A Apresentação de Maria no Templo

Sobre a Obra

A Apresentação de Maria no Templo

Assista o documentário da Trisagion sobre a apresentação de Maria no Templo / Watch the Trisagion documentar about the The Icon of the Entrance of the Theotokos into the Temple

A memória que a Igreja celebra no dia 21 de novembro não tem fundamentos claros nos Evangelhos Canônicos. O que existe são algumas pistas no chamado Proto-evangelho de Tiago, livro de Tiago.

O acontecimento que celebramos tem embasamento na Tradição que a liga à Dedicação da Igreja de Santa Maria Nova, construída em 543, perto do templo de Jerusalém.

Os manuscritos não canônicos contam que Joaquim e Ana, por muito tempo não tiveram filhos, até que nasceu Maria, cuja infância dedicou totalmente e livremente a Deus, impelida pelo Espírito Santo desde sua concepção imaculada.

Diz o Proto-evangelho de Tiago sobre a apresentação de Maria no Tempo:

Os meses foram passando para a menina e quando ela completou dois anos, Joaquim disse a Ana:

¨Vamos levá-la ao Templo do Senhor para cumprirmos a promessa que fizemos, para que o Senhor não reclame e nossa oferenda se torne inaceitável a seus olhos¨.

Ana respondeu: ¨Vamos esperar que ela complete três anos, para que não venha sentir saudade de nós¨.

E Joaquim respondeu: ¨Vamos aguardar¨. Quando completou três anos, Joaquim disse: ¨Chame as meninas hebreias, virgens, e que, duas a duas, tomem uma lâmpada acesa para que a menina [Maria] não olhe para trás e seu coração se prenda por algo fora do Templo de Deus¨.

E assim foi feito e subiram ao Templo do Senhor.

Então o sacerdote a recebeu, a beijou e abençoou-a. E disse [à Maria]:

¨O Senhor engrandeceu o teu nome diante de todas as gerações.

No final dos tempos, manifestará em ti Sua redenção aos filhos de Israel¨.

Então fez [Maria] sentar-se no terceiro degrau do altar e o Senhor derramou Sua graça sobre ela. Ela dançou e cativou toda a casa de Israel.

Tanto no Oriente quanto no Ocidente observamos esta celebração mariana nascendo do meio do povo e com muita sabedoria sendo acolhida pela Liturgia Católica.

Por isso esta festa aparece no Missal Romano a partir de 1505, e busca exaltar a Jesus através daquela que muito bem soube isto fazer com a vida, como partilha Santo Agostinho, em um dos seus Sermões:

“Acaso não fez a vontade do Pai a Virgem Maria, que creu pela fé, pela fé concebeu, foi escolhida dentre os homens para que dela nos nascesse a salvação; criada por Cristo antes que Cristo nela fosse criado?

Fez Maria totalmente a vontade do Pai e por isto mais valeu para ela ser discípula de Cristo do que mãe de Cristo; maior felicidade gozou em ser discípula do que mãe de Cristo.

E assim Maria era feliz porque já antes de dar à luz o Mestre, trazia-o na mente”.

A Beata Maria do Divino Coração dedicava devoção especial à festa da Apresentação de Nossa Senhora, de modo que quis que os atos mais importantes da sua vida se realizassem neste dia.

Nossa Senhora da Apresentação, rogai por nós!

Fonte: Alteia com informações de Canção Nova.

As virgens no Templo

Detalhes da Apresentação de Maria no Templo 

Saudação de Zacarias a Maria menina:

Vem aqui, pequena menina, mais alta que os céus. Vem aqui, tu que és vista como menina, e pela mente conhecida como oficina divina.

Vem aqui e santifica ainda mais o vestíbulo do santuário: com efeito, em uma palavra, não és tu a santificada, mas tu é que muito o santificas.

Vem aqui e inclina-te para o penetrante, o ponto sacral mais interior do templo, e para a cela, que incute tremor, tu que te tornarás tesouro imenso e imperscrutável.

Entra no vestíbulo do altar, tu que destróis o vestíbulo da morte.

Olha para dentro, para o véu³, tu que com o teu fulgor iluminas aqueles que estão ofuscados pelo prazer que obscurece.

Estende as mãos para mim, que te conduzo como uma menina, e segura minha mão, pois estou cansado pela velhice e me dobrei à transgressão do mandamento por ardor terreno, e conduze-me à vida.

Eis que te tomo como uma pequena bengala de velhice e restauração da natureza enfraquecida pela queda.

Eis que vejo tu, que te tornarás sustentáculo daqueles que caíram na morte. Aproxima-te para venerar o altar, pelo qual em muitos símbolos foi dito que ele profetizou a ti, altar espiritualíssimo e incontaminado.

Caminha por todo o recinto do altar, porque, exalando odor de incenso¹, te tornaste mais que perfume para aqueles que aspiram a tua fragrância, tu que dignamente foste proclamada turíbulo da língua inspirada por Deus, e dos profetas portadores do Espírito.

Sobe, sobe o degrau da morada sagrada.

Comprazendo-se pelo frescor de tua beleza, as filhas de Jerusalém, alegres, tecem louvores, e os reis da terra te proclamam bem-aventurada: tu que foste reconhecida como divino fundamento, e do modo mais suave foste indicada ao patriarca por excelência, Jacó, como escada sustentada por Deus.

Vem, ó Senhora, porque é a ti que cabe estar em tal pedestal, tu que és […] o trono mais alto dos querubins. Visto que és rainha do universo, atribuo a ti, dignamente, o primeiro assento, e, do alto, soergue tu aqueles que se precipitaram para baixo.

Então, juntamente com Davi, clamo: “Escuta, ó filha, vê e inclina o teu ouvido, esquece o teu povo e a casa de teu pai, pois o Rei encantou-se de tua beleza”6.

O ancião assim se comportava, embora com a intenção de louvores maiores que esses. Os pais se despediram, e a filha consagrada a Deus foi deixada.

Com tremor os anjos a serviam ministrando-lhe alimento, e a menina alimentava-se como os seres imateriais, com nutrimento não sabemos se material ou imaterial.

Anjo alimentando Panagia no Templo

Assim, através de um cumprimento que vinha de Deus, realizavam-se os ritos da divina iniciação, e assim crescia a menina e se fortalecia, enquanto perdia força toda a adversidade da maldição que nos fora dada no Éden.

Germano de Constantinopla, I Homília para a entrada da Santíssima Mãe de Deus

Sobre a Alimentação da Virgem na Sinagoga

O que fazia a Virgem enquanto transcorria sua vida fechada no Santo dos Santos? Recebia do anjo o alimento dos anjos, conservava integra sua virgindade semelhante a uma pomba imaculada, rendendo graças e manifestando um afeto profundo por aquele que tinha edificado o templo, o céu e a terra, e, súplice, dizia:

“Eu vos louvarei, ó Senhor onipotente, pois que tirastes o opróbrio de Eva, primeira mãe, e por vossa inefável misericórdia enviareis à terra o vosso Filho Unigênito, para viver no meio dos seres humanos.

Será por esse motivo que tornarei pura e imaculada a sua morada”. […]

Se a primeira mulher caiu por meio da serpente, a outra se glorificou e foi co-responsável pela salvação da humanidade, se tornando a própria mãe de Deus, a mãe do Verbo Encarnado, que também fora milagrosamente concebida, por conta de tantas orações advindas de seus pais Joaquim e Ana.

Salmo 45.11ss. / Genesis 3,16ss. / Exodo 26,31ss / Exodo 30,1ss / Genesis 28,12

Capítulo 4 – Infância de Nossa Senhora e seu casamento com São José

VIDA, PAIXÃO E GLORIFICAÇÃO DO CORDEIRO DE DEUS”:    As meditações de Anna Catharina Emmerich (1820-1823)

Maria tinha três anos e três meses, quando fez o voto de associar-se às virgens santas, que se dedicavam ao serviço do Templo.

Antes da partida, fizeram na casa paterna uma grande festa, à qual estiveram presentes cinco sacerdotes, que sujeitaram Maria a uma espécie de exame, para ver se já chegara à idade de juízo e madureza de espírito, para, ser admitida no Templo.

Disseram-lhe que os pais tinham feito por ela o voto, que não devia beber vinho ou vinagre, nem comer uvas ou figos.

Maria ainda acrescentou que não comeria nem peixe, nem especiarias, nem frutas, senão uma espécie de pequenas bagas amarelas, que não beberia leite, dormiria na terra e se levantaria três vezes durante a noite para rezar.

Os pais de Maria ficaram muito comovidos com estas palavras. Joaquim abraçou a filha, exclamando, entre lágrimas: “Oh, minha querida filha, isto é duro demais; se assim queres viver, teu velho pai não te verá mais.” – Foi um momento de profunda comoção.

Os sacerdotes, porém, disseram que se devia levantar só uma vez para a oração, como as outras virgens, juntando ainda outras circunstâncias atenuantes, como, por exemplo, que devia comer peixe nas grandes festas.”

Maria ofereceu-se também para lavar as vestes dos sacerdotes e outras roupas grossas.

“No fim da solenidade, vi que Maria foi abençoada pelos sacerdotes. Ela estava em pé, num pequeno trono, entre dois sacerdotes; aquele que a abençoou, estava-lhe em frente, os outros atrás.

Os sacerdotes rezaram alternadamente, em rolos de pergaminho e o primeiro abençoou-a, estendendo as mãos sobre ela. Tive nessa ocasião uma maravilhosa visão do estado íntimo da santa Menina.

Vi-a como que iluminada e transparente pela bênção do sacerdote e sob seu Coração, em glória indizível, vi a mesma imagem que na contemplação do santo Mistério na Arca da Aliança. Numa forma luminosa, igual à do cálice de Melquisedec, vi figuras brilhantes, indescritíveis, da bênção da promissão. Era como trigo e vinho, carne e sangue, que tendiam a unir-se.

Vi, ao mesmo tempo, que sobre essa aparição o Coração da Virgem se abriu, como a porta de um templo e o mistério da promissão, cercado como de um dossel, guarnecido de misteriosas pedras preciosas, lhe entrou no Coração aberto; era como se a Arca da Aliança entrasse no templo.

Depois disso, encerrava o coração da Virgem o maior bem que naquele tempo havia no mundo. Desaparecendo essa imagem, vi apenas a santa Menina cheia de ardente devoção e amor. Vi-a como que extasiada e elevada acima da terra”.

Joaquim e Ana viajaram com Maria para Jerusalém.

Em procissão solene foi a Menina introduzida no Templo; depois de oferecido um sacrifício, erigiu-se um altar por baixo de um portal. Maria ajoelhou-se nos degraus, enquanto Joaquim e Ana lhe puseram as mãos na cabeça, proferindo orações de oferecimento.

Um sacerdote cortou-lhe então um anel do cabelo, queimou-o num braseiro e vestiu-a de um véu pardo.

Dois sacerdotes conduziram Maria muitos degraus para cima, à parede divisória que separa o Santo do resto do Templo e colocaram-na num nicho, do qual se via o Templo, em baixo. Depois um sacerdote ofereceu incenso no altar próprio.

“Vi brilhar sob o Coração de Maria uma auréola de glória e soube que continha a promissão, a bênção santíssima de Deus. Essa auréola aparecia como que cercada pela arca de Noé, de modo que a cabeça da Santíssima Virgem sobressaia acima da Arca.

Depois vi a figura da arca de Noé transformar-se na da Arca da Aliança, cercada pela aparição do Templo. Então vi desaparecer essas formas e sair da auréola brilhante a figura do cálice da última ceia, diante do peito de Maria, aparecendo-lhe diante da boca um pão assinalado com uma cruz.

Dos lados lhe emanavam numerosos raios de luz, em cujas extremidades apareciam muitos mistérios e símbolos da SS. Virgem, como, por exemplo, os nomes da Ladainha de N. Senhora, em figuras.

Do ombro direito e do esquerdo cruzavam-se dois ramos de oliveira e cipreste sobre uma palmeira pequena, que vi aparecer atrás de Maria.

Entre esses ramos vi as formas de todos os instrumentos da paixão de Jesus. O Espírito Santo, com asas luminosas, parecendo mais figura de homem do que de pomba, pairou sobre a aparição.

No alto vi o céu aberto, com a Jerusalém celeste no centro, com todos os palácios, jardins e habitações dos futuros Santos; tudo estava cheio de Anjos; também a auréola de glória que cercava Maria, estava cheia de cabeças de Anjos.

Então desapareceu a visão gradualmente, como aparecera. Por fim vi somente o esplendor sob o Coração de Maria e luzir nele a bênção da promissão. Depois desapareceu também essa visão e vi apenas a Santa Menina, consagrada ao Templo, guarneci da de seus adornos, sozinha entre os sacerdotes.”

Maria despediu-se dos pais e foi entregue às mestras: Noemi, Irmã da mãe de

Lázaro e a profetisa Ana, outra matrona.

“Então vi uma festa das virgens do Templo. Maria tinha de perguntar às mestras e às meninas, uma a uma, se queriam deixá-Ia ficar junto delas. Era o costume adotado. Depois fizeram uma refeição e no fim houve uma dança; estavam umas em frente às outras, duas a duas e dançando formavam figuras: cruzes, etc.

De noite Noemi conduziu Maria ao seu quartinho, de onde se podia ver o interior do Templo.

O quarto não formava um quadrângulo regular; as paredes estavam marchetadas de triângulos, que formavam várias figuras.

Havia no quarto um banquinho, mezinha e estantes nos cantos, com diversos repartimentos para guardar objetos. Diante desse quartinho havia um quarto de dormir e um guarda-roupa, como também a cela de Noemi.

As virgens do Templo usavam vestido branco, comprido e largo, com cinta e mangas muito largas, que arregaçavam para o trabalho. Estavam sempre

veladas.

Maria, era, para sua idade, muito hábil; vi-a trabalhar, fazendo já pequenos lenços brancos, para o serviço do Templo.

Vi a Santa Virgem passar o tempo parte na morada das matronas (com as outras

meninas), parte na solidão do quarto, em estudo, oração e trabalho.

Trabalhava em ponto de malha e tecia, sobre varas compridas, panos estreitos, para o serviço do Templo. Lavava as toalhas e limpava os vasos do Templo. Vi-a muitas vezes em oração e meditação.

Além das orações prescritas no Templo, Maria SS. tinha como devoção especial o desejo contínuo da Redenção, que lhe constituía uma ininterrupta oração da alma.

Guardava esse desejo como um segredo e fazia as devoções às escondidas. Quando todas dormiam, levantava-se do leito, para orar a Deus. Vi-a muitas vezes se desfazer em lágrimas e rodeada de celestial esplendor, durante a oração.

A alma da Virgem parecia não estar na terra e gozava muitas vezes de consolações celestes. Tinha um desejo indizível da vinda do Messias e na sua humildade, apenas se atrevia a desejar ser a serva mais humilde da Mãe do Salvador.

Tendo as virgens do Templo alcançado certa idade, casavam-se e deixavam o serviço do mesmo.

Quando chegou, porém, o tempo de Maria, ela não quis deixar o Templo; mas disseram-lhe que devia casar.”

“Eu vi, conta Catharina Emmerich, que um sacerdote muito idoso, que não podia mais andar (provavelmente o Sumo Sacerdote), foi transportado por alguns outros, numa cadeira, para diante do Santíssimo e rezou, lendo num rolo de pergaminho que lhe estava em frente, sobre uma estante, enquanto se queimava um sacrifício de incenso.

Extasiado em espírito, teve uma aparição, sendo-lhe a mão colocada sobre o rolo, onde o dedo indicador mostrava a palavra do Profeta Isaías: E sairá uma vara do tronco de Jessé o uma flor brotar-Ihe-á da raiz. (Is. 11, 1). Quando o ancião voltou a si, leu esse verso e conheceu-lhe a significação ensinada na visão.

Enviaram, portanto, mensageiros por todo o país, convocando todos os homens solteiros da estirpe de Davi ao Templo. Reuniram-se muitos deles no Templo, em vestes de gala, e foi-Ihes apresentada a Virgem Santíssima.

Vi ali um jovem muito piedoso da região de Belém; tinha também implorado sempre, com ardente devoção, a vinda do Salvador prometido e vi-lhe no coração o grande desejo de ser o esposo de Maria.

Esta, porém, se recolheu à cela, derramando lágrimas abundantes e não podia conformar-se com o pensamento de ter de renunciar à virgindade.

Então vi que o Sumo Sacerdote (segundo a inspiração recebida do Céu) distribuiu ramos a todos os homens presentes, com ordem de marcar cada um o seu ramo com o respectivo nome e segurá-Io nas mãos, durante a oração e o sacrifício.

Feito Isso, todos entregaram os seus ramos, que foram colocados sobre um altar, diante do Santíssimo; anunciou-Ihes o Sumo Sacerdote que aquele cujo ramo florescesse, seria destinado por Deus a desposar a Virgem Maria de Nazaré.

Enquanto os ramos estavam diante do Santíssimo, continuaram os homens a oferecer sacrifícios, a rezar; vi que aquele jovem clamava instantemente a Deus, com os braços estendidos, num dos átrios do Templo e rompeu em lágrimas, quando todos receberam os seus ramos e foram informados que nenhum florescera e, portanto, nenhum dentre os presentes fora destinado a ser o esposo dessa Virgem.

Vi depois que os sacerdotes do Templo procuraram de novo, nos registros das gerações, se havia ainda um descendente de Davi, que antes tivessem saltado. Como, porém, fossem marcados seis irmãos de Belém, de um dos quais já há muito tempo não havia notícias, procuraram o domicílio de José e acharam-no, num lugar não muito longe de Samaria, situado num ribeiro, onde morava sozinho, perto do ribeiro, trabalhando em serviço de outros mestres. Estaria talvez na Idade de 33 anos.

“José era o terceiro, entre seis irmãos. Os pais, já falecidos, tinham habitado um vasto edifício fora de Belém, o antigo solar de Davi, cujo pai, Isai ou Jessé, já o possuíra. Restavam, porém, no tempo de José, apenas os muros do edifício principal.

Nos quartos de cima moravam José e os innãos, com o mestre, um velho judeu. Vi-os brincar nos quartos, lá em cima. Vi também o mestre Ihes dar muitas lições estranhas que não entendi bem. Os pais não cuidavam muito dos filhos; pareciam ser nem bons nem maus. José tinha um gênio muito diferente dos irmãos. Era inteligente e aprendia com facilidade; era, porém, simples, recolhido, piedoso e sem ambição.

Os irmãos pregavam-lhe muitas peças, davam-lhe empurrões e causavam-lhe muitos desgostos. Os pais também não estavam muito satisfeitos com José; desejavam que, com os talentos de que era dotado, aspirasse a qualquer posição elevada no mundo; mas o rapaz não tinha inclinações para isso.

Achavam-no muito simples e humilde demais; rezar e exercer pacatamente uma profissão era a única aspiração do jovem. Para evitar as contínuas provocações dos irmãos, vi-o ir muitas vezes do outro lado de Belém, em companhia de algumas mulheres piedosas e rezar com elas.

Tinha então cerca de 19 anos. Vi-o também passar algum tempo em grutas, uma das quais veio a ser depois o lugar do nascimento de Nosso Senhor. Ali rezava e fazia pequenos trabalhos em madeira, pois perto havia a oficina de um velho carpinteiro; José ajudava-o nos trabalhos e aprendeu assim, pouco a pouco, a profissão.

A hostilidade dos irmãos aumentou a tal ponto, que lhe foi impossível ficar mais tempo na casa paterna. Vi-o, numa noite, fugir disfarçado de casa, para ganhar o sustento pelo trabalho de carpinteiro.

Estava na idade de 18 a 20 anos. Primeiro o vi trabalhar na oficina de um carpinteiro em Libonah, onde aprendeu a profissão completamente. José era piedoso, bom e singelo; todos o estimavam.

Vi como prestava humildemente muitos pequenos serviços ao mestre; vi-o apanhar as aparas, juntar lenha e conduzí-Ia às costas.

Depois trabalhou em Tanath, perto do Megiddo, mais tarde Tibérias; teria então cerca de 33 anos. José pedia e anelava muito pela vinda do Messias.”

À ordem do Sumo Sacerdote, veio José com o seu melhor traje ao Templo de Jerusalém. Teve também de segurar um ramo, durante o sacrifício e as orações; quando quis pô-Io sobre o altar, diante do Santíssimo, brotou uma flor branca, como uma açucena, na ponta do ramo e vi descer sobre ele uma aparição luminosa, como o Espírito Santo.

Então reconheceram José como esposo de Maria, escolhido por Deus e apresentaram-no a Maria, em presença de sua mãe e dos sacerdotes. Maria, conformada com a vontade de Deus, aceitou-o humildemente por noivo.

As núpcias foram celebradas em Jerusalém. Depois seguiu Maria com a mãe para Nazaré; José, porém, foi primeiro a Belém, a negócios de família.

À sua chegada em Nazaré, fizeram uma festa. Na casa que Ana montara para eles, tinha José um quarto separado, na frente. Ambos estavam muito acanhados. Viviam em oração e muito recolhidos.”

Fonte: VIDA, PAIXÃO E GLORIFICAÇÃO DO CORDEIRO DE DEUS”:    As meditações de Anna Catharina Emmerich (1820-1823)

Transcrição do Filme The Icon of the Entrance of the Theotokos into the Temple do canal Trisagion

Em 21 de novembro ou 4 de dezembro para aqueles que usam o calendário juliano, os cristãos ortodoxos celebram a entrada da Theotokos no templo em Jerusalém.

É uma das doze grandes festas da Igreja Ortodoxa e ocorre apenas seis dias após o jejum da Natividade.

Descubra como Maria se preparou para seu papel como mãe de Deus e através de seu grande exemplo aprendemos como nós também devemos nos preparar ao nos aproximarmos da grande festa da Natividade de Cristo.

Muito do que sabemos sobre a vida de Maria não vem de nosso cânone de Escritura, mas sim da tradição viva da igreja.

A inspiração para o ícone e alguns dos hinos da Festa vêm de um relato do século II, conhecido como o protoevangelho de Tiago.

O relato, embora não seja considerado a origem da tradição a respeito da infância de Maria, fornece um bom resumo das histórias que existiam na época da sua escrita e é uma continuação da tradição oral dos primeiros cristãos reforça assim muito do que os primeiros cristãos já acreditavam sobre a mãe de Deus.

No ícone da festa que vemos o casal idoso e antes sem filhos, Joaquim e Ana, seguindo a jovem Maria até o templo, três anos antes, respondendo à fervorosa oração e ascetismo do casal, Deus lhes concedeu uma filha na velhice, a quem deram o nome de Maria, agora retornam ao templo para cumprir sua promessa   de dedicar a criança de volta a Deus.

Joaquim estava preocupado que a jovem Maria pudesse voltar atrás tão jovem,

então ele reuniu as filhas imaculadas dos hebreus que, com lâmpadas de fogo nas mãos, lideraram uma procissão ao templo na esperança de que o coração de Maria ficaria cativada.

Ao entrar no templo, ela é saudada por Zacarias, um sacerdote do templo que se tornou o pai de São João, o precursor, ele sente a graça que a rodeia e exclama o Senhor engrandeceu o seu nome em todas as gerações em que no último dia o Senhor manifestará sua redenção aos filhos de Israel.

Ele então a senta no terceiro degrau do altar Maria  que mais tarde se torna o templo vivo do criador e mestre de todos, é preparada para esse propósito no templo de pedra através da oração e do jejum até seu noivado com José, 12 anos depois.

Diz-se que enquanto ela vivia no Santo dos Santos, ela  foi nutrida pelos anjos, isso é teologicamente significativo porque a partir de então ela se torna a verdadeira santa dos Santos, aquela que levaria a palavra de Deus feita carne.

Assim como ouvimos nas leituras durante as Vésperas da festa: “aquela que é prefigurada no Antigo Testamento, a  última que chega ao céu, a porta do leste, a casa que a sabedoria construiu, está preparada para se tornar a nova Eva aquela por sua própria vontade e a humildade se torna o caminho para a nossa salvação

Ao ouvirmos os hinos da festa e contemplarmos este ícone sagrado, tiramos dela uma lição para a nossa própria preparação enquanto viajamos para a Natividade de Cristo, a Theotokos é o nosso maior exemplo, pois ela aceitou de bom grado o propósito da nossa criação, ela realizou ao máximo a união com Deus seguindo o seu exemplo, nós também podemos extrair  mais perto de Deus e buscamos a união com nosso Criador através do Espírito Santo ao nos aproximarmos da manjedoura da natividade enquanto buscamos nos aproximar da divindade, vamos através da oração e adoração, jejum e esmola, continuar a construir o templo do Espírito Santo dentro de nós para  Deus habite eternamente

Hino Akathisto:

Então, com que nome chamaremos Maria?

Céu? Ela abrigou em seu seio o criador do céu e da terra. Sol? Sete vezes mais resplandecente que o sol, ela concebeu o Sol da justiça.

Lua? Ela, que reluz com incomparável beleza, gerou a Cristo, ornato de toda beleza.

Nuvem? Trouxe em seus braços aquele que se veste de nuvens.

Candelabro? Ela refulgiu como luz para aqueles que estão nas trevas e na sombra da morte.

Trono? Ela acolheu no Espírito Santo, dentro de seu seio, aquele que, invisível, reina no trono do Pai.

Pérola? Ela deu aos mortais uma pérola muitíssimo mais preciosa.

Paraíso? Abrindo as portas do Éden aos que tinham sido condenados, continuamente ela os faz entrar em um reino eterno.

Monte? Ela carregou sem dificuldade aquele que toca os montes e eles fumegam¹º.

Terra? Ela trouxe em seu seio, sem dores, aquele cuja alusão faz a terra estremecer.

Mesa? Ela alimentou com seu leite materno aquele que nos dá alimento em abundância.

Mar? Ela beijou com seus lábios aquele que reuniu as águas em um só lugar.

TARÁSIO DE CONSTANTINOPLA, Homilia sobre a Apresentação de Maria no templo¹¹

10 Cf. Salmo 103,32. TM II, p. 634s.

Akathisto Hymn

So, what name will we call Mary?

Sky? She sheltered in her womb the creator of heaven and earth.

Sun? Seven times brighter than the sun, she conceived the Sun of justice.

Moon? She, who shines with incomparable beauty, gave birth to Christ, adorned with all beauty.

Cloud? He brought in his arms the one who dresses in clouds.

Candle holder? She shone as a light for those who are in darkness and in the shadow of death.

Throne? She welcomed in the Holy Spirit, within her womb, the one who, invisible, reigns on the Father’s throne.

Pearl? She gave mortals a pearl far more precious.

Paradise? Opening the doors of Eden to those who had been condemned, she continually makes them enter an eternal kingdom.

Monte? She carried without difficulty the one who touches the mountains and they smoke¹º.

Earth? She carried in her womb, without pain, the one whose mention makes the earth tremble.

Table? She fed with her mother’s milk the one who gives us food in abundance.

Sea? She kissed with her lips the one who gathered the waters in one place.

TARASIUS OF CONSTANTINOPLE, Homily on the Presentation of Mary in the temple

10 Cf. Psalm 103,32. “TM II, p. 634s.

Details of the Presentation in the Templo

Zechariah’s greeting to Mary the girl. Come here, little girl, higher than the heavens. Come here, you who are seen as a girl, and by the mind known as a divine workshop.

Come here and sanctify the vestibule of the sanctuary even more: in fact, in a word, you are not the one who is sanctified, but you are the one who sanctifies it greatly.

Come here and bow to the penetrate, the innermost sacral point of the temple, and to the cell, which instills tremors, you who will become an immense and inscrutable treasure.

Enter the vestibule of the altar, you who destroy the vestibule of death. Look inside, at the veil³, you who with your brilliance illuminate those who are dazzled by the pleasure that obscures.

Stretch out your hands to me, I will lead you like a girl, and hold my hand, for I am tired with old age and I have bowed to the transgression of the commandment out of earthly ardor, and lead me to life.

Behold, I take you as a small walking stick of old age and restoration of nature weakened by the fall.

Behold, I see you, that you will become a supporter of those who have fallen into death. Approach to venerate the altar, by which in many symbols it was said that he prophesied to you, a most spiritual and uncontaminated altar.

Walk throughout the precincts of the altar, because, exhaling the odor of incense¹, you have become more than perfume to those who inhale your fragrance, you who were worthily proclaimed censer of the tongue inspired by God, and of the Spirit-bearing prophets.

Climb, climb the step of the sacred abode.

Enjoying yourself for the freshness of your beauty, the daughters of Jerusalem, joyful, praise, and the kings of the earth proclaim you blessed: you who were recognized as divine foundation, and in the most gentle way were indicated to the patriarch par excellence, Jacob, like a ladder supported by God. Come, O Lady, because it is up to you to be on such a pedestal, you that you are […] the highest throne of the cherubim.

Since you are queen of the universe, I assign to you, worthily, the first seat, and, from above, lift up those who have rushed downwards.

Then, together with David, I cry out: “Listen, O daughter, see and incline your ear, forget your people and your father’s house, for the King was enchanted by your beauty”.

The old man behaved like this, although with the intention of greater praise than these.

The parents said goodbye, and the daughter consecrated to God was left.

With trembling the angels served her, giving her food, and the girl fed like immaterial beings, with nourishment we do not know whether material or immaterial. Thus, through a fulfillment that came from God, the rites of divine initiation were carried out, and thus the girl grew and became stronger, while all the adversity of the curse that had been given to us in Eden lost strength.

German of Constantinople, I Homily for the entry of the Most Holy Mother of God

The Virgin received food from the angel

What did the Virgin do while she spent her life confined in the Holy of Holies?

 She received the food of angels from the angel, she kept her virginity intact like an immaculate dove, giving thanks and showing deep affection for the one who had built the temple, heaven and earth, and, supplicatingly, she said: “I I will praise, O omnipotent Lord, for you have taken away the reproach of Eve, the first mother, and by your ineffable mercy you will send your only-begotten Son to earth, to live among human beings. It will be for this reason that I will make his dwelling pure and immaculate “. […].  Salmo 45.11ss. / CI Genesis 3,16ss.

Source: Vida de Maria em Ícones. Giovanna Parravicini. Edições Loyola.

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