
Jesus Cristo com a cruz verde
“Eu sou a luz do mundo; quem me segue não andará em trevas, mas terá a luz da vida.” (Jo 8,12)
Ícone do Salvador de Cabelos Dourados
O Protótipo – Ícone de Khalki:
O Grande portão de Bronze do palácio de Constantinopla usado como entrada principal cerimonial, era conhecido como Portão de “Khalki” O nome, que significa “o Portão de Bronze”, foi dado a ele por causa dos portais de bronze ou das telhas de bronze dourado usadas em seu telhado.
O interior era ricamente decorado com mármore e mosaicos, e a fachada externa apresentava uma série de estátuas.
O mais proeminente era um ícone de Cristo, que se tornou um grande símbolo iconódulo durante a Iconoclastia Bizantina, e uma capela dedicada ao Ícone de Cristo Khalki foi erguida no século X ao lado do portão.
O próprio portão parece ter sido demolido no século XIII, mas a capela sobreviveu até o início do século XIX.
Sua exibição proeminente na própria entrada do palácio imperial o tornou um dos principais símbolos religiosos da cidade.
Consequentemente, sua remoção, em 726 ou 730, pelo Imperador Leão III, o Isaurico, foi uma grande declaração política e uma faísca para tumultos violentos na cidade, e marcou o início da proibição oficial de ícones no Império.
O ícone foi restaurado pela primeira vez pela Imperatriz Irene em 787, até ser novamente removido por Leão V, o Armênio e substituído por uma cruz simples.
Após a restauração definitiva da veneração dos ícones em 843, um ícone em mosaico do famoso monge iconódulo e artista Lázaro o substituiu, sendo anexado a cruz iconoclasta de Leão V.
Essa conjunção se tornou um “cânon” dos Ícones chamados de Khalki, aonde Cristo é representado com uma cruz atrás de sua cabeça no lugar do halo.
Assim como a imagem original, imagens posteriores de Cristo do tipo Khalki tinham semântica protetora (incluindo a proteção da cidade) e eram frequentemente reproduzidas nos portões ou no nártex do templo.
O Salvador dos cabelos dourados:
Não sabemos como o ícone Khalki chegou a Rus’, ele rapidamente se tornou popular e ganhou estilos próprios no século XII-XIV com a Escola de Novgorod como o Mandylion de Novgorod e o “Salvador de Cabelos Dourados”.
“O Salvador de Cabelos Dourados” recebeu esse nome devido à representação especial dos cabelos de Cristo com ouro.
Tradicionalmente, eles são pintados com linhas marrons sobre uma base dourada, o que os faz parecer completamente dourados.
Jesus Cristo é retratado no ícone na altura dos ombros e com auréola (o cânone padrão não possuí a auréola), com os ombros quase completamente cortados pelas bordas.
Uma cruz verde fica atrás da cabeça de Jesus, as vestes e o fundo do ícone são decorados com medalhões dourados estilizados.
Isso está ligado à ideia do Salvador como o Rei dos reis e o Todo-Poderoso. As inscrições nos medalhões — “IC”, “XC” — são as iniciais do nome Jesus Cristo, ЦРЬ СЛВЫ (Rei da Glória).
As letras gregas dentro da cruz, O, N, significam “Eu sou”.
O cabelo de Jesus é pintado com um auxiliar de ouro (o auxiliar na iconografia são traços de folhas de ouro ou prata nas dobras das roupas, penas, asas de anjos, em bancos, mesas, tronos, cúpulas, simbolizando a presença da luz Divina, substituindo lacunas).
A cabeça de Cristo está ligeiramente virada, seu olhar direcionado para cima e para o lado.
Sua expressão facial é distinguida pela tristeza, e o ouro do fundo e do cabelo criam a sensação de Cristo irradiando luz divina.
A abundância de ouro no ícone denota “o esplendor de Sua glória após a Ressurreição, a luz Divina que precedeu a criação e brilhará para os justos no Reino da era vindoura.
Fonte: Texto adaptado do verbete “Salvador de Cabelos Dourados”
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