São Jorge matando o dragão

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São Jorge matando o dragão 

Assista o documentário sobre São Jorge / Watch the documentar about Saint George:

https://youtu.be/7nsA0lyh4Jw?si=LJTYRUINWZ7jzpTJ (em português)

https://www.youtube.com/watch?v=5u65do-Ov7U (em inglês)

https://youtu.be/4KR87ZaxjJo?si=JfeaA7ZuvkM2ODs8 (em espanhol)

São Jorge, o santo guerreiro da fé

São Jorge nasceu na Capadócia (atual Turquia) segundo uma tradição ou em Lydda segundo outra.  Muito pouco se conhece a respeito da vida desse santo guerreiro. O único elemento histórico que temos acerca da vida do militar é o seu martírio, que provavelmente se deu em Nicomédia.

A Legenda Áurea narra que o martírio de São Jorge teria se dado por ordem de Daciano. No Oriente, ele é conhecido como “grande mártir”.

Sua memória se comemora no dia 23 de abril, por se crer que ele tenha sido martirizado nesse dia do ano 303. No Oriente a sua data é comemorada no dia 6 de maio, data do feriado em vários locais. Desde a Idade Média, tornou-se uma das maiores devoções populares na Igreja. Os seus restos mortais se encontram em Lydda ou Lod, atual Israel.

Quem foi São Jorge?

Conta-se que Jorge era membro da guarda pretoriana do imperador Diocleciano.  Conforme a Catholic Encyclopedia (1913), não existe fundamentos para duvidar da existência de São Jorge e esta é opinião dos historiadores de hoje, contudo, é necessário estar atento a dar crédito irrestrito aos detalhes de sua vida.

Origem do nome “Jorge”

De acordo com Legenda Áurea: “Jorge [Georgius] vem de geos, que quer dizer ‘terra’, e de Jorge, ‘cultivar’, ao passo que o nome significa ‘cultivando a terra’, isto é, sua carne”.

Outras interpretações são inseridas a seguir por Jacopo de Varazze: “Jorge também pode vir de gerar, ‘sagrado’, e de gyon, ‘areia’, significando portanto ‘areia sagrada’. De fato, da mesma forma que a areia, Jorge foi pesado pela gravidade dos costumes, miúdo por sua humildade, seco pela isenção de volúpia carnal.

O nome pode ainda derivar de gerar, ‘sagrado’, e gyon, ‘luta”, significando ‘lutador sagrado’ porque lutou contra o dragão e contra o carrasco. Jorge ainda pode resultar de gero, que quer dizer ‘peregrino’, de gír, ‘cortado’, e de ys, ‘conselheiro’, porque foi peregrino em seu desprezo pelo mundo, cortado em seu martírio e conselheiro na prédica do reino de Deus”.

Por que o dragão?

A ligação entre o São Jorge e o dragão é conhecida sobretudo desde a Legenda Áurea de Jacopo de Varezze. De fato, uma legenda aponta que o santo guerreiro salvou uma princesa (e seu povo) do ataque de um dragão (que simboliza tradicionalmente o demônio ou o mal).

A figura do santo combatente lutando contra o dragão tornou-se uma das maiores referências iconográficas do ideal cavaleiresco na civilização cristã. O salmo 90 é com frequência referido a ele: “Sobre serpente e víbora andarás, calcarás aos pés o leão e o dragão” (Sl 90,13).

Dragão acalmado por duas ovelhas

Jorge, tribuno nascido na Capadócia, foi certa vez a Silena, cidade da província da Líbia. Ali perto havia um lago, grande como um mar, no qual se escondia um pestífero e enorme dragão que muitas vezes afugentou o povo armado que tentara atacá-lo.

Para acalmá-lo e impedir que se aproximasse das muralhas da cidade, que não protegiam de seu hálito empesteado que matava muita gente, os habitantes davam-lhe todos os dias duas ovelhas.

A filha do rei no lugar das ovelhas

Quando começou a não haver ovelhas em quantidade suficiente, o conselho municipal decidiu que se daria uma ovelha e um humano, sorteando-se para tanto rapazes e moças, sem excetuar ninguém.

Depois de algum tempo também faltou gente, e o sorteio designou a filha única do rei para ser entregue ao dragão.

Contristado, o rei propôs: “Peguem todo meu ouro e prata, a metade de meu reino, mas não deixem minha filha morrer assim”.

Furioso, o povo então respondeu: “Foi você, rei, que promulgou este edito, e agora que todos os nossos filhos estão mortos, quer salvar sua filha? Se não fizer com sua filha o que ordenou para os outros, queimaremos sua casa e você”.

Ao ouvir essas palavras, o rei pôs-se a chorar sua filha, dizendo: “Ai, como sou infeliz! Ó minha meiga filha, o que posso fazer por você? O que posso dizer? Nunca poderei vê-la casada?”

Então o rei, vendo que não poderia livrar a filha, fez que ela vestisse trajes reais e beijou-lhe e a deixou partir, dizendo: “Ó minha filha, queria ter morrido antes para não perdê-la assim!”.

São Jorge encontra a filha do rei

O bem-aventurado Jorge passava casualmente por lá, e vendo-a chorar perguntou a razão. Ela respondeu: “Bom rapaz, monte depressa em seu cavalo e fuja, se não quiser morrer como eu”.

Jorge: “Não tenha medo, minha filha, e diga-me o que toda aquela gente está esperando ver”.

Depois que a moça explicou tudo, Jorge disse: “Minha filha, nada tema, porque, em nome de Cristo, vou ajudá-la”.

Enquanto conversavam, o dragão pôs a cabeça para fora do lago e foi se aproximando. Toda trêmula, a moça falou: “Fuja, meu bom senhor, fuja depressa”.

São Jorge mata o dragão

Certos livros contam que quando o dragão ia devorar a moça. Jorge protegeu-se com o sinal-da-cruz, atacou-o e matou-o. Após aquele acontecimento o povo queria fugir da cidade, mas São Jorge os converteu cerca de 45 mil pessoas.

Eram imperadores na época Diocleciano e Maximiano, e sob o governador Daciano houve uma perseguição tão violenta aos cristãos que em um mês 17 mil deles receberam a coroa do martírio, enquanto muitos outros fraquejaram e sacrificaram aos ídolos.

São Jorge: um santo popular

A história de São Jorge com o dragão ficou popularizada durante o tempo das cruzadas. O santo militar tinha muita fama no Oriente, de onde provinha, e os cruzados reviveram o culto a ele na Europa.

Diversas ordens de cavalaria se encontram sob a égide de sua proteção ou tem algum símbolo que se refira a ele. Com efeito, ele é padroeiro de todos os combatentes e protetor contra as guerras. O Sínodo de Oxford ordenou em 1222 que sua festa se tornasse festa nacional. Eduardo III o fez padroeiro das ilhas britânicas, além de instituir a Ordem dos Cavaleiros de São Jorge.

Padroeiro de muitos lugares

São Jorge é padroeiro de Portugal, Etiópia, Catalunha, Aragão, Geórgia (pelo próprio nome), Lituânia e muitas cidades pelo mundo.

O santo militar também padroeiro dos cavaleiros, dos soldados, dos escoteiros, agricultores, ferreiros, etc.

Por sua proteção contra o dragão, ele é invocado contra a peste, cobras venenosas e contra a lepra, além de outras doenças.

São Jorge está na lua?

De fato, São Jorge é o nome, adotado pela União Astronômica Internacional, de uma cratera na lua. Nesse sentido, portanto, a resposta é afirmativa, porém, isso nada tem a ver com a ideia difundida por religiões de matriz africana, segundo as quais ele “moraria dentro da lua”, o que não tem nenhuma base na doutrina cristã.

Outras superstições invocam a lua como lugar de guerra. Assim, por sincretismo, religiões afro-brasileiras transpuseram figuras africanos (Ogum e Oxum) para a tradicional devoção a São Jorge (não é infrequente encontrar imagens do santo junto a oferecimentos de macumba).

Certamente tudo isso nada tem a ver com religião católica. Na realidade, quando ele mesmo venceu o dragão, ele increpou o governador com as palavras da Bíblia (Salmo 95,5): “Todos os deuses dos gentios são demônios, foi o Senhor quem fez os Céus!” Irado, o governador mandou prendê-lo e queimá-lo vivo. De fato, ele mesmo foi o holocausto vivo diante de Deus contra o paganismo.

 São Jorge na liturgia católica: oração do dia (coleta)

Até a reforma litúrgica de Paulo VI, São Jorge tinha grande proeminência na liturgia. A partir de então (1969) tornou-se apenas memória facultativa. A oração do dia é a seguinte:

“Ó Deus, celebrando o vosso poder, nós vos pedimos que São Jorge seja tão pronto em socorrer-nos como o foi em imitar a paixão do Senhor. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, Vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.”

Oração popular a São Jorge

“Ó São Jorge, meu guerreiro, invencível na Fé em Deus, que trazeis em vosso rosto a esperança e confiança abra os meus caminhos. Eu andarei vestido e armado com as armas de São Jorge para que meus inimigos, tendo pés não me alcancem, tendo mãos não me peguem, tendo olhos não me vejam, e nem em pensamentos eles possam me fazer algum mal.

“Armas de fogo o meu corpo não alcançarão, facas e lanças se quebrarão sem o meu corpo tocar, cordas e correntes se arrebentarão sem o meu corpo amarrar. Jesus Cristo, me proteja e me defenda com o poder de sua santa e divina graça, a Virgem de Nazaré, me cubra com o seu manto sagrado e divino, protegendo-me em todas as minhas dores e aflições, e Deus, com sua divina misericórdia e grande poder, seja meu defensor contra as maldades e perseguições dos meus inimigos.

“Glorioso São Jorge, em nome de Deus, estenda-me o seu escudo e as suas poderosas armas, defendendo-me com a sua força e com a sua grandeza, e que debaixo das patas de seu fiel cavalo meus inimigos fiquem humildes e submissos a vós.

“Ajudai-me a superar todo o desanimo e alcançar a graça que tanto preciso: (fazei aqui o seu pedido). Dai-me coragem e esperança, fortalecei minha fé e auxiliai-me nesta necessidade. Com o poder de Deus, de Jesus Cristo e do Divino Espírito Santo. Amém!”

Bibliografia

EUSÉBIO DE CESAREIA. História Eclesiástica. São Paulo: Paulus, Patrística, v. 15, 2000.

HOADE, E. George, St. New Catholic Encyclopaedia, Gale: Washington, v. 6, p. 143-144.

JACOPO DE VARAZZE. Legenda Áurea – vida de santos. São Paulo: Martins Fontes, 2003, p. 365-270.

RICHES, Samantha J.E. St. George as a male virgin martyr. In: RICHES, Samantha J.E. SALIH, Sarah. Gender and Holiness: Men, women and saints in late medieval Europe. London-New York: Routledge, 2002, p. 65-85.

THURSTON, Herbert. “St. George”. In HERBERMANN, Charles (ed.). Catholic Encyclopedia. New York: Robert Appleton Company, 1913 (online).

WALTER, Christopher. The Origins of the Cult of Saint George. Revue des études byzantines, v. 53, 1995, p. 295-326.

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EUSÉBIO DE CESAREIA. História Eclesiástica, 8, 5.

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JACOPO DE VARAZZE. Legenda Áurea – vida de santos. São Paulo: Martins Fontes, 2003, p. 365

[7] WALTER, Christopher. The Origins of the Cult of Saint George. Revue des études byzantines, v. 53, 1995, p. 321.

Fonte: https://salvaimerainha.org.br/noticias/sao-jorge/

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