São Marco, Evangelista
Os santos Evangelistas Marcos, em Roma e no Egito e Lucas, na Grécia
São Marcos veio a Roma, com o príncipe dos Apóstolos, São Pedro.
No seu Evangelho escreveu o que lhe ditou São Pedro.
Quando irrompeu em Roma uma epidemia de peste, erigiu-se, por ordem de Marcos, uma Via Sacra.
Cristãos e pagãos que rezavam, percorrendo esta Via Sacra, ficavam livres ou curados da peste.
Muitos pagãos, vendo esse milagre, se converteram.
De Roma se dirigiu São Marcos para o Egito, para pregar ali o Evangelho.
“Vi-o primeiro em Alexandria; não foi com muito gosto que partiu para lá.
Na viagem cortou tão desastrosamente o dedo da mão direita, que o teria perdido, se não fosse curado por uma aparição celeste, com a qual muito se assustou, como São Paulo.
Em volta do dedo lhe ficou toda a vida uma marca vermelha.
Ao entrar em Alexandria, rasgou-se-Ihe a sandália e deu-a a um sapateiro, de nome Aniano, para a remendar.
Este se feriu na mão, durante o trabalho; Marcos, porém, curou-a com um ungüento preparado de pó e saliva.
Vendo-o, converteu-se Aniano e Marcos foi morar-lhe em casa.
Aniano possuía uma casa vasta, muitos escravos, mulher e dez filhos.
Numa sala, pertencente à casa entregue a Marcos, se celebravam as primeiras reuniões dos convertidos.
Os Apóstolos não celebravam o santo Sacrifício numa nova comunidade, antes desta ter sido bem instruída e confirmada. Seguiam já um rito certo na distribuição da sagrada Comunhão, durante o Santo Sacrifício.
Três dos dez filhos de Aniano tomaram-se mais tarde sacerdotes.
O pai foi sucessor de S. Marcos.
O Apóstolo esteve também em Heliópoli.
Havia ali um oratório, instituído quando morava ali a sagrada Família; desse oratório foi construída uma igreja e ao lado, mais tarde um pequeno convento.
Os que Marcos ali batizou, eram na maior parte judeus.
São Marcos foi preso e lançado num cárcere em Alexandria e morreu estrangulado com uma corda.
Quando estava no cárcere, vi Jesus aparecer-lhe, tendo na mão uma patena e dando-lhe um pequeno pão redondo.
Vi também que o corpo do mártir foi levado mais tarde para Veneza.”
Como nos conta a piedosa Emmerich, esteve São Lucas primeiro com São João, em Éfeso, depois com Santo André.
Na terra pátria travou conhecimento com Paulo, a quem depois acompanhou nas viagens.
“Escreveu o Evangelho, a conselho de Paulo e porque circulavam livros apócrifos da vida do Senhor.
Escreveu-o 25 anos depois da Ascensão de Jesus, redigindo-o na maior parte com as informações de testemunhas oculares, que procurava por toda a parte.
Já no tempo da ressurreição de Lázaro o vi visitar os Iugares onde O Senhor operava milagres e informar-se de tudo.
Tinha também amizade com Barsabas.
Foi-me também revelado que Marcos escreveu o Evangelho só com informações de testemunhas oculares e que nenhum dos Evangelistas conhecia nem aproveitou na sua obra a dos outros.
Também me foi dito que teriam inspirado menos fé se tivessem escrito tudo e que não escreveram os milagres, muitas vezes repetidos, por motivo da extensão do livro.
Vi que Lucas pintou vários retratos da Santíssima Virgem, alguns de modo milagroso.
O busto de Maria, que não conseguia acabar, encontrou terminado, ao voltar a si de um êxtase, em que caíra durante a oração.
Esse retrato é ainda conservado em Roma, na Basílica de Santa Maria Maior, por cima de um altar, na capela do Presépio, à direita do altar-mor.
Não é, porém, o original, mas apenas uma cópia.
O original foi antigamente encerrado num muro junto com muitas outras coisas sagradas, por ocasião de uma perseguição; nesse muro, que foi convertido em um pilar, há também relíquias de santos e documentos de muita antiguidade.
A Igreja tem seis pilares; é o do meio, à direita, de modo que o sacerdote, dizendo a Missa no altar da imagem de Maria, ao dizer: Dominus vobiscum, indica com a mão direita esse pilar.
Lucas pintou também o retrato inteiro de Maria, vestida de noiva; mas não sei onde se acha agora esse quadro.
Outro, em vestes de luto, corpo inteiro, creio tê-Io visto numa Igreja, onde se guarda o anel nupciaI de Maria. (Peruzia, na Itália)
Lucas pintou também Maria, como indo ao descendimento de Cristo da cruz; deu-se isto de um modo milagroso:
Depois que todos os Apóstolos e discípulos tinham fugido, vi Maria, ao crepúsculo a caminho do Calvário, creio que acompanhada de Maria, filha de Cleofas e Salomé.
Vi que Lucas estava ao lado do caminho e comovido diante daquela inconsolável dor, estendeu-lhe um lenço, com o desejo de que nele lhe ficasse impressa a imagem.
Achou realmente o retrato no lenço, como uma sombra a passar e conforme essa imagem, pintou o quadro, contendo duas figuras: ele, com o lenço e Maria, passando-lhe em frente.
Não sei se Lucas estendeu o lenço só com o desejo de receber o retrato ou seguindo o costume de estender um lenço aos tristes ou porque desejasse praticar para com Maria o ato de caridade que Verônica fizera para com Jesus.
Creio ter visto esse quadro de S. Lucas guardado por um povo estranho, que vive entre a Síria e a Armênia.
Não são verdadeiros cristãos, creem em João Batista, têm um batismo de penitência, que recebem todas as vezes que se querem purificar dos pecados.
Lucas pregava o Evangelho nessa região, operando muitos milagres por meio desse quadro.
Perseguiram-no e faltou pouco para o lapidarem; o quadro, porém, ficou lá.
Lucas levou consigo doze homens desse povo, os quais tinha convertido.
Aquela tribo morava numa montanha, cerca de doze horas de caminho a leste do Líbano.
No tempo de São Lucas contava apenas algumas centenas de almas.
A Igreja local era como uma gruta na montanha; para entrar nela, era preciso descer; olhando para cima, viam-se cúpulas, nas quais havia janelas, como se vêem nas abóbadas das nossas Igrejas.
Tenho visto esse quadro de São Lucas naquela região, em tempos mais recentes; não sei se foi em nosso tempo, mas é possível; pois no tempo de São Lucas tudo era muito simples.
Mas agora a Igreja parecia maior; o povo parecia ter também muitas cerimônias diferentes; o sacerdote estava sentado diante do altar, debaixo de um arco, o quadro pendurado no alto da abóbada e diante dele ardiam muitas lâmpadas; já estava enegrecido e indistinto.
Recebem muitas graças por meio do quadro e veneram-no, porque têm visto milagres feitos por ele.
Lucas foi supliciado como bispo, em Tebas, se não me engano. Vi-o amarrado com uma corda a uma árvore e morrer a golpes de dardos.
Um desses lhe transpassou o peito e o corpo caiu-lhe para a frente; então o amarraram de novo, lançando-lhe depois mais dardos.
De noite foi sepultado secretamente.
O remédio, de que São Lucas se serviu, no seu tempo de médico, era Resedá, misturado com óleo de palma benta.
Ungia com esta mistura a testa e os lábios em forma de cruz; usava também, às vezes, Resedá seco, com infusão de água.