Sobre a Obra

A Trindade Divina Foliada

Ore para a Santíssima Trindade / Prayer for the Holy Trinity:

Artigo da Revista Arautos do Evangelho – ed. 369

A verdadeira união

A união das Três Pessoas Divinas na Trindade supera qualquer expectativa da mente humana. Contudo, esta é a meta para a qual tendem nossos corações em seu desejo de felicidade eterna.

Mons. João Scognamiglio Clá Dias, EP

Evangelho da Festa de São Filipe e São Tiago Menor, Apóstolos

Naquele tempo, Jesus disse a Tomé: “Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida. Ninguém vai ao Pai senão por Mim. Se vós Me conhecêsseis, conheceríeis também o meu Pai. E desde agora O conheceis e O vistes”.

Disse Filipe: “Senhor, mostra-nos o Pai, isso nos basta!” Jesus respondeu: “Há tanto tempo estou convosco, e não Me conheces, Filipe? Quem Me viu, viu o Pai. Como é que tu dizes: ‘Mostra-nos o Pai’? 10 Não acreditas que Eu estou no Pai e o Pai está em Mim? As palavras que Eu vos digo, não as digo por Mim mesmo, mas é o Pai que, permanecendo em Mim, realiza as suas obras. 11 Acreditai-Me: Eu estou no Pai e o Pai está em Mim. Acreditai, ao menos, por causa destas mesmas obras. 12 Em verdade, em verdade vos digo, quem acredita em Mim fará as obras que Eu faço, e fará ainda maiores do que estas. Pois Eu vou para o Pai, 13 e o que pedirdes em meu nome, Eu o realizarei, a fim de que o Pai seja glorificado no Filho. 14 Se pedirdes algo em meu nome, Eu o realizarei” (Jo 14, 6-14).

I – Magníficas colunas da Igreja

A festa de São Filipe e São Tiago Menor nos lembra a glória dos Apóstolos de Cristo, por Ele escolhidos, formados e, finalmente, santificados no dia de Pentecostes. Nela celebramos duas colunas da Igreja, de fulgor particular.

São Filipe é citado quatro vezes no Evangelho de São João.

Graças ao Discípulo Amado sabemos que o Apóstolo provinha de Betsaida, cidade dos irmãos Simão e André. Foi convidado por Jesus a segui-Lo (cf. Jo 1, 43) e, cheio de entusiasmo, comunicou a Natanael ter encontrado o Messias anunciado nas Escrituras (cf. Jo 1, 45-46). 

No episódio da multiplicação dos pães, o Divino Mestre o interpelaperguntando onde se poderia achar pão para saciar a multidão (cf. Jo 6, 5-7). 

Mais adiante, a ele se dirigem alguns prosélitos gregos pedindo para ver Jesus (cf. Jo 12, 20-22) e, por fim, temos o diálogo fielmente plasmado no Evangelho desta festa.

Quando se fala em união no âmbito humano, pensa-se em um vínculo que liga duas pessoas numa comunhão de ideais ou de sentimentos

Após a Ressurreição do Senhor, Filipe foi pregar na cidade de Hierápolis, na região da Anatólia, onde em tempos recentes acharam-se evidências arqueológicas de seu túmulo. 

Lá foi martirizado, conquistando assim com seu sangue, provavelmente derramado na cruz, a coroa imarcescível da vitória.

São Tiago Menor, filho de Alfeu, considerado pela veneranda tradição parente de Nosso Senhor e parecido com Ele fisicamente, foi Bispo de Jerusalém, cidade onde também alcançou a glória do martírio, seguindo os passos da Divina Vítima.

Esses Apóstolos do Cordeiro são fundamentos e portas da Jerusalém Celeste, conforme os afigura o Apocalipse (cf. 21, 14), e brilham no firmamento da Igreja como astros de grandeza ímpar. 

Foram íntegros em suas obras e, movidos pelo fogo do Espírito Santo, proclamaram com destemor e audácia o Nome que está acima de todo nome, até o extremo de entregar por Cristo suas vidas.

Sirvam eles de exemplo para os cristãos de nossos tempos, tantas vezes adormecidos ou anestesiados em sua fé.

II – A união mais íntima

Quando se fala em união no âmbito humano, pensa-se em um vínculo, em geral de natureza moral ou afetiva, que liga duas pessoas numa comunhão de ideais ou de sentimentos. 

Contudo, por mais forte que seja, tal união está sujeita a desgastes e ameaçada pelo risco de uma possível dissolução. 

O nexo mais sólido entre as almas é o da amizade que consiste em fazer o bem ao próximo de maneira desinteressada, sendo por ele correspondido da mesma forma. 

A amizade assim concebida baseia-se na virtude adquirida e goza de alguma estabilidade, enquanto tal virtude perdurarvindo esta a faltar, a concórdia se desfaz.

Dessa sorte, para o homem a união é algo de certo modo extrínseco a seu próprio ser e com uma nota de precariedade, embora ele possa até estabelecer com outros uma relação mais ou menos durável. 

Isto se aplica outrossim ao matrimônio, cuja essência consiste em que dois constituam como que um, embora permaneçam sempre dois seres distintos, que inclusive poderão ter destinos eternos bem contrastantes.

Subindo ao plano da Santíssima Trindade, a palavra união adquire um significado novo para nós, pois não há na criação algo igual, nem mesmo semelhante. 

São Três Pessoas diferentes que compartilham o mesmo Ser.

O Pai, o Filho e o Espírito Santo distinguem-Se pela relação entre Eles existente; contudo, cada um Se identifica plenamente com o Ser de Deus.

Estamos diante de uma união no sentido mais estrito da palavra, inconcebível pela mente humana, e que conhecemos graças à Revelação. 

Não se trata de um vínculo que vem ligar seres diversos, mas de uma unidade total, íntima, ilimitada.

Subindo ao plano da Santíssima Trindade, a palavra “união” adquire um significado novo para nós: são Três Pessoas diferentes que compartilham o mesmo Ser

Pois bem, com uma linguagem elevada e acessível o Evangelho da festa de São Filipe e São Tiago vem nos ilustrar a respeito desta verdade que constitui o centro de nossa Fé: a existência de um Deus Uno e Trino, Três Pessoas que são Um só. 

É esta a vida íntima da divindade, a comunhão de felicidade, gáudio e santidade infinitos da qual participaremos se, a rogos de nossa boníssima Mãe, Maria Santíssima, alcançarmos a salvação.

São João nos mostra ainda as consequências benéficas que para a humanidade decorreram da Encarnação do Filho, da qual ele mesmo é o grande cantor. Com efeito, o Prólogo de seu Evangelho afirma a existência do Verbo no seio do Pai e sua entrada no tempo, para habitar entre nós, fazendo-Se Homem no seio puríssimo de Santa Maria sempre Virgem. 

Eis outro mistério altíssimo de nossa Fé que, entre muitas dádivas, nos traz a de ser Jesus Cristo Homem o ícone perfeito do Pai e um intercessor infalível diante d’Ele.

Essas verdades de Fé, embora nos impressionem por sua elevação, devem despertar em nós o gáudio da esperança. 

A vida íntima da divindade, revelada por Nosso Senhor, não é um conceito etéreo inatingível por nós. 

Ao contrário, somos convidados por Ele a participar de sua alegria insuperável por toda a eternidade, como proclama o Apocalipse: “Bem-aventurados os convidados para o banquete de núpcias do Cordeiro” (19, 9).

Deus e Homem verdadeiro

Naquele tempo, Jesus disse a Tomé: “Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida. Ninguém vai ao Pai senão por Mim”.

Com estas palavras Nosso Senhor declara ser, ao mesmo tempo, mediador perfeito e termo final da mediação.

Com efeito, enquanto Homem Ele é o Caminho para chegarmos ao Pai e termos acesso à glória. 

Por isso, em sua vida terrena Jesus convidava seus discípulos a seguirem seus passos, renunciando a si mesmos e carregando a própria cruz.

Além disso, por sua humanidade santíssima recebemos auxílios superabundantes para percorrer a via da salvação de forma exímia, especialmente pela graça distribuída nos Sacramentos, instituídos em virtude dos méritos infinitos de sua Paixão.

Por sua divindade, Jesus é também a meta a ser atingida: a Verdade e a Vida. Nosso prêmio será alcançar a graça da união com Ele, e n’Ele com o Pai, por toda a eternidade: “Eu neles e Tu [Pai] em Mim, para que sejam perfeitos na unidade” (Jo 17, 23).

O Filho é a Verdade, ou seja, o conhecimento perfeito de Deus, como afirma São Paulo: “Esplendor da glória do Pai e imagem do seu ser” (Hb 1, 3); e é a Vida, ou seja, a fonte de toda graça e toda glória distribuída na terra e no Céu aos homens, tornando-os bem-aventurados: “N’Ele havia vida, e a vida era a luz dos homens” (Jo 1, 4).

A Jesus devemos tender como à nossa recompensa e nossa consolação infinitamente grandes.

A imagem do Deus invisível

“Se vós Me conhecêsseis, conheceríeis também o meu Pai. E desde agora O conheceis e O vistes”.

Em sua formulação, esta passagem contém uma ponta de mistério. 

Sabemos que ver a essência de Deus, tal como Ele é, constitui o prêmio que nos está reservado no Céu, júbilo e exultação sem limites. 

Alguns Santos, como São Tomás de Aquino,1 julgam ser possível participar de uma fagulha dessa graça, de forma passageira, ainda na terra. 

Contudo, a visão estável e sem jaça se alcançará somente na eternidade.

Assim sendo, a que alude o Divino Mestre quando afirma que os discípulos, tendo-O conhecido, já conheceram e viram o Pai? Seria uma menção à visão beatífica?

Não parece provável. Possivelmente refere-Se Ele a certos esplendores da divindade que, mediante a graça, os seus puderam admirar em diversas ocasiões.

Quem via o Filho com olhar interior puro era elevado por uma ação sobrenatural às alturas da Trindade, e assim conhecia também o Pai e o Espírito Santo

O ponto auge dessa teofania deu-se na Transfiguração, mas só três Apóstolos testemunharam tal episódio.

É certo, portanto, que em alguns momentos do convívio com Jesus seus seguidores mais próximos viram com os olhos do coração determinados reluzimentos de sua natureza divina, intensos e evidentes, o que os levou a atingir o vértice da virtude da fé. Deve ter-lhes ficado patente que Ele era “a imagem de Deus invisível, o Primogênito de toda a criação” (Col 1, 15), de sorte que todos os Apóstolos, inclusive São Filipe e São Tiago, poderiam afirmar com São João no Prólogo de seu Evangelho: “O Verbo Se fez carne e habitou entre nós, e vimos sua glória, a glória que o Filho único recebe do seu Pai, cheio de graça e de verdade” (1, 14).

Nesse sentido, quem via o Filho com olhar interior puro era elevado por uma ação sobrenatural às alturas da Trindade, e de alguma formadada a igualdade das Pessoas Divinas, ao conhecer o Verbo conhecia também o Pai e o Espírito Santo.

A divina repreensão

Disse Filipe: “Senhor, mostra-nos o Pai, isso nos basta!”

Filipe, contudo, parece não entender o sentido das palavras do Mestre, sem dúvida por não ter fixado na alma as impressões sobrenaturais deixadas pelas graças atuais concedidas no convívio com o Filho.

Essa superficialidade de espírito, tão típica dos homens curvados sob o peso do pecado original, foi a grande inimiga da evangelização feita por Jesus. 

Teve Ele de enviar o Espírito Santo para lembrar seus discípulos do que tinham visto e ouvido, “desempoeirando” da memória essas sacrossantas recordações e devolvendo-lhes todo o seu brilho.

Jesus respondeu: “Há tanto tempo estou convosco, e não Me conheces, Filipe? Quem Me viu, viu o Pai. Como é que tu dizes: ‘Mostra-nos o Pai’?”

Nosso Senhor repreende amorosamente o discípulo pelo pedido inoportuno e pouco delicado, o qual parece contradizer o ensinamento que Ele acabava de formular. 

Manifestando de forma discreta seu desapontamento pela infidelidade dos seus, o Divino Mestre os acusa de não terem valorizado o convívio com Ele, deixando cair na beira da estrada tantas iluminações e comunicações divinas.

O homem que não valoriza a ação divina em sua alma acaba por assemelhar-se a uma ave sem asas, sempre frustrada pelo fato de não poder alçar voo.

Habituemo-nos, pois, a tratar com veneração, respeito e afeto as moções da graça que o Espírito Santo nos concede. É preciso recordá-las, ser gratos pelo fato de tê-las recebido e, em função delas, crescer sempre mais no amor a Deus.

Do contrário, no dia de nosso juízo essas dádivas celestes pesarão contra nós como talentos que não deram lucro, e seremos reprovados por nossa má administração.

Não há dom mais precioso, amigável e esplendoroso do que a graça; façamos dele o nosso único tesouro.

O mistério da verdadeira união

10 “Não acreditas que Eu estou no Pai e o Pai está em Mim? As palavras que Eu vos digo, não as digo por Mim mesmo, mas é o Pai que, permanecendo em Mim, realiza as suas obras”.

Retomando o comentário introdutório, devemos dizer que qualquer união existente entre os homens, e mesmo entre os Anjos, é só uma pálida figura, assaz imperfeita, da verdadeira união entre as Pessoas da Trindade.

Para os discípulos, isso era uma novidade. Se Nosso Senhor não a tivesse revelado, homem algum poderia alcançar realidade tão alta. 

“É o Pai que, permanecendo em Mim, realiza as suas obras”, o que equivaleria a dizer: “Ele está em Mim e Eu estou n’Ele por completo, de forma ontológica e não figurada ou simbólica”.

Essa é a verdadeira união, da qual participaremos de alguma forma quando estivermos no Céu e Deus seja tudo em todos (cf. I Cor 15, 28).

A evidência dos milagres

11 “Acreditai-Me: Eu estou no Pai e o Pai está em Mim. Acreditai, ao menos, por causa destas mesmas obras”.

O Divino Mestre faz um apelo à evidência das obras. Se os reluzimentos divinos não haviam sido cuidadosamente conservados pelos Apóstolos, deixando-os catacegos diante do fulgor da divindade, ao menos os sinais grandiosos que haviam presenciado com frequência inusitada deveriam dar a eles a certeza da permanência do Pai no Filho.

Os discípulos realizarão obras maiores que o Mestre porque Ele vai para o Pai e, sentado à destra da Majestade Divina no Céu, mostrará, pelas mãos dos seus, um poder ainda superior

Com efeito, nenhum profeta da tradição multissecular de Israel havia realizado os feitos de Nosso Senhor, seja em número ou em qualidade.

As cataratas mais caudalosas dão uma pálida ideia dos prodígios inéditos que saíam de suas mãos dadivosas.

Nenhuma doença, nem mesmo a morte, resistia à força de sua benevolência invencível.

“Se [suas obras] fossem escritas uma por uma, penso que nem o mundo inteiro poderia conter os livros que se deveriam escrever” (Jo 21, 25), bem sintetizou o Discípulo Amado.

Obras ainda maiores

12 “Em verdade, em verdade vos digo, quem acredita em Mim fará as obras que Eu faço, e fará ainda maiores do que estas. Pois Eu vou para o Pai…”

Este versículo encerra uma promessa admirável: os que tiverem fé obterão a graça de fazer obras ainda maiores que as do próprio Nosso Senhor. Isso significa que o Mestre será superado? Não.

Seus discípulos realizarão obras maiores porque Ele vai para o Pai, ou seja, porque, vitorioso e sentado à destra da Majestade Divina no Céu, Jesus mostrará pelas mãos dos seus um poder ainda superior.

E bem se pode supor que Ele manifestará uma força sempre crescente à medida que a consumação dos tempos se aproxime.

A arma da oração

13 “…e o que pedirdes em meu nome, Eu o realizarei, a fim de que o Pai seja glorificado no Filho. 14 Se pedirdes algo em meu nome, Eu o realizarei”.

Para que essa potência divina se manifeste sempre mais, mediante a realização de novas maravilhas e prodígios, é preciso usar a arma da oração. 

A fé, acrescida pela certeza da Ressurreição de Cristo e de sua glorificaçãodeve transformar-se em santa audácia, a qual leve os discípulos a suplicar com ousadia e plena confiança graças difíceis e mesmo impossíveis, que glorifiquem de maneira extraordinária o nosso Bom Deus. Assim, o Pai será glorificado no Filho que, usando seus fiéis como instrumentos, fará portentos cada vez maiores.

Aplicando aos nossos tempos este ensinamento, precisamos nos compenetrar do dever de implorar com tenacidade e constância o triunfo do Imaculado Coração de Maria sobre as forças das trevas, que ameaçam arruinar por completo a Igreja e o mundo.

Com nossas preces daremos ocasião ao Divino Vencedor de atender ao pedido formulado no Pai-Nosso: “Venha a nós o vosso Reino, seja feita a vossa vontade assim na terra como no Céu”.

Esse será o mais éclatante, imponente e rutilante revide da Santíssima Trindade contra seus inimigos, na conturbada e gloriosa História dos homens.

III – Somos chamados a participar dessa união!

Neste período pascal, exultamos pelo fato de ter-nos sido revelado o segredo do grande Rei, isto é, a vida íntima da Santíssima Trindade. 

O fato de as Pessoas Divinas – espirituais, diáfanas e santas – permanecerem umas nas outras, compartilhando na plenitude o mesmo ser de Deus, nos fala da união perfeita, insuperável e gloriosa com que sonha nosso coração, mesmo sem tê-lo explícito.

Supliquemos, por intercessão de São Filipe e São Tiago, a graça de rezar, trabalhar e lutar nesta vida com uma alma estuante de fé, a fim de alcançarmos a união com Aquele que nos criou para Si

Sim, pois o homem é chamado a tal união e criado para dela participar.

Porventura as ilusões românticas não são uma forma espúria de dar vazão a esse sentimento superior, que o impulsa a procurar alguém a quem se unir por inteiro?

E se as idealizações pueris e superficiais do sentimentalismo não constituem senão um crasso engano, o anseio interior de união absoluta com quem seria capaz de o fazer feliz estaria na alma humana por um simples acaso? Não. 

Assim como existe um desejo natural de Deus, a respeito do qual ilustres teólogos trataram, também se encontra no coração do homem uma inclinação fortíssima e dominante à completa união com a Santíssima Trindade, união essa que constitui a felicidade sem jaça que ele tanto anela.

Essa união foi alcançada de forma exímia e insuperável por Maria Santíssima, Filha do Pai, Mãe do Filho e Esposa do Paráclito. 

Elevemos a Ela nosso olhar confiante e supliquemos, por intercessão de São Filipe e São Tiago, a graça de rezar, trabalhar e lutar nesta vida com uma alma estuante de fé, a fim de alcançar no Céu a união mais perfeita possível com Aquele que nos criou para Si e quer Se fazer um conosco, superando nossas melhores expectativas. ◊

Notas

1 Cf. SÃO TOMÁS DE AQUINO. De veritate, q.13, a.1-5.

Fonte: Revista Arautos do Evangelho – Maio de 2024 – edição 269

https://revista.arautos.org/a-verdadeira-uniao/#:~:text=A%20uni%C3%A3o%20das%20Tr%C3%AAs%20Pessoas,seu%20desejo%20de%20felicidade%20eterna.

Viva a Santíssima Trindade. Somos Todos Um pelo Espírito Santo!

Deus Pai encarnou em Deus Filho e está em todos pelo Espírito Santo

O três, na simbologia dos números, é a expressão da totalidade, da conclusão da manifestação. Deus é um em três Pessoas (Santíssima Trindade).

A Cabala multiplicou as especulações sobre os números. Tudo provém, necessariamente, de três, que, ao mesmo tempo, não passa de um. Em todo ato, distingue-se:

1 – o princípio atuador, causa ou sujeito da ação

2 – a ação desse sujeito, seu verbo;

3 – o objeto desta ação, seu efeito ou seu resultado.

A Trindade Divina também está em nosso dia a dia.

Corpo, Mente e Espírito.

Deus Filho,  Deus Pai, Deus Espírito Santo.

Ou seja, os três são partes do Um. Deus É!

E Maria, em Total Comunhão com o Espírito Santo é a Mãe do Filho de Deus.

Deus está em Tudo o que existe. Sua Energia e Seus Pensamentos são chamados de Espírito Santo. Se Deus é Um, ou Três ou é Tudo eu confesso que não sei. Mas o que sei é que Jesus é o caminho do Deus Pai. Imite-o! Pense puramente como Jesus.

A Hospitalidade de Abrahão é O Ícone da Trindade Divina

Quando você entra em uma igreja, é difícil não sentir falta de uma Trindade de Rublev.  Este ícone é o mais reproduzido, o mais consensual e o mais compartilhado do mundo cristão. 

Três anjos estão ao redor de uma mesa no centro da qual é colocado um cálice. Neste, uma forma indefinível.

Não há necessidade de ser um grande clérigo para adivinhar que esta é a Eucaristia, o pão mergulhado no vinho que, através da transubstanciação, se transforma no corpo e sangue de Cristo absorvido pelos fiéis no final da missa. 

A representação permanece evasiva no conteúdo do vaso sagrado porque a comunhão é, por definição, um grande mistério.

Os três personagens são levemente curvados, as cabeças, as mãos e os pés seguem a mesma inclinação que, desenhando um esboço, revelam um círculo perfeito. No simbolismo cristão, esse círculo é Deus, um Deus sutil, pródigo e onipresente, já que se manifesta em três pessoas distintas: o Pai, o Filho e o Espírito Santo.

O esquema pictórico é extraído de um modelo de ícones apresentados anteriormente – A Hospitalidade de Abrahão, que transcreve o episódio bíblico dos três estranhos recebidos pelo patriarca em casa (Gênesis 18).

Esses visitantes misteriosos anunciam a gravidez de Sarah, sua esposa, que por sua vez dará hospitalidade em sua barriga à criança esperada. 

As cores suaves, loiras e transparentes atraem o frio. Dependendo do ângulo de visão, acredita-se que sejam polvilhadas com gelo ou petrificadas em uma fina camada de gelo. Às vezes, eles se sentem como crepitação sob a superfície, dilatando e estreitando-se como entidades vivas expostas alternadamente a temperaturas quentes e frias. 

O ícone não é uma pintura religiosa comum. Certamente, ela pode contar a história sagrada como os portais esculpidos de nossas catedrais, mas, além do ensino linear simples, ela é investida de uma função sobrenatural. O ícone é uma testemunha do Céu na terra.

O santo representado permanece sempre um homem, mas um homem transfigurado, um homem realizado, unido a Deus em verdade. Toda a humanidade, santa ou não, batizada ou ainda não, é à imagem de Cristo, consubstancial a Cristo por sua humanidade, assim como Cristo é consubstancial ao homem por sua encarnação. E isso, desde toda a eternidade. 

Se alguém adora somente a Deus, se venera a Virgem, os santos e os anjos por meio do ícone, saiba que a imagem é carregada de energia divina depois de sua bênção, como o pão e o vinho da Eucaristia depois da morte. Eis a consagração.

Então o ícone é capaz de espalhar a energia celestial e trabalhar em nome daquele que ele representa. 

O salvamento espiritual busca a paz e o silêncio da alma em Deus, a experiência mística de sua luz interna.

Essa paz luminosa é adquirida não apenas pela vontade do Espírito Santo, mas pelo autocontrole, pelo controle rigoroso dos próprios pensamentos, pela colocação no passo da conversa interior, de modo que o coração purificado esteja pronto para a reunião.

O hesicasmo é ao mesmo tempo oração e técnica respiratória, aspira ao objetivo supremo para o qual todo cristão deve lutar pela união com Deus. Esta união é a razão para a encarnação do Verbo do Antigo Testamento que se fez Carne no Novo, a famoso “boa notícia” de Deus feito homem para “que o homem se tornasse Deus”. 

A Trindade de Rublev recapitula tudo isso. Esta é a razão pela qual ela é venerada como uma imagem sagrada em toda a sua verdade.

Tornou-se um protótipo iconográfico que os pintores copiam incansavelmente. Sintetiza o dogma cristão do único Deus em três pessoas enquanto reverbera a visão celestial de uma alma eleita.

Remonta ao milagre da gravidez de Sarah por meio da visita dos 3 Anjos do Senhor.

Um Deus em Três Pessoas

Deus Pai é quem gera, Deus Filho é gerado, e o Espírito Santo é quem realiza.

Acredita-se que a existência de Jesus é pretérita ao seu próprio nascimento, pode ter sido uma primeira divisão da célula de Deus que se transformou em seu Filho encarnado.

Hieronymus Bosch, 500 anos antes dos surrealistas, teria desenhado no Jardim do Éden, ao lado de Adão e Eva, Jesus Cristo.

Afinal de contas, Deus disse: “Façamos o homem a nossa imagem e semelhança”?  (Genesis, 1:26). Estaria Deus Pai falando em conjunto com outro Deus, Jesus? Ou estaria Deus falando de sua Esposa e Filhos? Quem era o Verbo? Ou Logos?

Eis algumas indicações de que Jesus poderia ter existido antes de seu nascimento.

“No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus. Ele estava no princípio com Deus, Tudo foi feito por ele; e nada do que tem sido feito, feito sem ele.” João 1:1-18.

A Trindade Divina

De acordo com a doutrina central da maioria das religiões cristãs,[8] existe apenas um Deus em três pessoas. Apesar de distintas uma da outra nas suas relações de origem (como o Quarto Concílio de Latrão declarou, “é o Pai quem gera, o Filho quem é gerado e o Espírito Santo quem realiza”), nas suas relações uns com os outros são considerados como um todo, coiguais, coeternos e consubstanciais, e “cada um é Deus, completo e inteiro”.[9] 

Assim, toda a obra da criação e da graça é vista como uma única operação comum de todas as três pessoas divinas, em que cada uma delas manifesta o que lhe é próprio na Trindade, de modo que todas as coisas são “a partir do Pai”, “através do Filho” e “no Espírito Santo”.[10][11]

Após controvérsias quanto ao conceito da divindade de Jesus entre alguns cristãos, como o presbítero Ário e o bispo, Alexandre de Alexandria, a doutrina passou a ser discutida entre a Igreja e Roma durante o Primeiro Concílio de Niceia em 325 D.C, solicitado pelo imperador Romano Constantino.

O concílio declarou que o Filho era verdadeiro Deus, co-eterno com o Pai e gerado de sua mesma substância, argumentando que tal doutrina codificava melhor a apresentação bíblica do Filho, assim como a crença cristã tradicional sobre ele transmitida pelos apóstolos.

Essa crença foi expressa pelos bispos no Credo de Niceia, que formou a base do que é conhecido atualmente como Credo Niceno-Constantinopolitano.[12]

Em Niceia, questões relativas ao Espírito Santo foram deixadas, em grande parte, sem solução e assim permaneceram pelo menos até que o relacionamento entre o Pai e o Filho ter sido resolvido por volta do ano 362.[13] Assim, a doutrina em uma forma mais completa foi formulada no Concílio de Constantinopla em 360,[14] e uma forma final foi formulada em 381, primariamente trabalhada por Gregório de Nissa.[15]

A doutrina não atingiu sua forma definitiva até o final do quarto século.[16] Durante o período várias soluções tentativas foram propostas, algumas mais e outras menos satisfatórias.[17] O trinitarismo contrasta com as posições antitrinitárias, que incluem o binitarianismo (uma deidade em duas pessoas, ou duas deidades), com o unitarismo (uma deidade em uma pessoa, análogo à interpretação judia da Shema e à crença muçulmana no Tawhid) e com o pentecostalismo unitarista ou sabelianismo (uma deidade manifestada em três aspectos separados).[18][19][20]

Fundamentos bíblicos

A doutrina trinitária professa que o conceito da existência de um só Deus, onipotenteonisciente e onipresente, revelado em três pessoas distintas, pode-se depreender de muitos trechos da Bíblia. Um dos exemplos mais referidos é o relato sobre o batismo de Jesus, em que as chamadas “três pessoas da Trindade” se fazem presentes, com a descida do Espírito Santo sobre Jesus, sob a forma de uma pomba, e com a voz do Pai Celeste dizendo:

  • «Tu és o meu Filho amado, em ti me comprazo»[21]
  • E na fórmula tardia de Mateus:[22] «Portanto ide, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo».
  • No relato em que a Trindade se revelaria por três anjos que apareceram a Abraão próximo ao Carvalho de Mambré (Gn 18,ss)
  • Na criação do homem se apresenta um criador plural“: «Façamos o homem a nossa imagem e semelhança»”(Gn 1,26)
  • No episódio da torre de Babel o Senhor Deus fala no plural: “«Vamos: Desçamos para lhes confundir a linguagem, de sorte que já não se compreendam um ao outro.»”(Gn 11,7)
  • No inicio do Evangelho segundo João em que Jesus é chamado de “Verbo” ou “Palavra” e de que seria Deus. (João 1:1)

Ainda segundo os defensores da doutrina trinitária, ao longo da Bíblia há várias passagens que revelam a natureza divina da Trindade, e até a personalidade de cada uma das três pessoas divinas:

  • No que concerne à divindade de Deus-Filho, referem-se, por exemplo, a sua onisciência,[23] a sua onipotência,[24] a sua onipresença,[25] ao fato de perdoar os pecados[26] e ser doador da vida[27] em íntima unidade, porém diferenciando as pessoas: «Eu e o Pai somos um».[28] Contudo, mais do que estas simples passagens isoladas, a afirmação da plena divindade de Jesus é o resultado da reflexão, na Fé, sobre a sua missão redentora contida nas Escrituras – pois a sua personalidade divina e humana nunca foi seriamente posta em descrédito pela igreja cristã seja ela católica ou protestante.
  • No que concerne à divindade do Espírito Santo, os trinitários reportam-se, por exemplo, à passagem bíblica que o chama de Deus em Atos,[29] a sua onisciência,[30] a sua onipotência,[31] a sua onipresença[32] e sobretudo ao fato de ser Espírito “de” verdade[33] e “de” vida,[34] prerrogativas que, tais como as apresentadas para Deus-Filho, segundo a Bíblia são única e exclusivamente divinas;
  • No que concerne à personalidade do Espírito Santo, a terceira pessoa da Trindade, assunto que foi muito debatido ao longo dos primeiros séculos do cristianismo, é comum referirem-se aos atributos deste que, tal como os que no Antigo Testamento são aduzidos para a personalidade do Deus do Antigo Testamento, YHVH – cuja divindade e personalidade nunca foram alvo de críticas substanciadas entre os cristãos -, testemunham o seu carácter pessoal: Ele glorificará Cristo;[35] ensina a comunidade e os fieis,[36] distribui os dons segundo o seu desígnio,[31] fala nas Escrituras do Antigo Testamento,[37] fala para as sete Igrejas na carta do Apocalipse[38] é enviado pelo Pai em nome de Jesus[39] e pelo Filho que enviou da parte do Pai[39] aparecendo como distinto de ambos pois não é Cristo sob outra forma de existência, mas seu representante e testemunha.[40] Mais importante do que as passagens isoladas é o conjunto que o revela como Aquele que tem a missão de recordar, universalizar e realizar em cada pessoa a obra de Jesus, o que não ocorre mecanicamente, mas somente onde houver a liberdade do Espírito, dado que «onde está o Espírito do Senhor, aí há liberdade».[41] Para os cristão trinitários, esta liberdade do Espírito exclui que este possa ser um princípio impessoal, um meio ou instrumento, mas antes pressupõe a sua independência relativa.

O desenvolvimento do dogma – Do kerigma aos símbolos de fé

Iluminura medieval com a representação clássica da Santíssima Trindade

Kerigma (do Grego κήρυγμα, kérygma) significa mensagempregaçãoproclamação. Desde o acontecimento pascal e sua proclamação catequética – génese da experiência e da reflexão trinitária – até à formulação conceptual do mistério trinitário, um longo percurso foi trilhado. Na verdade, desde a proclamação primitiva da morte e ressurreição de Jesus,[42] passando pelas primeiras afirmações do Novo Testamento da plena divindade de Jesus,[43] da personalidade do Espírito Santo[44] e o surgir das primeiras fórmulas trinitárias[45] até ao Credo niceno-constantinopolitano, um tortuoso caminho foi burilado pelas primeiras gerações de cristãos.

Defensores da doutrina trinitária afirmam que a Igreja primitiva já acatava plenamente essa ideia, com base nos escritos de Inácio de AntioquiaCarta aos Efésios, 9, 1; 18, 2, e na Primeira Carta de Clemente Romano 42; 46, 6.[46] Mas, do ponto de vista histórico, um dos primeiros a utilizar, no Ocidente cristão, o termo “Trindade”, para expressar a ideia de que a unidade divina existiria em três pessoas distintas, foi Tertuliano. No início do século III, em sua obra “Adversus Praxeas” (2,4; 8,7), ele utilizou o termo latino de trinitas. Antes disso, e no Oriente cristão, só há o registo do termo grego “Τριας” nos escritos de Teófilo de Antioquia (“Três Livros a Autólico”, 2, 15) redigidos por volta do ano 180.

Na realidade, mais do que a partir da especulação teórica e abstracta – que mais tarde viria a ser preponderante -, a afirmação teológica da “Trindade” ocorreu sobretudo a partir do uso dos textos bíblicos em ambiente litúrgico eclesial. Esta doutrina, de facto, foi-se apoiando e alicerçando no âmbito da práxis baptismal[47] (veja-se Didaquê 7, 1; Justino MártirApologia 1, 61, 13) e eucarística (veja-se Justino, Apologia 1, 65.67; Hipólito de RomaTradição Apostólica 4-13).

Somente depois da pacificação do Império Romano, sob Constantino, é que ocorreu aquela convergência de factores – a paz, as facilidades de comunicação e diálogo entre as diversas Igrejas e teólogos, entre outros – que permitiu a elaboração de um edifício conceptual – a definição precisa das noções de ousia “natureza”, hipostasis “pessoa”, homoousios “consubstancialidade”, bem como a sua mútua relação e aplicação teológica – apto para a descrição e explanação da Divindade revelada em Jesus Cristo.

Os símbolos de fé

Ícone oriental que representa Constantino I entre os padres reunidos no Primeiro Concílio de Niceia (ano 325): o dístico por ele suspenso contém o texto do credo de Niceia, mas na forma modificada pelo Primeiro Concílio de Constantinopla (ano 381)

A primeira formulação dogmática do pensamento teológico cristão trinitário, no que concerne à relação entre cada uma das três Pessoas divinas, foi postulada como um artigo de fé pelo credo de Niceia (proclamado em 325 no Primeiro Concílio de Niceia) – realizado para dirimir as questões levantadas por Ário que negava a divindade plena do Filho -, bem como pelo Primeiro Concílio de Constantinopla do ano 381 – realizado para, em oposição aos pneumatômacos, afirmar a plena divindade pessoal do Espírito Santo – e apresentada no credo de Atanásio (depois de 500).

Estes credos foram progressivamente formulados e ratificados pela Igreja dos séculos III e V, em reação a algumas noções envolvendo a natureza da Trindade, a posição de Cristo nela e a divindade do Espírito, tais como as do arianismo, do docetismo, do modalismo e a dos pneumatómacos – nome dado àqueles que negavam a divindade pessoal da terceira pessoa da Trindade -, que foram depois declaradas como heréticas na medida em que atentariam contra o essencial da Revelação. Estes credos foram mantidos não só na Igreja Católica e Ortodoxa, mas também, de algum modo, pela maioria das igrejas protestantes, sendo inclusive citados na liturgia de igrejas luteranas e igrejas reformadas.

O credo de Niceia, que é uma formulação clássica desta doutrina, usou o termo homoousia (em grego: da mesma substância) para definir a relação entre as três pessoas. A ortografia desta palavra difere em uma única letra grega, “iota”, da palavra usada por não-trinitários do mesmo tempo, homoiousia, (grego: de substância semelhante): um facto que se tornou proverbial, a ponto de certos adversários do cristianismo nessa época afirmarem que os cristãos se digladiavam por causa de uma vogal, ilustrando assim as profundas divisões ocasionadas por aparentemente pequenas imprecisões, especialmente em Teologia.

Investigação e conclusão teológica de Santo Agostinho

A Igreja Católica anuncia e ensina o mistério da Santíssima Trindade com base em citações bíblicas, porém desencoraja uma profunda investigação no sentido de querer decifrá-lo, visto que torna-se complexo usando simplesmente nossa razão humana.

Agostinho de Hipona, grande teólogo e doutor da Igreja, tentou e esforçou-se exaustivamente por compreender e desvendar este enigma. Após muito tempo de reflexão, esforço e trabalho, chegou à conclusão que nós, devido à nossa mente extremamente limitada, nunca poderíamos compreender e assimilar plenamente a dimensão (infinita) de Deus somente com as nossas próprias forças e o nosso raciocínio. Concluiu que a compreensão plena e definitiva deste grande enigma só é possível quando, na vida eterna, nos encontrarmos no Paraíso com o Pai, o Filho e o Espírito Santo.

Operações e funções das pessoas da Trindade

Santíssima Trindade, retratado por Szymon Czechowicz (1756–1758)

As três pessoas da Santíssima Trindade estabelecem uma comunhão e união perfeita, formando um só Deus, e constituem um perfeito modelo transcendente para as relações interpessoais. Elas possuem a mesma natureza divina, a mesma grandeza, sabedoria, poder, bondade e santidade, mas, em algumas vezes, certas atividades são mais reconhecidas em uma pessoa do que em outra. As funções, as suas principais atividades desempenhadas e o seu modo de operar está registrado nas Sagradas Escrituras e claramente resumido no Credo niceno-constantinopolitano, o credo oficial de muitas denominações cristãs.

  • Pai – Não foi criado nem gerado. É o “princípio e o fim, princípio sem princípio” da vida e está em absoluta comunhão com o Filho e com o Espírito Santo. Foi o Pai que enviou o seu Filho, Jesus Cristo, para salvar-nos da morte espiritual, pelo sacrifício vicário. Isto revela o amor infinito de Deus sobre os homens e o não-abandono aos seus filhos adoptivos. O Pai, a primeira pessoa da Trindade, é considerado como o pai eterno e perfeito. É atribuído a esta pessoa divina a criação do mundo.
  • Filho – Eterno como o Pai e consubstancial (pertencente à mesma natureza e substância) a Ele. Não foi criado pelo Pai, mas gerado na eternidade da substância do Pai. Encarnou-se em Jesus de Nazaré, assumindo assim a natureza humana. O Filho, a segunda pessoa da Trindade, é considerado como o Filho Eterno, com todas as perfeições divinas: a Ele é atribuída a redenção (salvação) do mundo.
  • Espírito Santo – Não foi criado nem gerado. Esta pessoa divina personaliza o Amor íntimo e infinito de Deus sobre os homens, segundo a reflexão de Agostinho. Manifestou-se primeiramente no Batismo e na Transfiguração de Jesus e plenamente revelado no dia de Pentecostes. Habita nos corações dos fiéis e estabelece entre estes e Jesus uma comunhão íntima, tornando-os unidos num só Corpo. O Espírito Santo, a terceira pessoa da Trindade, é considerado como o puro nexo de amor. Atribui-se a esta pessoa divina a santificação da Igreja e do mundo com os seus dons, além de ser o agente que inspirou a escrita de cada parte da Bíblia.

Prosopon e hypostasis

Ver artigos principais: Prosopon e Hipóstase

A palavra utilizada, prosopon (do grego antigo πρόσωπον; plural: πρόσωπα – prosopa) é o grego para designar “pessoa.” O significado original da palavra foi-se alterando com o tempo, e o contexto de prosopon deve ser observado originalmente como “aparência, aspecto exterior visível, de um ser humano, animal ou coisa”,[48] podendo ser compreendido como “rosto” ou “face” externa do que seria o ser, uma pessoa ou coisa, tendo contudo muito a diferenciar do que seria a personalidade, a psique, o âmago da apresentação do ser, que é bem mais complexo. Como J. Cabral prefere, prosopon, no contexto da Santíssima Trindade, pode ser compreendido como “três manifestações ou revelações que Deus fazia de Si ao Mundo”.[49]

O termo é utilizado para a “automanifestação de um indivíduo” que pode ser entendido por meio de outras coisas. Como um pintor que expressa sua prosopon por meio do seu pincel.[50] Prosopon é a forma no qual a hipóstase se manifesta, aparece. Toda natureza e hipóstase tem sua “face”, sua prosopon. Ela concede expressão à realidade da natureza com seus poderes e características.[51]

O Deus de Israel e o enviado, o redentor, se fundem

Chegai-vos a mim, ouvi isto: Não falei em segredo desde o princípio; desde o tempo em que aquilo se fez eu estava ali, e agora o Senhor DEUS me enviou a mim, e o seu Espírito.

Assim diz o SENHOR [Iavé],[52] o teu Redentor,[53] o Santo de Israel: Eu sou o SENHOR teu Deus, que te ensina o que é útil, e te guia pelo caminho em que deves andar. (Isaías 48:16-17)

“Chegai-vos a mim. Ouvi isto. Desde o começo, absolutamente não tenho falado num esconderijo. Estive ali desde o tempo da sua ocorrência.” E agora me enviou o próprio Soberano Senhor Jeová, sim, seu espírito.

Assim disse Jeová, teu Resgatador, o Santo de Israel: “Eu, Jeová, sou teu Deus, Aquele que te ensina a tirar proveito, Aquele que te faz pisar no caminho em que deves andar. (Tradução do Novo Mundo)

J. Cabral explica que Jesus e Javé se fundem no trecho de Isaías supra, e enquanto apresenta-se como o que foi enviado, da mesma forma apresenta-se como o próprio que enviou o Redentor e o seu Espírito.

Unidade composta

Adoração da Santíssima Trindade, por Albrecht Dürer, no Kunsthistorisches Museum.


Pai segura a cruz do Filho e o Espírito Santo em forma de pomba sobre a cabeça do Pai. Os três são adorados pelos anjos e santos

Os trinitários, refutando a apresentação dos unitários, sustentada principalmente em Deuteronômios 6:4, Escuta, ó Israel: YHWH Javé, nosso Deus, é um só Javé, discorrem sobre a unidade composta de Deus.

Certos unitários concebem Jesus como um anjo criado, negando-lhe a natureza Divina, enquanto outros o veem apenas como um homem perfeito ou dotado de um caráter exemplar, modelar, embora rejeitem a sua pré-existência e divindade.

Os trinitários refutam o entendimento, dado por alguns unitários em suas cartilhas catequéticas, de que a Santíssima Trindade seriam três deuses, o que consideram uma provocação insultuosa ao credo monoteísta.

Os unitários entendem que o citado versículo (Ouve, Israel, o Senhor nosso Deus é o único Senhor) excluiria o Filho da divindade e da unidade com o Pai. Os trinitários reagem que aceitam e concordam que: há um só YHVH, e que o presente versículo em nada ofende, mas ajuda a explicar o conceito de unidade composta, fortalecendo o entendimento sobre referido dogma.

Ouve, Israel, o Senhor (YHWH) nosso Deus é o único (echad) Senhor (YHWH).

A palavra hebraica originalmente usada para chamar YHVH de “único” é “echad”, que é pronunciada “errad”. Echad é a palavra usada para expressar unidade composta. Quando se deseja expressar a unidade absoluta, a palavra usada é yachid, que tem a pronúncia “yarrid”.

Também o faraó teve “um” sonho que tinha “dois” acontecimentos que o intrigaram e José, antes de interpretar, disse: o sonho é “um” (echad) só, dando clara conotação que o faraó tivera “dois” sonhos em “um”, ou “um” sonho sobre um “evento” com duas personificações que diziam a mesma verdade. Percebeu José que o sonho era “um só”, usando o termo echad que significa um conjunto fazendo “uma unidade”.

Para que seja mais bem compreendido o termo echad, em Gênesis 2:24, o homem deve[ria] ‘deixar seu pai e sua mãe, e apegar-se-á à sua mulher, e serão ambos uma carne. Nesse versículo novamente encontra-se o termo “uma carne” empregada como unidade (echad), significando unidade composta.

Se o texto quisesse expressar a unidade absoluta, teria usado a palavra yachid. Marido e mulher são pessoas distintas, entretanto, no plano espiritual, seus corpos sendo unos.

Como no caso de marido e mulher, há existência de pessoas distintas, contudo eles se fazem “um”, no que a Bíblia denomina de “mistério”. Não há um maior que o outro no enlace do casamento, mas um deles é considerado o “pai de família”, enquanto o outro é denominado: “ajudadora” ou “sua costela”; contudo o texto dá entendimento que saíram do mesmo “corpo” adâmico e devem andar lateralmente, nem atrás, nem à frente, mas em unidade composta e “igual”, como um só.

Os trinitários não expressam uma questão simplesmente racional, mas também de .

Para os trinitários, as Escrituras dão pistas sobre a pluralidade do único Deus YHVH, como ver-se-á mais à frente; contudo, ainda sobre o Deuteronômio 6:4 ficará mais facilmente compreendido na versão da Tradução do Novo Mundo das Escrituras Sagradas que é descrita da seguinte forma:

YHWH, nosso Elohím, é um só YHWH ou seja, Jeová, nosso Deus, é um só Jeová.

Com a transcrição acima pode-se perceber o entendimento sobre a unidade composta, pois o termo Elohím é plural, ainda que se fale na pessoa de YHVH como “unidade”.

Conforme nos explica Warren Wiersbe:

O termo [echad] é empregado dessa forma em Gênesis 2:24, descrevendo a união de Adão e Eva, e também em Êxodo 26:6 e 11, para descrever a “unidade” das cortinas do tabernáculo.

Como havia a tradição dos escribas na transcrição dos pergaminhos letra por letra, não acreditam os trinitários que houvesse “erro” ou “acidente”, contudo destinava-se ao propósito de referir-se ao Deus único em pluralidade de pessoas. Desta forma é aceito pelos que creem na Santíssima Trindade que Pai, Filho (Jesus) e Espírito Santo são a unidade plural de YHVH, pois o único (echadElohim (Deus) é YHVH.

Pluralidade em Elohim

Os três anjos que visitaram Abraão, como símbolo da Trindade. (Gn 18)
Ícone ortodoxo por Andrei Rublev

Uma das pistas bíblicas apresentadas pelos trinitários é Gênesis 1:26a

E disse [singular] Deus [Elohim]: Façamos [plural] o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança;

Segundo entendimento trinitário Deus se apresenta “singular” e faz o homem no “plural”. Os não trinitários argumentam que Deus falava com os anjos, contudo, se assim fosse, o homem não seria fruto da criação de Deus, mas apenas “parcialmente” fruto da criação de Deus, pois quem teria feito a obra seriam os anjos, Deus teria dado apenas a ordem; então, se tal argumentação fosse aceita, os homens seriam fruto da criação dos anjos, o que é rejeitado pelos trinitários. Porem como mostra colossenses 1:13-15, o próprio Jesus estava lá pois é chamado de “princípio da criação”.

Outro argumento que os trinitários entendem incoerente na argumentação dos opositores é que se os anjos é que conversavam com Deus, então os homens não são a imagem e semelhança de Deus, mas a imagem e semelhança dos anjos; o que não é confirmado por outras passagens bíblicas, logo é rejeitado pelos trinitários.

Assim, os trinitários entendem que quando Deus disse “façamos o homem conforme a nossa imagem” ele falava com os outros dois seres incriados e uno com o Pai, autor [trino] da criação, falava com o Deus Filho, Jesus, e com o Deus Espírito, Espírito Santo. O homem foi criado a imagem do Pai, do Filho e do Espírito Santo, à imagem de Deus e não à imagem dos anjos.

Também em Gênesis 3:22a é encontrado diálogo semelhante: Então disse o Senhor [YHVH] Deus [Elohím]:

Eis que o homem é como um de nós [plural], sabendo o bem e o mal.

vayyo’mer Adonay ‘elohiym hên hâ’âdhâm hâyâh ke’achadhmimmennu lâdha`ath thobh vârâ` ve`attâh pen-yishlach yâdho velâqachgam mê`êts hachayyiym ve’âkhal vâchay le`olâm (Gênesis 3:22)

Da mesma forma o autor J. Cabral enumera os mesmo textos no plural, e acrescenta um terceiro verso para sustentar a mesma defesa:[54]

    • Façamos… de Gênesis 1.26; no momento da criação do homem.
    • O homem se tornou como um de nós… – de Gênesis 3.22; quando o homem prova o fruto proibido.
    • Depois disso ouvi a voz do Senhor que dizia: A quem enviarei, e quem há de ir por nós? – de Isaías 6.8; aqui J. Cabral está citando o momento em que Isaías é consagrado profeta de Deus. (sublinhado não existe no original, apenas o itálico)

Para os trinitários tanto o Pai, como o Filho, como o Espírito Santo é o Deus uno, apresentando assim o termo Deus no singular e as pessoas no plural.

Tais evidências da unidade composta seriam justificadas, dentre outras, pelas seguintes passagens bíblicas que apresentam o Pai, o Filho e o Espírito como Deus:

  • O Pai é Deus – Em Efésios 4:6 o texto revela que Deus é Pai.
  • O Filho Jesus é Deus – Em I João 5:20 traz mais evidências bíblicas de que o Filho também é Deus quando afirma: o Filho de Deus é vindo … isto é, em seu Filho Jesus Cristo. Este é o verdadeiro Deus e a vida eterna. E também em Isaías 9:6 dizendo claramente que Jesus é Deus: Porque um menino nos nasceu, um filho se nos deu; e o governo estará sobre os seus ombros; e o seu nome será: Maravilhoso Conselheiro, Deus Forte, Pai Eterno, Príncipe da Paz.
  • Espírito Santo é Deus – Em Atos 5:3 primeiro a advertência: Ananias, porque encheu Satanás o teu coração, para que mentisses ao Espírito Santo …? Contudo no versículo seguinte vem a revelação: Por que formaste este desígnio em teu coração [Ananias]? Não mentiste aos homens, mas a Deus. Nessa passagem, claramente o Espírito Santo é chamado de Deus, pois Ananias havia mentido ao Espírito Santo.

Como nas passagens acima, os trinitários reconhecem em outras passagens bíblicas a apresentação do único (echad) Senhor (YHVH) na forma trina do Pai, do Filho Jesus e do Espírito Santo.

Plural Adonai

“Santíssima Trindade”, por Gregório Vásquez de Arce y Ceballos

Adonai (אֲדֹנָי), é um dos títulos, comumente utilizado pelos hebreus ao referir-se ao tetragrama YHVH.

Adon (אָדוֹן) significa “senhor”, “amo”, “governante”, e adicionado ao sufixo (i), pronome possessivo de primeira pessoa do singular, converte para a expressão “meu senhor”, sendo Adonai a forma plural (meu) “senhores”.

O pronome possessivo em palavras semelhantes tem a pronúncia ocultada, como na palavra “Rabbi”, que pode ser traduzida por (meu) “Mestre”, representando uma posição de dignidade, como se apresenta em “Monsenhor”, o que levou alguns defensores contrários à Trindade a defenderem que se tratava tão somente de um “título”. Contudo, Adon é usado mais de 300 vezes na Tanakh – Antigo Testamento – como designação para Deus.[55] Por conta disso, os trinitários acreditam que uma verdade não anula outra, podendo ser aceite as duas vertentes de pensamento sem uma macular a outra necessariamente. Também essa defesa de argumento se refere à palavra Adoni, o que não poderia ser emprestada à palavra Adonai, de uso totalmente impeculiar e diferenciado.

Levando-se em conta que muito foi debatido sobre o plural Adonai, uma conclusão sobre uma única e melhor tese nunca foi ratificada, contudo tal propositura existe.

Os judeus, referindo-se ao nome impronunciável, YHVH, pronunciavam Adonai. Em português traduzida Senhor (Hebraico: אֲדֹנָי), contudo é inegável que a palavra é plural, a exemplo de Elohim.

Literalmente, trata-se de um plural possessivo de primeira pessoa (“meus senhores”), o que, para os trinitários, reforçaria a Doutrina da Trindade, rejeitando a explicação de que seria um plural majestático, como defendem as Testemunhas de Jeová, que desconsideram a dica sintática para a pluralidade de Yahweh.

Os trinitários entendem que essa indicação se dá ao referir-se ao DEUS Triúno, pelo sintaticamente “inadequado” uso da palavra plural, com os demais elementos da frase no singular. Havendo semelhante aplicação no uso da palavra “Elohím”, o que leva a muitos cristãos a aceitarem essas palavras plurais como expressão da pluralidade na personalização ao único Deus.[56]

Quando a Bíblia refere-se ao Messias (uma das três pessoas da Trindade), utiliza a forma Adoni, meu Senhor, no singular, visto que se apresentaria numa personalização “individual” – distinta do Pai e do Espírito Santo – enviado (humano) esperado. Assim, o Verbo do DEUS Triúno, teria deixado sua glória e encarnado na forma humana, singular e distinta do Pai – contudo emanada do Pai: “crestes que saí de Deus. Saí do Pai, e vim ao mundo; outra vez deixo o mundo, e vou para o Pai”.[57] Desse momento em diante, o Deus Triúno se despoja para apresentar-se pessoal e individualmente, por intermédio do Filho. A partir daí, no Novo Testamento, não mais há uso do tetragrama YHVH.

A cultura judaica preferiu a forma Adonay para a pronunciar YHVH, contudo noutras versões tardias foi utilizada a forma impessoal HaShem, o Nome. Da mesma forma que o Deus Triúno se apresentara pessoal e individualmente, por intermédio do Filho, posteriormente apresenta-se na forma individual e incorpórea (não antropomórfico), representado pelo Espírito Santo, invocado por o Nome, que seria Jesus.

O Novo Testamento, refere-se ao nome de Jesus estando acima de todo nome:[58] Se, em meu nome pedires ao Pai …, Tudo quanto pedires em meu nome [Jesus] eu o farei …,[59] tudo quanto em meu nome [Jesus] pedirdes ao Pai ele vo-lo conceda[60] Em meu nome [Jesus] … curaram os enfermos …,

Vários gramáticos consideram um plural “abstrato” que expressaria a totalidade do poder divino[61] pelo que traduzem literalmente este nome como (meu) “Senhor dos senhores”, o mesmo título usado para Jesus no Novo Testamento.[62]

Críticas à doutrina da Trindade

Ver artigo principal: Críticas à doutrina da Trindade

Embora seja aceita como doutrina pela maioria das religiões cristãs, algumas denominações cristãs discordam da doutrina trinitária, fornecendo soluções diversas para a natureza de Deus. As principais são as Testemunhas de Jeová, alguns grupos dos Adventistas, a Igreja de Deus do Sétimo Dia, além da a Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias e outros movimentos paraprotestantes, como os seguidores da Mensagem de William Branham, este último incluído entre os unicistas.

Os que não acreditam na trindade advogam que esse dogma não fazia parte das crenças dos primeiros cristãos, e que teve influência pagã ao longos dos séculos, por meio do sincretismo helenístico, sendo que a Igreja sofreu grande influência da cultura greco-romana. No Egito Antigo a trindade era composta por HórusÍsis e Osíris; na Grécia era composta por ZeusMaia e Hermes; em Roma por JúpiterJuno e Minerva; na Índia por BrahmaVishnu e Shiva. A trindade só teria sido determinada como dogma da igreja católica por volta do século IV D.C, após as discussões iniciadas no Primeiro Concílio de Constantinopla, entre bispos e o imperador Constantino.

As religiões que não acreditam na trindade ainda assim se denominam como cristãs, acreditam na existência pré-humana de Jesus e em seus poderes divinos. Mas creem que Jesus foi criado pelo Deus de Israel, YHWH e que não seria o Deus todo poderoso, e sim, a primeira criação de Deus. [63]

Além da origem da crença, os cristãos não trinitários se baseiam em textos bíblicos que reconheceriam a superioridade do pai em relação a Jesus, e o tratamento distinto dado pelo próprio Jesus em relação ao Pai e ao Espirito Santo, que mostrariam suas diferenças de personalidade e opiniões.

  • [..] Se me amásseis, certamente exultaríeis porque eu disse: Vou para o Pai; porque meu Pai é maior do que eu. (João 14:28, Almeida Revisada)
  • “Desci do céu, não para fazer a minha vontade, mas a vontade daquele que me enviou.” (João 6:38).
  • “O que eu ensino não é meu, mas pertence àquele que me enviou.” (João 7:16, Tradução do Novo Mundo)
  • Mas daquele dia e hora ninguém sabe, nem os anjos que estão no céu, nem o Filho, senão o Pai. (Marcos 13:32, Almeida Revisada)
  • Se alguém disser alguma palavra contra o Filho do homem, isso lhe será perdoado; mas se alguém falar contra o Espírito Santo, não lhe será perdoado, nem neste mundo, nem no vindouro. (Mateus 12:32, Almeida Revisada)
  • [..] meu julgamento é justo, pois não procuro agradar a mim mesmo, mas àquele que me enviou” (João 5:30, Nova Versão Internacional)
  • Porque, ainda que haja também alguns que se chamem deuses, quer no céu quer na terra (como há muitos deuses e muitos senhores), Todavia para nós há um só Deus, o Pai, de quem é tudo e para quem nós vivemos; e um só Senhor, Jesus Cristo, pelo qual são todas as coisas, e nós por ele. (1 Coríntios 8:5,6 Almeida Revisada)

Impacto cultural e toponímico

Diversas localidades ao redor do mundo foram nomeadas em homenagem à Doutrina da Santíssima Trindade, tais como a República de Trindade e Tobago, diversas localidades chamadas Trinity em países de língua inglesa e, no Brasil, os municípios de Trindade (Goiás) e Trindade (Pernambuco).[carece de fontes]

O município goiano de Trindade se originou e cresceu graças à devoção dos católicos sertanejos a um medalhão representando a Santíssima Trindade que foi encontrado por acaso um dos camponeses da região no século XIX.[64] Com o tempo, esse município tornou-se referência em turismo religioso aos devotos da Trindade Santa de todo o Brasil.

Ver também

Referências

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    1.  McGrath, Alister E. Christian Theology: An Introduction Blackwell, Oxford (2001) p.324. (em inglês)
    1.  Kelly, J.N.D. Early Christian Doctrines A & G Black (1965) p. 88. (em inglês)
    1.  Emery, Gilles, O.P.; Levering, Matthew, eds. (2012). The Oxford Handbook of the Trinity (em inglês). [S.l.: s.n.] ISBN 978-0199557813
    1.  Holmes, Stephen R. (2012). The Quest for the Trinity: The Doctrine of God in Scripture, History and Modernity (em inglês). [S.l.: s.n.] ISBN 9780830839865
    1.  Tuggy, Dale (verão de 2014), «Trinity (History of Trinitarian Doctrines)»Stanford Encyclopedia of Philosophy (em inglês)
    1.  Lucas 3:22 e Mateus 3:17
    1.  Mateus 28:19
    1.  Colossenses 2:3
    1.  Mateus 28:18
    1.  Mateus 28:20
    1.  Marcos 2:5-7; conferir a afirmação de Isaías 1:18
    1.  João 10:28
    1.  João 17:21-22
    1.  Atos 5:3-4
    1.  I Coríntios 2:10-11
    1. ↑ Ir para:a b I Coríntios 12:11
    1.  João 14:10
    1.  João 16:13
    1.  Romanos 8:2
    1.  João 16:14
    1.  Lucas 12:12
    1.  Hebreus 3:7 e 1 Pedro 1:11-12
    1.  Apocalipse 2:7,11,17,29; 3:6,13,22
    1. ↑ Ir para:a b João 15:26
    1.  João 14:26
    1.  II Coríntios 3:17
    1.  Atos 2:22-36
    1.  Romanos 9:5; Tito 2:13
    1.  João 14:16
    1.  II Coríntios 13:13
    1.  «Texto completo de I Clemente» (em inglês). Early Christian writings. Consultado em 5 de fevereiro de 2011
    1.  Philippe Bobichon, “Filiation divine du Christ et filiation divine des chrétiens dans les écrits de Justin Martyr” in P. de Navascués Benlloch, M. Crespo Losada, A. Sáez Gutiérrez (dir.), Filiación. Cultura pagana, religión de Israel, orígenes del cristianismo, vol. III, Madrid, 2011, pp. 337-378.
    1.  J. Cabral, Em: Religiões, Seitas e Heresias à Luz da Bíblia citando Castex, Ed. Universal Produções, RJ, 5 edição
    1.  J. Cabral, Em: Religiões, Seitas e Heresias à Luz da Bíblia citando Castex, Ed. Universal Produções, RJ, 5 edição, pg. 180
    1.  Grillmeier, Aloys, 1975. Christ in Christian Tradition, Volume One, pg 126
    1.  Grillmeier, Aloys, 1975. Christ in Christian Tradition, Volume One, pg 431
    1.  A paralavra entre colchete é adendo ao seu real significado, visto que SENHOR na forma versalete era a tradução para o YHVH
    1.  Termo diversas vezes utilizado para a figura salvífica de Jesus
    1. ↑ Ir para:a b J. Cabral, Em: Religiões, Seitas e Heresias à Luz da Bíblia, Ed. Universal Produções, RJ, 5 edição, pg 186
    1.  Alden, Robert L. (1980) “Adon”; Theological Wordbook of the Old Testament 1:13. Chicago: Moody Press.
    1.  Scott, Jack B. (1980) “Elohim”; Theological Wordbook of the Old Testament 1:44.
    1.  Jo 16:27b-28a
    1.  Efésios 1:21, Filipenses 2:29
    1.  Jo 14:13-14
    1.  Jo 15:16
    1.  Heilen, E. “Adonai”; Enciclopedia Católica: “gramáticos hebreus, distinguem um plural virium, o virtutum“.
    1.  I Tm 6:15; Apocalipse 17:14; Apocalipse 19:16
    1.  «Advent Review». adventistas.ws
    1.  «Por que Trindade?». Guia online de Trindade-GO. Consultado em 27 de setembro de 2020

Bibliografia complementar

Nota: estas obras não foram usadas para redigir o texto.

Ligações externas

FONTE: Wikipedia

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