
Louve os ícones do Teófanes, o Cretano nos vídeos abaixo:
Réplica na Igreja Nossa Senhora do Paraíso em São Paulo e no Museu Mítico
Lendo o ícone da Apresentação do Senhor no Templo
A Igreja bizantina designou a Festa da Apresentação do Senhor com um nome significativo: Hypapante, que significa: Encontro.
A primeira notícia sobre a Festa encontra-se no Diário de peregrinação aos Lugares Santos da Egéria em fins do século IV (Itinerarium Egeriae, cap. 26).
No século VI, era celebrado nas igrejas da Palestina e de Constantinopla. Sabemos, além disso, que esta Festa foi introduzida em Roma pelo Papa Sérgio (687-701).
O Ícone da Festa nos apresenta todas as personagens de quem fala o Evangelho de São Lucas (2, 22-39). No centro do quadro, encontramos a Virgem Maria.
Transbordante de amor maternal e sem ter ainda saído do Seu espanto deu a Simeão Seu Divino Menino. Seus olhos Lhe seguem. Ela ficou perturbada.
O manto Dela é vermelho, símbolo do sofrimento: o ancião anunciou-Lhe a dor da espada. E Sua veste é azul, símbolo da misericórdia.
Neste Ícone, a figura de Simeão revela grande ternura no olhar. E um olhar que parece dizer tantas coisas!
E Romano, o Melode, coloca nos lábios do Santo Ancião as mais belas expressões:
“Tu és grande e glorioso, foste gerado misteriosamente pelo Altíssimo, Filho Santíssimo de Maria. És uno, visível e invisível, finito e infinito”.
O Menino está nos braços do Ancião. Ele estende Sua mão direita à Maria e Seu rosto se vira a Ela.
Logo atrás de Maria, aparecem a profetisa Ana e José.
Os dedos da mão direita dela se dirigem para o alto e significam como que ter sido surpreendida num momento em que estava falando do Menino.
O rolo que tem na mão esquerda expressa simbolicamente a observância fiel.
No lado esquerdo do Ícone, encontramos, finalmente, a figura de José. Ele leva nas mãos a oferta de dois pombinhos, escutando em silêncio e todo estupefato, tudo quanto se está dizendo do Menino.
O ícone, em resumo, com os personagens e características, é a “Voz que clama no deserto” e convida-nos a andarmos por um caminho reto, a fim de encontrarmos assim, a Salvação.
Fonte: G. Passareli, O icone da Apresentação do Senhor, 1996.
Capítulo 8. Apresentação de Jesus no Templo e fuga para o Egito
Do Livro: VIDA, PAIXÃO E GLORIFICAÇÃO DO CORDEIRO DE DEUS:
As meditações de Anna Catharina Emmerich (1820-1823)
A santa vontade de Deus exigia a apresentação de Jesus no Templo, tanto mais necessária, quanto é certo que o nosso Divino Salvador tinha a vocação de oferecer-se ao Pai celeste como sacrifício de expia ção pelos pecados dos homens.
Sacrificou-se em espírito, desde o começo da vida, como lemos na Escritura Sagrada.
Mas esse oferecimento havia de fazer-se também publicamente, tanto por seus santos pais, como por ele mesmo, ao ser apresentado no Templo.
“Na madrugada do dia seguinte, conta a Serva de Deus, vi a Sagrada Família dirigir-se ao Templo.
Entraram num pátio do Templo, que era cercado de muros. Maria, com o Menino, foi recebida por uma matrona idosa, que a conduziu por um corredor ao Templo.
Nesse corredor veio o velho Simeão, cheio de santa esperança, ao encontro da SS. Virgem.
Ele vira, no dia anterior, um Anjo que lhe aparecera e avisara de que prestasse atenção ao Menino que no dia seguinte seria apresentado em primeiro lugar: era o Messias.
Simeão dirigiu algumas palavras a Maria, cheio de júbilo e, tomando o Menino nos braços, apertou-o ao coração.
A SS. Virgem foi depois conduzida aos átrios do Templo, onde a receberam Ana, que também tivera uma visão e Noemi, sua antiga mestra.
Simeão levou Maria à mesa do Sacrifício, sobre a qual ela colocou o Menino Jesus, num bercinho de vime. Nesse momento, vi que o Templo se encheu de uma luz inefável.
Vi que Deus estava nessa luz e, por cima do Menino, vi o céu aberto, até ao trono da SS. Trindade. Simeão reconduziu então Maria ao lugar das mulheres.
Ele e três outros sacerdotes tomaram as vestes sacerdotais. Um deles colocou-se atrás e outro diante da mesa do sacrifício; os outros dois, nos lados estreitos da mesa, orando sobre o Menino. Maria, conduzida de novo à mesa do sacrifício, ofereceu frutas, algumas moedas e um par de rolas.
O sacerdote, porém; de trás da mesa, tomando o Menino nos braços, levantou-o e moveu-o para diversos lados do Templo, orando por muito tempo.
Entregou depois o Infante a Simeão, que o depositou nos braços de Maria, orando sobre esta e o Menino.
A SS. Virgem retirou-se depois ao lugar das mulheres, ao qual, entretanto, cerca de vinte mães já haviam chegado, com os primogênitos para os apresentar.
José ficou mais para trás, no lugar dos homens.
Então começaram os sacerdotes diante do altar uma cerimônia com incenso e orações.
Tendo acabado esse ato, dirigiu-se Simeão a Nossa Senhora, e, tendo recebido a criança nos braços, falou muito a respeito do Menino, com entusiasmo, alegria e em alta voz.
Louvando a Deus, por ter cumprido a sua promessa, exclamou:
“Agora, Senhor, deixai partir o vosso servo em paz, conforme Vossa palavra. Pois meus olhos viram a Vossa salvação, que preparastes diante dos olhos das nações: luz para aclarar os gentios e glória de Israel, vosso povo.”
José aproximara-se depois do sacrifício, escutando respeitosamente, juntamente com Maria, as palavras entusiasmadas de Simeão, que abençoou a ambos, dizendo depois a Maria:
“Este menino veio ao mundo para a ruína e ressurreição de muitos em Israel e para ser um sinal de contradição.
Vós mesma tereis a alma varada por uma aguda espada e assim serão patenteados os corações de muitos”.
Tendo Simeão acabado de falar, começou também a profetisa Ana, inspirada pelo Espírito Santo, a glorificar o Menino Jesus, felicitando à SS. Virgem.
Esta luzia, como uma rosa celeste.
Oferecera o sacrifício mais pobre, exteriormente; mas José deu secretamente a Simeão e a Ana muitas barras pequenas amarelas, para serem empregadas em benefício das Virgens pobres do Templo.
Depois do sacrifício, partiu a Sagrada Família, seguindo logo, através de Jerusalém, para Nazaré.
Maria, a Virgem Puríssima, Imaculada, sujeitou-se humildemente à lei da purificação, escondendo deste modo também o seu alto privilégio.
Apesar de tão belo ato de humildade, devia a espada da dor atravessar-lhe a alma.
Dor e sofrimento, considerados à luz da fé, não são males, mas uma fonte de bênção e graça. A profecia de Simeão atravessou dolorosamente o brando Coração materno de Maria, mas em pouco, esse Coração havia de sofrer uma nova dor veemente, quando se viu forçada a fugir de Nazaré para o Egito, a fim de salvar o Menino Jesus das garras dos assassinos, enviados por Herodes.
Leiamos o que Anna Catharina nos narra a respeito:
“Vi um jovem resplandecente aproximar-se da cama de José e falar-lhe. José acendeu uma luz e, batendo à porta do quarto de Maria, pediu licença para entrar.
Vi-o entrar e falar-lhe. Depois, foi à estrebaria dos jumentos e a um quarto. Aprontou tudo para a viagem. Maria vestiu-se imediatamente para a fuga e foi à casa de sua mãe, Sant’Ana, anunciando-lhe a ordem de Deus. Ana abraçou à SS. Virgem diversas vezes, chorando.
Maria Helí prostrou-se no chão, desfazendo-se em lágrimas. Ambas apertaram, mais uma vez, o Menino Jesus de encontro ao coração.
Ainda não era meia noite, quando abandonaram a casa. Maria levava o Menino Jesus, em uma faixa, diante de si; vestia um manto largo, que a envolvia e ao Menino.
Vi a Sagrada Família passar, ainda de noite, por alguns lugarejos e descansar, pela manhã, em um rancho.
Só três vezes acharam, durante a fuga, uma estalagem para pernoitar.
Nos outros dias, com os freqüentes e penosos desvios, dormiam sempre em barrancos, cavernas e lugares desertos, longe da estrada.
Viajavam sempre à distância de uma milha da estrada real, sofrendo falta de tudo.
Vi-os chegar cansados e abatidos a uma gruta, perto de Efraim.
Mas, para os refrescar, brotou uma fonte da terra e aproximou-se-Ihes uma cabra selvagem, que deixou ordenhar-se por eles; apareceu-Ihes também um Anjo, que os consolou.
Tendo passado o território de Herodes e entrado num vasto deserto arenoso, não viram mais caminho, nem sabiam a direção; diante de si, viram serras inviáveis.
A Sagrada Família estava muito angustiada; ajoelharam-se, pedindo a Deus socorro. Então vieram algumas feras enormes, que olharam para as serras, correram para a frente e voltaram para trás, como cães que querem conduzir alguém a certo caminho.
A Família Sagrada seguiu finalmente às feras, atravessou a montanha (Séir?) e entrou numa região deserta e inóspita. Vi-a cercada por uma quadrilha de salteadores: o chefe, com cinco ou seis homens.
A princípio estes se mostraram malévolos; mas à vista do Menino Jesus, tocou um raio de graça o coração do chefe, que proibiu à sua gente fazer mal aos viajantes.
Conduziu a santa Família à sua cabana, na qual a mulher Ihes ofereceu alimentos; trouxe também uma gamela com água, para que Maria nela banhasse a Jesus.
Nossa Senhora aconselhou-lhe que banhasse na mesma água o filho morfético. Esse menino estava cheio de lepra, mas, apenas mergulhado na água, caíram-lhe as crostas da enfermidade e tornou-se são e limpo.
A mulher ficou fora de si, de alegria. Tive uma visão, na qual conheci que o menino curado se tornou, mais tarde, o bom ladrão.
Pela madrugada, a Sagrada Família continuou a viagem pelo deserto e, tendo perdido de novo o rumo, vieram animais rasteiros mostrar-lhe o caminho.
Mais tarde, viam sempre brotar uma rosa de Jericó, ao alcance da vista.
Havendo chegado já às terras do Egito, vi a Família Sagrada lânguida de sede, passar por um mato, em cuja orla havia uma tamareira.
As frutas pendiam do alto da árvore.
Maria aproximou-se com o Menino Jesus e, levantando-o, rezou; então se inclinou a tamareira com a copa, de modo que lhe puderam colher todos os frutos.
A Sagrada Família tomou o caminho de Heliópolis, cidade do Egito.
Em frente às portas dessa cidade havia um grande ídolo, uma cabeça de touro sobre uma coluna, como pedestal. Sentaram-se os viajantes não longe dela, debaixo de uma árvore, para descansar.
Pouco tempo depois se deu um abalo da terra; o ídolo vacilou e caiu do pedestal. Houve por isso na cidade grande alvoroço entre o povo.
A Sagrada Família entrou pela cidade e foi morar sob um baixo alpendre. José construiu, diante dessa morada, uma sacada, de madeira.
Vi-o trabalhar muito em casa, como também fora e vi a Virgem Santíssima tecendo tapetes ou fazendo outros trabalhos.
Moraram perto de ano e meio em Heliópolis; tiveram, porém, de sofrer muitas perseguições, depois de terem caído ainda outros ídolos, num templo vizinho.
Pouco antes de deixar a cidade, teve a Santíssima Virgem, por um amigo, notícias da matança das crianças de Belém, Maria e José ficaram muito tristes; o Menino Jesus, que já podia andar, chorou durante todo o dia.
Por causa da perseguição e por falta de trabalho, saiu a Sagrada Família de Heliópolis e, indo ao interior do país, em direção a Mênfis, veio para Mataréia, onde José executou muitos trabalhos de construção.
À chegada, caiu também o ídolo de um pequeno templo e, mais tarde, todos os ídolos.
Vi como o Menino Jesus, pela primeira vez, buscou água da fonte para sua Mãe.
Maria estava rezando, quando o Menino Jesus, saindo furtivamente, foi ao poço com um odre, para buscar água.
Maria ficou muito comovida quando Jesus voltou e pediu-lhe de joelhos que não o fizesse mais, com medo de que caísse no poço.
Jesus, porém, disse-lhe que teria muito cuidado e queria sempre ir buscar água, quando ela precisasse.
Ainda pequenino, Nosso Senhor prestava muitos serviços aos pais, era muito atencioso e ajuizado: notava tudo.
Ía também comprar pão no próximo bairro dos judeus, em troca dos trabalhos de Maria.
Quando o Menino Jesus foi lá pela primeira vez tinha seis ou sete anos. Vestiu, também pela primeira vez, aquela túnica parda, tecida pela Virgem Santíssima e bordada em baixo com florões amarelos.
No caminho, lhe apareceram dois anjos, que lhe anunciaram a morte de Herodes, o Grande.
Vi que S. José estava muito abatido uma noite; não lhe pagaram o salário e, assim, não pôde trazer nada para casa, onde tanto precisavam.
Cheio de angústia, ajoelhou-se no campo deserto, queixando a Deus sua mágoa.
Na noite seguinte lhe apareceu um Anjo, que lhe trouxe a ordem de partir do Egito e voltar à sua terra, pela estrada real.
A viagem correu sem maior perigo para a Santa Família.
Mas Maria Santíssima muitas vezes ficou aflita por causa de Jesus, que sofreu muito com a caminhada através da areia quente.
José quis ir primeiro a Belém e não para Nazaré; estava, porém, indeciso.
Finalmente lhe apareceu um Anjo, que lhe ordenou voltar para Nazaré, o que fez imediatamente.
Ana ainda estava viva. Jesus tinha oito anos, menos três semanas.”
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