Jesus Cristo Emanuel abençoando – Holy Monastery Dormition of Theotokos Zerbitsis, Lakonia, Greece

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JESUS CRISTO EMANUEL

(Ícone, séc. XVI)

O CRISTO EMANUEL

(Ícone, séc. XVI)

Deus está conosco, sabei-o até os confins da terra,

*Porque Deus está conosco!

Escutai até os confins da terra,

*Porque Deus está conosco!

Mesmo se sois fortes, sereis quebrantados,

*Porque Deus está conosco! De novo fortes, sereis de novo quebrantados,

*Porque Deus está conosco! E qualquer projeto que fizerdes o Senhor o quebrantará,

*Porque Deus está conosco! E qualquer plano que fizerdes ficará sem efeito,

Porque Deus está conosco! O vosso terror não nos aterrorizará nem terá efeito sobre nós,

*Porque Deus está conosco!

Nós consideramos como santo o Senhor Deus, e ele será para nós temor,

*Porque Deus está conosco!

Se tenho fé nele, ele me será de santificação,

*Porque Deus está conosco! Eis-me e os filhos que me deu o Senhor,

*Porque Deus está conosco!

O povo que caminhava nas trevas viu uma grande luz, *Porque Deus está conosco!

A vós que habitais no lugar e na sombra da morte uma luz brilhará, *Porque Deus está conosco!

Porque um menino nos nasceu, um filho nos foi dado,

*Porque Deus está conosco! Sobre seus ombros repousa a realeza e à sua paz não haverá limite,

*Porque Deus está conosco!

do grande conselho, Conselheiro admirável,

Ele se chamará Anjo *Porque Deus está conosco!

Deus poderoso, soberano, Príncipe da paz, Pai do século futuro, *Porque Deus está conosco!

LITURGIA GREGA, Grande Completa através do ano litúrgico, especialmente na festa da Anunciação, que mostra a realização da profecia de Isaías, e também no período natalino. Este último período, com o aparecimento sobre a terra do Deus-Verbo sob a forma de Menino, revela de modo concreto a mesma profecia de Isaías sobre o Emanuel.

E é no contexto natalino que se leem e se comentam os textos de Isaías referentes ao Emanuel. O texto seguinte, por exemplo, é lido nas Grandes Horas da Vigília do Natal e também nas Grandes Vésperas, entre as Profecias da mesma festa:

Um menino nos nasceu, um filho nos foi dado, ele recebeu o poder sobre seus ombros, e lhe foi dado este nome: “Conselheiro maravilhoso, Deus forte, Pai eterno, Príncipe da paz”, para que se multiplique o seu poder, assegurando o estabelecimento de uma paz sem fim sobre o trono de Davi e sobre o seu reino, firmando-o, consolidando-o sobre o direito e sobre a justiça.

Desde agora e para sempre, o zelo do Senhor dos Exércitos fará isto (Is 9,5-6).

O mesmo texto é retomado também na Grande Completa.

Ora, esta é reservada ao período quaresmal, mas também à Vigília do Natal.

O texto, combinado com os últimos versículos do precedente cap. 8 do mesmo Isaías, constitui um texto cantado pelos coros e que colocamos defronte à imagem.

O refrão, repetido depois de cada verso, é “Porque Deus está conosco”, que transforma o nome hebraico “Emanuel” com o seu significado “Deus conosco” num grito de alegria e de vitória.

Com efeito, no Natal realiza-se a profecia de Isaías: “Pois o Senhor mesmo vos dará um sinal: Eis que a virgem conceberá e dará à luz um filho e por-lhe-á o nome de Emanuel” (Is 7,14). No Kondakion da festa, Romano, o Melodista, comentando o prodigioso acontecimento, fala da “Virgem que concebe hoje aquele que está acima de toda essência”, e proclama o “tenro Menino como o Deus de antes dos séculos”.

Em outro hinos compostos para a mesma festa, Romano põe nos lábios de Maria: “Vendo inviolado o limiar da minha virgindade, eu proclamo que és o Verbo imutável feito carne”. No Cânon, do mesmo dia, de Cosme, o Melodista, canta-se: “Contemplo um mistério maravilhoso e paradoxal: a gruta é um céu, trono querubico é a Virgem, a manjedoura um berço em que é colocado Cristo, Deus incontido”.

Um dos numerosos Megalinaria cantados nas Matinas, por sua vez, assim se exprime: “Hoje o Mestre é dado à luz como Menino por uma Mãe Virgem”.

No dia 26 de dezembro, dia seguinte ao Natal, festa da Maternidade divina de Maria, cujo ícone é o da “Senhora com o Menino”, os textos assim descrevem Maria: “Exultai, ó justos; céus, alegrai-vos; montes, saltai para o Cristo nascido. A Virgem está sentada, imitando os Querubins, levando sobre o seio o Deus Verbo encarnado”.

Assim o Menino nascido não é um simples Menino, mas o Verbo preexistente como Deus no seio da Trindade, que encarnando-se tornou-se também homem como nós.

Este fato é expresso iconograficamente quer pelo aspecto de adulto dado ao Menino, quer pelas inscrições que visam a apresentar o Menino na riqueza dos seus atributos.

Reproduzimos, para terminar, este pequeno poema de Ana Comnena, célebre escritora bizantina do séc. XII, falecida pouco de- pois de 1150. Com o olhar fixo numa imagem do Cristo-Emanuel, ela assim interpela o Menino:

De que modo o pintor ousa pintar como criança a ti que és eterno por natureza, ó Verbo; e revelando ao mesmo tempo o teu aspecto terreno, me leva a olhar com temor o teu aspecto divino! E eu tremo e não tenho coragem de olhar.

E de que modo tu, que és sem mãe, eterno por natureza, apareceste sem pai no tempo extremo! Mas tu, ó pintor, admirado com a dupla natureza do Filho, pinta e não hesites de modo algum: ele conserva ambas as naturezas inconfusamente.

Fonte: Ícones de Cristo – História e Culto – Georges Charib – Edit. Paulus

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Descrição detalhada:

O ícone aqui reproduzido, de pequeno formato (26 x 21 cm), representa Jesus Menino na tipologia canônica do Emanuel. Vê-se apenas o rosto de Jesus com o pescoço e os ombros. Tem os cabelos curtos e anelados, que deixam entrever por inteiro as orelhas; sobre a alta fronte pendem oito cachos de cabelos.

Do alto do curto nariz se repartem as sobrancelhas bem marcadas que enquadram os olhos grandes e bem abertos fixos no observador.

A boca pequena acentua a redondeza do queixo, que quase se confunde com o pescoço e os ombros largos, cobertos pela faixa dourada. O fundo do ícone está coberto por placas de metal elegantemente ornado de motivos florais; as placas largas formam uma moldura que enquadra a figura de Cristo.

O rosto é rodeado de uma larga auréola trabalhada em filigrana de ouro e ornada de três pedras preciosas de cores diversas. Faltam, nas placas de metal, os digramas do nome de Jesus; falta também na auréola o sagrado trigrama do nome de Deus, substituído pelas três pedras preciosas cuja posição sugere a cruz habitual.

A única inscrição é a que se vê à esquerda, sobre a placa perpendicular: é o nome abrevia- do de EMANUEL, não se sabe se na sua forma eslava ou grega.

O pequeno formato do ícone o indica como ícone de devoção, destinado ou a ser exposto para ser venerado em casa como ícone de família.

Inclinamo-nos para esta última indicação, já que o nome Emanuel (também na sua forma abreviada MANUEL) é um nome freqüentemente dado aos bebês, sejam meninos sejam meninas.

Um exemplo célebre encontramos na dinastia imperial bizantina dos Ângelo-Comneno. Um deles, Manuel I Comneno (1143-1180), se notabilizou pelo fato de ter usado a figura do Cristo-Emanuel nas suas moedas, com evidente referência ao seu nome recebido no batismo.

A Liturgia bizantina não possui uma festa específica do Cristo- Emanuel. Mas quem tem este nome encontra na liturgia vários hinos.

Fonte: Vida de Cristo em Ícones

Capítulo 9. Da mocidade de Jesus. Sua permanência em Jerusalém onde ensina aos doutores da lei e é encontrado pelos pais no Templo

VIDA,  PAIXÃO  E  GLORIFICAÇÃO  DO  CORDEIRO  DE  DEUS”:    As meditações de Anna Catharina Emmerich (1820-1823)

Visto que a Escritura Sagrada pouco relata da infância de Jesus, deve ser de grande interesse para nós o que Anna Catharina Emmerich nos conta dessa época, descrevendo como o nosso Divino Salvador passou a infância e mocidade.

“Vi a Sagrada Família, constituída pelas três pessoas Jesus, Maria e José, desde o décimo até o vigésimo ano de Jesus, morar duas vezes em casa alugada, com outras famílias; do vigésimo ao trigésimo ano de Cristo, vi-a morar sozinha numa casa.

Havia na casa três quartos separados: o da Mãe de Deus era o mais espaçoso e agradável e nesse se reuniam também os três membros da Família para a oração; fora disso, raramente os vi juntos.

Durante a oração ficavam em pé, as mãos cruzadas sobre o peito; pareciam rezar alto. Vi-os rezar muitas vezes de noite, à luz do candeeiro. Todos dormiam separados nos respectivos quartos. Jesus passava a maior parte do tempo no seu quarto.

José carpintejava no seu; vi-o talhar varas e ripas, polir peças de madeira ou, de vez em quando, trazer uma viga. Jesus ajudava-o no trabalho. Maria ocupava-se muito com trabalhos de costura ou certa espécie de ponto de malha, com varinhas.

Vi Jesus cada vez mais recolhido, entregue à meditação, à proporção que se lhe aproximava o tempo da vida pública.

Até os dez anos prestava aos pais todos os serviços que podia; era também amável, serviçal e obsequiador para com todos na rua e onde quer que se lhe oferecesse ocasião.

Como menino, era modelo para todas as crianças de Nazaré. Amavam-no e receavam desagradar-lhe.

Os pais dos companheiros, censurando os maus costumes e as faltas dos filhos, costumavam dizer-Ihes: “Que dirá o filho de José, se lhe contar isso? Como ficará triste!” Às vezes se Lhe queixavam dos filhos, na presença destes, pedindo:

“Dize-lhe que não façam mais isso ou aquilo!” E Jesus aceitava-o de maneira infantil, como brincadeira, rogando aos amigos carinhosamente que procedessem de tal ou tal modo; rezava também com eles pedindo ao Pai Celeste força para se corrigirem, persuadia-os a confessarem sem demora as faltas e a pedirem perdão.

Jesus tinha figura esbelta e delicada, rosto oval e alegre, a tez sadia, mas pálida. O cabelo liso, de um louro arruivado, repartido no alto da cabeça, pendia-lhe da testa, franca e alta, sobre os ombros. Vestia uma túnica comprida, de cor parda acinzentada, inteiramente tecida, que lhe chegava até os pés; as mangas eram um pouco mais largas nas mãos.

Aos oito anos foi Jesus pela primeira vez a Jerusalém, para a festa da Páscoa e depois ia todos os anos.

Quando Ele veio a Jerusalém, na idade de doze anos, possuía já muitos conhecidos na cidade.

Os progenitores costumavam andar com os conterrâneos nessas viagens e, como fosse já a quinta romaria de Jesus, sabiam que sempre andava em companhia dos jovens de Nazaré.

Desta vez, porém, na volta, se separara dos companheiros, perto do monte das Oliveiras, pensando estes que fosse juntar-se aos pais. Mas, quando chegaram a Gophna, notaram Maria e José a ausência de Jesus e tornaram-se muito inquietos. Voltaram imediatamente, procurando-o pelo caminho e em Jerusalém; mas não o acharam logo.

Nosso Senhor se havia dirigido, com alguns rapazes, a duas escolas da cidade; no primeiro dia, a uma; no segundo, a outra.

No terceiro dia, fora de manhã a uma terceira escola, e de tarde ao Templo, onde o acharam os pais. Jesus pôs os doutores e rabinos de todas as escolas, em tal estado de admiração e de embaraço, pelas suas

Perguntas e respostas, que resolveram humilhar o Menino, por intermédio dos rabinos mais doutos, na tarde do terceiro dia, em auditório público, interrogando-o sobre diversas matérias. Vi Jesus sentado numa cadeira grande, rodeado de numerosos judeus velhos, vestidos como sacerdotes.

Escutavam atentamente e pareciam estarem furiosos.

Como o Senhor houvesse alegado, nas escolas, muitos exemplos da natureza, das artes e ciências, para demonstrar as suas respostas, reuniram-se conhecedores de todas essas matérias.

Começando estes, pois, a discutir com Jesus, entrando em pormenores, objetou-Ihes que tais coisas não se deviam discutir no Templo; queria, porém, lhes responder por ser isso vontade de Deus.

Falou então sobre medicina, descrevendo todo o corpo humano, como ainda não o conheciam os sábios; discorreu sobre astronomia, arquitetura, agricultura, geometria, matemática, jurisprudência e sobre tudo que lhe foi proposto.

Deduziu tudo isso tão claramente da Lei e da promissão, das profecias do Templo, dos mistérios do culto e dos sacrifícios, que uns não se fartavam de admirar e outros ficavam, ora envergonhados, ora zangados e afinal todos se tornaram furiosos, porque lhes dissera Nosso Senhor coisas de que nunca haviam tido conhecimento, nem tão clara compreensão.

Já havia ensinado desse modo algumas horas, quando José e Maria chegaram ao Templo, para se informarem, com Levitas conhecidos, à respeito do Filho.

Não se deve supor que Jesus acompanhasse os pais pela primeira vez a Jerusalém, quando tinha 12 anos.

O santo Evangelista Lucas diz apenas: E os pais iam todos os anos a Jerusalém, no dia solene da Páscoa.

E quando Jesus tinha doze anos, subiram a Jerusalém, segundo o costume do dia de festa. E, acabados os dias que esta durava, quando voltaram para casa, ficou o Menino Jesus em Jerusalém, sem que os pais o advenissem. (Luc. 2,41-43).

S. Lucas não diz, portanto, de nenhum modo, que era a primeira vez que Jesus acompanhava os pais a Jerusalém. Não haveria ele mencionado nem essa viagem, nem as dos outros anos, se não houvessem acontecido coisas importantes, que era, desejável transmitir à posteridade.

Que o Menino Jesus fizesse essa viagem de Nazaré a Jerusalém a pé, com oito anos, não se pode estranhar, pois que os meninos do Oriente, como, em geral, os dos países cálidos, se desenvolvem mais cedo, corporal e espiritualmente, do que nos países frios. Jesus já fizera nessa idade a viagem do Egito a Nazaré, viagem muito mais longa e penosa.

Devia ser até estranho e inexplicável que o Menino Jesus não houvesse tomado parte nas romarias anuais a Jerusalém, dos oito aos doze anos. Pelo contrário, explica-se fácil e satisfatoriamente a confiança de Maria e José para com o Menino de doze anos, se este fazia aquela viagem, não pela primeira, mas pela quinta vez.

Então souberam que se achava com os doutores da lei no auditório. Como fosse um lugar em que não Ihes era permitido entrar, mandaram um dos levitas chamar Jesus.

Este, porém, Ihes mandou dizer que primeiro queria acabar o trabalho. Magoou muito a Maria o não vir Ele logo.

Era a primeira vez que fazia saber aos pais que as ordens destes não eram as únicas que tinha a cumprir.

Ensinou ainda uma boa hora e, só depois de todos estarem refutados, envergonhados e em parte zangados, foi que saiu do auditório e se dirigiu ao átrio de Israel e das mulheres, para se encontrar com os progenitores. José, retraído e admirado, nada disse; Maria, porém, encaminhou-se para Ele, dizendo:

“Filho, porque nos fizeste isso? Olha que teu pai e eu te andávamos procurando, cheios de aflição.” Mas Jesus, ainda muito sério, disse: Por que me procuráveis? Não sabeis que me devo ocupar das coisas de meu Pai?”

Eles, porém, não compreenderam essas palavras e partiram com Ele, sem demora, de volta a Nazaré.

A doutrina de Jesus produziu grande sensação entre os doutores da lei; mas estes guardaram silêncio sobre o acontecimento, falando só de um menino presunçoso, a quem haviam repreendido, que possuía bom talento, mas precisava ainda ser educado e polido.”

Jesus, ficando em Jerusalém, não teve nenhuma intenção de afligir os pais; teve em mira só a vontade do Pai Celeste, que lhe inspirou ficar, para revelar a divina sabedoria.

Por isso, mostrou nas escolas e no Templo um saber maior que o natural. Como menino de doze anos, ainda não freqüentara nenhuma escola, mas já se apresentava como mestre dos doutores.

Oxalá tivessem ouvido e recebido a doutrina com coração suscetível! Mas, vaidosos de seu saber, não queriam ser ensinados; antes quiseram humilhá-Io, propondo-Lhe perguntas difíceis, às quais, como supunham, não poderia responder.

Mas foram eles mesmos que ficaram humilhados pelas sábias respostas de Jesus e por isso se enraiveceram contra Ele.

Recusaram-se a ver a luz que os iluminava.

Uma estrela milagrosa anunciara o nascimento do Messias; mas o povo escolhido não se importara com tal fato, nem recebera o Salvador.

O Menino Jesus fez brilhar a sua luz no Templo; mas as autoridades do povo, os sacerdotes e doutores fecharam propositadamente os olhos a essa luz. Por isso Ihes será tirada: cada ano, voltará o Salvador ao Templo; mas não ensinará mais publicamente, até que, chegado à idade madura, percorrerá todas as regiões da Palestina, pregando sua doutrina divina a todo o povo.

Então se apresentará de novo no Templo, exclamando, em alta voz:

“Eu sou a luz do mundo.” Jerusalém, se ao menos nesse dia o conhecesses!

Capítulo 10. A vida do Senhor, até o começo de suas viagens apostólicas

Depois de voltar de Jerusalém, viveu Jesus, até a idade de trinta anos, com Maria e José, em paz e recolhimento, na pequena casa de Nazaré.

Nem a Escritura Sagrada, nem a tradição nos transmitem pormenores dessa época; o Evangelho diz apenas:

“E era-Ihes (aos pais) submisso.” (Luc. 2, 51). Também Anna Catharina Emmerich conta pouco dessa fase da vida de Jesus. Ouçamos os fatos principais:

“Depois de Jesus ter voltado a Nazaré, vi preparar-se uma festa, em casa de Sant’ Ana, onde todos os moços e moças, parentes, e amigos de Jesus, se reuniram.

Nosso Senhor era a pessoa principal dessa festa, à qual estiveram presentes 33 meninos, todos futuros discípulos do Salvador. Ele os ensinou e contou-Ihes uma belíssima parábola de núpcias nas quais a água seria mudada em vinho e os convidados indiferentes em amigos fiéis; depois Ihes falou de outras bodas, nas quais o vinho seria mudado em sangue e o pão em carne; e esta boda permaneceria com os convidados, até o fim do mundo, como consolação e conforto e como vínculo vivo de união.

Disse também a Natanael, jovem parente seu: “Estarei presente às tuas bodas.”

Desde esse tempo, Jesus sempre foi como que o mestre dos compa-nheiros. Sentava-se-Ihes no meio, contando ou ensinando, ou passeava com eles pelos campos.

Aos 18 anos, começou a ajudar a S. José na profissão. Dos vinte aos trinta anos, teve muito que sofrer, por secretas intrigas dos judeus. Estes não podiam suportá-Io, dizendo, com inveja, que o filho do carpinteiro queria saber tudo melhor.

Na época em que começou a vida pública, tornou-se cada vez mais solitário e meditativo. Quando Jesus se aproximava dos trinta anos, tornou-se José cada vez mais fraco. Vi Jesus e Maria mais vezes em companhia dele. Maria sentava-se-Ihe ao lado do leito, de quando em quando.

Quando José morreu, estava Maria sentada à cabeceira da cama, segurando-o nos braços; Jesus se achava em frente, junto ao peito do moribundo. Vi o quarto cheio de luz e de Anjos.

O corpo de José foi envolvido num largo pano branco, com as mãos postas abaixo do peito, deitado num caixão estreito e depositado numa bela gruta sepulcral, perto de Nazaré, gruta a qual recebera como doação de um homem bom.

Além de Jesus e Maria, foram poucos os que acompanharam o caixão; vi-o, porém, acompanhado de Anjos e rodeado de luz.

O corpo de José foi levado mais tarde pelos cristãos para um sepulcro perto de Belém. Julgo vê-Io jazer ali, ainda hoje, em estado Incorrupto.

José teve de morrer antes de Jesus, pois, sendo muito fraco e amoroso, não lhe teria sobrevivido à crucificação. Já sentira profundamente as perseguições que o Salvador teve de sofrer, dos vinte aos trinta anos, pelas repetidas maldades secretas dos judeus.

Também Maria havia sofrido muito com essas perseguições. É indizível com que amor o jovem Jesus suportava as tribulações e intrigas dos judeus.

Depois da morte de José, Jesus e Maria se mudaram para uma aldeia situada entre Cafamaum e Betsaida, em que um homem chamado Leví ofereceu uma casa a Jesus.

Maria de Cleofás, que, com o terceiro marido, vivia na casa de Sant’Ana, perto de Nazaré, mudou-se para a casa de Maria, em Nazaré. Vi Jesus e Maria irem de Cafarnaum para lá e creio que Maria ficou ali, pois havia acompanhado Jesus a Cafarnaum.

Entre os moços de Nazaré Jesus já tinha muitos adeptos; mas sempre o abandonavam de novo. Andava com eles pelas regiões marginais do lago e também em Jerusalém, pelas festas. A família de Lázaro, em Betânia, era também já conhecida de Jesus.”

Capítulo 11. As viagens apostólicas de Jesus, antes do seu Batismo no Jordão

Segundo as narrações de Anna Catharina Emmerich, o Divino Salvador já fizera, antes do seu Batismo, diversas viagens longas através da Palestina começando a pregar em público sua doutrina.

Essas viagens tinham um fim preparativo. Por toda parte exortava os homens a que recebessem o Batismo de João, em espírito de penitência e ensinava que o Messias devia aparecer por aqueles dias. Que Ele mesmo era o Messias, não o dizia por enquanto.

Admiravam-no como homem sábio e por suas qualidades espirituais e corporais; ficavam surpreendidos pelos seus feitos milagrosos… mas não chegavam a conhecer-lhe a divindade, pois os judeus tinham opinião muito errada, a respeito do Messias e do seu reino.

Julgavam-no um rei vitorioso, que fundaria um poderoso reino; Jesus, porém, aos seus olhos, era apenas o “filho do carpinteiro.”

Anna Catharina viu Jesus primeiro indo de Cafarnaum a Hebron, por Nazaré e Betânia, onde se hospedou em casa de Lázaro.

Visitou o deserto, onde Isabel escondera o menino João e, voltando a Hebron, começou a visitar os enfermos, consolando-os e aliviando-os. Os possessos tornavam-se sossegados perto dele.

De Hebron, foi Jesus à foz do Jordão, no Mar Morto, atravessou-o, para a outra banda, dirigindo-se à Galiléia. Passou por Dathaim, cerca de quatro léguas distante de Samaria, onde, numa casa grande, vi viam muitos possessos, que ficaram furiosos à aproximação de Nosso Senhor; quando, porém, Ihes falou, tornaram-se inteiramente calmos e voltaram para a sua terra.

Em Nazaré, Jesus visitou os conhecidos de seus pais mas foi, em toda parte, recebido com frieza e, querendo ensinar na sinagoga, não Lho permitiram.

Falou, porém, na praça pública, diante de grande multidão de povo, sobre o Messias e João Batista.

Depois foi com Maria a Cafarnaum e dali novamente, de aldeia em aldeia, passando pelas sinagogas, para ensinar, consolando e socorrendo os enfermos.

Esteve em Caná, depois à beira do Mar da Galiléia, onde expulsou o demônio de um possesso. Pedro pescava ali, Jesus falou com André e outros.

Partindo do lago, com seis a doze companheiros, tomou o caminho de Sidônia, à beira-mar, passando pela montanha do Líbano; nessa cidade deixou os companheiros e foi a Sarepta e ensinou as crianças e muitas vezes se retirava a uma pequena floresta, perto da cidade, para rezar sozinho.

Depois de voltar a Nazaré, ensinou também na sinagoga: como, porém, surgisse descontentamento e murmuração contra Ele, declarou aos amigos que ia a Betsaida. Ali ensinou e, do mesmo modo, em Cafarnaum, percorrendo assim toda a Baixa-Galiléia.

Em Séforis, curou cerca de cinqüenta lunáticos e possessos; por causa disso se deu um tumulto na cidade, de maneira que Jesus teve de fugir, escondendo-se numa casa para abandonar a cidade de noite.

Maria que com outras piedosas mulheres, estava presente, afligiu-se muito vendo-O, pela primeira vez, perseguido à viva força.

Em Betúlia, Jesus foi recebido e tratado amistosamente, como também em Kedes e Kision. Celebrou o Sábado em Jezrael, com os Nazarenos, que faziam votos e viviam uma vida de mortificações e austeridades.

Tendo depois exortado os publicanos de um lugar, na estrada real de Nazaré, a que não exigissem mais do que os direitos justos, ensinou em Kisloth, ao pé do monte Tabor, sobre o Batismo de João.

Os fariseus deram-lhe um banquete, para espiá-Io e examinar-lhe a doutrina.

Havia, porém, na cidade um costume e direito antigo, segundo o qual os pobres deviam ser convidados aos banquetes que fossem oferecidos a forasteiros.

Sentando-se, pois, à mesa, Jesus perguntou logo aos fariseus onde estavam os pobres e mandou os discípulos chamá-Ios, pelo que ficaram os fariseus muito zangados.

Ainda na mesma noite partiu de Kisloth e chegou, pela tarde do dia seguinte, a Kimki, aldeia de pastores.

Quando ensinou na sinagoga, levantaram-se contra Ele os fariseus, provocando um tumulto, Jesus continuou seu caminho, de noite, indo pela estrada real, até um lugarejo perto de Nazaré, habitado por pastores.

Ali curou dois leprosos, mandando-os lavar-se com a água na qual Ele havia banhado os pés.

Cerca de um quarto de légua antes de chegar a Nazaré, entrou Jesus na casa de um Esseno, chamado Eliud, com o qual rezou e conversou com grande intimidade, sobre a sua missão e o mistério da Arca da Aliança.

Explicou-lhe como aceitara um corpo humano do germe da bênção, que Deus tirara de Adão, antes do primeiro pecado; que viera para salvar os homens, os quais se lhe mostrariam muito ingratos.

A Virgem Santíssima veio com Maria de Cleófas a Jesus, suplicando-lhe que não fosse a Nazaré, pois o povo estava irritado.

Ele respondeu que esperaria só os companheiros que com Ele queriam ir a João Batista e depois passaria por Nazaré. Maria voltou a Cafarnaum. Jesus, porém, encaminhou-se com Eliud, pelo vale de Esdrelon, à cidade de Endor, pregando aí na praça pública sobre o Batismo de João e sobre o Messias.

Os habitantes de Endor não eram propriamente judeus, mas antes escravos refugiados. Na tarde do terceiro dia voltou com Eliud e foi a Nazaré, onde ensinou na escola e sinagoga, falando de Moisés e explicando profecias sobre o Messias.

Mas, como falasse de tal modo que os fariseus puderam concluir que se referia a eles mesmos, enraiveceram-se contra Ele, censurando-lhe as relações com publicanos e pecadores, como também o fato de abençoar muitas crianças, a pedido das mães.

Na escola, lhe propuseram muitas perguntas intrincadas, mas Jesus reduziu todos os doutores ao silêncio.

Ao legista perito respondeu com a lei de Moisés; ao médico, falou das doenças e do corpo humano, revelando conhecimentos por aquele inteiramente ignorados; aos astrônomos, ensinou o curso dos astros; discorreu também sobre comércio e indústria.

Três jovens ricos pediram para ser recebidos como discípulos, Ele, porém, os recusou com tristeza, porque não pediram com intenção sincera.

O Senhor enviou os discípulos, que então eram nove, a João, a quem mandou anunciar a sua vinda. Ele próprio, porém, acompanhado por Eliud, foi de Nazaré primeiro a Chim, curou ai um morfético e continuou depois o caminho pelo vale de Esdrelon. Nessa noite, no caminho, Jesus se mostrou a Eliud em gloriosa transfiguração e na manhã seguinte, o Senhor o mandou voltar para casa.

Jesus continuou o caminho; passando ao pé do monte Garizim, perto de Samaria, chegou à cidade de Gofna, onde o receoeram com respeito. Entrando na sinagoga, explicou o livro de um profeta e provou que o tempo do Messias devia haver chegado.

Depois veio a uma aldeia de pastores e lhe falaram do matrimônio ilícito de Herodes; Jesus censurou severamente o procedimento do rei, com o mesmo rigor condenou, em geral, os pecados da vida matrimonial.

Repreendeu, também alguns em particular, pela vida de adultério que levavam; a muitos disse os pecados mais ocultos, de modo que prometeram, com profunda contrição, fazer penitência.

De noite chegou Jesus a Betânia e hospedou-se em casa de Lázaro, onde Nicodemos, João, Marcos, Verônica e outros estavam reunidos.

Durante a refeição, disse Jesus que lhe ia chegar um tempo muito sério; que Ele estava para entrar em um caminho cheio de contrariedades e perseguições; que lhe ficassem fiéis, se queriam ser-lhe verdadeiros amigos.

No dia seguinte, Marta apresentou Jesus à irmã, chamada Maria Silenciosa. Jesus falou-lhe; conversaram sobre coisas divinas, Marta falou-lhe também, com grande tristeza, a respeito de Madalena; Jesus consolou-a.

A Mãe de Nosso Senhor veio também a Betânia, com algumas das santas mulheres. O divino Mestre falou-lhe carinhoso e sério, dizendo-

lhe que ia agora procurar João, para ser batizado e que depois teria de cumprir a sua missão; havia de amá-Ia como sempre, mas, daquele tempo em diante, devia viver e trabalhar para todos os homens.

Jesus seguiu então com Lázaro em direção a Jericó, para serem batizados; andou descalço pelo caminho pedregoso; até o lugar do Batismo, contavam-se cerca de nove léguas.

Christ Emmanuel

(Icon, 16th century)

God is with us, know it to the ends of the earth,

Because God is with us!

Listen to the ends of the earth,

Because God is with us!

Even if you are strong, you will be broken,

Because God is with us! Strong again, you will be broken again,

Because God is with us! And whatever plan you make, the Lord will break it,

Because God is with us! And any plan you make will be ineffective,

Because God is with us! Your terror will not terrify us or have any effect on us,

Because God is with us!

We consider the Lord God holy, and he will be our fear,

Because God is with us!

If I have faith in him, he will sanctify me,

Because God is with us! Here are me and the children that the Lord gave me,

Because God is with us!

The people who walked in darkness saw a great light, Because God is with us!

To you who dwell in the place and shadow of death, a light will shine, *Because God is with us!

For unto us a child was born, unto us a son was given

Because God is with us! On his shoulders rests royalty and to his peace there will be no limit

Because God is with us!

of the great council, admirable counselor

He will be called Angel,

Because God is with us!

Powerful, sovereign God, Prince of peace, Father of the future century, *Because God is with us!

GREEK LITURGY, Great Complete throughout the liturgical year, especially on the feast of the Annunciation, which shows the fulfillment of Isaiah’s prophecy, and also during the Christmas period. This last period, with the appearance on earth of the God-Word in the form of a Child, reveals in a concrete way the same prophecy of Isaiah about Immanuel.

And it is in the Christmas context that the texts of Isaiah referring to Immanuel are read and commented on.

The following text, for example, is read at the Great Hours of the Vigil of Christmas and also at Great Vespers, among the Prophecies of the same feast:

A child was born to us, a son was given to us, he received power upon his shoulders, and he was given this name: “Wonderful Counselor, Mighty God, Eternal Father, Prince of Peace”, so that his power may multiply, ensuring the establishment of an endless peace on the throne of David and on his kingdom, establishing it, consolidating it on right and justice. From now on and forever, the zeal of the Lord of hosts will do this (Is 9:5-6).

The same text is also used in Great Compline. Now, this is reserved for the Lenten period, but also for the Christmas Vigil.

The text, combined with the last verses of the preceding chapter. 8 of the same Isaiah, constitutes a text sung by the choirs and which we place in front of the image.

The refrain, repeated after each verse, is “Because God is with us”, which transforms the Hebrew name “Immanuel” with its meaning “God with us” into a cry of joy and victory.

In fact, at Christmas Isaiah’s prophecy comes true: “For the Lord himself will give you a sign: Behold, the virgin will conceive and give birth to a son and will call his name Immanuel” (Is 7 ,14).

In the Kondakion of the feast, Romanos the Melodist, commenting on the prodigious event, speaks of the “Virgin who today conceives him who is above all essence”, and proclaims the “tender Child as the God of before the ages”.

In another Kondakion composed for the same feast, Romano puts on Mary’s lips: “Seeing the threshold of my virginity inviolate, I proclaim that you are the immutable Word made flesh.”

In the Canon of the same day, by Cosmas the Melodist, it is sung: “I contemplate a marvelous and paradoxical mystery: the cave is a heaven, the cherubic throne is the Virgin, the manger is a cradle in which Christ, God, is placed uncontained.”

One of the numerous Megalinaria sung at Matins, in turn, is expressed: “Today the Master is given birth as a Child by a Virgin Mother”.

On December 26th, the day after Christmas, the feast of the divine Motherhood of Mary, whose icon is that of the “Lady and Child”, the texts describe Mary as follows:

“Rejoice, O righteous ones; heavens, rejoice; mountains, jump towards the born Christ.

The Virgin is seated, imitating the Cherubim, carrying the incarnate God the Word on her breast”.

Thus the Child born is not a simple Child, but the pre-existing Word as God within the Trinity, who, becoming incarnate, also became a man like us.

This fact is expressed iconographically both by the adult appearance given to the Boy and by the inscriptions that aim to present the Boy in the richness of his attributes.

We reproduce, to finish, this short poem by Ana Comnena, a famous Byzantine writer of the 19th century. XII, died shortly after 1150. With her gaze fixed on an image of Christ Emmanuel, she questions the Boy:

How dare the painter paint you as a child, who are eternal by nature, O Word; and revealing at the same time your earthly aspect, leads me to look with fear at your divine aspect!

And I tremble and don’t have the courage to look. And how did you, who are without a mother, eternal by nature, appear without a father in the extreme time!

But you, O painter, admired by the dual nature of the Son, paint and do not hesitate in any way: he preserves both natures without confusion.

Christ Emmanuel – full description

The icon reproduced here, small in size (26 x 21 cm), represents the Child Jesus in the canonical typology of Immanuel. You can only see Jesus’ face with his neck and shoulders.

He has short, curly hair, which fully shows his ears; over the high forehead hang eight bunches of hair. From the top of the short nose, there are well-marked eyebrows that frame the large, wide-open eyes fixed on the observer.

The small mouth accentuates the roundness of the chin, which almost blends in with the neck and broad shoulders, covered by the gold stripe.

The background of the icon is covered with metal plates elegantly decorated with floral motifs; the wide plates form a frame that frames the figure of Christ.

The face is surrounded by a wide halo worked in gold filigree and decorated with three precious stones of different colors. The metal plates are missing the diagrams of the name of Jesus.

The sacred trigram of God’s name is also missing from the halo, replaced by three precious stones whose position suggests the usual cross. The only inscription is the one seen on the left, on the perpendicular plaque: it is the abbreviated name of EMANUEL, it is not known whether in its Slavic or Greek form.

The small format of the icon indicates it as an icon of devotion, intended either to be displayed in the proskynitarion or to be venerated at home as a family icon. We lean towards this last indication, since the name Emanuel (also in its abbreviated form MANUEL) is a name frequently given to babies, whether boys or girls.

A famous example we find in the Byzantine imperial dynasty of the Angelo-Comnenos. One of them, Manuel I Komnenos (1143-1180), was notable for using the figure of Christ Emmanuel on his coins, with an evident reference to his name received at baptism.

The Byzantine Liturgy does not have a specific feast of Christ Immanuel. But whoever has this name finds vast echoes in the liturgy.

Source: Ícones de Cristo – História e Culto – Georges Charib – Edit. Paulus

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