Pedro e Paulo – A Festa dos Apóstolos – Stefanos, Bispo de Arsinoe

Sobre a Obra

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Pedro e Paulo – A Festa dos Apóstolos – Stefanos, bispo de Arsinoe

Conheça os detalhes do ícone e dos apóstolos no filme do canal Trisagion: 

Conheça as Visões de Anne Catherine Emmerich sobre Maria e os Apóstolos

A festa dos Apóstolos

Em memória dos Santos Apóstolos e de sua missão de pregar o evangelho a todas as nações, os Cristãos Ortodoxos observam o jejum dos Apóstolos, que começa na segunda segunda-feira após o Pentecostes.

O jejum dos Apóstolos é observado desde o período cristão primitivo e é um dos quatro principais períodos de jejum no calendário eclesiástico.

Lemos sobre um jejum pós-Pentecostes nos escritos de São Sava Nauseou e Ambrósio e nas constituições apostólicas do século IV. 

Pentecostes é uma festa móvel, então a data de início varia, o jejum durou originalmente uma semana, mas foi dado mais tarde a data final de 29 de junho. 

Os santos Pedro e Paulo são retratados juntos, pois são os dois grandes pilares da igreja em um ícone.

O abraço, simbolizando seu amor fraterno e a unidade da igreja.

Vemos os dois novamente lado a lado com uma igreja ao fundo ou uma pequena réplica de uma igreja sendo mantida por cada um. 

A réplica simboliza seu papel como construtores de igrejas, lembrando-nos que através de seus esforços missionários, as igrejas foram fundadas em Antioquia, Roma e em cidades da Ásia Menor e Grécia. 

Eles também são frequentemente mostrados segurando pergaminhos que nos lembram de suas epístolas e de seus papéis como professores e evangelistas.

É fácil reconhecer Pedro e Paulo e ícones ao longo da história cristã. Os iconógrafos foram influenciados pelos primeiros cristãos.

Pedro é mostrado com cabelos brancos e barba para Paulo, cabelos castanhos, barba afilada e calvície alta, testa que denota grande sabedoria e aprendizado.

O papel de Paulo como apóstolo também é enfatizado nos ícones da ascensão e do Pentecostes, onde ele é mostrado com os outros apóstolos, embora ele não estivesse fisicamente presente no momento do evento real. 

Novamente, uma realidade espiritual é retratada onde, embora ele não estivesse   estando fisicamente presente através da graça do Espírito Santo, ele foi capaz de compreender a vida e a obra de Cristo e espalhar o Evangelho junto com os outros apóstolos. 

Na verdade, foi ele quem foi escolhido para ser o apóstolo dos gentios na festa dos Santos Pedro e Paulo, lemos no Evangelho de Mateus sobre Jesus perguntando aos apóstolos quem você diz que eu sou.

“Você é o Cristo, o Filho do Deus Vivo”, proclamando assim a divindade de Jesus algo revelado a Pedro pela fé e é sobre esta pedra de fé que Jesus diz que Pedro edificará a sua igreja e que as portas do Hades não prevalecerão contra ele.

É a mesma confissão de fé, que todos os Apóstolos proclamarão com ousadia uma vez testemunhas da ressurreição e iluminados com o chama do Espírito Santo no Pentecostes, portanto, embora nos lembremos de Pedro e Paulo especificamente no dia 29 de junho, também no dia comemoramos os 12 apóstolos, para que todos os apóstolos sejam lembrados e que Deus seja glorificado através deles.

Então, ao observarmos o jejum e nos aproximarmos da festa dos Santos Pedro e Paulo, contemplemos a fé dos Apóstolos.

Uma fé que transformou simples pescadores, homens tímidos e iletrados, deixando um grande perseguidor da igreja primitiva em ousados apóstolos e pregadores que levaram uma mensagem de esperança e amor, as boas novas da ressurreição salvadora de Cristo e a abertura de uma porta para a vida eterna para todo o mundo.

O Concílio dos Apóstolos em Jerusalém 

Vida, Paixão e Glorificação do Cordeiro de Deus – Visões místicas da Beata Anne Catherine Emmerich

Alguns dos discípulos tinham vindo a Antioquia, falando ali também aos gentios e recebendo-os no seio da Igreja. 

Como se convertessem muitos, foi enviado lá Barnabé, da Igreja de Jerusalém. 

Este procurou Paulo e com ele trabalhou com tanto sucesso em Antioquia que os partidários de Jesus foram ali chamados, pela primeira vez, cristãos. 

Surgiu, porém, ali uma disputa, quando alguns, vindo da Judéia, ensinavam que a circuncisão, e com esta também a observação de toda a lei mosaica, era necessária para a salvação. 

Paulo e Barnabé eram contrários a essa doutrina e foram, com alguns outros, enviados pela comunidade de Antioquia a Jerusalém, para propor esta questão, de tamanha importância, aos Apóstolos e anciãos, para a decidirem. 

Esta foi a causa do primeiro Concílio da Igreja. Catharina Emmerich apenas nos informa que a Mãe de Jesus veio de Éfeso para assistir a este concílio e dar seus conselhos aos Apóstolos. 

Tiramos a narração do Concílio dos Atos dos Apóstolos (15,4-32). 

Tendo (Paulo e Barnabé, com os companheiros) chegado a Jerusalém, foram recebidos pela Igreja e pelos Apóstolos e presbíteros, aos quais referiram quão grandes coisas Deus tinha operado neles. 

Mas levantaram-se alguns da seita dos fariseus que haviam abraçado a fé, dizendo:

“É necessário, pois, que os gentios sejam circuncidados e que observem a lei de Moisés.” 

Congregaram-se, pois, os Apóstolos e presbíteros, para examinarem este ponto. 

E depois de fazer a respeito um grande estudo, levantando-se Pedro, lhes disse: 

“Irmãos, sabeis que desde os primeiros dias ordenou Deus que da minha boca ouvissem os gentios a palavra do Evangelho e que a cressem. 

E Deus, que conhece os corações, declarou-se por eles, dando-lhes o Espírito Santo, como também a nós; e não fez diferença alguma entre nós e eles, purificando-lhes pela fé os corações. 

Logo, porque tentais agora a Deus, impondo um jugo aos discípulos, que nem nossos pais nem nós podemos suportar? 

Mas cremos que pela graça do Senhor Jesus Cristo somos salvos, assim como eles também o foram.” 

Então toda a assembleia se calou e escutavam a Barnabé e Paulo, que lhes contava quão grandes milagres e prodígios fizera Deus, por intervenção deles, entre os gentios.

E depois que se calaram, entrou a falar Tiago, dizendo: 

“Irmãos, ouvi-me. Simão tem contado como Deus primeiro visitou os gentios, para fazer deles um povo para o seu nome. E com isto concordam as palavras dos profetas, como está escrito: 

Depois disto voltarei e edificarei de novo o tabernáculo de Davi, que caiu, e reparar-lhe-ei as ruínas e levantá-lo-ei, para que o resto dos homens e todas as gentes sobre as quais tem sido invocado o meu nome, busquem a Deus, diz o Senhor, que faz estas coisas. Pelo Senhor é conhecida a sua obra desde a eternidade. 

Pelo que julgo que não se devem inquietar os que dentre os gentios se convertem a Deus, mas que se lhes deve somente prescrever que se abstenham das contaminações dos ídolos e da fornicação e das carnes sufocadas e do sangue. 

Porque Moisés, desde tempos antigos, tem em cada cidade homens que o pregam, nas sinagogas, onde é lido todos os sábados.” 

Então pareceu bem aos Apóstolos e presbíteros e a toda a Igreja eleger dentre eles varões e enviá-los a Antioquia, com Paulo e Barnabé; enviaram Judas, que tinha o sobrenome de Barsabas e Silas, muito conceituados entre os irmãos e pelos quais enviaram a seguinte epístola: 

“Os Apóstolos e presbíteros irmãos, aos irmãos convertidos dos gentios que se acham na Antioquia e na Síria e na Cilícia, saúde. 

Tendo ouvido narrar que alguns que têm saído de nós, transtornando os vossos corações, vos têm perturbado com palavras, sem Ihes termos mandado tal: 

Aprouve-nos a nós, congregados em Concílio, escolher homens e enviá-los a vós, com os nossos mui amados Barnabé e Paulo, que têm exposto a vida pelo nome de Nosso Senhor Jesus Cristo. 

Enviamos, portanto, Judas e Silas, que até verbalmente vos exporão as mesmas coisas. Porque pareceu bem ao Espírito Santo e a nós, não vos impor mais encargos do que os necessários, que são os seguintes: que vos abstenhais do que tiver sido sacrificado aos ídolos e do sangue e das carnes sufocadas e da fornicação, do que fareis bem de vos guardar. Deus seja convosco.” 

Assim enviados, foram a Antioquia e tendo congregado a multidão dos fiéis, entregaram a carta. Depois de a ter lido, se encheram de contentamento, pela consolação que Ihes causou. 

E Judas e Silas, como profetas que eram, consolaram com muitas palavras os irmãos e os confirmaram na fé. 

Fundação da Igreja de Roma por São Pedro 

São Pedro parece ter se dirigido, logo depois de ser libertado do cárcere de Jerusalém, para Antioquia, onde teve parte essencial na fundação daquela Igreja, que governou durante sete anos. 

A 18 de Janeiro, porém, do ano 44, como narra a piedosa Emmerich, chegou Pedro a Roma, com os dois discípulos Martialis e Apolinaris e o criado Marcion. 

De Antioquia veio primeiro a Jerusalém, depois a Roma, passando por Nápoles e várias outras cidades. 

Foi recebido carinhosamente, com os companheiros, por Léntulo, um dos mais distintos romanos, a quem fora anunciada a sua chegada. 

Muitos romanos que haviam ido ao batismo de João, também tinham ouvido falar do Messias e dos milagres que fazia. Léntulo procurou essa gente e escutou-Ihes avidamente as narrações. 

Cresceu-lhe tanto a saudade e o amor a Jesus, que mandou um sudário fino para tocar no Divino Mestre, no aperto da multidão e guardou-o depois com grande reverência. 

Léntulo tinha também grande desejo de pintar a figura de Jesus e por isso pedia continuamente a Pedro que lhe contasse muitas coisas sobre o Salvador. 

Muitas vezes tentava pintar o retrato de Jesus, mas Pedro sempre lhe dizia que ainda não lhe era semelhante. 

Um dia adormeceu Léntulo durante a oração e ao acordar, encontrou o retrato verdadeiro terminado milagrosamente. 

Léntulo tornou-se um dos primeiros cristãos de Roma. 

Pedro morava, porém, em casa de Pudens, a qual consagrou como primeira Igreja de Roma e para a qual Léntulo contribuiu com muitos donativos. 

De Roma veio Pedro a Éfeso, por ocasião da morte de Maria e na volta visitou Jerusalém. 

Pedro ocupou a cadeira episcopal de Roma durante 25 anos. Foi crucificado no ano 69, na idade de 99 anos. 

Viagens e trabalhos apostólicos de São Paulo 

Quando Paulo e Barnabé trabalhavam em Antioquia, foram escolhidos pelo Espírito Santo para o apostolado entre os gentios. Sendo ordenados bispos, cumpriram depois fielmente a tarefa que Ihes fora dada. 

São Paulo empreendeu três grandes viagens missionárias. 

A primeira fê-Ia com Barnabé. De Antioquia se dirigiram primeiro à ilha de Chipre, onde se converteu o governador da ilha de Pafos: Sérgio Paulo. 

Depois continuaram a viagem até Antioquia, na Pisídia. Mas como ali os judeus contradiziam ao que Paulo ensinava, disseram Paulo e Barnabé: 

“Éreis os primeiros a quem se devia anunciar a palavra de Deus; mas porque a rejeitais e vos julgais indignos da vida eterna, desde já nos vamos daqui, para os gentios.” (Cap. 13, 46). 

Alegraram-se os gentios, dos quais muitos aceitaram a palavra de Deus. Em Icônio o povo quis maltratar e prejudicar os dois missionários, que por isso fugiram para Listra.

Paulo curou nessa cidade um homem que nascera coxo e o povo quis por isso os adorar como deuses; eles, porém, o impediram; mas pouco depois vieram os judeus, agitando o povo; Paulo foi apedrejado e deixaram-no como morto. 

No dia seguinte pôde partir com Barnabé para Derbe, donde voltaram para Listra, Icônio e Antioquia, na Pisídia. 

“Confirmaram os corações dos discípulos, exortando-os a perseverar na fé, e ensinando-lhes que por muitas tribulações nos é necessário entrar no reino de Deus. 

Por fim, tendo-Ihes ordenado em cada Igreja presbíteros e feito orações com jejum, os deixaram encomendados ao Senhor, no qual tinham crido.” (Cap. 4,21-22). 

Passando por Perge e Átila, voltaram para Antioquia, onde tinham começado a viagem e pouco depois se encaminharam para Jerusalém, a fim de tomar parte no Concílio dos Apóstolos (no ano 50), cuja decisão levaram depois à comunidade de Antioquia. 

São Paulo fez a segunda viagem acompanhado pelo discípulo Silas. 

Visitaram primeiro as Igrejas da Síria e Cilícia, que ficavam no caminho de Listra, onde Timóteo se lhes juntou. Dali viajaram pela Frigia, Galícia e Mísia, para Troas. 

“E à noite teve Paulo esta visão: Achava-se ali em pé um homem macedônio, que lhe rogava e dizia: “Parte para a Macedônia e ajuda-nos!” (Cap. 16, 6.) 

Embarcaram, pois, sem demora, depois de Lucas se lhes ter juntado, em Troas. 

Em Filipos se converteu uma mulher, por nome Lídia, que comerciava em púrpura.

Paulo livrou também uma escrava do demônio, pelo que foi acusado e, juntamente com Silas, açoitado e lançado no cárcere. 

“Mas à meia-noite, postos em oração, Paulo e Silas louvavam a Deus e os que estavam na prisão, os ouviam. 

E subitamente se sentiu um terremoto tão grande, que se moveram os fundamentos do cárcere. 

E abriram-se logo todas as portas e foram soltas as prisões de todos. 

Tendo, pois, despertado o carcereiro e vendo abertas as portas do cárcere, tirando da espada, queria matar-se, achando que tinham fugido os presos. 

Mas Paulo bradou-lhe em voz forte: “Não te faças mal algum, porque todos nós aqui estamos”. 

Então, tendo pedido luz, entrou lá dentro o carcereiro e, todo tremendo, se lançou aos pés de Paulo e Silas e tirando-os para fora, disse-lhes: 

“Senhores, que é necessário que eu faça para me salvar?” 

E eles disseram: “Crê no Senhor Jesus e serás salvo, tu e a tua família.” 

E pregavam-lhe a palavra do Senhor e a todos de casa. 

E tomando-os naquela mesma hora da noite, o carcereiro levou-lhes as chagas e imediatamente foi batizado, com toda a família. (Cap. 16, 25-33). 

Posto em liberdade, dirigiu-se Paulo à Tessalônica, anunciando Jesus, ressuscitado dos mortos; mas, prevendo uma perseguição, logo que chegou à noite continuaram a viagem e foram a Beréa. 

Como também ali os judeus agitassem contra eles o povo, Paulo deixou nessa cidade Silas e Timóteo, encaminhando-se para Atenas. 

Ali, em pé no meio do areópago, anunciou aos filósofos gentios o Deus desconhecido:

“Homens atenienses, em tudo e por tudo vos vejo um pouco excessivos no culto da vossa religião. 

Pois, passando e vendo os vossos ídolos, achei também um altar, em que estava escrito: Ao Deus desconhecido. 

Pois, esse Deus que adorais sem o conhecer, é de fato O que vos anuncio. 

Deus que fez o mundo e tudo o que nele há, sendo o Senhor do céu e da terra, não habita em templos feitos pelos homens, nem é servido por mãos de homens, como se necessitasse de alguma criatura, quando Ele mesmo é o que dá a todos a vida e a respiração e todas as coisas. 

Ele fez de um só casal todo o gênero humano, para que se espalhasse por toda a face da terra e regulou e determinou a ordem dos tempos e os limites da existência humana, para que os homens buscassem a Deus, se porventura o pudessem tocar ou achar, ainda que não esteja longe de cada um de nós. Pois, n’Ele vivemos e nos movemos e existimos, como ainda disseram alguns dos vossos poetas: porque somos também de sua linhagem. 

Sendo, pois, linhagem de Deus, não devemos pensar que a Divindade seja semelhante ao ouro ou à prata ou à pedra lavrada por arte e indústria do homem. 

Deus, dissimulando por certo os tempos desta ignorância, comunica agora aos homens que todos, em todo o lugar, façam penitência. 

Pois, determinou um dia em que há de julgar o mundo, conforme a justiça, por aquele Homem que destinou para juiz, do que dá certeza a todos, ressuscitando-O dentre os mortos.” 

Ouvindo-o, porém, falar da ressurreição dos mortos, uns faziam zombaria e outros disseram: 

“Outra vez te ouviremos sobre este assunto.” Assim se retirou Paulo. 

Todavia, alguns homens, agregando-se-lhe, abraçaram a fé; entre estes não foi só Dionísio, areopagita, mas também uma mulher por nome Damaris e com eles, outros. (Cap. 17, 22-34.) 

Paulo partiu de Atenas e chegou a Corinto, onde procurou primeiro converter os judeus e depois os gregos à fé de Jesus Cristo. Converteu-se a Crispo, que era o príncipe da sinagoga. Depois de uma estadia de um ano e meio em Corinto, voltou a Antioquia, passando por Éfeso, Cesaréa e Jerusalém. 

Ali pouco tempo apenas se demorou o Apóstolo, partindo depois para a terceira viagem apostólica. Atravessando primeiro a Galácia e Frigia, chegou a Éfeso, de onde foi à Acaia, na Grécia e passando por Corinto, voltou a Éfeso, onde passou mais de dois anos, pregando e fazendo muitos milagres. 

“E muitos dos que tinham crido, vinham confessando e anunciando as suas obras. 

Muitos também dos que tinham seguido as artes vãs, trouxeram os livros e ajuntando-os, queimaram-nos diante de todos; e calculando-lhes o valor, acharam que montava a cinquenta mil dinheiros. 

Deste modo a palavra de Deus crescia muito e tomava novas forças.” (Cap. 19, 18-20). 

Como, porém, o culto da deusa Diana cada vez mais diminuísse, o ourives de prata, Demétrio, amotinou o povo contra o Apóstolo, que por isso partiu para a Macedônia e Grécia, voltando dali a Trôade, onde ressuscitou dos mortos o mancebo Euticho. 

Chegado a Mileto, fez diante dos bispos da Ásia Menor um belo sermão de despedida, no qual disse: 

“E agora, eis que, levado pelo Espírito, vou para Jerusalém, não sabendo o que ali me há de acontecer, senão o que o Espírito Santo me assegura por todas as cidades, dizendo que me esperam em Jerusalém prisões e tribulações. 

Nada disto, porém, temo nem considero a minha própria vida mais preciosa do que eu mesmo, contanto que acabe a minha carreira e o ministério da palavra, que recebi do Senhor Jesus, para dar testemunho do Evangelho da graça de Deus. 

Tende cuidado convosco e com todo o rebanho de que o Espírito vos constituiu bispos, para governardes a Igreja de Deus, que Ele adquiriu com seu próprio sangue. 

Porque sei que depois da minha partida hão de penetrar entre vós lobos arrebatadores, que não pouparão o rebanho.” (Cap. 20, 22-29.) 

Partindo de Mileto, viajou Paulo, por Chipre e Tiro, para Jerusalém. 

Mas quando estava no templo, alguns amotinaram o povo. 

Lançaram-lhe as mãos e, arrastando o para fora, tê-Io-iam matado, se não fosse o comandante romano, Lísias, que o arrebatou das mãos do povo. 

O Apóstolo defendeu-se em seguida diante do Conselho Supremo e foi depois retirado de novo do tumulto pelos soldados e levado à Torre Antônia. 

Mais de quarenta judeus fizeram, porém, o juramento que não haviam de comer nem beber, enquanto não matassem Paulo. 

Mas Lísias, tendo-o sabido, mandou levá-Io, com uma escolta militar, para Cesaréia e entregá-lo ao governador Félix, que o guardou dois anos preso. 

Paulo defendeu-se também diante de Festo, sucessor de Félix, como também diante do rei Agripa. 

Mas, sendo cidadão romano, apelou para o imperador e foi assim enviado a Roma. 

Viajando no alto mar, desencadeou-se um furioso temporal, pondo-Ihes o navio e a vida em perigo, durante 13 dias, como Paulo mesmo predisseram. 

Próximo da ilha de Malta se despedaçou o navio de encontro a um rochedo, mas todos os passageiros chegaram sãos e salvos à praia. 

O Apóstolo curou o homem mais eminente da ilha, de nome Públio; e, tendo-o mordido uma víbora, nada sofreu. 

No fim de três meses, se puseram de novo em viagem. 

Em Roma a prisão de Paulo era pouco rigorosa e ele pôde até converter algumas pessoas da corte de César. 

É provável que ainda fizesse uma viagem apostólica à Espanha e depois à Ásia Menor e à Grécia. 

Depois de ter estado nove meses no cárcere Mamertino, o incansável Apóstolo foi degolado, fora da cidade de Roma, na estrada de Óstia, a 29 de junho de 67 (segundo Catharina Emmerich). 

Narra-nos a tradição que a santa cabeça, depois de cortada pelo carrasco, ainda saltou três vezes e onde tocou no chão, nasceu uma fonte. Hoje ainda existem essas três fontes, na Igreja de Tre Fontane. 

S. Paulo mereceu, com toda a justiça, o nome de Apóstolo dos gentios, pelos seus trabalhos apostólicos em tantos países pagãos. 

As quatorze Epístolas que escreveu, reconhecidas pela Igreja, cheias de sublimes doutrinas da fé, continuam-lhe o apostolado até o fim dos séculos. 

O zelo pela glória do nome de Jesus, na salvação das almas, manifesta-se-Ihe nas palavras: 

“Fiz-me tudo para todos, para salvar todos.” (1Cor.9, 22) 

E chega ao apogeu nesta exclamação:

“Desejara até ser anátema por Cristo, por amor de meus irmãos.” (Rom. 9, 3) 

Toda a chama de amor se lhe patenteia, porém, na mesma carta aos romanos (8, 35): 

“Quem nos separará, pois, do amor de Cristo? será a tribulação? ou a angústia? ou a fome? ou a nudez? ou o perigo? ou a perseguição? ou a espada? 

Porque estou certo de que nem a morte, nem a vida, nem as coisas presentes, nem as futuras… nem criatura alguma nos poderá apartar do amor de Deus, que está em Jesus Cristo, Senhor nosso.” 

O Apóstolo mostrou esse amor a Jesus também pela ação, sofrendo pelo nome de Jesus muitíssimas dores e tribulações, de que ele mesmo escreve: 

“Dos Judeus recebi cinco quarentenas de açoites, menos um; três vezes fui açoitado com varas, uma vez fui apedrejado, três vezes naufraguei, uma noite e um dia estive no fundo do mar; em jornadas, muitas vezes me vi em perigo de rios, em perigo de ladrões, em perigo dos da minha nação, em perigo dos gentios, em perigo da cidade, em perigo do deserto, em perigo no mar, em perigo entre falsos irmãos; em trabalho e fadiga, em muitas vigílias, com tome e sede, em muitos jejuns, em frio e desnudez; fora estes males, que são exteriores, me combatem as minhas ocorrências de cada dia, o cuidado que tenho de todas as Igrejas.” (2Cor. 11,24 – 28). 

Em todas as tribulações S. Paulo não carecia de consolações celestiais, de modo que podia dizer: 

“Nado em alegria em toda a minha tribulação.” (2Cor. 7,4). 

Depois de tantos trabalhos e lutas, cheios de sacrifícios, pôde, com todo o direito, escrever: 

“Combati o bom combate, acabei a minha carreira, guardei a fé. Quanto ao mais, me está reservada a coroa da justiça, que o Senhor, justo Juiz, me dará naquele dia.” (2Tim. 4, 7 – 8). 

Santo André, Apóstolo da Grécia 

Depois da divisão dos Apóstolos, S. André trabalhou primeiro na Scítia, depois no Epiro e na Trácia e finalmente na região da Acáia, na Grécia. 

Dali foi chamado por uma visão para junto do Apóstolo Mateus, que estava preso, com outros discípulos e sessenta cristãos, numa cidade da Etiópia. 

Os pagãos tinham-lhe derramado veneno nos olhos, o que lhe causava dores horríveis. 

André apressou-se a chegar junto de Mateus e curou-o, livrando-o, com os companheiros, da prisão. 

Pregou também o Evangelho nessa cidade, até que foi preso por gente amotinada e arrastado pela cidade, com os pés amarrados. André, porém, rezava pelos carrascos, que por isso ficaram tão comovidos, que lhe pediram perdão e se converteram. 

Depois voltou para a Acaia, onde curou um possesso cego e ressuscitou um menino. 

Viajou também para Nicéa, ordenando um bispo nessa cidade. 

Na Nicomédia ressuscitou outro rapaz e aplacou uma tempesta de no Helesponto. 

Uma vez em que foi ameaçado pelos Trácios selvagens, ficaram estes assustados com uma luz resplandecente do céu e prostraram-se por terra. 

Outra vez foi atirado às feras, mas ficou ileso. 

Foi em Patras, cidade da Acaia, que o Apóstolo sofreu o martírio; por ter confessado com grande franqueza a fé diante do procônsul Egéas, mandou este que o lançassem no cárcere. 

O povo, que lhe era muito afeiçoado, queria libertá-Io; ele, porém, pediu que lhe não impedissem de alcançar à tão almejada coroa do martírio. 

O juiz condenou-o à morte na cruz. 

Ao ver de longe a cruz, André exclamou: 

“ó boa cruz, há tanto tempo almejada, tão ardentemente amada e sem cessar procurada! Tira-me de junto dos homens e restitui-me ao meu Mestre, para que por ti me receba, quem por ti me remiu,” 

Por dois dias esteve suspenso vivo, na cruz, pregando ao povo a fé de Jesus Cristo. 

A piedosa Emmerich viu-o morrer, rodeado de Anjos, sendo o corpo embalsamado por Maxila, tia de Saturnino. 

Segundo a serva de Deus, teve lugar a morte de Santo André no ano 93. 

São Tiago o Maior, Apóstolo da Espanha 

Partindo de Jerusalém, Tiago o Maior dirigiu-se, pelas ilhas gregas e pela Sicília, à Espanha, onde desembarcou em Gades. 

Como ali não fosse bem recebido, mudou-se para outra cidade. 

Mas também lá não foi tratado melhor; prenderam-no e teria sido morto, se um Anjo não o tivesse livrado milagrosamente. 

Deixou na Espanha cerca de sete discípulos e, acompanhado de dois outros, voltou por Massília, no sul da França, a Roma. 

Mas voltou depois à Espanha, dirigindo-se de Guedes, por Toledo, a Saragoça. 

“Ali, diz Catharina Emmerich, se converteu muita gente, ruas inteiras creram no Senhor, com exceção apenas dos que ainda aderiam ao paganismo. 

Vi Tiago correr também muitos perigos. 

Soltavam contra ele víboras, as quais tomava tranquilamente nas mãos e não lhe faziam mal, mas viravam-se contra os idólatras que o cercavam e estes, vendo o milagre, começavam a temê-lo. 

Vi também que em Granada, onde apenas começara a pregar, foi preso com todos os discípulos e cristãos. 

Tiago invocou no coração, o socorro e a proteção da Santíssima Virgem, que nesse tempo ainda vivia em Jerusalém e Maria salvou-o, com todos os seus discípulos, por intermédio de Anjos. 

A Virgem Santíssima mandou-lhe por um Anjo a ordem de ir à Galícia, pregar ali a fé e depois voltar. 

Vi Tiago, após a volta, em grandes tribulações, por causa de uma iminente perseguição e provação da comunidade cristã de Saragoça. 

Rezava numa noite à beira do rio, fora dos muros da cidade, junto com alguns discípulos, pedindo a Deus conselho, se devia ficar ou fugir. Lembrou-se também da Santíssima Virgem e suplicou-lhe que o ajudasse a pedir luzes e auxílio do Filho, que certamente não lhe negaria. 

Então vi subitamente aparecer por cima do Apóstolo um esplendor no céu e Anjos que entoavam um magnífico canto e transportavam uma coluna resplandecente, que da base projetava um raio fino de luz sobre um lugar, alguns passos distantes de Tiago, como para indicar esse ponto. 

A coluna tinha um brilho vermelho, era atravessada por muitas veias, muito alta e delgada, terminando em cima como um lírio, que se abre em línguas de luz, das quais uma raiava longe, em direção a Compostela, a oeste, as outras, porém, para as regiões próximas. 

Nessa flor de luz, vi a figura da Santíssima Virgem em pé, como sempre ficava em vida na terra, durante a oração, toda branca e transparente, com um brilho mais belo e suave que o da seda branca. 

Estava de mãos postas, uma parte do longo véu cobria-lhe a cabeça, a outra parte, porém, envolvia-a até os pés, de modo que com os pés delicados e pequenos estava sobre as cinco pétalas da flor de luz. 

Era um quadro indizivelmente doce e belo. 

Vi que Tiago, orando de joelhos, levantou os olhos e recebeu interiormente de Maria a ordem de, sem demora, construir nesse lugar um templo, em que a intercessão de Maria se firmasse como uma coluna. 

Ao mesmo tempo lhe anunciou a Virgem Santíssima que, depois de acabar a construção da Igreja, devia ir a Jerusalém, Tiago levantou-se, chamou os discípulos, que já tinham visto a luz e correram para junto dele e comunicou-Ihes a aparição milagrosa e todos seguiam com os olhos o esplendor que ia desaparecendo. 

Tendo executado em Saragoça a ordem de Maria, Tiago constituiu uma comissão de doze discípulos, entre os quais também homens doutos, que deviam continuar a obra, que começara com tantas dificuldades e tribulações. 

Em seguida partiu de Espanha para Jerusalém, como lhe ordenara a Virgem. 

Nessa viagem visitou em Éfeso Maria, que lhe predisse a morte próxima, em Jerusalém, consolando e confortando-o. 

Tiago despediu-se de Maria e do irmão e continuou a viagem para Jerusalém, onde foi decapitado. (Veja cap. 13, no. 10). 

O corpo do Apóstolo esteve algum tempo num sepulcro perto de Jerusalém. 

Quando, porém, se levantou uma nova perseguição, levaram-no alguns discípulos, entre os quais José de Arimatéia e Saturnino, para a Espanha. 

Mas a perversa rainha Lupa, que já antes perseguira São Tiago, não quis permitir que o sepultassem ali. 

“Os discípulos tinham posto o santo Corpo sobre uma pedra, que sob ele formou então uma cavidade, como um sepulcro. 

Sucedeu também que outros cadáveres, sepultados ao lado, foram lançados fora da terra. 

Lupa acusou os discípulos perante o rei, que os mandou prender; mas escaparam milagrosamente e o rei que os perseguia com cavalaria, passou sobre uma ponte, que desabou, morrendo ele com todos os companheiros. 

Lupa assustou-se tanto com esse fato, que mandou dizer aos discípulos que prendessem e atrelassem touros bravos num carro; onde estes levassem o corpo, ali poderiam construir uma Igreja. 

Esperava que os touros bravos destruíssem tudo. 

Um dragão opôs-se na região deserta aos discípulos, mas morreu fulminado, quando fizeram o sinal da cruz; os touros bravos, porém, tornaram-se mansos, deixaram-se atrelar ao carro e levaram o santo Corpo ao castelo de Lupa. Ali então foi sepultado e o castelo transformado em Igreja, pois Lupa converteu se, confessando a fé cristã, com todo o povo”. 

No sepulcro do santo Apóstolo aconteceram muitos milagres. 

Mais tarde lhe foram transferidos os ossos para Compostela, que se tornou um dos mais afamados lugares de peregrinação. 

São Tiago pregou cerca de quatro anos na Espanha. 

São João Evangelista em Roma e na Ásia Menor 

Os cristãos podiam viver em Éfeso, sem ser incomodados; todavia era João guardado por algum tempo como preso. 

Podia, porém, sair, acompanhado por dois soldados; e visitava muitas vezes gente boa. 

Uma vez se encontrou, num tal passeio, com um grupo de estudantes, cujo professor falara contra João. 

Como o Apóstolo tinha pregado o desprezo das riquezas terrestres, compraram ouro e pedras preciosas, que quebraram em pedaços, espalhando-os por escárnio no caminho de João; queriam mostrar-lhe que os pagãos podiam também desprezar a riqueza, sem por isso serem necessariamente cristãos. 

João, porém, disse-lhes que isso era desperdício, mas não a virtude do desapego. 

Um dos rapazes desafiou-o então a apanhar os pedaços das pedras e restaurar-Ihes a forma anterior, que creriam no seu Deus. 

João disse-lhes que as apanhassem e lhes trouxessem. Assim fizeram; João rezou e restituiu-Ihes então tudo em estado perfeito. 

Prostraram-se então os jovens diante dele, deram as joias aos pobres e tornaram-se cristãos. 

“Dois dos que tinham dado os bens aos pobres e seguido a João, conta Catharina Emmerich, vendo os escravos bem-vestidos, arrependeram-se de ter seguido a Cristo. 

Vi João apanhar ramos do mato e pedras na praia do mar, convertendo-os pela oração em varas de ouro e pedras preciosas e; dando-lhes, disse que comprassem de novo as riquezas. 

Estava ainda a repreendê-Ios por causa da queda, quando passou diante deles o cadáver de um jovem e muita gente que o transportava; imploraram, chorando, ao Apóstolo que lhe restituísse a vida. 

Orando, ressuscitou-o e mandou-lhe dizer aos discípulos irresolutos o que sabia do estado de suas almas. 

O ressuscitado falou-Ihes do outro mundo, exortando-os a fazer penitência.

Arrependeram-se então os jovens e o Apóstolo mandaram-nos jejuar, recebendo-os depois novamente na Igreja; o ouro, porém, tornou-se de novo em ramos e as pedras preciosas converteram-se novamente nas pedras anteriores e foram lançadas ao mar. 

Vi que muitos se converteram e que João foi preso. 

Um sacerdote dos ídolos disse que creria em Jesus e o libertaria, se João bebesse um cálice de veneno, sem morrer. 

Fizeram-no conduzir a um largo, perante o juiz e grande multidão de homens. 

Vi também que dois condenados à morte foram forçados a beber o veneno e caíram mortos em pouco tempo. 

João rezou e pronunciou algumas palavras sobre o cálice. 

Então saiu deste um negro vapor e uma luz desceu sobre ele. 

João bebeu tranquilamente e o veneno não lhe fez mal algum. 

O sacerdote pagão exigiu ainda que João ressuscitasse os dois mortos. 

O Apóstolo deu-lhe o manto para o estender sobre os mortos e disse-lhe o que devia dizer então. 

Feito isso, levantaram-se os dois mortos; à vista deste milagre, quase toda a cidade se converteu e deram liberdade a João. 

Vi também desabar um templo em Éfeso, quando queriam obrigar João a sacrificar aos ídolos. 

Era como se uma tempestade caísse sobre o templo; ruiu o teto, poeira e vapor saiam de todas as aberturas e os ídolos fundiram-se. 

Um judeu convertido, que ainda era catecúmeno, caiu, na ausência de João, em grande pobreza e dívidas e era por isso muito perseguido. 

Então lhe disse um judeu maldoso que tomasse veneno, pois teria de ficar até a morte no cárcere dos devedores insolventes. 

Vi então o pobre homem, cheio de angústia, beber três vezes uma taça de bronze, cheia de veneno, mas como São João lhe tivesse ensinado a fazer o sinal da cruz sobre tudo quanto comesse ou bebesse, o veneno não lhe fez mal, apesar de querer envenenar-se. 

Nesse ínterim voltou João àquele lugar. 

O homem confessou-lhe o ato que praticara e, repreendido, reconheceu o crime, manifestando grande arrependimento. 

João fez o sinal da cruz sobre a taça de veneno, a qual se converteu em ouro e mandou-lhe pagar com isso as dívidas. 

Esse homem tornou-se discípulo de João e bispo daquela cidade onde João achou o menino que mais tarde encontrou como membro de um bando de bandidos. 

João achou-o apascentando um rebanho fora da cidade. 

Conversando com o menino, conheceu-lhe os bons talentos, apesar de grande falta de educação. 

Mandou que chamasse os pais, dos quais João pediu e recebeu o menino, para o educar. Tinha este, 10 anos de Idade. 

João levou-o ao bispo de Beréa, para o educar e disse a este que mais tarde viria pedi-lo. 

No princípio tudo ia bem; depois se descuidaram do menino, que afinal se juntou a uma quadrilha de salteadores. 

Quando João, na volta, perguntou pelo menino, soube que se achava nas montanhas, entre os salteadores. 

Então montou num jumento e seguiu para lá. 

Era já idoso e o caminho da montanha muito íngreme. 

Tendo achado o moço, suplicou-lhe de joelhos que se convertesse. 

O jovem tinha então cerca de vinte anos. João levou-o consigo, depôs o bispo e impôs uma penitência ao moço, que se tornou mais tarde também bispo. 

O bispo demitido era, aliás, um homem bom, mas faltara ao dever para com o moço. 

Ficara apenas seis anos bispo; era mais o vigário geral de João. 

Chama-se Áquila e morreu de morte natural. 

Oh! como chorou, ajoelhando-se diante de João, quando este o repreendeu pelo descuido.

Quando João foi atirado no óleo fervente, tinha ensinado na Itália, onde fora também preso. 

De Patmos, onde era muito benquisto e tinha convertido muitos, viajava às vezes, com os guardas, mesmo até Éfeso. 

As revelações do Apocalipse, não as recebeu de uma só vez, nem as escreveu ao mesmo tempo, mas com intervalos; somente três anos antes da morte foi que escreveu o Evangelho, no Interior da Ásia. 

Tive várias visões do martírio deste Apóstolo, em Roma. 

Vi-o num pátio circular, cercado de um muro simples, onde o despiram e açoitaram; estava já muito velho, mas ainda tinha um aspecto delicado e juvenil. 

Vi-o também conduzido por uma porta para fora da cidade a um largo vasto e circular, onde havia uma caldeira alta e um pouco estreita, colocada sobre um fogão circular de pedra, o qual tinha aberturas embaixo, para entrar o ar. 

João vestia um manto largo, abotoado no peito, quase como o Senhor, quando foi escarnecido depois da coroação de espinhos. 

Havia em roda muita gente a olhá-lo. 

Tiraram-lhe o manto e vi o corpo sangrento pela flagelação. Dois homens levantaram João, que subia também. 

O óleo estava fervendo; embaixo faziam fogo com lenha curta, de cor escura, que traziam em feixes. 

Tendo João estado dentro da caldeira por algum tempo, sem sinal de dor ou queimaduras, tiraram-no; todo o corpo conservava-se ileso e renovado, pois todas as feridas feitas pelos açoites, tinham-se curado. 

Muita gente que o viu, precipitou-se para a caldeira, sem medo, enchendo pequenos jarros com o óleo e eu ficava admirada de que não se queimassem. 

João, porém, foi reconduzido à cidade. 

De Roma veio João de novo a Éfeso vivendo ali alguns dias escondido. 

Só de noite visitava as moradas dos cristãos e celebrou o santo sacrifício em casa de Maria. 

Depois mudou, com alguns discípulos, para Kedar, onde três anos antes da morte escreveu o Evangelho, na solidão. 

Os discípulos não estavam presentes quando escrevia; moravam um pouco afastados e só de vez em quando iam levar-lhe alimento. 

Vi que escrevia deitado sob uma árvore e que, quando chovia, em cima do Apóstolo permanecia o céu claro e não o molhava. 

Viveu ali mais tempo, ensinando também e convertendo muita gente nas cidades. 

De lá voltou novamente a Éfeso. 

Os partidários principais dos reis Magos, depois de recebido o batismo das mãos de São Tomé, dirigiram-se à Ilha de Creta; o resto espalhara-se por outras regiões. 

São Tomé instituíra na Arábia vários bispos, pertencentes às tribos dos Reis Magos. 

Estes bispos não conseguiram mais governar os fiéis da região, os quais sempre recaiam na idolatria. 

Por isso escreveram a São João, que Ihes mandasse dois discípulos, ambos irmãos de Fidélis, os quais receberam no batismo os nomes de Macário e Caio e já eram homens. 

Esses, porém, tanto tempo lhe pediram, que afinal, embora em idade avançada, fez essa viagem. 

Moravam ainda mais longe do que o acampamento de Mensor. 

Vi João num lugar onde habitavam os caldeus, que possuíam no seu templo o jardim fechado de Maria. 

O templo não existia mais; tinham uma Igreja pequena, em forma da casa de Maria em Éfeso, com terraço, como tenho visto todas as Igrejas nos primeiros tempos do cristianismo. 

Ali se reuniram também os bispos, pedindo a João que escrevesse a vida de Jesus, pois que lhe contariam tudo quanto sabiam. 

Disse-lhes, porém, o Apóstolo que já tinha escrito a vida de Jesus e tudo quanto podia escrever de sua Divindade neste mundo; que, enquanto escrevera, quase sempre havia estado no céu, não podia escrever mais outra coisa. 

Disse-lhes que um dos discípulos que acompanhara Jesus, de nome Eremenzear, mais tarde chamado Hermes, tinha escrito a respeito; Macário e Caio deviam completá-lo. 

Vi também que estes assim fizeram e que a obra de Macário se perdeu, mas a de Caio ainda existe. 

João partiu dali para Jerusalém, depois para Roma, donde voltou para Éfeso. 

Tive também uma bela visão da morte de São João. 

Estava já muito velho, mas tinha o rosto ainda belo, delicado e juvenil. 

Vi-o partir e distribuir o pão divino, creio que por três dias em seguida, numa Igreja de Éfeso. 

Lembro-me que Jesus lhe tinha aparecido, anunciando-lhe a morte; recordo-me só obscuramente, mas vi muitas vezes Jesus lhe aparecer. 

Depois o vi ensinar ao ar livre, sob uma árvore, fora da cidade, rodeado pelos discípulos; dirigiu-se em seguida, acompanhado apenas por dois discípulos, a um belo lugar num bosque, atrás de uma pequena colina. 

Havia ali uma linda relva e podia-se ver o mar azul no horizonte. 

Mostrou-lhes uma coisa no chão; era que deviam cavar ou acabar-lhe a cova. 

Creio que era para acabar, pois pouco depois tudo estava tão bem preparado, que o trabalho principal devia ter sido feito já anteriormente. 

As pás ainda estavam lá. 

Vi-o voltar para junto dos outros, ensinando-Ihes com amor, rezando e exortando-os a se amarem uns aos outros. 

Os dois voltaram também e um deles disse: 

“Ai! meu Pai, cremos que nos quereis abandonar.” 

Comprimiam-se-Ihe todos em roda e prostravam-se por terra, chorando; João exortou-os, rezou e abençoou-os. 

Depois mandou que ficassem ali; e acompanhado por cinco dentre os discípulos, foi ao lugar do sepulcro, que não era muito profundo, mas bem revestido de relva; tinha uma tampa de vime e sobre esta puseram depois, se bem me lembro, relva e uma pedra. 

João, em pé à beira da cova, rezou com os braços estendidos; depois colocou dentro o manto, entrou e, sentando-se, ainda rezava. 

E veio-lhe um grande esplendor, enquanto ainda falava; os discípulos estavam prostrados por terra, chorando e rezando. 

Vi depois uma coisa maravilhosa: Quando João caiu vagarosamente deitado e expirou, vi no esplendor que o encimava, uma figura resplandecente, semelhante a ele, sair-lhe do corpo, como de um invólucro grosseiro e desaparecer com a luz. 

Depois vi também os outros discípulos, que se aproximavam e se prostravam em roda do sepulcro, sobre o corpo sagrado, que foi coberto em seguida. 

Vi também que o corpo do Apóstolo não está mais na terra, mas entre norte e leste, num lugar resplandecente como o sol; vi que lá era como um intermediário, recebendo alguma coisa de cima e levando-a para baixo. 

Vi esse lugar como ainda pertencente à terra, mas elevado acima dela e inacessível.” 

Viagens apostólicas e trabalhos de São Tomé, principalmente na Índia 

Havia cerca de três anos depois da morte de Jesus, quando Tomé, com o Apóstolo Tadeu e quatro discípulos, partiu para o país dos Reis Magos. 

Batizou os dois reis, já muito idosos, Mensor e Teokeno e pouco a pouco foram batizados todos os habitantes do país. 

Tomé enviou Tadeu, com uma carta, ao rei Abgar, para o curar; soubera, por uma revelação divina, da enfermidade do rei. 

“Por todo o caminho, conta a piedosa Emmerich fazia Tomé grandes milagres, instituía catequistas e deixava também um discípulo. 

Continuou a viagem até a Báctria. 

Foi também ao extremo norte, além da China, onde começa o território da Rússia, entre tribos muito selvagens. 

Na Báctria e entre os povos que seguem a doutrina de Zoroastro, teve muito bom êxito. 

Chegou também ao Tibet. 

Mais tarde vi São Tomé, não só na Índia, mas também numa ilha, entre gente de cor e no Japão; ouvi-lhe também profecias sobre a sorte futura da religião nesse último país. 

Tomé tinha pouca vontade de ir para a Índia. 

Antes de partir para lá, teve muitos sonhos, nos quais construía belos e grandes palácios na Índia. 

Não o compreendia a princípio, não dando importância a esses sonhos, porque nada sabia de arquitetura. 

Mas continuavam a repetir-se tais avisos interiores, de ir à Índia para converter muitos homens e ganhar muitas almas, porque isso significaria a construção dos grandes palácios. 

Aconselhou-se com Pedro, que o exortou a partir para a Índia. 

Então seguiu ao longo do Mar Vermelho e passou também pela Ilha de Socotora, onde ensinou, mas não por muito tempo. 

Foi a segunda cidade da Índia onde Tomé chegou, encontrando o povo a preparar-se para uma grande festa. 

Ensinou e curou enfermos; o rei e muito povo o escutavam. 

Foram tantos os que lhe aderiram, que um jovem sacerdote dos falsos deuses lhe criou um profundo ódio e uma vez, durante o sermão, lhe bateu no rosto. Tomé, porém, permaneceu calmo e humilde e, agradecendo-lhe, ofereceu também a outra face.

Vendo-o, o rei e todo o povo ficaram muito comovidos, estimando depois Tomé como um homem muito santo; o sacerdote idólatra converteu-se. 

A mão tinha-se-Ihe coberto inteiramente de lepra. 

Tomé, porém, curou-a e o jovem convertido se tornou o mais fiel dos discípulos. 

Tomé converteu também a filha do rei e o marido, que era possesso de um demônio; depois saiu da região, continuando a viagem mais para leste. 

Tendo a filha do rei dado à luz um filho, ela e o marido fizeram voto de castidade, dando todos os bens aos pobres. 

O pai indignou-se muito e afirmou que Tomé era feiticeiro; mas a filha e o genro perseveraram no seu propósito e propagavam por toda a parte a doutrina singela de Jesus Cristo, como a tinham recebido, convertendo muitos. 

O próprio pai afinal ficou comovido e mandou um mensageiro a Tomé, pedindo-lhe para voltar. 

O Apóstolo voltou, pois, na despedida Ihes dissera: 

“Em pouco tempo nos tornaremos a ver.” 

O rei e uma grande multidão de povo pediram o batismo e o próprio rei tornou-se mais tarde diácono e foi juntar-se aos seis Magos. 

Tenho ainda a lembrança vaga de que se tornou sacerdote e o filho construiu uma igreja. 

Vi Tomé numa outra cidade, à beira do mar e notei que tencionava deixar na Índia; creio que não era longe da região, onde mais tarde pregou São Francisco Xavier. 

Apareceu-lhe, porém, Jesus, que o mandou viajar para o interior da Índia. 

Tomé não queria, por habitar ali um povo muito selvagem; então lhe apareceu Jesus, pela segunda vez, dizendo-lhe que lhe estava fugindo diante dos olhos, como Jonas; que fosse para lá, pois não o abandonaria; grandes prodígios se fariam por suas mãos. 

No dia do juízo Tomé havia de estar a seu lado, como testemunha de quanto Ele fizera pelos homens. 

Vi São Tomé, caminhando com muito povo, curando enfermos, expulsando demônios e batizando numa fonte. 

Veio vê-lo também um homem muito distinto, douto e piedoso, que sempre estava estudando nos livros e se tornou zeloso discípulo do Apóstolo. 

Esse homem tinha uma sobrinha, casada com um parente do rei. Era extremamente bela e riquíssima. 

Tendo ouvido falar dos milagres de Tomé, sentia grande desejo de ouvir-lhe a doutrina. 

Passando através do povo, até chegar junto dele, prostrou-se-Ihe aos pés e pediu-lhe que lhe ensinasse. 

Tomé ensinou-lhe e abençoou-a; a moça ficou muito comovida, chorava, rezava e jejuava dia e noite. 

O marido, que a amava muito, tornou-se muito triste e procurava distraí-Ia. 

Ela, porém, lhe pediu que a deixasse ainda algum tempo recolhida. 

Ia diariamente à doutrina de Tomé e tornou-se zelosa cristã. 

O marido, zangado, apresentou-se em vestes de luto ao rei, acusando Tomé. 

Tendo levado o Apóstolo amarrado ao rei, este o mandou açoitar e encarcerar. 

Foi o primeiro martírio de São Tomé, em todas as suas viagens; ele, porém, louvava a Deus. 

A mulher convertida cortou o cabelo, chorava e rezava, deu tudo aos pobres e não usava mais enfeites. 

De noite, na ausência do marido, subornava os guardas e ia com outros ao cárcere, para ouvir a doutrina de Tomé. 

Levava consigo a ama de leite e pediram o batismo. 

Tomé mandou preparar tudo em casa para o batismo, e saindo do cárcere, foi à casa das recém-convertidas e batizou-as, com muitos outros. 

Os guardas dormiam, por efeito da Providência Divina e Tomé voltou ao cárcere. 

Como, porém, até da família real alguns mudassem de vida e seguissem a doutrina do Apóstolo, mandou o rei trazê-lo à sua presença e como Tomé lhe explicasse a doutrina, sem que o rei quisesse crer, propôs-lhe o Apóstolo pedir a Deus um sinal de que ele dizia a verdade. 

Então mandou o rei colocar-lhe em frente lanças em brasas e Tomé andou sobre elas sem se queimar; no lugar onde foram colocadas, nasceu uma fonte. 

Tomé narrou também ao rei o que anunciava em toda a parte; que tinha visto, durante três anos, os milagres feitos por Jesus e, contudo, tinha duvidado muitas vezes; que agora cria e era obrigado a propagar a verdade entre os infiéis. 

Acusava-se sempre de seu pecado. 

O rei mandou ainda aquecer uma sala de banho, para o fechar lá dentro e fazê-lo morrer pelo vapor quente; mas era impossível aquecê-la e havia dentro só ar. 

Depois quis forçá-lo a sacrificar aos ídolos e Tomé disse: 

“Se Jesus não quebrar os teus ídolos, então sacrificarei.” 

Então prepararam uma grande festa e dirigiram-se com pompa ao templo. 

O ídolo, colocado num carro, era todo de ouro. Mas, à oração de Tomé, caiu como fogo do céu, fundiu o ídolo e muitos outros ídolos caíram. Levantou-se um grande tumulto entre o povo e os sacerdotes dos ídolos e Tomé foi novamente lançado no cárcere. 

Deste cárcere foi libertado como Pedro, dirigindo-se a uma ilha, onde ficou longo tempo. 

Deixou catequistas nesse país e partiu para o Japão, onde se demorou meio ano. 

Depois que voltou, converteram-se ainda muitas pessoas da família real. 

Os sacerdotes idólatras guardavam-lhe veemente ódio. 

Um deles tinha um filho enfermo e pediu a Tomé que o curasse; depois, porém, estrangulou o filho, acusando Tomé do assassino. 

Este, entretanto, mandou trazer o cadáver e ordenou-lhe, em nome de Jesus, que dissesse quem o matara. 

O cadáver levantou-se e disse: 

“Foi meu pai.” Em consequência deste milagre se converteram ainda muitos. 

Vi que Tomé costumava rezar fora da cidade, à grande distância do mar, ajoelhado sobre uma pedra, a qual conservava as impressões dos joelhos. 

Um dia pedisse que, se o mar, que estava muito distante, chegasse até aquela pedra, viria um homem de uma terra longínqua, para pregar a doutrina de Jesus. 

Então eu não podia imaginar como o mar pudesse chegar até ali. 

Mas nesse lugar foi erguida uma cruz de pedras por Francisco Xavier, quando desembarcou. 

Vi São Tomé, de joelhos sobre essa pedra, rezando em êxtase; aproximaram-se traiçoeiramente sacerdotes idólatras, que o atravessaram com uma lança. 

O corpo do Apóstolo foi transportado para Odessa, onde ainda tenho visto celebrarem-lhe a festa. 

No lugar em que morreu, ficou-lhe, porém, uma costela e a lança que o transpassou. 

Ao lado da pedra havia uma oliveira, que foi salpicada com o sangue de Tomé e que exsudava óleo todos os anos, no dia do martírio do Santo e quando isso não acontecia, esperavam os habitantes da região um ano mau. 

Vi que os idólatras em vão tentavam desarraigar esse arbusto, que sempre de novo crescia; vi também ali uma Igreja e quando, na festa do Apóstolo, se rezava a Missa, o arbusto exsudava ainda óleo. 

A cidade tem o nome de Meliapur; agora a situação não é favorável, mas a fé cristã há de firmar-se ali de novo. 

Foi-me dito que Tomé chegou à idade de noventa e três anos. 

Estava queimado pelo sol e muito magro; tinha o cabelo ruivo. 

Ao morrer, apareceu-lhe o Senhor, dizendo-lhe que ia sentar-se-Ihe ao lado, no dia do juízo. 

Se não me engano, na ordem de suas frequentes viagens, depois da divisão dos Apóstolos, foi primeiro ao Egito, depois à Arábia e, chegando ao deserto, mandou um discípulo ao Apóstolo Tadeu, para que visitasse o rei Abgar. 

Depois batizou os reis Magos e percorreu a Báctria, a China, o Tibet, e ao norte, o território russo, voltando dali a Éfeso, para assistir à morte de Maria; da Palestina partiu para a Itália, atravessando depois uma parte da Alemanha, Suíça e França, embarcou para a África e passando pela terra de Judit, pela Abissínia e Etiópia, foi à Socotora; dali foi à Índia e Meliapur, de onde, libertado do cárcere pelo Anjo, se dirigiu, por uma parte da China, ao extremo norte, que agora pertence à Rússia. 

Dali veio à ilha ao norte do Japão.” 

Trabalhos apostólicos de S. Bartolomeu na Ásia e especialmente na Abissínia, (África) 

O Santo Apóstolo Bartolomeu pregou primeiro na longínqua Índia, onde deixou muitos discípulos e convertidos. Dali partiu para o Japão e voltando, seguiu através da Arábia e do Mar Vermelho, para a Abissínia. 

Ali converteu o rei Polímio e ressuscitou um morto. 

Na capital desse país muitos enfermos tinham sido curados por um ídolo; mas desde que Bartolomeu chegara, emudecera o ídolo. 

Havia na mesma cidade uma casa, em que habitavam muitas mulheres possessas do demônio. Bartolomeu curou-as todas, ensinou e batizou-as, depois de terem publicamente renunciado a idolatria. 

“O Apóstolo conversava muitas vezes com o rei Polímio, que lhe fazia perguntas muito profundas e o deixava frequentemente, para consultar grandes rolos escritos. 

O Apóstolo tinha consigo um rolo escrito, o Evangelho de São Mateus e dele lia as respostas. 

Disse-lhe também que o ídolo fazia os homens adoecerem e depois os curava, para os confirmar na idolatria. 

Mas agora o demônio fora amarrado pelo nome de Jesus e não podia mais agir por meio do ídolo. Prová-lo-ia, se o rei deixasse consagrar o templo ao verdadeiro Deus e recebesse o batismo, com todo o povo. 

O rei convocou todo o povo ao templo e quando os sacerdotes pagãos quiseram sacrificar, gritou-Ihes o demônio do ídolo que não o fizessem, porque estava amarrado pelo Filho de Deus. 

Bartolomeu ordenou-lhe que manifestasse todas as falsas curas que fizera e o demônio confessou tudo pelo ídolo. 

Depois pregou Bartolomeu diante do templo e mandou a Satanás que se mostrasse na sua verdadeira forma, para que o povo visse qual Deus tinha adorado. 

Então este apareceu como horrendo monstro preto, desaparecendo diante deles na terra. 

O rei mandou destruir todos os ídolos. 

Bartolomeu, porém, consagrou o templo para servir de Igreja e batizou o rei e a família e pouco a pouco todo o exército. 

Ensinava, curava os enfermos e era benquisto por todo o povo. 

Depois recebeu Bartolomeu do céu a ordem de ir visitar a SS. Virgem. 

No entanto dirigiram-se os sacerdotes idólatras a Astíages, irmão de Polímio, acusando Bartolomeu de feiticeiro. 

Quando este, pois, voltou da reunião dos Apóstolos àquela terra, não chegou até lá, mas foi preso por emissários de Astíages e levado à presença deste, que lhe disse:  

“Seduziste meu irmão a adorar o teu Deus; eu te ensinarei agora a sacrificar ao meu.” 

Bartolomeu replicou: 

“Deus, que me deu o poder de mostrar a teu irmão, Satanás e expulsá-Io diante dele para o Inferno, há de dar-me também a força de esmagar os teus ídolos e de forçar-te a aceitar a fé.” 

Logo depois veio um mensageiro, anunciando que o ídolo do rei caíra despedaçado. 

Então rasgou o rei a roupa com raiva e mandou açoitar Bartolomeu, que foi amarrado a uma árvore e esfolado vivo, mas neste martírio não deixou de pregar em alta voz, até que lhe atravessaram o pescoço com uma espada. 

Esfolaram-no, começando pelos pés e entregaram-lhe a pele nas mãos. 

Depois da morte lançaram o santo Corpo às feras, mas alguns convertidos pobres tiraram-no de noite. 

Vi que Polímio o buscou, com muito povo e sepultou. 

Construíram-lhe uma capela sobre o sepulcro. 

O rei pagão, porém, e os sacerdotes idólatras que tinham acusado Bartolomeu, endoideceram, após treze dias e fugiram para o sepulcro do Apóstolo, pedindo socorro em alta voz; o rei converteu-se; os sacerdotes, porém, morreram de uma morte horrível.” 

Os santos Apóstolos Simão e Judas Tadeu na Pérsia

Os dois irmãos Simão e Tadeu, depois da separação dos Apóstolos, viajaram algum tempo juntos; depois se dirigiu Simão ao Mar Negro e à Scítia; Tadeu, porém, ao Oriente, onde provavelmente se encontrou com São Tomé, ficando com este. 

Depois foi incumbido por Tomé de levar uma carta ao rei Abgar. 

Quando Tadeu chegou ao palácio do rei, este viu ao lado do Apóstolo a figura resplandecente de Jesus, diante da qual se inclinou profundamente. 

O Apóstolo curou o rei da lepra, pela imposição das mãos. 

Tendo curado em Edessa muitos enfermos e convertido muitos infiéis, percorreu, com o companheiro Silas, os países que Jesus já visitara e veio pela Arábia até o Egito. 

Nessa viagem conseguiu batizar muita gente; povoações inteiras aceitaram a fé cristã. 

Simão dirigiu-se, depois da morte de Maria, ao país dos Persas. 

Tinha por companheiros o discípulo Abdias e alguns outros. 

Guiados pela Providência Divina, os dois irmãos encontraram-se novamente num acampamento militar e chegaram depois a uma grande cidade (Babilônia). 

“Ali foram bem-sucedidos; vi acontecerem muitas coisas, das quais não me lembro mais.

Somente me recordo de que, numa assembleia, em presença do rei, sacerdotes pagãos se levantaram contra os Apóstolos; alguns tinham em ambas as mãos feixes de cobras, do comprimento de um braço, outros tinham em cada mão duas ou três. 

Essas cobras eram mais redondas e mais delgadas do que enguias; tinham cabeças redondas e pequenas, com a boca sempre aberta, vibrando as línguas como flechas.

Os sacerdotes idólatras soltaram as víboras contra os Apóstolos; mas vi-as lançarem-se, voando como setas, contra aqueles que as trouxeram, enrolando-se-Ihes e mordendo-os, de modo que fugiram, com gritos estridentes, até que os Apóstolos ordenaram às víboras que os deixassem. 

Vi que muitos habitantes da cidade e o próprio rei se tornaram cristãos. 

Partiram depois para outra cidade, onde moravam em casa de um homem que era cristão. 

Amotinou-se o povo da cidade, e vi que os dois Apóstolos foram levados, junto com o cristão que os hospedava, a um templo, no qual havia ídolos de ouro e prata, colocados sobre carros. 

Estava reunida, dentro e fora do templo, uma imensa multidão de povo. 

Lembro-me que os ídolos se quebraram e várias partes do templo desabaram e que os dois Apóstolos foram arrastados no aperto da multidão, sem se defenderem e foram mortos, com toda a espécie de armas, pelos sacerdotes e o povo. 

Vi que a um deles, creio que Tadeu, foi fendida a cabeça, cortada pelo meio do rosto, com o machado que o povo trazia à cintura. 

Vi sobre eles celestes aparições.” 

Os corpos dos dois santos Apóstolos jazem na catedral de São Pedro em Roma. 

Trabalhos apostólicos e tribulações dos santos Apóstolos Felipe, na Frigia e Mateus, na Etiópia. 

Sobre os trabalhos do santo Apóstolo Filipe, relata Catharina Emmerich apenas o seguinte:

“Depois de Pentecostes, foram Felipe e Bartolomeu a Gessur, nas fronteiras da Síria. Felipe curou logo uma mulher da cidade; era muito benquisto pelo povo, mais tarde, porém, foi perseguido.” 

A história eclesiástica conta que Felipe chegou também à Frigia, convertendo numerosos pagãos à fé cristã. 

Em Hierápoli, cidade desta província, foi arrastado pelos pagãos perante um ídolo do deus Marte, para lhe sacrificar. 

Dizem que saiu por debaixo do altar uma cobra enorme, que matou dois tribunos e o filho de um sacerdote idólatra. 

O santo Apóstolo ressuscitou todos os três, mas foi açoitado e crucificado. Quiseram tirá-Io da cruz ainda vivo, mas pediu que o deixassem morrer na cruz, como o divino Mestre e Senhor. 

Foi atendido este pedido, pois o apedrejaram pendendo da cruz. 

O martírio deste Apóstolo teve lugar no ano 81. 

Do santo Apóstolo Mateus conta a piedosa Catharina Emmerich que estava preso numa cidade da Etiópia e que Santo André o curou do veneno que os pagãos lhe tinham derramado nos olhos. 

Segundo a tradição, São Mateus pregou durante 23 anos na Etiópia, convertendo grande multidão de povo à fé cristã, entre outros também o rei Egipo e toda a família. 

A filha do rei, Efigênia, fez o voto de guardar a virgindade e neste propósito foi confirmada pelo santo Apóstolo. 

Sabendo disto o tio, que depois da morte do pai usurpara o trono e queria desposá-Ia, mandou matar o santo Apóstolo. 

São Mateus foi atravessado por uma lança, no altar, durante a celebração do Santo Sacrifício. 

Os santos Evangelistas Marcos, em Roma e no Egito e Lucas, na Grécia 

São Marcos veio a Roma, com o príncipe dos Apóstolos, São Pedro. 

No seu Evangelho escreveu o que lhe ditou São Pedro. 

Quando irrompeu em Roma uma epidemia de peste, erigiu-se, por ordem de Marcos, uma Via Sacra. 

Cristãos e pagãos que rezavam, percorrendo esta Via Sacra, ficavam livres ou curados da peste. 

Muitos pagãos, vendo esse milagre, se converteram. 

De Roma se dirigiu São Marcos para o Egito, para pregar ali o Evangelho. 

“Vi-o primeiro em Alexandria; não foi com muito gosto que partiu para lá. 

Na viagem cortou tão desastrosamente o dedo da mão direita, que o teria perdido, se não fosse curado por uma aparição celeste, com a qual muito se assustou, como São Paulo. 

Em volta do dedo lhe ficou toda a vida uma marca vermelha. 

Ao entrar em Alexandria, rasgou-se-Ihe a sandália e deu-a a um sapateiro, de nome Aniano, para a remendar. 

Este se feriu na mão, durante o trabalho; Marcos, porém, curou-a com um ungüento preparado de pó e saliva. 

Vendo-o, converteu-se Aniano e Marcos foi morar-lhe em casa. 

Aniano possuía uma casa vasta, muitos escravos, mulher e dez filhos. 

Numa sala, pertencente à casa entregue a Marcos, se celebravam as primeiras reuniões dos convertidos. 

Os Apóstolos não celebravam o santo Sacrifício numa nova comunidade, antes desta ter sido bem instruída e confirmada. Seguiam já um rito certo na distribuição da sagrada Comunhão, durante o Santo Sacrifício. 

Três dos dez filhos de Aniano tomaram-se mais tarde sacerdotes. 

O pai foi sucessor de S. Marcos. 

O Apóstolo esteve também em Heliópoli. 

Havia ali um oratório, instituído quando morava ali a sagrada Família; desse oratório foi construída uma igreja e ao lado, mais tarde um pequeno convento. 

Os que Marcos ali batizou, eram na maior parte judeus. 

São Marcos foi preso e lançado num cárcere em Alexandria e morreu estrangulado com uma corda. 

Quando estava no cárcere, vi Jesus aparecer-lhe, tendo na mão uma patena e dando-lhe um pequeno pão redondo. 

Vi também que o corpo do mártir foi levado mais tarde para Veneza.” 

Como nos conta a piedosa Emmerich, esteve São Lucas primeiro com São João, em Éfeso, depois com Santo André. 

Na terra pátria travou conhecimento com Paulo, a quem depois acompanhou nas viagens. 

“Escreveu o Evangelho, a conselho de Paulo e porque circulavam livros apócrifos da vida do Senhor. 

Escreveu-o 25 anos depois da Ascensão de Jesus, redigindo-o na maior parte com as informações de testemunhas oculares, que procurava por toda a parte. 

Já no tempo da ressurreição de Lázaro o vi visitar os Iugares onde O Senhor operava milagres e informar-se de tudo. 

Tinha também amizade com Barsabas. 

Foi-me também revelado que Marcos escreveu o Evangelho só com informações de testemunhas oculares e que nenhum dos Evangelistas conhecia nem aproveitou na sua obra a dos outros. 

Também me foi dito que teriam inspirado menos fé se tivessem escrito tudo e que não escreveram os milagres, muitas vezes repetidos, por motivo da extensão do livro. 

Vi que Lucas pintou vários retratos da Santíssima Virgem, alguns de modo milagroso. 

O busto de Maria, que não conseguia acabar, encontrou terminado, ao voltar a si de um êxtase, em que caíra durante a oração. 

Esse retrato é ainda conservado em Roma, na Basílica de Santa Maria Maior, por cima de um altar, na capela do Presépio, à direita do altar-mor. 

Não é, porém, o original, mas apenas uma cópia. 

O original foi antigamente encerrado num muro junto com muitas outras coisas sagradas, por ocasião de uma perseguição; nesse muro, que foi convertido em um pilar, há também relíquias de santos e documentos de muita antiguidade. 

A Igreja tem seis pilares; é o do meio, à direita, de modo que o sacerdote, dizendo a Missa no altar da imagem de Maria, ao dizer: Dominus vobiscum, indica com a mão direita esse pilar. 

Lucas pintou também o retrato inteiro de Maria, vestida de noiva; mas não sei onde se acha agora esse quadro. 

Outro, em vestes de luto, corpo inteiro, creio tê-Io visto numa Igreja, onde se guarda o anel nupciaI de Maria. (Peruzia, na Itália) 

Lucas pintou também Maria, como indo ao descendimento de Cristo da cruz; deu-se isto de um modo milagroso: 

Depois que todos os Apóstolos e discípulos tinham fugido, vi Maria, ao crepúsculo a caminho do Calvário, creio que acompanhada de Maria, filha de Cleofas e Salomé. 

Vi que Lucas estava ao lado do caminho e comovido diante daquela inconsolável dor, estendeu-lhe um lenço, com o desejo de que nele lhe ficasse impressa a imagem. 

Achou realmente o retrato no lenço, como uma sombra a passar e conforme essa imagem, pintou o quadro, contendo duas figuras: ele, com o lenço e Maria, passando-lhe em frente. 

Não sei se Lucas estendeu o lenço só com o desejo de receber o retrato ou seguindo o costume de estender um lenço aos tristes ou porque desejasse praticar para com Maria o ato de caridade que Verônica fizera para com Jesus. 

Creio ter visto esse quadro de S. Lucas guardado por um povo estranho, que vive entre a Síria e a Armênia. 

Não são verdadeiros cristãos, creem em João Batista, têm um batismo de penitência, que recebem todas as vezes que se querem purificar dos pecados. 

Lucas pregava o Evangelho nessa região, operando muitos milagres por meio desse quadro. 

Perseguiram-no e faltou pouco para o lapidarem; o quadro, porém, ficou lá. 

Lucas levou consigo doze homens desse povo, os quais tinha convertido. 

Aquela tribo morava numa montanha, cerca de doze horas de caminho a leste do Líbano. 

No tempo de São Lucas contava apenas algumas centenas de almas. 

A Igreja local era como uma gruta na montanha; para entrar nela, era preciso descer; olhando para cima, viam-se cúpulas, nas quais havia janelas, como se vêem nas abóbadas das nossas Igrejas. 

Tenho visto esse quadro de São Lucas naquela região, em tempos mais recentes; não sei se foi em nosso tempo, mas é possível; pois no tempo de São Lucas tudo era muito simples. 

Mas agora a Igreja parecia maior; o povo parecia ter também muitas cerimônias diferentes; o sacerdote estava sentado diante do altar, debaixo de um arco, o quadro pendurado no alto da abóbada e diante dele ardiam muitas lâmpadas; já estava enegrecido e indistinto. 

Recebem muitas graças por meio do quadro e veneram-no, porque têm visto milagres feitos por ele. 

Lucas foi supliciado como bispo, em Tebas, se não me engano. Vi-o amarrado com uma corda a uma árvore e morrer a golpes de dardos. 

Um desses lhe transpassou o peito e o corpo caiu-lhe para a frente; então o amarraram de novo, lançando-lhe depois mais dardos. 

De noite foi sepultado secretamente. 

O remédio, de que São Lucas se serviu, no seu tempo de médico, era Resedá, misturado com óleo de palma benta. 

Ungia com esta mistura a testa e os lábios em forma de cruz; usava também, às vezes, Resedá seco, com infusão de água. 

São Barnabé, São Timóteo e Santo Saturnino 

Como já mencionamos, foi Barnabé enviado pela Igreja de Jerusalém a Antioquia, onde, junto com São Paulo, pregou durante um ano o santo Evangelho, com grande êxito, até que o Espírito Santo deu, pela boca dos profetas dessa Igreja, a ordem: 

“Separai-me Paulo e Barnabé para a obra, para a qual os destinei.” 

Depois de terem recebido a consagração episcopal, São Barnabé acompanhou São Paulo por algum tempo. Tendo-se separado dele, fez ainda algumas viagens apostólicas. 

Diz a tradição que chegou até Milão, sendo o primeiro que nessa cidade anunciou a fé cristã. 

Foi lapidado pelos judeus, na ilha de Chipre, sua terra natal, sendo-lhe o corpo lançado numa fogueira, que, porém, não o queimou; os discípulos sepultaram-no. 

Quando o acharam, no tempo do imperador Zeno, encontraram-lhe sob o peito uma parte do Evangelho de São Mateus. Barnabé também escreveu alguma coisa. 

Timóteo, discípulo de São Paulo, estava preso na ilha de Quios, ao mesmo tempo que São João se achava no cativeiro, na ilha de Patmos. 

“Vi-o: era um homem alto, com cabelo e barba preta, magro e pálido. 

Nas viagens vestia um manto cinzento, preso ao meio do corpo pela cinta; como bispo, usava um longo manto, de cor parda-escura, bordado grosseiramente de grandes florões de ouro, com fio grosso como barbante, mas produzindo belo efeito; revestia-se também de uma estola no peito, uma cinta, sobre a cabeça uma mitra baixa. 

Todos o amavam; tinha em Quios uma comunidade de convertidos; até os soldados da guarda aderiram à fé. 

Havia ali uma mulher cristã rica, que caíra numa vida pecaminosa. 

Um dia, quando Timóteo estava para dizer a santa Missa numa capelinha e já se achava diante do altar, viu em espírito aquela infeliz, que se aproximava da Igreja. 

Então lhe foi ao encontro na porta, repreendeu-a pela vida pecaminosa e excomungou-a. Em consequência disso se levantou uma perseguição contra Timóteo, que foi desterrado para a Armênia, mas posto em liberdade antes de São João voltar de Patmos. Paulo mandou-o, como bispo, a Éfeso, onde foi assassinado pelos pagãos, por ocasião de uma festa, em que percorriam a cidade com máscaras, carregando ídolos em triunfo. 

São Timóteo tinha pregado veementemente contra esses costumes pagãos.

Saturnino, que era como André um dos primeiros que seguiram a Jesus, depois do Batismo, pregou em Tarso, depois da morte de Jesus. 

Ali teria sido morto a pancadas e pedradas, mas um vento forte lançou tanta poeira e areia nos olhos dos perseguidores, que pôde fugir. 

Esteve também em Roma, com São Pedro e foi enviado por esse à Gália. 

Esteve em Arelat, Nimes e muitos outros lugares desse país. 

Em Toulouse ficou mais tempo, convertendo muita gente, entre outros também uma mulher, que curara da lepra. 

Ali também morreu mártir. 

Num monte, em cujo cume havia um templo pagão, Saturnino foi amarrado a um touro. Aguilhoando o touro, fizeram-no correr na ladeira íngreme para baixo; o touro, enraivecido, caiu e pisando, esmagou a cabeça do Santo. 

Celebra-se-Ihe a festa a 29 de novembro. 

São Lázaro, Marta e Madalena no sul da França 

Três ou quatro anos depois da morte de Jesus os judeus prenderam Lázaro, Marta e Madalena e abandonaram-nos numa pequena embarcação, que já fazia água e sem remos nem velas, no alto mar; puseram na mesma barca o discípulo Maximino, um cego de nascença curado por Jesus, de nome Cheliônio e duas meninas. 

Com o auxílio de Deus escaparam da morte; pois a barquinha foi impelida sobre o mar com velocidade sobrenatural e aportou à costa meridional da França, perto da cidade que hoje se chama Marselha. 

Quando chegaram a esta cidade, estava o povo justamente a celebrar uma festa idólatra. 

“Os sete estrangeiros – conta Catharina Emmerich – sentaram-se sob as arcadas de uma praça pública, diante de um templo. 

Ficaram assim sentados por muito tempo; tendo-se reconfortado um pouco, com alimento tirado de pequenas vasilhas que trouxeram consigo. 

Começou Marta a falar ao povo, que se lhe juntava em roda e disse-lhes como tinham chegado ali. 

Falou também de Jesus em tom muito vivo e comovido. 

Mais tarde vi que alguns Ihes jogavam pedras, para os afastar dali; mas as pedras não os feriam e eles ficaram tranquilamente sentados, até a manhã seguinte. 

No entanto começaram os outros também a falar e já Ihes aderiam várias pessoas. 

Na manhã seguinte vieram uns homens de uma casa grande, que eu tomei pela câmara municipal; interrogaram-nos acerca de muitas coisas. 

Ainda ficaram um dia inteiro sob a arcada, falando com os transeuntes, que se Ihes juntavam em roda. 

Ao terceiro dia foram todos conduzidos àquela casa e apresentados ao prefeito da cidade e depois separados. 

Os homens ficaram com o prefeito, na câmara; as mulheres foram conduzidas a outra casa da cidade; tratavam-nos bem e davam-Ihes de comer. 

Vi que ensinavam em qualquer parte que chegavam e que o prefeito mandou proclamar por toda a cidade que ninguém fizesse mal a essa gente. 

Dentro em pouco muitos pediram o santo batismo; Lázaro batizava numa grande pia que havia na praça pública, diante do templo, o qual em pouco tempo estava quase abandonado. 

Creio que o prefeito da cidade também se deixou batizar. 

Vi também que não ficaram muito tempo juntos; Lázaro, como bispo, continuou a pregar a doutrina.” 

Marta, com as duas meninas, suas criadas, dirigiu-se a uma região deserta, montanhosa, perto da cidade moderna de Aix, onde habitavam algumas escravas pagãs, que se converteram e onde construíram mais tarde um convento e uma Igreja. 

Havia, porém, no rio daquela região um monstro, que dava grandes prejuízos. 

Marta encontrou-o à ribeira, devorando justamente um homem. 

Ela venceu o monstro, lançando-lhe o cinto em roda do pescoço, em nome de Jesus e estrangulou-o e o povo, acorrendo, acabou de matá-Io. 

“Marta pregava o Evangelho muitas vezes diante de grande multidão de povo, na campina e à margem do rio. 

Costumava para isso construir um púlpito de pedras, com auxílio das companheiras; colocavam as pedras em forma de escada; por dentro era como uma abóbada. 

Em cima colocavam uma pedra larga, sobre a qual ela pregava. 

Ela sabia fazer essa construção melhor do que um pedreiro, pois era muito ativa e empreendedora. 

Uma vez estava ensinando sobre o tal montão de pedras, à margem do rio, quando um jovem tentou atravessar o rio a nado, para a ouvir; a corrente, porém, levou-o e ele morreu afogado. Injuriaram-na por isso os habitantes da região, acusando-a também de ter convertido aquelas escravas. 

Tendo o pai do rapaz afogado encontrado o cadáver do filho, trouxe-o na presença de muito povo e, colocando o aos pés de Marta, disse que creria no seu Deus, se ela desse novamente vida ao filho. 

Vi que Marta ordenou ao cadáver, em nome de Jesus, que voltasse à vida e que se levantou vivo. 

O ressuscitado, o pai e muito povo tornaram-se cristãos. 

Outros, porém, perseguiram Marta como feiticeira. 

Um dos companheiros, que com ela viera da Palestina, vinha visitá-Ia e dava a ela a sagrada Comunhão. 

Marta trabalhava e ensinava, convertendo muitos.” 

Quando Madalena se separou de Marta, retirou-se sozinha para uma região deserta, bem longínqua, onde vivia numa gruta. 

Maximino ia às vezes lá, encontrando-a em meio caminho, para dar-lhe a sagrada Comunhão. 

Morreu pouco antes de Marta e foi também sepultada no convento de Santa Marta. 

Sobre a gruta construiu Maximino uma Igreja.

Feast of the Apostles

In remembrance of the Holy Apostles and  their mission to preach the gospel to  all nations Orthodox Christians observe  the Apostles fast which begins on the  second Monday after Pentecost.

The  Apostles fast has been observed since  the early Christian period and is one of  the four major fasting periods on the  ecclesiastical calendar.

We read about a  post Pentecost fast in the writings of  Saint Sava and Ambrose and also  in the Apostolic constitutions from the  4th century.

Pentecost is a moveable  feast so the start date varies the fast  originally lasted one week but was later  given the end date of June 29th the  feast day of Saints Peter and Paul in  iconography Peter and Paul are often  portrayed together.

For they are the two  great pillars of the church in one icon  the to embrace symbolizing both their  brotherly love and also the unity of the  church in another we see the two again  side-by-side with a church in the  background or a small replica of a  church being held by each.

The replica  symbolizes their role as church builders  reminding us that through their  missionary efforts churches were founded  in Antioch Rome and in cities throughout  Asia Minor and Greece they are often  also shown holding Scrolls reminding us  of their epistles and their roles as  teachers and evangelists.

It is easy to recognize Peter and Paul  and icons throughout Christian history  iconographer ‘s were influenced by the  earliest christian images of Peter and  Paul like those found in the 4th century  catacomb of st. Thekla and Rome and thus  while striving to depict a spiritual  reality they also give us a sense of  what each apostle may have looked like  here on earth Peter is shown with white  hair and a Beard.

For Paul brown hair  with a tapering beard and a high balding  forehead which denotes great wisdom and  learning.

Saint Paul’s role as an apostle  is also emphasized in the icons of the  ascension and Pentecost where he is  shown with the other apostles even  though he wasn’t physically present at  the time of the actual event.

Again a  spiritual reality is depicted where even  though he wasn’t physically present  through the grace of the Holy Spirit he  was able to come to understand the life  and work of Christ and spread the gospel.

Along with the other apostles indeed it  was he who was chosen to be the apostle  to the Gentiles on the feast of Saints  Peter and Paul we read from the Gospel  of Matthew about Jesus asking the  apostles who do you say that I am! 

You  are the Christ the Son of the Living God  thus proclaiming the divinity of Jesus  something revealed to Peter through  faith and it is upon this rock this  confession of faith that Jesus says that  he will build his church and that the  gates of Hades will not prevail.

Against  it it is the same confession of faith  that all of the Apostles will proclaim  boldly once witness to the resurrection  and lit with the flame of the Holy  Spirit at Pentecost thus even though we  remember Peter and Paul specifically on  June 29th.

We also on the day that  follows the sin axis of the 12 apostles  so that all of the Apostles may be  remembered and that God may be glorified  through them  so let us as we observe the fast and  approach the feast of Saints Peter and  Paul  contemplate the faith of the Apostles a  faith which transformed simple fisherman  timid and unlearned men leaving a great  persecutor of the early church into bold  apostles and preachers who carried a  message of hope and love.

The good news  of Christ’s saving resurrection and the  opening of a door to eternal life to all  the world!

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