Ressurreição de Lázaro – Basilica de São Apolinário Novo (séc VI) – Ravena, Cidade da Arte
São Lázaro, Marta e Madalena no sul da França
Três ou quatro anos depois da morte de Jesus os judeus prenderam Lázaro, Marta e Madalena e abandonaram-nos numa pequena embarcação, que já fazia água e sem remos nem velas, no alto mar; puseram na mesma barca o discípulo Maximino, um cego de nascença curado por Jesus, de nome Cheliônio e duas meninas.
Com o auxílio de Deus escaparam da morte; pois a barquinha foi impelida sobre o mar com velocidade sobrenatural e aportou à costa meridional da França, perto da cidade que hoje se chama Marselha.
Quando chegaram a esta cidade, estava o povo justamente a celebrar uma festa idólatra.
“Os sete estrangeiros – conta Catharina Emmerich – sentaram-se sob as arcadas de uma praça pública, diante de um templo.
Ficaram assim sentados por muito tempo; tendo-se reconfortado um pouco, com alimento tirado de pequenas vasilhas que trouxeram consigo.
Começou Marta a falar ao povo, que se lhe juntava em roda e disse-lhes como tinham chegado ali.
Falou também de Jesus em tom muito vivo e comovido.
Mais tarde vi que alguns Ihes jogavam pedras, para os afastar dali; mas as pedras não os feriam e eles ficaram tranquilamente sentados, até a manhã seguinte.
No entanto começaram os outros também a falar e já Ihes aderiam várias pessoas.
Na manhã seguinte vieram uns homens de uma casa grande, que eu tomei pela câmara municipal; interrogaram-nos acerca de muitas coisas.
Ainda ficaram um dia inteiro sob a arcada, falando com os transeuntes, que se Ihes juntavam em roda.
Ao terceiro dia foram todos conduzidos àquela casa e apresentados ao prefeito da cidade e depois separados.
Os homens ficaram com o prefeito, na câmara; as mulheres foram conduzidas a outra casa da cidade; tratavam-nos bem e davam-Ihes de comer.
Vi que ensinavam em qualquer parte que chegavam e que o prefeito mandou proclamar por toda a cidade que ninguém fizesse mal a essa gente.
Dentro em pouco muitos pediram o santo batismo; Lázaro batizava numa grande pia que havia na praça pública, diante do templo, o qual em pouco tempo estava quase abandonado.
Creio que o prefeito da cidade também se deixou batizar.
Vi também que não ficaram muito tempo juntos; Lázaro, como bispo, continuou a pregar a doutrina.”
Marta, com as duas meninas, suas criadas, dirigiu-se a uma região deserta, montanhosa, perto da cidade moderna de Aix, onde habitavam algumas escravas pagãs, que se converteram e onde construíram mais tarde um convento e uma Igreja.
Havia, porém, no rio daquela região um monstro, que dava grandes prejuízos.
Marta encontrou-o à ribeira, devorando justamente um homem.
Ela venceu o monstro, lançando-lhe o cinto em roda do pescoço, em nome de Jesus e estrangulou-o e o povo, acorrendo, acabou de matá-Io.
“Marta pregava o Evangelho muitas vezes diante de grande multidão de povo, na campina e à margem do rio.
Costumava para isso construir um púlpito de pedras, com auxílio das companheiras; colocavam as pedras em forma de escada; por dentro era como uma abóbada.
Em cima colocavam uma pedra larga, sobre a qual ela pregava.
Ela sabia fazer essa construção melhor do que um pedreiro, pois era muito ativa e empreendedora.
Uma vez estava ensinando sobre o tal montão de pedras, à margem do rio, quando um jovem tentou atravessar o rio a nado, para a ouvir; a corrente, porém, levou-o e ele morreu afogado. Injuriaram-na por isso os habitantes da região, acusando-a também de ter convertido aquelas escravas.
Tendo o pai do rapaz afogado encontrado o cadáver do filho, trouxe-o na presença de muito povo e, colocando o aos pés de Marta, disse que creria no seu Deus, se ela desse novamente vida ao filho.
Vi que Marta ordenou ao cadáver, em nome de Jesus, que voltasse à vida e que se levantou vivo.
O ressuscitado, o pai e muito povo tornaram-se cristãos.
Outros, porém, perseguiram Marta como feiticeira.
Um dos companheiros, que com ela viera da Palestina, vinha visitá-Ia e dava a ela a sagrada Comunhão.
Marta trabalhava e ensinava, convertendo muitos.”
Quando Madalena se separou de Marta, retirou-se sozinha para uma região deserta, bem longínqua, onde vivia numa gruta.
Maximino ia às vezes lá, encontrando-a em meio caminho, para dar-lhe a sagrada Comunhão.
Morreu pouco antes de Marta e foi também sepultada no convento de Santa Marta.
Sobre a gruta construiu Maximino uma Igreja.
Fonte: Vida, Paixão e Glorificação do Cordeiro de Deus – Visões místicas da Beata Anne Catherine Emmerich
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