multidões acorriam para vê-lo e tocá-lo. No Natal de 1223 foi convidado pelo senhor de Greccio para celebrar a festa numa gruta com pastores e animais, desejando recriar o nascimento de Cristo em Belém, sendo a origem da tradição dos presépios. Na primavera seguinte, viajou para a Porciúncula a fim de assistir a reunião do Capítulo Geral, e em seguida retirou-se para o santuário do Monte Alverne, acompanhado dos irmãos Leo, Ruffino, Angelo, Silvestre, Illuminato, Masseo e talvez também Bonizzo. Muitas vezes os deixava e se embrenhava nas matas, a fim de meditar solitário, levando consigo apenas os Evangelhos e comendo muito pouco. Às vezes, o Irmão Leo, em segredo, o observava, e por mais de uma vez testemunhou seus êxtases e viu parte das visões que o santo via. Nos estados contemplativos eram-lhe reveladas por Deus não somente coisas do presente, mas também do futuro, assim como lhe fazia conhecer as dúvidas, os secretos desejos e os pensamentos dos irmãos. Numa dessas ocasiões, segundo relata a coletânea I Fioretti di San Francesco, o Irmão Leo o viu levar a mão ao peito e parecer tirar algo de lá e oferecer a uma língua de fogo que descera sobre ele. Perguntando depois o que sucedera, Francisco respondeu:

“Por que vieste aqui, irmão cordeirinho? Diz-me: viste ou ouviste alguma coisa?”

Leo respondeu: Pai, ouvi-te falar e repetir várias vezes: Quem és Tu? Quem és Tu, oh dulcíssimo Deus? E eu quem sou, verme desprezível e teu inútil servo?”

Ao que Francisco disse: “Sabe, irmão cordeirinho de Jesus Cristo, que, enquanto eu dizia aquelas palavras que ouviste, eram nesse momento mostradas a minha alma duas luzes, uma a da revelação e do conhecimento do Criador, e outra a do conhecimento de mim mesmo. Quando eu dizia ‘Quem és Tu, oh meu dulcíssimo Deus?’, estava numa luz de contemplação na qual via o abismo de infinita bondade, sabedoria e poder de Deus; e quando dizia ‘Que sou eu etc.’, estava numa luz de contemplação na qual via a profundidade lamentável da minha abjeção e miséria, e era por isso que indagava do Senhor da infinita bondade o mistério de Ele dignar-se a visitar-me, a mim que não sou mais que um verme desprezível e inútil. E entre outras coisas que Ele me disse, pediu-me que Lhe fizesse três dádivas, e eu respondi-Lhe: ‘Meu Senhor, sou Teu, e bem sabes que nada tenho além da túnica, da corda e das bragas, e estas três coisas também são Tuas. Que posso, pois, oferecer ou dar à Tua majestade?’ Então Deus disse-me: ‘Procura no teu íntimo e oferece-me o que lá encontrares.’ Eu procurei e encontrei lá uma bola de ouro e ofereci-a a Deus; e fiz isso três vezes, pois três vezes Deus me ordenou; depois ajoelhei três vezes e bendisse e agradeci a Deus que me dera alguma coisa para eu Lhe oferecer. E logo me foi dado compreender que essas três oferendas significavam a santa obediência, a extrema pobreza e a belíssima castidade que Deus, por Sua graça, me concedeu observar tão perfeitamente. E como Deus depositara no meu íntimo aquelas três bolas de ouro, assim também deu à minha alma essa virtude de sempre O louvar e enaltecer, com o coração e a boca, por todos os bens e por todas as graças que Ele me concedeu, por Sua santíssima bondade (GUEDES, 2017, p. 228-232).

Foto de um quarto

Descrição gerada automaticamente com confiança baixa

Figura 1: O crucifixo de São Damião, que falou com São Francisco. Obra anônima do sec. XII. Basílica de Santa Clara, Assis. Itália. Fonte: fotografado pelo autor.

São Francisco ouviu da cruz “Vai lá e cura a minha igreja” e é agraciado com a estigmatização muitos anos depois.

Durante uma dessas meditações, em 14 de setembro de 1224, no dia da Festa da Exaltação da Santa Cruz, Francisco viu a figura de um homem com seis asas, semelhante a um serafim, e pregado a uma cruz, e à medida que continuava na contemplação, que lhe dava imensa felicidade, mas, era sombreada de tristeza, sentiu se abrirem em seu corpo as feridas que o tornaram uma imitação do próprio Cristo crucificado. Foi, dessa forma, o primeiro cristão a ser estigmatizado, mas enquanto isso lhe trazia alegria, sendo um sinal do favor divino, foi-lhe motivo de muito embaraço e sofrimento físico. Sempre tentou ocultar os estigmas com faixas e seu hábito, e poucos irmãos os viram enquanto ele viveu. Mas eles lhe causavam muita dor e com isso dificultavam seus movimentos, além de sangrarem com frequência. Muitas vezes teve de ser carregado por não poder andar, ou teve de viajar sobre uma mula, o que não era permitido aos irmãos, por ser um luxo. Também padeceu de outras enfermidades, ficou quase cego, e as suas dores de cabeça eram terríveis, mas apesar de receber ordem de procurar tratamento, os médicos nada puderam fazer para aliviá-lo. Passou algum tempo sob os cuidados de Clara, e ali deve ter composto, em 1225, seu Cântico ao irmão Sol, mas sua condição se deteriorava diariamente, e ditou seu Testamento. Melhorou então, e viajou para um eremitério perto de Cortona, mas ali piorou novamente, e foi levado para Assis, hospedando-se na casa do bispo em meados de 1226. Pouco depois, pediu para ser levado a Porciúncula, para que pudesse morrer entre os irmãos.

Sentindo a morte próxima, solicitou a uma amiga romana, a nobre Jacopa de’ Settesoli, que trouxesse o necessário para seu sepultamento, e também alguma comida bem preparada, que ele havia provado em sua residência em Roma e que deveria aliviar seu sofrimento. Foi despedir-se de Clara e das irmãs em São Damião e voltou a Porciúncula. Deu instruções para ser sepultado nu, e no pôr do sol de 3 de outubro de 1226, depois de ler algumas passagens do Evangelho, faleceu rodeado de seus companheiros, nobres amigos e outras personalidades. As fontes antigas dizem que nesse momento um bando de aves veio pousar no telhado e cantou. Logo em seguida, o Irmão Elias notificou a todos de seu desaparecimento e divulgou sua estigmatização, até ali mantida em sigilo. Seu corpo foi examinado por muitas testemunhas a fim de comprová-lo, e o povo de Assis e dos arredores acorreu para prestar-lhe sua última homenagem (GUEDES, 2017, p. 232-233).

Mesmo em seus últimos anos de vida, aturdido por doença infecciosa nos olhos, entoou belas orações. São Francisco é a maior prova da crucificação de Jesus e de sua divindade.

Fonte: Guia dos Perplexos: Os Princípios Sagrados – Rodrigo Maimone Pasin – Edit. Novo Século, 2023.

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