
Santa Rita de Cássia recebendo os estigmas
Santa Rita de Cássia – O cálice da obediência
Por Ir. Juliane Vasconcelos Almeida Campos, EP
O sofrimento que tanto causa horror ao homem moderno é um dos meios mais eficazes de conferir celebridade.
É o que encontramos nestas linhas sobre Santa Rita.
Obediência é uma das virtudes mais difíceis de serem praticadas, pois obedecer significa contrariar a própria vontade para fazer a de outrem, mortificando de modo especial a natureza humana, que recebeu de Deus a liberdade.
A História nos revela inúmeros belos exemplos de obediência.
O mais sublime, sem dúvida, é o de Jesus, o qual, para redimir o gênero humano, “fez-se obediente até a morte, e morte de cruz”.
Maria Santíssima, a perfeita discípula de seu Filho Divino, nesta como em todas as outras virtudes.
Convido o leitor a passear comigo, neste artigo, pela vida de uma santa que sorveu desde menina o cálice da obediência, seguindo o exemplo supremo de Jesus e excelso de Maria: Santa Rita de Cássia.
Sua festa se celebra no dia 22 de maio.
Ela é invocada especialmente como protetora das causas impossíveis, pelo motivo que o leitor verá adiante.
Menina privilegiada
Embora já de avançada idade, Antonio Mancini e sua esposa, Amanta, não cessavam de rogar a Deus, confiante e insistentemente, a bênção de terem um filho que lhes alegrasse o lar.
Viviam eles na pequena aldeia de Rocca Porena, em Cássia, na Úmbria.
Para atender às preces desse piedoso casal, realizou Deus o primeiro “impossível” da vida de Santa Rita: seu nascimento no dia 22 de maio de 1381.
Era uma encantadora menina.
E desde sua mais tenra idade, a Divina Providência começou a manifestar especiais desígnios a seu respeito.
Segundo narra uma tradição, enquanto ela dormia na cestinha que lhe servia de berço, com frequência apareciam umas raras abelhas brancas que esvoaçavam em torno dela e depositavam suavemente mel em seus lábios, sem feri-la ou despertá-la.
Um dos camponeses vizinhos, presenciando a cena por primeira vez, quis afastar os insetos com a mão aleijada que tinha.
No mesmo instante sua mão ficou curada.
Depois da morte de Santa Rita, essas mesmas abelhas brancas começaram a aparecer anualmente no mosteiro das agostinianas, onde ela passou os últimos anos de sua vida.
Lá chegavam na Semana Santa e permaneciam até o dia 22 de maio.
Depois se retiravam, para retornarem na Semana Santa seguinte.
Até hoje podem ser vistos pelos peregrinos os buraquinhos feitos por elas nas paredes do mosteiro.
Infância marcada pela piedade e obediência
Desde pequena, demonstrava Rita grande inclinação para a piedade.
Seus pais, apesar de não saberem ler nem escrever, ensinaram-lhe o Catecismo e a história de Jesus.
Dedicava-se com grande gosto à oração, meditava sempre sobre a Paixão de Nosso Senhor.
Não sabia ler nem escrever.
Entretanto, “lia” continuamente o mais magnífico de todos os livros: o Crucifixo.
Além de ser especialmente devota de Nossa Senhora, escolheu como padroeiros São João Batista, Santo Agostinho e São Nicolau de Tolentino.
Procurava abster-se de brinquedos e travessuras próprias à idade infantil, como mortificação para consolar a Jesus Crucificado.
O maior anseio de sua alma era ser religiosa.
Exatamente neste ponto, exigiu dela a Providência um enorme ato de obediência, aceitando um estado de vida oposto ao chamado religioso que sentia na alma.
Com apenas 12 anos de idade, foi obrigada pelos pais a contrair matrimônio com o noivo por eles escolhido, chamado Paulo Ferdinando.
Sofrimentos na família
O marido logo revelou-se um homem agressivo, de mau gênio, beberrão e dissoluto, o que fazia Rita sofrer tremendamente.
Ela, entretanto, não só lhe foi sempre fiel, como também suportou tudo isso com extrema paciência, durante 18 anos, sempre rezando e oferecendo esta espécie de martírio pela conversão dos pecadores, sobretudo de seu detestável marido.
E mais uma vez o “impossível” se realizou na vida dessa mulher exemplar.
Teve ela, afinal, a alegria de ver o esposo converter-se e pedir-lhe perdão por todos os maus tratos e pela vida devassa que havia levado.
Quão oportuna foi esta conversão!
Pouco tempo depois de reconciliar-se com Deus, pelo Sacramento da confissão, Paulo Ferdinando foi assassinado por alguns dos maus companheiros que tivera.
Os filhos do casal, dois gêmeos, então com 14 anos, juraram vingar a morte do pai.
Vendo Santa Rita quanto os filhos haviam herdado as más tendências do pai, e temendo pelo destino eterno dos dois, dirigiu Deus uma súplica: preferia ver seus filhos mortos a seguirem o caminho da perdição.
Logo demonstrou o Pai de Misericórdia seu comprazimento com essa súplica de uma mãe verdadeiramente católica.
Em menos de um ano, os dois ficaram doentes e faleceram, perdoando os assassinos de Paulo Ferdinando.
Entrada na vida religiosa
Viúva, sem filhos, livre de tudo que poderia atá-la ao mundo, Rita desejava fazer-se religiosa.
Pediu para ser aceita no mosteiro das freiras agostinianas de Cássia, onde sempre quisera ter estado.
Mas —oh decepção! — a superiora lhe disse que infelizmente não podiam aceitar viúvas na congregação, a qual era destinada apenas a virgens.
Imagine-se sua desilusão e tristeza ao voltar para casa!…
Mas ela era uma mulher santa.
Enquanto tal, em vez de deixar-se abater ou desanimar, decidiu seguir com mais ardor ainda do que antes sua vida de oração e penitência.
Acorreram em seu auxílio seus padroeiros, Santo Agostinho, São João Batista e São Nicolau de Tolentino, obtendo da Medianeira de todas as graças a realização de mais um “impossível” em favor de sua protegida.
Conta-se que numa noite, estando ela imersa em oração, apareceram-lhe estes três Santos e convidaram-na a segui-los.
Em êxtase, ela os acompanhou.
Quando voltou a si, estava dentro do mosteiro das agostinianas…
Havia entrado lá milagrosamente, pois todas as portas e janelas encontravam-se perfeitamente fechadas.
Na manhã seguinte, a madre superiora reconheceu nesse prodigioso fato uma clara indicação da vontade divina e decidiu acolher Rita como noviça nessa santa congregação.
Obediência recompensada pelo milagre
Já revestida do hábito, a nova religiosa foi um exemplo de virtude para todas as suas irmãs de vocação.
Dos três votos da religião, aquele em que mais se esmerava era o de obediência, fazendo sempre a vontade das outras em tudo, até mesmo no que poderia parecer ridículo e insensato.
Por exemplo, a superiora mandou-lhe regar todos os dias uma parreira que já estava seca e morta.
A obediente freira cumpriu rigorosamente a ordem durante um ano.
Uma vez mais o que parecia impossível se realizou: do tronco morto brotaram sarmentos que cresceram e produziram flores e frutos!
Existe ainda essa “videira de Santa Rita”, que produz uvas de um sabor especial, as quais amadurecem em novembro.
Partícipe das dores de Jesus coroado de espinhos
Durante a Quaresma de 1443, o grande pregador Santiago de Monte Brandone fez em Cássia um magnífico sermão sobre a Paixão de Jesus, destacando sobretudo o episódio da coroação de espinhos.
Depois de ouvir esse sermão, Santa Rita sentiu-se tomada do desejo de participar dos sofrimentos de Nosso Senhor nesse lance de sua Paixão.
Rezando diante de seu crucifixo, viu espargir-se dele suavemente uma luz, e um espinho desprender-se da coroa e cravar-se em sua fronte, provocando-lhe uma ferida que a fez sofrer durante seus últimos 15anos de vida.
Além de exalar mau odor, essa provocava-lhe muitas enfermidades.
Assim, teve ela atendido deu desejo de ser verdadeiramente partícipe das dores de Jesus coroado de espinhos.
Morte santa, a recompensa
Santa Rita teve uma morte santa, sendo obediente à vontade de Deus até o fim.
Estando já muito enferma, pediu a Jesus um sinal de que seus filhos estavam no Céu.
Em meio a um rigoroso inverno, recebeu uma rosa colhida no jardim de sua antiga casa, em Rocca Porena.
Pediu um segundo sinal e, no fim do inverno, recebeu um figo, também de seu jardim.
Com a realização desses dois “impossíveis”, Deus, por assim dizer, mostra seu comprazimento em que essa grande Santa seja invocada como a “Advogada dos impossíveis”.
No dia 22 de maio de 1457, voou para o Céu a bela alma de Santa Rita.
A chaga de sua fronte transformou-se em uma mancha vermelha como um rubi, de onde se exalava uma agradável fragrância.
Sua cela ficou iluminada por uma luz celestial e os sinos, sozinhos, repicaram num toque de júbilo e glória.
Foi velada na igreja, onde acorreu uma multidão de pessoas para vê-la e venerá-la.
De seu santo corpo emanava um tal perfume que nunca foi enterrado.
Permanece incorrupto até hoje, exposto à veneração dos fiéis no convento de Cássia.
Mensagem de Santa Rita para os dias atuais
Qual é a mensagem que esta grande Santa nos transmitiria nestes dias em que vivemos?
Creio que a resposta está nas palavras proferidas pelo Santo Padre João Paulo II, em 20 de maio de 2000, saudando os devotos de Santa Rita que faziam a peregrinação jubilar:
“É uma mensagem que brota de sua vida: a humildade e a obediência foram o caminho que Rita percorreu para uma semelhança cada vez mais perfeita com Cristo crucificado.
O estigma que brilha em sua fronte é a autenticação de sua maturidade cristã.
Na cruz com Jesus culminou o amor que já havia conhecido e expressado de modo heroico em seu lar e mediante a participação nas vicissitudes de sua cidade.
Seguindo a espiritualidade de Santo Agostinho, fez-se discípula do Crucificado e ‘especialista em sofrimento’, aprendeu a compreenderas penas do coração humano.
Deste modo, Rita se converteu na advogada dos pobres e dos desesperados, obtendo inumeráveis graças de consolo e fortaleza aos que a invocam nas mais diversas situações.”
Que Santa Rita de Cássia nos ajude a compreender os desígnios de Deus para cada um de nós individualmente, e a sorver até a última gota o cálice da obediência à sua vontade santíssima, ao longo de nossa existência.
Fonte: O Cálice da Obediência – Ir. Juliane Vasconcelos Almeida Campos, EP – Revista Arautos do Evangelho.
Santa Rita de Cássia
Santa Rita de Cássia era filha única.
Nasceu em maio do ano de 1381, nas montanhas em Roccaporena, perto de Cássia, região da Umbria, Itália.
Era filha de Antônio Mancini e Amata Ferri, casal de muita oração e do qual todos gostavam.
Não sabiam ler nem escrever, mas ensinaram à filha tudo sobre a fé em Jesus e Nossa Senhora.
Eles contavam a ela também histórias de vida de muitos santos e santas, o que muito contribuiu para sua formação.
Vida de Santa Rita de Cássia
Santa Rita de Cássia queria ser religiosa, mas seus pais escolheram para ela um marido, como era costume na época.
O marido escolhido foi Paolo Ferdinando.
Não foi uma boa escolha, pois Paolo era infiel no matrimônio e tinha o hábito de beber demais.
Por causa dele, Santa Rita sofreu por 18 anos, período em que foi casada.
O casal teve dois filhos.
Durante o tempo de casada, Rita demonstrou muita paciência e resignação por tudo que sofreu.
Mesmo sofrendo, ela nunca deixou de rezar pela conversão dele.
Por fim, a mansidão e o amor de Rita transformaram aquele homem rude e bruto.
Paolo se converteu e mudou sua vida conjugal de tal forma que as amigas de Rita e as mulheres da cidade vinham aconselhar-se com ela.
Paolo, embora verdadeiramente convertido, tinha deixado um rastro de violência e rixas entre alguns grupos da cidade.
Assim, um dia ele saiu para trabalhar e não voltou para casa.
Santa Rita de Cássia teve a certeza de que algo horrível tinha acontecido.
No dia seguinte ele foi encontrado morto.
Tinha sido assassinado.
Seus dois filhos, que já eram jovens, juraram vingar a morte do pai.
Santa Rita, então, pediu a Deus que não deixasse eles cometerem esse pecado mortal.
Logo os dois ficaram muito doentes, de forma incurável.
Antes que eles morressem, porém, Santa Rita ajudou os dois a se converterem, ao amor de Deus e ao perdão.
A graça foi tão grande que os dois conseguiram perdoar o assassino do pai, e morreram.
Parece estranho, mas a morte dos dois filhos de Santa Rita quebrou uma corrente de ódio e vingança que poderia durar anos, causando muito mais sofrimentos e mortes.
Depois disso, Santa Rita de Cássia teve a certeza em seu coração de que os três estavam juntos no céu. Assim, tudo tinha valido a pena.
Deus coloca Santa Rita de Cássia no convento
Santa Rita, estando sozinha na vida, quis entrar para o convento das irmãs Agostinianas, obedecendo ao chamado que sentia desde menina.
As irmãs, porém, estavam em dúvida sobre sua vocação, visto que tinha sido casada, o marido fora assassinado e os dois filhos morreram de peste.
Por tudo isso, elas não queriam aceitar Rita no convento.
Então, numa noite, Santa Rita dormia, quando ouviu uma voz chamando: Rita. Rita. Rita.
Ela abriu a porta e estavam ali, São Francisco, São Nicolau e São João Batista.
Eles pediram que ela os seguisse e depois de andarem pelas ruas, os santos desapareceram e Rita sentiu um suave empurrão.
Ela caiu em êxtase e, quando voltou a si, estava dentro do mosteiro, estando este com as portas trancadas.
Então as freiras não lhe puderam negar a entrada. Rita viveu ali por quarenta anos.
Milagres de Santa Rita de Cássia
Em dúvida se a vocação de Rita era verdadeira, a superiora mandou-a regar um pedaço de madeira seca que estava no jardim do convento.
Ela deveria fazer aquilo por um ano.
Rita obedeceu com paciência e amor.
Depois de um ano, para a surpresa de todos, mais um milagre aconteceu: o galho se transformou numa videira que dá uvas até hoje.
Sofrimento de Cristo no corpo de Santa Rita de Cássia
Orando aos pés da cruz Santa Rita de Cássia pediu a Jesus que pudesse sentir um pouco das dores que ele sentiu na sua crucificação.
Então, um dos espinhos da coroa de Jesuscravou-se em sua cabeça e Santa Rita sentiu um pouco daquela dor terrível que Jesus passou.
O espinho fez em Santa Rita uma grande ferida, de tal forma que ela tinha que ficar isolada de suas irmãs.
Assim, ela fazia mais orações e jejuns para Deus.
Santa Rita de Cássia ficou com a ferida por 15 anos.
A chaga só foi curada quando Irmã Rita foi a Roma, no ano santo.
Quando voltou ao mosteiro, porém, a ferida se abriu novamente.
Morte de Santa Rita de Cássia
No dia 22 de maio de 1457, o sino do convento começou a tocar sozinho.
Santa Rita estava com 76 anos.
Sua ferida cicatrizou-se e seu corpo começou a exalar um perfume de rosas.
Uma freira chamada Catarina Mancini, que tinha um braço paralítico, ao abraçar Santa Rita de Cássia em seu leito de morte, ficou curada.
No lugar da ferida apareceu uma mancha vermelha que exalava um perfume celestial que encantou a todos.
Logo apareceu uma multidão para vê-la.
Então, tiveram que levar seu corpo para a igreja e lá está até hoje, exalando suave perfume, que a todos impressiona.
Devoção a Santa Rita de Cássia
Santa Rita de Cássia foi beatifica no ano 1627, em Roma, pelo Papa Urbano Vlll.
Sua canonização foi no ano de 1900, no dia 24 de maio, pelo Papa Leão Xlll e sua festa é comemorada no dia 22 de maio de todo ano.
No nordeste do Brasil, na cidade de Santa Cruz, Rio Grande do Norte, ela é sua padroeira, inclusive lá está a maior estátua católica do mundo, com 56 metros de altura.
Santa Rita é considerada a Madrinha dos sertões.
Em Minas Gerais existe a Cidade de Cássia que Santa Rita também é a padroeira, e seu aniversário é no dia 22 de maio também.
Oração a Santa Rita de Cássia
Ó Poderosa e Gloriosa Santa Rita de Cássia, eis, a vossos pés, uma alma desamparada que, necessitando de auxílio, a vós recorre com a doce esperança de ser atendida por vós que tem o título de Santa dos casos impossíveis e desesperados.
Ó cara Santa, interessai-vos pela minha causa, intercedei junto a Deus para que me conceda a graça, de que tanto necessito, (fazer o pedido).
Não permitais que tenha de me afastar de vossos pés sem ser atendido.
Se houver em mim algum obstáculo que impeça de alcançar a graça que imploro, auxiliai-me para que o afaste.
Envolvei o meu pedido em vossos preciosos méritos e apresentai-o a vosso celeste esposo, Jesus, em união com a vossa prece.
Ó Santa Rita, eu ponho em vós toda a minha confiança.
Por vosso intermédio, espero tranquilamente a graça que vos peço.
Santa Rita, advogada dos impossíveis, rogai por nós.
Fonte:
https://cruzterrasanta.com.br/historia-de-santa-rita-de-cassia/106/102
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