
A dormição do Santo Efrém, o Sirio (Georgios Stais, 1705) – O Sagrado Monastério Gonia
Tropario — Tom 8
Com uma torrente de lágrimas fizeste o deserto fértil, e teu anseio por Deus produziu frutos em abundância.
Com o esplendor dos milagres iluminaste o universo inteiro! Nosso Pai Efrém, rogai a Cristo Deus que salve as nossas almas!
Kontakion — Tom 2
Sempre antecipando a hora do Juízo, lamentaste amargamente, venerável Efrém.
Através de tuas ações foste um mestre pelo exemplo; por isso, Pai universal, despertas os preguiçosos ao arrependimento.
A Vida do Santo Efrém
Efrém no mundo Grego
Efrém (falecido em 373) é universalmente reconhecido como o maior escritor da cultura literária siríaca.
No entanto, os primeiros relatos biográficos de Efrém não surgiram do mundo de língua siríaca, mas foram obra de historiadores eclesiásticos gregos (Paládio, Sozomeno, Teodoreto), que criaram uma imagem que pretendia se conformar aos seus próprios valores ascéticos de inspiração monástica.
Os relatos não preservam informações confiáveis sobre Efrém; em vez disso, são construídos a partir de um repertório estereotipado de anedotas e histórias com a intenção de retratar um monge ideal.
O monasticismo não havia entrado na Síria na época de Efrém.
Sua dedicação a uma vida evangélica de castidade e serviço baseava-se na instituição siríaca nativa dos Filhos da Aliança, que floresceu no período pré-monástico do ascetismo siríaco.
É evidente que o propósito dos primeiros esboços biográficos gregos de Efrém era conferir-lhe legitimidade do ponto de vista da Grande Igreja do Império Bizantino, por exemplo, associando-o ficticiamente a Basílio, o Grande, Pai do monaquismo bizantino, e a fundações monásticas no Egito.
Esses encontros fictícios retratam, sem tato, Efrém como um inferior social e um caipira iletrado cujo maior desejo é falar grego.
É durante a visita fictícia de Efrém a Basílio que ocorre sua suposta ordenação diaconal.
Ao conferir status clerical a Efrém, sua autoridade de ensino é legitimada e sancionada.
Como uma cultura provinciana, não falante de grego, com uma história de pensamento e prática independentes, o cristianismo de língua siríaca representou um desvio da hegemonia imperial bizantina.
Ao autorizar Efrém, os eclesiásticos bizantinos legitimaram a autoridade que ele possuía na cultura siríaca nativa.
Fonte 1*: Texto traduzido de Efrém no mundo Grego
A Iconografia de Efrém
No período pós-bizantino, juntamente com a imagem de São Nicolau, a cena da Dormição de São Nicolau tornou-se difundida entre as imagens monásticas (as pinturas da Catedral de Kalambaka, Grécia (século XVI); o Mosteiro de Xenofonte no Monte Athos (1633-1654); o Mosteiro de Hurezi, Romênia (1654).
As fontes desta iconografia estão na pintura bizantina dos séculos XIV-XV.
Uma dessas obras é descrita na primeira metade do século XV, atribuída a Marcos ou João Eugenikos.
Esta cena é encontrada entre as ilustrações do texto da Vida de São Nicolau: as miniaturas da Menologia de 1327-1340 (Bodl. Oxon. Fol. 1, 26r).
Um dos primeiros monumentos, representando uma versão expandida desta iconografia, é a imagem de 1457 (?) (Museu Bizantino em Atenas).
O ícone Representa Santo Efrém deitado em seu esquife funerário, cercado por monges; acima do esquife, há uma imagem da Mãe de Deus; ao seu redor, contra um fundo paisagístico, cenas de trabalhos monásticos.
Além da pintura de ícones (“Dormição de Santo Efrém, o Sírio”, meados do século XV, Mosteiro de Iveron no Monte Athos; “Dormição de Santo Efrém, o Sírio”, primeira metade do século XV, Patriarcado Ecumênico), é frequentemente encontrada em pinturas murais de igrejas, tornando-se especialmente popular no período pós-bizantino: catedral do Mosteiro de Yosanica, Sérvia (final do século XIV); Mosteiro de Anapavsa em homenagem a São Nicolau em Meteora (1527, mestre Teófanes de Creta); exonártex do Mosteiro de Dochiarou no Monte Athos (1568), etc.
Fonte 2*: Texto do Artigo Iconografia de Efrém em russo
O Testamento de Santo Efrém
Dada a importância de Efrém como luminar na tradição siríaca primitiva, não é de se admirar que autores posteriores possam ter se perguntado que tipo de conselho Efrém teria dado no final de sua vida.
Esse tipo de especulação levou pelo menos um autor a escrever uma exortação atribuída a Efrém, presumivelmente enquanto ele estava morrendo.
O título siríaco da obra é “Um discurso de Santo Efrém que foi feito por ele no momento de sua morte”.
Mas a obra também se tornou mais amplamente conhecida pelo título Testamento de Efrém, preservada em Siríaco e também numa tradução Grega que dá origem a ‘veneração’ da morte sublime de Efrém como conselheiro monástico.
Efrém inicia seu discurso com ciência plena de seu fim iminente:
“Eu, Efrém, estou morrendo (…) O fio está curto e, portanto, a teia está quase tecida.
O óleo da lâmpada está faltando, e o dia da morte se aproxima e chegou.
O trabalhador contratado completou sua temporada, e o estrangeiro chegou à sua partida.”
Então, de forma um tanto surpreendente, grande parte do texto do autor é ocupada por Efrém dando instruções para seu funeral.
Aparentemente ciente de sua própria popularidade, ele implora a seus seguidores que não lhe deem nenhum tratamento especial após a morte:
“Não me coloque com os mártires, pois sou um pecador e deficiente.
E por causa das minhas deficiências, tenho medo de ser aproximado de seus ossos.
Pois se a palha se aproxima do fogo, ela o queimará e o consumirá.
Não é que eu despreze a companhia deles, mas por causa da minha culpa eu a temo.”
Em vez disso, com a humildade típica de um santo, ele pede um enterro simples e repreende qualquer um que o enterre de outra forma:
“Quem me der uma capa, que seja enviado para as trevas exteriores.
Quem me der uma vasilha, que queime no fogo do Geena.
Enterrem-me com minha túnica e meu manto, pois adorno não é apropriado para os desprezados.
Louvores não beneficiam os mortos, pois sou tão pecador quanto eu disse. (…)
Não coloquem perfumes doces comigo, pois esta honra não é adequada para mim.
Nem incenso nem perfume, pois seus aromas não me beneficiam.
Façam aromas doces no lugar santo e acompanhem-me com orações.
Dêem incenso a Deus e falem sobre mim os Salmos.
Em vez do aroma do incenso, façam súplicas e orem por mim.
Fonte 3*: Texto do artigo O Testamento de Santo Efrém
A Dormição de Santo Efrém
Em primeiro plano, vemos o serviço litúrgico sendo realizado no esquife onde repousa o corpo de Efrém com um Evangelho repousando sobre seu peito, seu corpo está inteiramente envolto nas faixas mortuárias.
Um monge se inclina para beijar ele, enquanto outros ficam de pé ao redor.
O restante do ícone é essencialmente explicado pela imagem do monge logo acima da reunião da Dormição.
Ele segura um semantron, uma longa tábua de madeira batida com um martelo, que funciona como uma espécie de gongo alto, porém abafado, para chamar os monges à celebração litúrgica.
Então, esse sujeito está batendo em seu semantron para chamar os monges que vemos espalhados pelo restante do ícone para o serviço da Dormição.
Vemos alguns monges ocupados com diversas ocupações, alguns estão tecendo cestos na caverna (o ganha pão de muitos monges antigos), outros estão escrevendo livros, perto do topo da imagem, um monge envia provisões para um estilita (morador do pilar), usando uma cesta de vime presa a uma corda, enquanto outro monge em sua caverna observa.
Vemos várias cenas de monges a caminho do serviço da Dormição, um deles está carregando um monge idoso nas costas, enquanto outros trazem um outro monge idoso numa padiola.
Outro velho monge vem montado em um leão para chegar ao culto enquanto ao outro lado vemos um monge vindo montado num burro.
Fonte 4*: Texto baseado em A Dormição de Santo Efrém (artigo em russo)
Link da Fonte 4*: https://russianicons.wordpress.com/tag/ephraim-the-syrian/
Links dos artigos
Fonte 1*: Texto traduzido de Efrém no mundo Grego
Link da Fonte 1*: https://gedsh.bethmardutho.org/Ephrem-Life-of
Fonte 2*: Texto do Artigo Iconografia de Efrém em russo
Link da Fonte2*: https://www.pravenc.ru/text/376984.html
Fonte 3*: Texto do artigo O Testamento de Santo Efrém
Link da Fonte 3: https://azbyka.ru/otechnik/Efrem_Sirin/tvorenia/148#note4
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