Parábola do bom samaritano – Skaliotis Anargyros – Detalhe

Sobre a Obra

Parábola do bom samaritano – Skaliotis Anargyros – Detalhe

E, respondendo Jesus, disse: Descia um homem de Jerusalém para Jericó, e caiu nas mãos dos salteadores, os quais o despojaram, e espancando-o, se retiraram, deixando-o meio morto.

E, ocasionalmente descia pelo mesmo caminho certo sacerdote; e, vendo-o, passou de largo.

E de igual modo também um levita, chegando àquele lugar, e, vendo-o, passou de largo.

Mas certo samaritano, viajando, veio até ele e, vendo-o, foi movido de íntima compaixão;

E, aproximando-se, atou-lhe as feridas, deitando-lhes azeite e vinho; e, pondo-o sobre o seu animal, levou-o para uma estalagem, e cuidou dele;

E, partindo no outro dia, tirou dois dinheiros, e deu-os ao hospedeiro, e disse-lhe: Cuida dele; e tudo o que de mais gastares eu te pagarei quando voltar.

Qual, pois, destes três te parece que foi o próximo daquele que caiu nas mãos dos salteadores?

E ele disse: O que usou de misericórdia para com ele. Disse, pois, Jesus: Vai, e faze da mesma maneira. (Lc 10, 30-37).

Jesus o Bom Samaritano:

“Um dos anciãos quis interpretar a parábola da seguinte forma: O homem que descia é Adão.

Jerusalém é o paraíso e Jericó é o mundo.

Os ladrões são poderes hostis. O sacerdote é a Lei, o levita são os profetas e o samaritano é Cristo.

As feridas são a desobediência, a besta é o corpo do Senhor, o  estábulo, que aceita todos os que desejam entrar, é a Igreja. Além disso, os dois denários significam o Pai e o Filho.

O administrador do estábulo é o chefe da Igreja, a quem seu cuidado foi confiado.

E o fato de o samaritano prometer que retornará representa a segunda vinda do Salvador. (…)

Tudo isso foi dito de forma razoável e bela. Mas não devemos pensar que se aplica a todos os homens.

Pois nem todos os homens “descem de Jerusalém para Jericó”, nem todos habitam neste mundo presente por essa razão, mesmo que aquele que “foi enviado por causa das ovelhas perdidas da casa de Israel” tenha descido.

Portanto, o homem que “desceu de Jerusalém para Jericó” “caiu nas mãos de salteadores” porque ele próprio desejou descer.

Mas os salteadores não são outros senão aqueles de quem o Salvador diz: “Todos os que vieram antes de mim eram ladrões e salteadores”.

Mas ainda assim, ele não cai entre ladrões, mas entre salteadores, que são muito piores do que ladrões.

Ele caiu entre eles quando descia de Jerusalém.

“Eles o roubaram e o espancaram”.

Quais são os golpes? Quais são as feridas que feriram um homem? São vícios e pecados.

Então os ladrões, que o haviam despido e ferido, não socorreram o homem nu, mas o espancaram novamente e o abandonaram.

Por isso, a Escritura diz: “Eles o roubaram e o feriram; e foram embora, deixando-o” — não morto, mas “meio morto”.

Mas aconteceu que primeiro um sacerdote, e depois um levita, estavam descendo pela mesma estrada.

Talvez tivessem feito algum bem a outros homens, mas não a este homem, que havia descido “de Jerusalém para Jericó”.

Pois o sacerdote o viu — creio que isso significa a Lei. E o levita o viu — isto é, a meu ver, a palavra profética.

Quando o viram, passaram de largo e o deixaram.

A Providência estava guardando o homem meio morto para aquele que era mais forte que a Lei e os profetas, ou seja, para o samaritano.

O nome significa “guardião”. Ele é aquele que “não cochila nem dorme enquanto guarda Israel”.

Por causa do homem semimorto, este samaritano não partiu “de Jerusalém para Jericó”, como o sacerdote e o levita que desceram.

Ou, se desceu, foi para resgatar e cuidar do moribundo.

Os judeus lhe disseram: “Você é samaritano e tem um demônio”.

Embora negasse ter um demônio, não estava disposto a negar que era samaritano, pois sabia que era um guardião.”

Fonte: Orígenes, Homilias sobre Lucas, 34.

A Beleza que salva:

O ícone é baseado na parábola de Cristo, que responde à pergunta “Quem é o meu próximo?” e ​​conta a história do Bom Samaritano, que ajudou um homem ferido por ladrões e abandonado à beira da estrada (Lc 10, 29-37).

Além do seu significado literal — amor ao próximo — esta parábola, segundo as interpretações Patrísticas, tem um significado mais profundo.

O homem caminhando de Jerusalém para Jericó representa o antepassado Adão e, por meio dele, toda a humanidade, exilada da Jerusalém Celestial para a Terra por seus pecados.

Os ladrões são demônios que invejaram a inocência paradisíaca do homem e o empurraram para o caminho do pecado.

As feridas representam as úlceras pecaminosas na alma das pessoas. O sacerdote e o levita que passaram pelo homem ferido representam a lei do Antigo Testamento, que por si só não poderia salvar o homem.

A imagem do Bom (Belo em grego literalmente) Samaritano deve ser entendida como o próprio Cristo, que, sob o disfarce de óleo e vinho, concede a Graça salvadora à humanidade.

A hospedaria representa a Igreja de Deus, onde tudo o que é necessário para a cura espiritual está disponível, e o hospedeiro é uma imagem dos pastores da Igreja.

Por fim, a promessa do samaritano de retornar à hospedaria ao retornar para um assentamento definitivo alude à Segunda Vinda de Cristo à Terra, quando Ele “retribuirá a cada um segundo as suas obras” (Mt 16, 27).

Cristo aparece ao centro, carregando um jovem nas costas que representa toda a humanidade, uma variante do “Bom Pastor” que carrega a ovelha, ao fundo as cenas da parábola são vistas tendo como protagonista o Cristo que é a verdadeira identidade do Bom Samaritano.

Fonte: Texto produzido por Ian Nezen

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