São Dimitrio, Demétrio ou Dimitrius
São Demétrio de Tessalônica ou São Demétrio de Salonica
(em latim: Demetrius) foi um grande mártir cristão que viveu no
século IV. Durante a Idade Média, ele se tornou um dos mais importantes
santos militares ortodoxos, aparecendo junto com São Jorge.
O nome “Demetrius” é uma romanização da pronúncia do grego antigo; a
pronúncia bizantina e em grego moderno é romanizada como Dimitrios
.
Na Igreja Ortodoxa Russa, ele é chamado de “Dimitri de Saloniki”. O
primeiro mosteiro eslavo dedicado ao santo foi fundado por Iziaslau I, na
Ucrânia, (cujo nome de batismo era Dimitri).
Os primeiros relatos escritos sobre sua vida foram compilados no século IX,
embora existam imagens anteriores e relatos do século VII de seus milagres.
Os hagiógrafos retratam Demétrio como um jovem oriundo de uma família
senatorial que foi martirizado com lanças por volta de 306 d.C. em
Tessalônica durante a perseguição de Diocleciano ou de Galério.
A origem de sua veneração é obscura. A primeira evidência aparece 150 anos
após o seu martírio e, por sua, a própria existência histórica de Demétrio
já foi questionada.
Uma teoria defende que a sua veneração foi transferida de Sirmio quando
Tessalônica tomou seu lugar como principal base militar na região em
441/442 Sua enorme igreja em Tessalônica, a Igreja de São Demétrio, data de
meados do século V, o que indica que já nesta época ele tinha um grande
número de devotos. A cidade permaneceu como centro de sua veneração e ele é
o santo padroeiro da cidade.
Conforme a devoção aumentava, a cidade de Tessalônica sofreu repetidos
ataques e cercos dos eslavos que estavam então migrando pelos Balcãs e
Demétrio foi creditado com diversas intervenções milagrosas em defesa da
cidade.
Por isso, as tradições subsequentes o representam como um soldado do
exército romano e ele passou a ser considerado como um mártir militar. Por
conta disso, ele se tornou extremamente popular durante a Idade Média e,
juntamente com São Jorge, era o patrono das Cruzadas.
Alguns acadêmicos acreditam que quatro séculos após a sua morte, São
Demétrio não tinha nenhuma relíquia física e, por isso, um pouco usual
templo vazio chamado cibório foi construído na Igreja de São Demétrio. O
que hoje se alega serem as suas relíquias apareceram posteriormente em
Tessalônica, mas o arcebispo local (João de Tessalônica, do século VII)
descartou publicamente a sua autenticidade. Apesar de tudo, elas também
estão preservadas na Igreja de São Demétrio.
De acordo com os crentes, elas foram confirmadas como genuínas após
passarem a gotejar mirra líquida e de cheiro forte. A partir daí, o santo
recebeu também o epíteto de “o que exala mirra”.
Na Igreja Ortodoxa Russa, o sábado anterior à Festa de São Demétrio é o dia
da memória em honra aos soldados mortos na Batalha de Kulikovo (1380), sob
a liderança de São Demétrio do Don, uma data também conhecida como sábado
de Demétrio.
São Demétrio foi inicialmente representado em ícones e mosaicos como um
jovem em trajes romanos decorados e com o representativo tablion
da classe senatorial no peito. Após as milagrosas intervenções militares em
Tessalônica, ele gradualmente passou a ser representado como um soldado:
um marfim constantinopolitano do final do século X o mostra como um soldado
de infantaria (atualmente no Metropolitan Museum of Art, em Nova Iorque).
Contudo, um ícone do final do século XI no Mosteiro de Santa Catarina, no
Sinai, o mostra ainda como um civil.
Outro ícone no Sinai, do período cruzado e pintado por um artista francês
trabalhando na Terra Santa na segunda metade do século XII, mostra-o
naquela que se tornaria a representação mais comum: Demétrio, barbado, já
maduro montado num cavalo escuro, cavalgando juntamente com São Jorge,
imberbe e num cavalo branco.
Ambos estão vestidos como cavaleiros medievais. Além disso, enquanto São
Jorge geralmente aparece atacando o dragão com sua lança, São Demétrio
aparece atacando, também com uma lança, o gladiador Lieu que, segundo a
história, era responsável pela morte de muitos cristãos.
Lieu aparece geralmente sob os pés de Demétrio, já derrotado, e numa escala
muito menor que a do santo. Na hagiografia tradicional, Demétrio não matou
diretamente Lieu, mas sim seu discípulo Nestor com a ajuda das preces do
santo.
A convenção iconográfica grega moderna representa Demétrio com a “Grande
Torre Branca” ao fundo.
Anacronisticamente, a Torre Branca funciona como uma representação
simbólica da cidade, mesmo tendo sido construída apenas no século XVI,
séculos após a sua morte, e a forma correta da torre mais antiga que estava
no local seja desconhecida. Ele também aparece geralmente segurando uma
igreja ou protegendo a cidade.
Em Tessalônica, sua catedral vende até hoje um perfume de mirra que advém
das relíquias do santo.