A Elevação da Sagrada Cruz – Museu Santa Catarina do Sinai – sec XV

Sobre a Obra

A Elevação da Sagrada Cruz – Museu Santa Catarina do Sinai – sec XV

A descoberta da cruz sagrada

Descovery of the Holy Cross by Saint Helen

(em inglês) 

(em inglês)

Glorificação da Santa Cruz 

1. Vitória e conversão de Constantino 

2. Descoberta da Cruz 

3. O Triunfo da santa Cruz 

Glorificação da Santa Cruz 

Vitória e conversão de Constantino 

Entre perseguições e sofrimentos, propagavam os Apóstolos e discípulos de Jesus a doutrina do Filho de Deus crucificado, a qual era “um escândalo para os judeus e uma tolice para os gentios”; propagavam-na pelos países longínquos, provavam-na por milagres e confirmavam-na pelo sangrento martírio. 

E como eles, muitos outros fiéis pastores e nobres filhos da Igreja, de ambos os sexos e todas as idades e classes, sofreram pela santa fé as mais atrozes torturas e a morte mais cruel, perseguidos sem trégua por pagãos e judeus, durante três séculos. 

Imenso era o número dos mártires no vasto império romano, onde os imperadores pagãos faziam todos os esforços para exterminar inteiramente a doutrina cristã. 

Mas não conseguiram este fim de modo algum; ao contrário, a Igreja tornava-se cada vez mais forte nas prisões em que a tinham metido e a honra e glória do Filho de Deus, morto no madeiro da ignomínia, propagava-se cada dia mais. 

Afinal chegou o tempo em que a Igreja devia achar a paz tão almejada. O imperador romano Constantino alcançou, com o exército, uma brilhante vitória sobre o rival Maxêncio, no ano 312. 

O exército de Constantino combatia sob a bandeira da Cruz, que lhe aparecera nas nuvens do céu, com a inscrição: “In hoc signo vinces” isto é, – Por este sinal vencerás. 

No ano seguinte proclamou o célebre edito de Milão, que concedeu aos cristãos plena liberdade de religião e aos pagãos liberdade de abraçarem a fé cristã. 

É verdade que o imperador não se tornou logo cristão fervoroso e a liberdade da Igreja deixava de ser perfeita. 

“Constantino tinha sem dúvida grande confiança no sinal da santa cruz, em conseqüência de várias aparições, diz a serva de Deus, e mandou, com grande veneração, levar a santa insígnia como uma bandeira, na frente do exército, mas fazia-o mais por simples superstição, como hoje muitos andam com amuletos, sem por isso serem piedosos. 

Acreditava que o sinal da cruz o auxiliava e considerava Cristo como um deus, entre os outros deuses pagãos. Deste modo fazia muito mal, apesar da boa vontade; também perseguia em muitas coisas os cristãos, porque se deixava enganar e venerar a Cruz apenas como sinal de vitória e de boa sorte. Também o Papa Silvestre e muitos sacerdotes eram obrigados a esconder-se-lhe; procuraram um esconderijo na caverna de um monte. 

Assim continuou, até que Deus o castigou; tomou-se morfético e os sacerdotes pagãos aconselhavam-lhe banhar-se em sangue de crianças. Horrorizado, mandou chamar à sua presença o Papa Silvestre, para instruí-Io na sua doutrina cristã. Aceitou uma penitência de sete dias e depois vi que o Papa Silvestre o batizou. Desceu com o corpo inteiro na água e saiu perfeitamente curado da lepra. Conhecendo assim bem a doutrina cristã e o respectivo valor, mandou um mensageiro, com uma carta, à mãe, anunciando-lhe que se tornara cristão e fora curado da lepra; que viesse, para se tornar também cristã. 

A mãe, Helena, pouco sabia da fé cristã. Tendo ouvido que o Filho de Deus descera à terra para a salvação dos judeus, tinha grande veneração e desejo do Messias; por isso tinha o povo judeu por um povo escolhido e travou relações com judeus sábios. 

Quando Ihes anunciou que o imperador se tornara cristão, muito assustados, começaram a lamentar alto. Respondeu por isso ao filho que se estava resolvido a abandonar o paganismo, teria sido melhor abraçar a religião dos judeus. 

O imperador disse-o ao Papa, que o aconselhou a mandar vir a mãe, com sábios judeus, a Roma, para disputar com ele. Constantino escreveu-lhe e ela, percorrendo o país, procurou os mais sábios judeus e embarcou, com dois dos mais sábios, para Roma. 

Além destes, assistiram muitos judeus a essa disputa e dois filósofos pagãos como juízes. Vi, porém, que Silvestre Ihes refutou todas as objeções e que Helena e os dois judeus se tornaram cristãos e voltaram a Jerusalém, para procurar a santa Cruz.” 

2. Descoberta da Cruz 

Já antes da Ascensão do Senhor os judeus procuraram maliciosamente destruir todos os lugares que os cristãos consideravam sagrados pela Paixão de Jesus. 

“Nos lugares do caminho da cruz onde Jesus caíra, abriram fossos através do caminho. 

Os jardins e as relvas amenas, onde Jesus ensinara ou estivera mais vezes, tornaram inacessíveis, fechando-os com cercas. Em alguns lugares fizeram até buracos ocultos, para que aqueles que ali fossem venerar a memória do Senhor, neles caíssem. Mas vi que alguns judeus malignos ali caíram. 

Também mandaram obstruir com fossos e estacadas os caminhos do Cal vário e do Santo Sepulcro, porque muitos para lá peregrinavam e se davam vários prodígios e milagres. 

Vi-os também aplanarem o cimo do Cal vário e espalharem a terra, como se espalha estrume, sobre os caminhos e as relvas cordiformes, formadas por esses caminhos, no lugar, do suplício. 

Depois de terem tirado a terra, ficou no cimo uma pedra branca descoberta, tendo, no meio um buraco quadrangular, de cerca de um côvado de profundidade, no qual estivera a Cruz. 

Vi que trabalhavam penosamente com alavancas, para tirar a pedra; mas não o conseguiram, a pedra entrava cada vez mais na terra. Então cobriram o lugar com terra. O Santo Sepulcro, como propriedade de Nicodemos, ficou intacto. 

Mais tarde esses santos lugares foram profanados ainda mais injuriosamente. 

“O jardim do Santo Sepulcro descia suavemente da altura da gruta. Vi, porém, que aplanaram a eminência, enchendo com a terra o jardim, cobrindo e obstruindo tudo. Hoje de noite vi, na visão, toda a região do Calvário e do Sepulcro transformada e tornada quase irreconhecível. 

Muitos caminhos estavam cobertos e cruzados por outros. O Calvário, em redor do qual havia dantes outras colinas e entre estas, lugares bonitos e agradáveis, era agora mais baixo e o cimo mais largo. 

Os dois judeus que se tornaram cristãos e vieram com Helena a Jerusalém, tinham de fingir-se judeus, para indagar a situação dos santos lugares; tendo sabido pelos judeus vizinhos a situação do Calvário e do sepulcro de Jesus, encontrou a imperatriz um templo de Vênus, com ídolos pagãos, construído sobre o Santo Sepulcro. 

No cimo do Calvário estava a estátua de Adônis. Os judeus não quiseram, porém, mostrar onde estava a Cruz de Cristo, indicando como conhecedor dessas coisas um velho judeu. 

Vi uma mulher alta, majestosa, apesar da idade avançada, ainda muito ligeira (Sta. Helena), que tinha na cabeça uma pequena coroa e trazia um véu; vi-a entrando e saindo de míseras cabanas e sinistras espeluncas, situadas perto do muro da cidade, fazendo pesquisas. 

Notei que também um velho judeu, pequeno e magro, de barba comprida, fugindo de uma dessas casas para outra, para escapar à interrogação dessa mulher. Outra vez vi que mandou chamar muitos judeus a uma reunião. 

Depois vi que a matrona foi com o velho judeu e dois outros judeus, que levavam um longo furador, ao lugar onde jazia a santa Cruz. 

O templo pagão já tinha sido demolido; o velho judeu também não sabia muito exatamente o lugar; furaram primeiro em redor, estreitando cada vez mais o círculo, até que acharam com o furador um sinal, que não sei qual foi. 

Ali começaram a cavar. Vi a imperatriz entrar nesse lugar, depor a coroa e soltar o cabelo; tirou também uma coisa do pescoço e do peito, descalçou os sapatos, colocando tudo numa pedra branca, que estava perto. 

Foi preciso cavar uma fossa profunda, até acharem alguma coisa. Primeiro encontraram a cruz de um dos ladrões, depois, não muito longe, a de Jesus e finalmente a terceira. 

A cruz do Senhor fora desmontada, mas as partes estavam juntas. A tabuinha, com uma inscrição em pergaminho, estava um pouco afastada; sob um dos braços da cruz estavam juntos os três cravos, dos quais o dos pés tinha um palmo e meio de comprimento, os outros dois um palmo apenas. Santa Helena enviou o cravo comprido ao filho. 

Nunca pude compreender a afirmação de que não podiam distinguir a santa Cruz das outras; pois eu a tenho visto sempre diferente. As cruzes dos ladrões vi feitas de madeiros redondos, sobre os quais eram fixos os madeiros transversais por uma cunha, que sobressaia da cruz. 

A cruz do Senhor, porém, fora feita de madeiros quadrangulares, mais targos que grossos e bem aparados; os braços estavam encaixados. Tinha também uma tábua, para pôr os pés, pregado com um prego grande, que eu julgava arrebitado pelo lado posterior. 

Vi esta tábua virada, quando acharam a cruz. Vi como levantaram a santa cruz e como Helena a abraçou. Separaram as outras cruzes e deixaram-nas como madeira comum; eu, na minha simplicidade, sempre pensei que se podia ter conservado pelo menos a cruz do bom ladrão. 

Juntou-se grande multidão de povo; era preciso os soldados mante-rem a ordem no caminho.” 

3. O Triunfo da santa Cruz 

“Vi que levaram a santa Cruz numa grande procissão e que traziam coxos e enfermos, conduzindo-os pelos braços ou transportando-os em padiolas e que foram todos curados, ao passar a santa Cruz. 

Creio que o povo não tomava esses milagres como sinais para distinguir a cruz das outras, mas apenas como confirmação de que era realmente a Cruz do Senhor. 

O velho judeu tomou-se também cristão e grande venerador da san-ta Cruz; trazia sempre o sinal da cruz sobre o lado direito do manto; mais tarde se tornou bispo de Jerusalém. 

Vi que Helena pediu e recebeu o santo Batismo e mandou demolir o templo pagão sobre o Santo Sepulcro. No princípio recusavam os judeus começar o trabalho; mas desencadeou-se uma tremenda tempestade, que levou todo o entulho e virou muitas das casas dos judeus construídas em redor. 

Os judeus, porém, tomados de veemente terror, começaram todos a trabalhar com todo o esforço. A primitiva entrada do Sepulcro não foi mais aberta, mas outra ao lado. 

Vi depois Santa Helena, que naquele tempo contava cinqüenta anos, ocupada em dirigir a construção de uma grande 

Igreja (a Igreja do Santo Sepulcro); a Igreja cristã fora até então a de Sião, onde havia sido instituído o Santíssimo Sacramento.” 

Helena mandou pôr uma parte da santa Cruz num relicário precioso e entregou-a a Macário, então bispo de Jerusalém. Quando, no ano 614, o rei da Pérsia, Cosroes II, conquistou Jerusalém, levaram os vencedores essa parte da Cruz, como espólio, para a Pérsia. 

Só após uma guerra de doze anos, em que o imperador Heráclito venceu os persas, voltou a santa Cruz à Igreja do Santo Sepulcro, em Jerusalém. – Outra parte da Santa Cruz foi levada pela Santa para Roma, onde foi entregue à Igreja da Santa Cruz, edificada por Santa Helena, na qual esta santa relíquia ainda hoje é conservada e venerada. 

A Cruz, outrora sinal de ignomínia e de desprezo, tomara-se sinal glorioso do triunfo e da vitória que o cristianismo alcançara sobre o paganismo e que depois se estendeu aos países do sul da Europa e do norte da África e mais tarde também ao norte e leste da Europa. 

Armados com a Cruz venturosa, partiam nos séculos seguintes, até o nosso tem po, inúmeros missionários, cheios de amor de Deus e zelo pelas almas, indo a toda a parte da terra, até aos povos mais longínquos da África, Ásia, América e Austrália, para Ihes levar o Evangelho da fé e granjear para o Salvador do mundo novos servos, que O adorassem, amassem e glorificassem. 

Assim contribuíam e contribuem para o cumprimento da palavra de São Paulo: 

“Ele (o Salvador) humilhou-se a si mesmo, feito obediente até a morte e morte de cruz; pelo que Deus também o exaltou e lhe deu um nome que é sobre todos os nomes, para que ao nome de Jesus se dobre todo o joelho dos que estão nos céus, na terra e nos infernos; e toda a língua confesse que o Senhor Jesus Cristo está na glória de Deus Pai.” (Fil. 2, 8-11). 

Nesta glória viu São João ao Salvador: “o Cordeiro de Deus imolado”, como ele narra no livro do Apocalipse, 5, 11 – 17: 

“E olhei e ouvi a voz de muitos Anjos ao redor do trono e dos animais e dos anciãos; e era o número deles milhares e milhares, que diziam em alta voz: 

“Digno é o Cordeiro, que foi morto, de receber a virtude e a divindade e a sabedoria e a fortaleza e a honra e a glória e a bênção. 

E toda a criatura que há no céu e sobre a terra e debaixo da terra e as que há sobre o mar e quantas há nele, ouvi dizer a todas:

 “Ao que está sentado no trono e ao Cordeiro, bênção e honra e glória e poder por todos os séculos.”

Fonte: VIDA, PAIXÃO E GLORIFICAÇÃO DO CORDEIRO DE DEUS”: As meditações de Anna Catharina Emmerich (1820-1823)

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