São Rafael – Patrono de Córdoba

Sobre a Obra

REVELAÇÕES DO ARCANJO SÃO RAFAEL AO SACERDOTE ANDRÉS DE LAS ROELAS ESCRITAS POR JUAN DEL PINO EM 1602

Córdoba, transferência de 1735

“[…] Você me conjurou na última noite em que vim aqui, e eu não lhe contei quem eu era por causa de sua desobediência. Juro-lhe pelo Jesus Cristo crucificado que sou Rafael, o Anjo a quem Deus designou como o Guardião desta cidade. […]”

PROJETO DE CARTA ENDEREÇADO PELO HDAD. DE SÃO RAFAEL AO PAPA PIO VII ONDE SE SOLICITA QUE A FESTA DE 7 DE MAIO, DEDICADA AO ARCANJO SÃO RAFAEL, SEJA ELEVADA A UM RITO DE 1ª CLASSE

Córdoba, c. 1818

“[…] que (as Revelações) parecem ter o grau de autoridade e firmeza que a Sagrada Congregação exige em casos da mesma natureza. Estas revelações foram expressa e judicialmente aprovadas em 6 de agosto de 1603 pelo Governador e Provisor de esta cidade e bispado, sé episcopal vaga. […]”

TESTAMENTO DO VENERÁVEL ANDRÉS DE LAS ROELAS

Córdoba, transferência de 1762 do original de 1586

“Saibam quantos de vocês veem esta carta do Testamento como eu, Andrés de las Roelas, clérigo sacerdotal, filho legítimo que sou de meu senhor Jerônimo de las Roelas, falecido, que está na Glória, vizinho que sou da Villa de las Posadas, que se encontra atualmente nesta cidade de Córdoba, na colação de San Lorenzo; estando doente de corpo e saudável de vontade, e em meu bom senso, memória e entendimento natural, que Deus nosso Senhor teve o prazer de me dar, e acreditando como acredito muito no alto e sagrado mistério da Santíssima Trindade e em tudo o que a Santa Madre Igreja tem e acredita […]”

MEMORIAL DA DILIGÊNCIA FEITA PARA RECUPERAR OS RESTOS MORTOS DE ANDRÉS DE LAS ROELAS EM 1654

Córdoba, transferência no início do século XIX. XIX

“[…] aberto o buraco onde foi sepultado, só foi encontrada uma grande caveira, alguns sapatos com sola, e algumas facadas no cordobão, e um pedaço de couro mais ou menos resistente como uma batina [. ..] “

São Rafael e os Mártires: duas grandes devoções do Juramento

Em 1578 o Padre Roelas adoeceu gravemente. 

Em diversas ocasiões, enquanto descansava na cama, ouvira, sem ver ninguém, uma voz que lhe aconselhava: “Saia para o campo e terá saúde”, decidiu recuperar o fôlego sentado numa pedra junto a uma das estradas, perto da zona conhecida como Marrubial, onde viu cinco jovens aproximarem-se a cavalo e pelas roupas – gibões brancos, perneiras de veludo e chapéus – pensou Roelas eram comerciantes que vinham de fazer negócios na cidade. 

Quando chegaram até ele, um deles, de chapéu na mão, cumprimentou-o amigavelmente, dizendo-lhe imediatamente que deveria comparecer diante da autoridade eclesiástica e informá-lo que “aquele Sepulcro que foi encontrados em São Pedro, e os ossos dos Santos, deixe-os ficar com eles” em grande veneração, porque muitas obras e doenças chegarão a esta cidade, e através deles, serão libertados.

Enquanto isso, os outros quatro jovens conversavam entre si, o Padre Roelas ouviu um deles afirmar: “Que montanha grande era esta aqui, quando me prenderam”. 

Os cavaleiros marcharam imediatamente, sem o padre saber para onde iam, nem os sinais dos cascos dos seus cavalos. 

Este encontro logo seria identificado como o aparecimento dos Cinco Mártires – Fausto, Januário, Marcial, Acisclo e Zoilo – a Andrés de las Roelas. 

Sua mensagem seria precursora do que o próprio San Rafael transmitiria algumas semanas depois.

O templo do Juramento: da casa de Roelas à casa do Custódio

O local por onde caminhamos é sem dúvida a razão do templo que nos abriga. O seu nome particular, Juramento, prova que foi aqui que São Rafael revelou a sua identidade ao Padre Roelas e confirmou a veracidade das relíquias que apareceram em São Pedro em 1575.

Mais de meio século depois, a epidemia de Peste de 1649, muito agressiva na cidade, fez com que a Câmara Municipal nomeasse um dos seus vinte e quatro cavaleiros, José de Valdecañas, para zelar e promover o culto de São Rafael, solicitando assim a proteção do Arcanjo diante desta e de outras adversidades. Valdecañas logo tentou adquirir a casa onde San Rafael havia jurado ser Custódio da cidade e, com doações do capítulo da catedral, dos júris da cidade, da nobreza e do povo, efetuou sua compra em 1652.

Os templos a São Rafael: o crescimento da devoção

O passo seguinte foi ceder ao culto um local tão importante, o que só seria conseguido um ano depois – agosto de 1653 – com a obtenção de licença eclesiástica para ali celebrar missas. 

Logo foi empreendida a demolição de parte da casa para erguer uma ermida que recordasse para sempre o local das aparições. 

Entretanto, na parte que ainda estava de pé, foi montado um oratório onde o povo de Córdoba poderia manifestar o seu carinho e devoção ao Arcanjo. Este oratório, íntimo e pequeno, logo se tornou insuficiente para abrigar a devoção a São Rafael.

As obras de construção da ermida continuariam durante décadas por falta de fundos, até que finalmente em 1732 pôde ser consagrada. 

Tinha planta em cruz latina, constituída por nave única com altares nas laterais, ligeiro transepto coberto por cúpula e presbitério terminando, em primeiro lugar, numa fachada plana onde se situava a imagem do proprietário.

O famoso terramoto de Lisboa, ocorrido em 1755, teve poucas consequências na cidade, o que foi atribuído à intercessão de São Rafael. 

Agradecidos, os conselheiros municipais e eclesiásticos concordaram em ir perpetuamente em procissão todo dia 7 de maio até a ermida. 

Isto converteu de fato o templo num dos centros religiosos de Córdoba, conferindo-lhe também um certo estatuto oficial. 

A categoria de visitantes e o aumento de fiéis fizeram com que quase de imediato se considerasse a possibilidade de ampliá-lo, já que, mais uma vez, era muito pequeno. 

Para isso,  foi adquirindo o terreno contíguo e, enquanto se realizavam as desejadas mas caras obras – o que aconteceria décadas depois – foi construído um camarim hexagonal que deu destaque à imagem de San Rafael.

Houve diversas propostas de expansão. Alguns propuseram fazê-lo na cabeceira do templo, outros ao pé e com naves laterais, e finalmente decidiu-se, após uma série de circunstâncias históricas, que seria uma mistura de ambas as ideias, encimado por uma grande cúpula e uma rotunda com marcado significado de martírio. 

O templo resultante, que vemos hoje, seria consagrado após 10 anos de obras em 4 de maio de 1806.

Devoção a São Rafael: entre o funcionalismo e a piedade popular

Desde o início da devoção a São Rafael de Córdoba houve uma identificação total de todas as camadas sociais com o seu Custódio. As instituições religiosas e civis, a nobreza e o povo têm participado isoladamente ou em conjunto no culto ao Arcanjo.

O conselho eclesiástico, por exemplo, decidiu que uma soberba imagem de São Rafael, obra de Duque Cornejo, coroaria o coro da catedral. 

A Câmara Municipal, por sua vez, presidiu às casas da Câmara Municipal com uma fantástica tela do Custódio, dos pincéis de Antonio del Castillo. As casas nobres não eram menos decoradas. A de Villaseca, no vizinho palácio de Viana, deu um bom exemplo da sua devoção com as interessantes pinturas murais da história de Tobias, passagem bíblica sobre o Arcanjo. 

E o povo não parava de demonstrar carinho por São Rafael. Inúmeras casas colocam um pequeno azulejo com a sua imagem na verga da sua porta, e na privacidade das casas observam-se milhares de gravuras e fotografias com a sua presença divina. 

Basta um simples passeio pelas mais diversas lojas da cidade para encontrar o Arcanjo.

San Rafael e Córdoba

A devoção ao Custódio ao longo dos séculos se tornou uma marca distintiva de uma cidade. Para além destas muralhas, a presença do Arcanjo é hoje uma constante na paisagem de Córdoba. 

Triunfos, altares, ruas, nomes, festas e rituais, que o tempo e a fé de um povo transformaram em algo especial e próprio.

O início da descoberta das chaves do significado desta grande riqueza patrimonial teve que partir daqui, onde tudo começou. 

A igreja do Juramento de São Rafael, construída no local da casa do Padre Roelas, local onde o Arcanjo proferiu o juramento de proteção à cidade.

Aqui começa uma viagem por séculos de laços históricos e afetivos onde a religiosidade, a cultura e a identidade formaram um magnífico legado de valores a descobrir, compreender e partilhar.

Córdoba, 1578. A cidade, como todo o seu século, é castigada por epidemias e pragas que dizimam a população e os campos. 

Tempestades, tempestades e insalubridade geral tornam a vida difícil. Nestas circunstâncias tão adversas, o povo de Córdoba recorrerá à proteção de Deus e dos seus santos, constituindo assim a religiosidade no eixo central da sua existência.

Os Santos Mártires são a principal devoção do povo de Córdoba no século XVI. 

Dois grandes momentos da cidade – na época romana e islâmica – coincidiram com períodos de perseguição religiosa, durante os quais morreram muitos cristãos que se tornariam, séculos mais tarde, a esperança a que nos voltamos face a tantas calamidades. 

Os restos mortais de muitos mártires foram transferidos para o norte da península devido ao perigo de serem devastados. Outros se esconderam em locais seguros da própria Córdoba, alguns deles sendo encontrados séculos depois. Isso aconteceu em 1575, quando foi encontrado um túmulo cheio de relíquias no porão da igreja de São Pedro. A sua descoberta trouxe enorme alegria à cidade, embora, como não havia provas fiáveis ​​da sua veracidade, não se preparassem para o culto.

Três anos depois, Andrés de las Roelas, um padre humilde e doente, decidiu sair para o campo para tentar recuperar um pouco de sua saúde. 

Lá ele encontrou os Cinco Cavaleiros, jovens educados que lhe disseram, para sua surpresa, que dissesse ao Bispo que os ossos encontrados eram de Mártires e deveriam ser adorados. 

Assustado, Roelas não cumpriu a ordem, por isso um novo emissário de Deus o repreendeu pela sua atitude e reafirmou a veracidade das Relíquias. Ele, por insistência do padre, reconheceu no dia 7 de maio sua identidade: São Rafael Arcanjo, Guardião e Custódio de Córdoba.

A origem de uma devoção: as aparições de São Rafael ao Padre Roelas

A origem da grande devoção de Córdoba a San Rafael está nas aparições do Arcanjo ao padre Andrés de las Roelas. Foram contados até cinco aparições entre o final de abril e o início de maio de 1578. 

Roelas, preocupado com sua veracidade, dirigiu-se aos teólogos mais conceituados da cidade, que lhe recomendaram que perguntasse ao misterioso visitante sobre sua identidade. 

Ele fez isso repetidamente e somente na última aparição, em 7 de maio, isso lhe seria revelado com o agora famoso Juramento. 

“Juro-vos por Jesus Cristo Crucificado que sou Rafael Arcanjo a quem Deus confiou a Custódia desta Cidade […]”.

Especialmente relevantes foram duas das revelações que São Rafael fez ao Padre Roelas. Por um lado, aquela que manifestava a veracidade das relíquias que, encontradas três anos antes na igreja de São Pedro, se acreditava serem dos Santos Mártires de Córdoba. 

Por outro lado, aquele que declarou a guarda e tutela da cidade pelo próprio Arcanjo, principalmente diante de tempestades e doenças epidêmicas.

Juan del Pino, sacerdote amigo e confessor do Padre Roelas, decidiu transcrever o que tantas vezes lhe contara sobre as visitas do Arcanjo, texto doravante conhecido como Revelações. 

Estes receberam aprovação eclesiástica em 1603 e desde então, juntamente com o seu valor religioso e devocional, foram uma fonte inesgotável de informação e inspiração para os artistas.

Aparições na arte: evolução de um modelo

De grande interesse para a cidade de Córdoba, o episódio das aparições foi amplamente representado por praticamente todas as artes, restando numerosos exemplares no Templo do Juramento. São exemplos a tela que acolhe o visitante ou a delicada peça escultórica que encontramos na sacristia. As gravuras, de menor custo e portanto mais acessíveis à população, reproduziram o encontro em diversas ocasiões.

Com o passar dos anos, a iconografia seria refinada até à representação única de São Rafael, embora agora com um elemento herdado das aparições, e a partir dos quais seria gerado o modelo expressamente cordobano do Arcanjo: a cartela do Juramento. 

Esta peça inclui as palavras pelas quais o Arcanjo é reconhecido como Custódio de Córdoba. 

O mostrado pertencia originalmente à imagem que preside este templo, e com isso foi realizado pelo escultor Alonso Gómez de Sandoval em 1735. No verso contém um documento que relata a reforma da efígie em 1795.

O rasto documental das aparições também é extenso. Especialmente importante é a transferência que está exposta das próprias Revelações, datada de 1735. Da mesma forma, o rascunho de uma carta de 1818 dirigida ao Papa Pio VII afirma que estas revelações foram aprovadas pelo governador eclesiástico de Córdoba em 1603.

Andrés de las Roelas

Por volta de 1525, Andrés de las Roelas nasceu na cidade de Posadas, Córdoba. Pouco se sabe sobre sua vida antes do encontro com o Custódio, embora fosse morador do bairro São Lorenzo, residindo em algumas casas – o lote onde estamos – de propriedade de sua irmã, Francisca de las Roelas. 

Cauteloso e prudente, questionou os encontros com o Arcanjo, contando apenas o ocorrido ao seu confessor, à autoridade religiosa e a alguns teólogos. 

Depôs duas vezes, afirmando na segunda, em 1586, que desejava ser sepultado no mosteiro dos Carmelitas Descalços, hoje igreja de São Roque, arranjando detalhadamente como isso deveria ser feito.

Faleceu em 1587, foram feitas diversas buscas em busca de seus restos mortais, todas sem sucesso. 

Destaca-se o de 1841, promovido pela Catedral de San Rafael, e para a qual foi encomendada a arca que abrigaria seus restos mortais (9). Apesar do revés de não as encontrar, a Irmandade encorajou a sua figura encomendando obras que a mostrassem, como a gravura das aparições, obra de José Gómez de 1843, realizada apenas dois anos após a tentativa.

O templo do Juramento de São Rafael: o Grande Relicário

O aparecimento dos Cinco Cavaleiros primeiro ao Padre Roelas, e depois as de São Rafael, todos com a mesma mensagem, faria com que as figuras dos Santos Mártires estivessem para sempre ligadas à do Arcanjo. 

O atual templo, erguido no local da casa onde morava o padre, foi concebido não apenas para adorar São Rafael, mas também para que os mártires locais ocupassem nele um lugar de destaque. 

Isto é demonstrado pelo fato de os Santos Acisclo e Vitória, mártires e padroeiros da cidade, acompanharem o Custódio em locais tão significativos como a Capela-Mor ou a fachada. 

A tela do Martírio de Santo Eulógio, a dos mártires Argentea e Wulfurano, ou a extensa coleção de gravuras de martírio, são apenas uma breve amostra do extenso patrimônio em homenagem ao Santo Mártires que existem no templo do Juramento, complementado por retábulos, imagens e principalmente, uma infinidade de relíquias.

A difusão de uma devoção: o aparecimento dos Cinco Cavaleiros

Este episódio foi capturado por vários artistas. Na Igreja do Juramento encontramos-o em três telas: no templo – ao pé da nave do Evangelho -, na sacristia e na exposta, da Reitoria. 

Entre as gravuras, verdadeiras propagadoras da devoção, destaca-se a pequena que reúne as aparições dos Santos Mártires e de São Rafael ao Padre Roelas. 

Eloquente é o caso dos seguintes exemplares, exemplo da enorme procura destas gravuras. A chapa utilizada para impressão teve que ser constantemente renovada devido ao seu grande aproveitamento, incluindo o gravador, em cada uma das restaurações, novos elementos que as diferenciavam. 

Assim, foram acrescentadas assinatura e data e ao modelo original, e posteriormente foi incluído um filactério que delineava o encontro dos Cavaleiros e quando ele aconteceu.

O episódio refletiu-se numa infinidade de documentos e publicações ao longo dos séculos. A Catedral de São Rafael empreendeu em vários momentos uma compilação de dados que dariam solidez intelectual à fé no Custódio, originando nesta época o Compêndio, obra que reúne as razões da fundação da irmandade, entre as quais se encontra, em detalhes, o aparecimento dos Cinco Cavaleiros. 

De grande interesse são as Anotações Críticas, nas quais as revelações são traduzidas para o latim a fim de facilitar o seu conhecimento fora da Espanha e, especialmente, para torná-las acessíveis no Vaticano.

II. São Rafael e os Mártires: Detalhes das duas grandes devoções do Juramento

Em 1578 o Padre Roelas adoeceu gravemente. Em diversas ocasiões, enquanto descansava na cama, ouvira, sem ver ninguém, uma voz que lhe aconselhava: “Vai para o campo e terás saúde”. 

Resolveu recuperar o fôlego sentado numa pedra junto a uma das estradas, perto da zona conhecida como Marrubial, onde viu cinco jovens aproximarem-se a cavalo e por causa das roupas – gibões brancos, perneiras de veludo e chapéus, pensou Roelas que eram comerciantes vindos a fazer negócios na cidade. 

Quando chegaram até ele, um deles, de chapéu na mão, cumprimentou-o amigavelmente, dizendo-lhe imediatamente que deveria comparecer à autoridade eclesiástica e informá-lo que “aquele Sepulcro que foi encontrado em São Pedro, e os ossos dos Santos, deixe-os ficar com eles” em grande veneração, porque muitas obras e doenças chegarão a esta cidade, e através delas, serão libertados.

Enquanto isso, os outros quatro jovens conversavam entre si, o Padre Roelas ouviu um deles afirmar: “Que montanha grande era esta aqui, quando me prenderam”. 

Os cavaleiros marcharam imediatamente, sem o padre saber para onde iam, nem os sinais dos cascos dos seus cavalos ficaram. Este encontro logo seria identificado como o aparecimento dos Cinco Mártires: Fausto, Januário, Marcial, Acisclo e Zoilo a Andrés de las Roelas. Sua mensagem seria precursora do que o próprio San Rafael transmitiria algumas semanas depois.

III. O templo do Juramento: da casa de Roelas à casa do Custódio

O local por onde caminhamos é sem dúvida a razão do templo que nos abriga. O seu nome particular, Juramento, prova que foi aqui que São Rafael revelou ao Padre Roelas sua identidade e confirmou a veracidade das relíquias que apareceram em São Pedro em 1575.

Mais de meio século depois, a epidemia de Peste de 1649, muito agressiva na cidade, fez com que a Câmara Municipal nomeasse um dos seus vinte e quatro cavaleiros, José de Valdecañas, para zelar e promover o culto de São Rafael, solicitando assim a proteção do Arcanjo diante desta e de outras adversidades. 

Valdecañas logo tentou adquirir a casa onde São Rafael havia jurado ser Custódio da cidade e, com doações do capítulo da catedral, dos júris da cidade, da nobreza e do povo, efetuou sua compra em 1652.

Ofertas votivas e doações: a fé materializada

Numerosos bens chegavam ao Templo do Juramento em oração a São Rafael ou em agradecimento pelo favor recebido. 

Na tela da Aparição da Virgem de Pilar a Santiago com um doador, foi identificado como Diego Mesía de la Cerda, membro da citada Casa de la Vega de Armijo, historicamente ligada ao templo. 

Numerosas ofertas votivas populares atestam a fidelidade de São Rafael ao povo de Córdoba face aos seus infortúnios, destacando a coleção de pinturas populares, ou a muito interessante oferta votiva que um cordovão residente em Cádiz enviou em ação de graças quando a sua casa não sofreu danos significativos antes de um bombardeio, com fragmento de projétil incluído. 

As doações de enxoval litúrgico, especiarias ou esmolas mostram o amor professado da cidade pelo seu Custódio.

Junto com eles, inúmeras ações em prol do culto ao Arcanjo. A Câmara Municipal, a título de exemplo, patrocinou em 1651 uma publicação que glosava as festas celebradas pela cidade após a conquista de Roma a sua própria oração a São Rafael. 

Desta forma, evitou que estas celebrações – verdadeiramente coletivas – caíssem no esquecimento. 

A Igreja, por sua vez, diante do diálogo inequívoco entre Córdoba e seu Custódio, começou a reconhecer esta relação especial com indulgências e graças, como as concedidas por Clemente XI aos irmãos de São Rafael. 

E o povo de Córdoba, com ofertas mais ou menos humildes, continuou a mostrar a sua devoção. 

Foi o que fizeram os portadores da imagem em 1865, entregando uma nova cartela com o Juramento, que desde então se encontra ao pé da efígie em prata.

A Ilustre Irmandade de San Rafael: custódia do Custódio

Desde meados do século XVII, os devotos de São Rafael reuniam-se com alguma regularidade, embora só no século XVIII surgisse a atual Irmandade. 

Um novo grupo de fiéis começou a adorar o Arcanjo em 1708, decidindo no final de 1715 solicitar a aprovação do Bispo como Irmandade. 

Eles obtêm sua aprovação em janeiro do ano seguinte. Desde então e até hoje, a ilustre Irmandade de São Rafael se mantém como a verdadeira guardiã do Custódio, zelando pelo seu culto, pela conservação do templo e mantendo viva a chama devocional mesmo em períodos muito infelizes para a cidade. 

A primeira reunião de seus irmãos registrada em ata data de 21 de maio de 1716. Anos mais tarde, o rei Filipe V aprovou as suas Constituições, sendo uma das poucas corporações espanholas a tê-las sancionadas por autoridades religiosas e civis. 

Em 1841 – ano fatídico para a corporação – a Irmandade prestou contas ao Estado pelas suas propriedades. No dia 1º de outubro eles seriam apreendidos. 

Apesar das inúmeras dificuldades, a devoção a São Rafael tem garantido que a Irmandade sobreviva até hoje, com mais de três séculos de existência ininterrupta.

Córdoba, templo aberto de São Rafael

Córdoba, fiel devoto do Arcanjo, há séculos emprega seus artistas para representá-lo.

Nos retábulos dos templos e na intimidade dos conventos, nos triunfos e altares de rua, nas fachadas do comércio local. Onde quer que os olhos possam ver, existe o Guardião. 

Mas uma iconografia tão repetida teve necessariamente que desenvolver uma variante própria, gerando ao longo dos séculos um modelo exclusivamente de Córdoba de São Rafael.

Não houve uma geração na cidade que não quisesse representar São Rafael. Nomes renomados como Antonio del Castillo, Valdés Leal, Miguel Verdiguier, Duque Cornejo e Damián de Castro deram o seu melhor em suas obras de Custódio. 

Também no século passado, cada artista com sua marca recriou sua efígie angelical. Icônica é a obra de Julio Romero de Torres que, com seu estilo peculiar, representou diversas vezes São Rafael. 

Até o próprio Lorca, autor de um dos mais belos poemas dedicados ao Custódio, que seria fonte de inspiração para o grupo Cântico, quis desenhar o arcanjo São Rafael, o arcanjo de Córdoba.

De Antonio del Castillo a Gómez de Sandoval: a consolidação de um modelo.

O episódio das aparições – germe da devoção local para o Arcanjo – foi enormemente representado em pinturas e gravuras. 

Com o tempo, e embora nunca o padre não era mais lembrado, a devoção o fez gostaria de mostrar apenas São Rafael, embora já acompanhado por uma cartela com as palavras do Juramento, atributo por excelência do Modelo cordobês.

Entre essas obras, destaca-se a tela pintada por Antonio del Castillo para a Câmara Municipal, criada em 1652 que geraria o primeiro ícone deste movimento claramente cordobano. A cidade gostou tanto do trabalho que Hdad. de San Rafael não desistiu dos esforços de popularização através das gravuras (2, 3, 4 e 5). 

O impacto deve ter sido tal que sem dúvida a obra criada por Del Castillo esteve presente entre os irmãos quando encomendaram ao escultor Alonso Gómez de Sandoval a sua nova e portentosa imagem, que logo se tornaria a mais famosa das representações do Custódio em Córdoba. 

Este seria executado em 1735 por 1.500 reais. No entanto, uma extensa renovação realizada por Sandoval e sua oficina em 1795 lhe daria o aspecto atual.

VIA CRUCIS

Motivo da sentença de morte, escrito em aramaico, grego e latim, com base na relíquia guardada na Basílica da Santa Cruz em Jerusalém, Roma, com base na pesquisa de Michael Hesemann.

COROA DE ESPINHOS

A cabeça do Homem da Savana Sagrada tem múltiplas perfurações em todo o crânio. Monsenhor Ricci atribuiu-os a uma coroa de espinhos em forma de capacete. Muito provavelmente seriam espinhos de jujuba (Ziziphus jujuba).

DOR LATERAL

No Homem do Sudário vemos uma ferida aberta no quinto espaço intercostal, produzida após a morte por um objeto pontiagudo, como uma lança, de onde saiu fluido seroso e sangue pós-mortal.

LIMITAÇÕES NOS JOELHOS

O Homem do Santo Sudário tem cortes na pele dos joelhos, resultado de quedas no caminho para a execução, com a estaca nos ombros. Neles foi encontrada terra com aragonita, abundante em Jerusalém.

SHARA SANTA TESTEMUNHA FIEL

PREGOS NOS PULSOS

O Homem da Savana Sagrada tem as mãos perfuradas nos pulsos

BARRIGA INCHADA

Assim como o Homem do Sudário, sinal de morte por asfixia.

PÉS PREGADOS

Como no Homem do Sudário, os pés são montados, o esquerdo em cima do direito, e perfurados por um único prego.

FORTOGRAFÍA JOSÉ LAGUILERA

FERIDAS EM TODA A PELE

Produzidos por golpes de chicote, do tipo flagrum taxillatum, com cuidado para proteger a região pericárdica, evitando assim a morte do preso, sendo especialmente abundantes na espada. 

Nos ombros do Homem do Santo Sudário também há escoriações devido ao atrito de uma madeira prismática na pele já ferida pelos cílios.

MADERO DA CRUZ

Baseando-se na proposta de Michael Hesemann, o patíbulo ou travessa, de secção quadrada e os estipes ou mastro vertical, de secção circular, como se deduz do buraco escavado no Calvário.

A exposição da Sagrada Eucaristia na custódia ou ostensório leva os fiéis a reconhecer nela a maravilhosa presença de Cristo e os convida à unidade de coração com Ele.

“Estando o Senhor fixado na cruz, para que os pregos não afrouxassem o corpo divino, os ministros da justiça resolveram redobrá-los na parte que perfuraram o madeiro sagrado, e para executá-lo começaram a levantar a cruz para virar segurando-o por baixo, contra a terra, ao próprio Senhor Crucificado”.

SISTER MARÍA JESÚS DE ÁGREDA – Mystical City of God (Chapter XXIX)

Fonte: Basílica de San Rafael de Córdoba / Espanha.

REVELACIONES DEL ARCÁNGEL SAN RAFAEL AL SACERDOTE ANDRÉS DE LAS ROELAS REDACTADAS POR JUAN DEL PINO EN 1602

Córdoba, traslado de 1735

“[…] Tú me conjuraste la última noche que vine aquí, y no te dije quién era por tú inobediencia. Yo te Juro por Jesus Cristo crucificado que soy Rafael, Ángel a quien tiene Dios puesto por Guarda de esta Ciudad. […]”

BORRADOR DE LA CARTA DIRIGIDA POR LA CIUDAD DE SAN RAFAEL AL PAPA PÍO VII DONDE SE LE SOLICITA QUE LA FIESTA DEL 7 DE MAYO, DEDICADA AL ARCÁNGEL SAN RAFAEL, SEA ELEVADA A RITO DE 1ª CLASE

Córdoba, ca. 1818

“[…] que parece tienen (las Revelaciones) el grado de autoridade y firmeza que exige la Sagrada Congregación en casos de igual naturaleza. Estas revelaciones fueron aprobadas expresa y judicialmente en seis de agosto de 1603 por el Gobernador y Provisor de esta ciudad y obispado, sede episcopali vacante. […]”

TESTAMENTO DEL VENERABLE ANDRÉS DE LAS ROELAS

Córdoba, traslado de 1762 del original de 1586

“Sepan cuantos esta carta de Testamento vieren como yo, Andrés de las Roelas, clérigo presbítero, hijo legítimo que soy de mi señor Jerónimo de las Roelas, difunto, que es en Gloria, vecino que soy de la Villa de las Posadas, estante al presente en esta ciudad de Córdoba en la collación de San Lorenzo; estando enfermo del cuerpo y sano de la voluntad, y en mi buen juicio, memoria, y entendimiento natural, cual Dios nuestro Señor fue servido de darme, y creyendo como creo grandemente en el alto y sacro misterio de la Santísima Trinidad y en todo aquello que tiene y cree la Santa Madre Iglesia […]”

MEMORIAL DE LA DILIGENCIA HECHA PARA RECUPERAR LOS RESTOS DE ANDRÉS DE LAS ROELAS EN 1654

Córdoba, traslado de principios del s. XIX

“[…] habiendo abierto el hueco en que estaba enterrado solo se halló una calavera grande, unos zapatos con sus suelas, y por el cordoban dadas unas cuchilladas, y un pedazo de cea como de fuerza de sotana […]”

San Rafael y los Mártires: dos grandes devociones en el Juramento

En 1578 se encontraba el padre Roelas gravemente enfermo. En varias ocasiones, reposando en su cama había oído sin contemplar persona alguna una voz que le aconsejaba “Sal al campo, y tendrás salud”. 

Caminó hasta las afueras de la ciudad, donde cansado, decidió retomar el aliento sentado en una peña junto a uno de los caminos, cerca de la zona conocida como el Marrubial. Allí apostado vio acercarse a cinco jóvenes montados a caballo y por sus ropas – jubones blancos, calzas de terciopelo y sombreros, pensó Roelas que eran comerciantes que venían de hacer negocios en la ciudad. 

Llegados a su altura uno de ellos, sombrero en mano, le saludó amistosamente, expresándole de inmediato que había de marchar ante la autoridad eclesiástica y comunicarle que “aquel Sepulcro que se halló en San Pedro, y huesos de los Santos, que los tengan en mucha veneración, porque vendrán a esta ciudad muchos trabajos y enfermedades, y mediante ellos, serán libres”.

Entretanto, los otros cuatro jóvenes hablaban entre sí, oyendo el padre Roelas que uno de ellos afirmaba “Qué grande montaña era esto por aquí, cuando me prendieron”. Marcharon los caballeros de inmediato, no apreciando el sacerdote por dónde, ni las señales de los cascos de sus cabalgaduras. 

Este encuentro pronto se identificaría como la aparición de los Cinco Mártires-Fausto, Januario, Marcial, Acisclo y Zoilo- a Andrés de las Roelas. Su mensaje sería un antecedente de lo que habría de transmitir algunas semanas después el propio San Rafael.

El templo del Juramento: de la casa de Roelas a la casa del Custodio

El solar que pisamos es sin duda la razón de ser del templo que nos alberga. Su particular nombre, el Juramento, acredita que fue aquí mismo donde San Rafael reveló al padre Roelas su identidad y confirmó la veracidad de las reliquias aparecidas en San Pedro en 1575.

Más de medio siglo después, la epidemia de Peste de 1649, muy agresiva en la ciudad, hizo que el cabildo municipal designase a uno de sus caballeros veinticuatro José de Valdecañas- para velar y potenciar el culto a San Rafael, solicitando así la protección del Arcángel ante esta y otras adversidades. Valdecañas pronto intentó la adquisición de la casa donde San Rafael había jurado ser Custodio de la ciudad, y con donativos del cabildo catedral, jurados de la ciudad, nobleza y pueblo llano, hizo efectiva su compra en 1652.

Los templos de San Rafael: el crecimiento de la devoción

El siguiente paso era consignar tan importante lugar al culto, lo que se lograría sólo un año Después de agosto de 1653, al conseguir licencia eclesiástica para celebrar misa en ella. 

Al poco se emprendió el derribo de parte de la casa con el fin de erigir una ermita que recordase para siempre el lugar de las apariciones. Entretanto se alzaba ésta, en la parte que aún quedaba en pie, se dispuso un oratorio donde los cordobeses podían mostrar su afecto y devoción al Arcángel. Este oratorio, íntimo y pequeño, pronto fue insuficiente para albergar la devoción a San Rafael.

Los trabajos de construcción de la ermita se prolongarían durante décadas por falta de fondos, hasta que finalmente en 1732 se pudo consagrar. Poseía planta de cruz latina, constando de una única nave con altares en sus costados, leve crucero cubierto por cúpula y presbiterio finalizado, en primera instancia, en un testero plano donde se ubicaba la imagen del titular.

El célebre terremoto de Lisboa, acaecido en 1755, tuvo escasas consecuencias en la ciudad, lo que se atribuyó a la intercesión de San Rafael. Agradecidos, los cabildos municipal y eclesiástico acordaron acudir perpetuamente en procesión cada 7 de mayo hasta la ermita. Esto convertía de facto al templo en uno de los centros religiosos de Córdoba, dándole además cierto grado de oficialidad. 

La categoría de los visitantes y el incremento de fieles hicieron que casi de inmediato se barajase la posibilidad de ampliarlo, pues una vez más, quedaba pequeño. Para ello, la Hdad. de San Rafael fue adquiriendo los terrenos colindantes y, mientras se lograba emprender la deseada pero costosa obra -lo que ocurriría décadas después-, se realizó un camarín de planta hexagonal que daba protagonismo a la imagen de San Rafael.

Varias propuestas hubo para la ampliación. Alguna planteaba hacerlo por la cabecera del templo, otra por los pies y con naves laterales, y finalmente se decidió, tras un cúmulo de circunstancias históricas, que fuese una mezcla de ambas ideas rematadas con una gran cúpula y rotonda de marcado sentido martirial. El templo resultante, que hoy contemplamos, sería consagrado tras 10 años de obras el día 4 de mayo de 1806.

La devoción a San Rafael: entre la oficialidad y la piedad popular

Desde los inicios mismos de la devoción a San Rafael en Córdoba existe una total identificación de todos los estratos sociales con su Custodio. Instituciones religiosas y civiles, nobleza y el pueblo llano han participado en solitario o unidas en el culto al Arcángel.

El cabildo eclesiástico, por ejemplo, decidía que una soberbia imagen de San Rafael, obra de Duque Cornejo, coronase el coro de la catedral. El ayuntamiento por su parte hizo presidir las casas consistoriales con un fantástico lienzo del Custodio, salido de los pinceles de Antonio del Castillo. Las casas nobles no fueron menos. La de Villaseca, en el cercano palacio de Viana, daba buena muestra de su devoción con las interesantes pinturas murales de la historia de Tobías, pasaje bíblico del Arcángel. Y el pueblo no cesó de mostrar su afecto a San Rafael. 

Incontables hogares pusieron sobre el dintel de su puerta un pequeño azulejo con su imagen, y en la intimidad de las casas se pierden miles de estampas y fotografías con su divina presencia. Un mero paseo por los comercios más variopintos de la ciudad basta para hallar al Arcángel.

INSTRUMENTOS DE LA PASIÓN

CORONA DE ESPINAS

Mons. Giulio Ricci observó que las numerosas heridas punzantes del cráneo del Hombre de la Sábana Santa estaban repartidas tanto en la parte anterior como en la posterior por toda la bóveda craneal. 

Por esta razón estimó que la corona de espinas que se le había colocado a este Hombre no era la usualmente representada en forma de diadema, sino que hubo de tener forma de casquete. Los soldados la tejerían tomando por horma un casco, usando sin duda ramas de azufaifo (ziziphus jujuba o ziziphus spina-christi), que son flexibles y pueden trenzarse sólo durante la primavera. Sus espinas son muy duras y no se tronchan, a diferencia las de otras plantas espinosas.

San Rafael y Córdoba. La devoción al Custodio que, con los siglos, ha llegado a ser seña de identidad de una ciudad. Más allá de estos muros, la presencia del Arcángel es hoy una constante en el paisaje cordobés. 

Triunfos, altares, calles, nombres, fiestas y rituales, que el tiempo y la fe de un pueblo han convertido en algo especial y propio.

El inicio para descubrir las claves de la significación de esta gran riqueza patrimonial tenía que partir de aquí, donde todo comenzó. La iglesia del Juramento de San Rafael, construida sobre el solar de la casa del padre Roelas, lugar donde el Arcángel pronunció su juramento de protección a la ciudad.

Aquí comienza un recorrido por siglos de vinculación histórica y afectiva donde religiosidad, cultura e identidad han conformado un magnífico legado de valores que descubrir, comprender compartir.

Córdoba, 1578. La ciudad, como todas las de su siglo, es castigada por epidemias y plagas que diezman a la población y los campos. Las tempestades, tormentas e insalubridad general hacen que la vida no sea fácil. 

En estas circunstancias tan adversas, los cordobeses recurrirán al amparo de Dios y sus santos, constituyéndose así la religiosidad en el eje central de su existencia.

Los Santos Mártires son la principal devoción de los cordobeses del siglo XVI. Dos grandes momentos de la urbe -en época romana e islámica-habían coincidido con periodos de persecución religiosa, muriendo en ellos multitud de cristianos que se convertirían, siglos después, en la esperanza a la que acudir ante tanta calamidad. 

Los restos de muchos mártires fueron trasladados al norte peninsular ante el peligro de que fuesen devastados. Otros, se escondieron en lugares seguros de la propia Córdoba, encontrándose algunos de ellos siglos después. Así ocurrió en 1575 cuando en el subsuelo de la iglesia de San Pedro se halló un sepulcro lleno de reliquias. 

Su hallazgo supuso una enorme alegría para la ciudad aunque, al no existir pruebas fehacientes de su veracidad, no se dispusieron al culto.

Tres años más tarde Andrés de las Roelas, un sacerdote humilde y enfermo, decidía salir al campo a intentar recobrar algo de salud. Allí se topó con Cinco Caballeros, jóvenes educados que le dictaron, para su sorpresa, que dijese al Obispo que los huesos hallados eran de Mártires y debía dárseles culto. 

Atemorizado, Roelas no cumplió el mandato, por lo que un nuevo emisario de Dios le reprocharía su actitud y reafirmaría la veracidad de las Reliquias. Este, ante la insistencia del sacerdote, reconoció su identidad el día 7 de mayo: San Rafael Arcángel, Guarda y Custodio de Córdoba.

El origen de una devoción: las apariciones de San Rafael al padre Roelas

El origen de la gran devoción de Córdoba a San Rafael lo hallamos en las apariciones del Arcángel al sacerdote Andrés de las Roelas. Hasta cinco se contabilizaron entre finales de abril y comienzos de mayo de 1578. Roelas, preocupado por la veracidad de estas, acudió a los más reputados teólogos de la ciudad, quienes le recomendaron que preguntase al misterioso visitante por su identidad. Así lo hizo repetidamente y solo en la última aparición, de 7 de mayo, le sería revelada con el hoy célebre Juramento. “Yo te juro por Jesucristo Crucificado que soy Rafael Arcángel a quien Dios tiene encomendada la Custodia de esta Ciudad […]”.

Especialmente relevantes fueron dos de las revelaciones que hizo San Rafael al padre Roelas. De un lado, la que manifestaba la veracidad de las reliquias que halladas tres años antes en la iglesia de San Pedro, se tenían por las de los Santos Mártires de Córdoba. De otro, la que declaraba la custodia y guarda de la ciudad por el propio Arcángel especialmente ante las tempestades y enfermedades epidémicas.

Juan del Pino, sacerdote amigo y confesor del padre Roelas, se decidió a transcribir lo que este le había relatado tantas veces acerca de las vísitas del Arcángel, el texto se conocería en adelante como las Revelaciones. 

Estas recibieron la aprobación eclesiástica en 1603 y desde entonces, junto a su valía religiosa y devocional, fueron fuente inagotable de información e inspiración para artistas.

Las apariciones en el arte: evolución de un modelo

De gran interés para la ciudad de Córdoba, el episodio de las apariciones fue ampliamente representado desde pronto por prácticamente todas las artes, quedando numerosos ejemplos de ello en el templo del Juramento. 

Sirvan de muestra el lienzo que da la bienvenida al visitante o la delicada pieza escultórica que encontramos en la sacristía. Los grabados, de menor coste y por tanto más accesibles a la población, reprodujeron el encuentro en multitud de ocasiones.

Pasados los años, la iconografía se iría depurando hasta la sola representación de San Rafael, aunque ya con un elemento heredero de las apariciones, y de cuyas resultas se generaría el modelo del Arcángel expresamente cordobés: la cartela del Juramento. Esta pieza recoge las palabras por las que se reconoce al Arcángel como Custodio de Córdoba. 

La que se muestra perteneció originalmente a la imagen que preside este templo, y con esta fue realizada por el escultor Alonso Gómez de Sandoval en 1735. En su reverso contiene un documento que relata la reforma de la efigie en 1795.

El rastro documental de las apariciones también es extenso. Especialmente importante es el traslado que se expone de las propias Revelaciones, fechado en 1735. 

Así mismo, el borrador de una carta de 1818 dirigida al Papa Pío VII reseña que dichas revelaciones fueron aprobadas por el gobernador eclesiástico de Córdoba en 1603.

Andrés de las Roelas

Hacia 1525 nace Andrés de las Roelas en la villa de Posadas, Córdoba. Poco se sabe de su vida antes del encuentro con el Custodio, aunque sí que era vecino del barrio de San Lorenzo, residiendo en unas casas -solar en el que nos hallamos- propiedad de su hermana, Francisca de las Roelas. 

Cauto y prudente, puso en duda los encuentros con el Arcángel, no contando lo sucedido más que a su confesor, autoridad religiosa y algunos teólogos. Testó dos veces, reseñando en el segundo, de 1586 (7), que deseaba ser sepultado en el monasterio de los Carmelitas Descalzos, hoy iglesia de San Roque, disponiendo detalladamente cómo había de hacerse.

Fallecido en 1587, varias búsquedas se hicieron de sus restos, todas infructuosas (8). Destaca la fechada en 1841, promovida por la Hdad. de San Rafael, y para la que incluso se encargó el arca que debía albergar sus restos mortales. 

A pesar del revés de no hallarlos, la Cofradía alentó su figura encargando obras que lo mostrasen, como el grabado de las apariciones, obra de José Gómez de 1843, creado sólo dos años después del intento (10)

El templo del Juramento de San Rafael: el Gran Relicario

La aparición de los Cinco Caballeros al padre Roelas primero, y las de San Rafael después, todas con el mismo mensaje, harían que las figuras de los Santos Mártires quedasen unidas para siempre a la del Arcángel. El actual templo, alzado sobre el solar de la casa que habitaba el sacerdote, fue concebido no sólo para dar culto a San Rafael, sino que los mártires locales habían de ocupar un lugar preeminente en él. Así lo demuestra que los santos Acisclo y Victoria, mártires y patronos de la ciudad, escolten al Custodio en lugares tan significativos como la Capilla Mayor o la fachada. El lienzo del Martirio de San Eulogio, el de los mártires Argentea y Wulfurano, o la extensa colección de estampas martiriales, son sólo una breve muestra del amplio patrimonio en honor a los Santos Mártires existente en el templo del Juramento, completado porretablos, imágenes y especialmente, multitud de reliquias.

La difusión de una devoción: la aparición de los Cinco Caballeros

Este episodio ha sido plasmado por numerosos artistas. En la iglesia del Juramento lo hallamos en tres lienzos: en el templo -a los pies de la nave del Evangelio-, en la sacristía y en el que se expone, procedente del despacho del Rector. 

Entre los grabados, verdaderos difusores de la devoción, destaca el de pequeño tamaño que aúna las apariciones de los Santos Mártires y San Rafael al padre Roelas. Elocuente es el caso de los siguientes ejemplares, muestra de la enorme demanda de estos grabados. 

La plancha empleada para su impresión debía ser constantemente reformada por su gran uso, incluyendo el grabador, en cada una de las restauraciones, nuevos elementos que los diferenciaban. Así, al modelo original se añadió firma y fecha, y posteriormente se incluyó una filacteria que reseñaba el encuentro de los Caballeros y cuándo aconteció.

El episodio quedó reflejado en multitud de documentos y publicaciones a lo largo de los siglos. La Iltre. Hdad. de San Rafael emprendió en varias épocas una recopilación de datos que diesen solidez intelectual a la fe en el Custodio, originándose en este momento el Compendio, obra que recoge los motivos de la fundación de la cofradía, entre los que no faltan, con todo detalle, la aparición de los Cinco Caballeros. 

De gran interés son las Anotaciones Críticas, en las que se traducen las revelaciones al latín con el fin de facilitar su conocimiento fuera de España y, especialmente, hacerlas accesibles en el Vaticano.

San Rafael y los Mártires: dos grandes devociones en el Juramento

En 1578 se encontraba el padre Roelas gravemente enfermo. En varias ocasiones, reposando en su cama había oído sin contemplar persona alguna una voz que le aconsejaba “Sal al campo, y tendrás salud, Caminó hasta las afueras de la ciudad, donde cansado, decidió retomar el aliento sentado en una peña junto a uno de los caminos, cerca de la zona conocida como el Marrubial. 

Allí apostado vio acercarse a cinco jóvenes montados a caballo y por sus ropas-jubones blancos, calzas de terciopelo y sombreros, pensó Roelas que eran comerciantes que venían de hacer negocios en la ciudad. 

Llegados a su altura uno de ellos, sombrero en mano, le saludó amistosamente, expresándole de inmediato que había de marchar ante la autoridad eclesiástica y comunicarle que “aquel Sepulcro que se halló en San Pedro, y huesos de los Santos, que los tengan en mucha veneración, porque vendrán a esta ciudad muchos trabajos y enfermedades, y mediante ellos, serán libres”.

Entretanto, los otros cuatro jóvenes hablaban entre sí, oyendo el padre Roelas que uno de ellos afirmaba “Qué grande montaña era esto por aquí, cuando me prendieron”. 

Marcharon los caballeros de inmediato, no apreciando el sacerdote por dónde, ni las señales de los cascos de sus cabalgaduras. Este encuentro pronto se identificaría como la aparición de los Cinco Mártires-Fausto, Januario, Marcial, Acisclo y Zoilo a Andrés de las Roelas. 

Su mensaje sería un antecedente de lo que habría de transmitir algunas semanas después el propio San Rafael.

El templo del Juramento: de la casa de Roelas a la casa del Custodio

El solar que pisamos es sin duda la razón de ser del templo que nos alberga. Su particular nombre, el Juramento, acredita que fue aquí mismo donde San Rafael reveló

al padre Roelas su Identidad y confirmó la veracidad de las reliquias aparecidas en San Pedro en 1575.

Más de medio siglo después, la epidemia de Peste de 1649, muy agresiva en la ciudad, hizo que el cabildo municipal designase a uno de sus caballeros veinticuatro José de Valdecañas para velar y potenciar el culto a San Rafael, solicitando así la protección del Arcángel ante esta y otras adversidades. Valdecañas pronto intentó la adquisición de la casa donde San Rafael había jurado ser Custodio de la ciudad, y con donativos del cabildo catedral, jurados de la ciudad, nobleza y pueblo llano, hizo efectiva su compra en 1652.

Exvotos y donaciones: la fe materializada

Al templo del Juramento iban llegando numerosos bienes en rogativa a San Rafael o en agradecimiento por el favorrecibido. En el lienzo de la Aparición de la Virgen del Pilar a Santiago con donante, se ha identificado a este como Diego Mesía de la Cerda, miembro de la citada Casa de la Vega de Armijo, muy vinculada al templo históricamente. 

Numerosos exvotos populares atestiguan la fidelidad de San Rafael con el pueblo cordobés ante sus infortunios, destacando la colección de pinturas populares, o el interesantísimo exvoto que en acción de gracias remitió un cordobés vecino de Cádiz al no sufrir su casa daños de importancia ante un bombardeo, con fragmento de proyectil incluido. 

Las donaciones de ajuar litúrgico, especies o limosnas, dan muestra del amor profeso de la ciudad a su Custodio.

Junto a ellos, incontables acciones en pro del culto al Arcángel. El cabildo municipal, en buena muestra de ellas, patrocinó en 1651 una publicación que glosase las fiestas celebradas por la ciudad tras el logro de conseguir de Roma un rezo propio a San Rafael. 

Evitaba así que estas celebraciones – verdaderamente colectivas – cayesen en el olvido (4). La Iglesia, por su parte, ante el inequívoco diálogo entre Córdoba y su Custodio comenzó a reconocer esta especial relación con indulgencias y gracias, como las concedidas por Clemente XI a los cofrades de San Rafael. 

Y los cordobeses, con ofrendas más o menos humildes, seguían dando muestras de su devoción. Así lo hicieron los portadores de la imagen en 1865, tributando una nueva cartela con el Juramento, que realizada en plata está a los pies de la efigie desde entonces.

La Ilustre Hermandad de San Rafael: custodia del Custodio

Desde mediados del siglo XVII los devotos de San Rafael se reunían con cierta regularidad, aunque no será hasta el siglo XVIII cuando surja la actual Hermandad. Un nuevo grupo de fieles comenzaron a dar culto al Arcángel en 1708, decidiendo a finales de 1715 solicitar al Obispo su aprobación como Hermandad. Obtienen su visto bueno en enero del siguiente año. 

Desde entonces y hasta la fecha, la llustre Hermandad de San Rafael se ha alzado como verdadera custodia del Custodio, velando por su culto, por la conservación del templo y por mantener viva la llama devocional incluso en periodos muy aciagos para la ciudad. 

La primera reunión de sus cofrades recogida en acta posee fecha de 21 de mayo de 1716. 

Años más tarde, el rey Felipe V aprobaba sus Constituciones, siendo una de las escasas corporaciones españolas en tenerlas sancionadas por la autoridad religiosa y civil. En 1841-año aciago para la corporación- la Hermandad rendía cuentas al Estado sobre sus fincas. 

El 1 de octubre le serían incautadas. A pesar de las numerosas dificultades, la devoción a San Rafael ha logrado que la Hermandad perviva hasta nuestros días, contando con más de tres siglos de existencia ininterrumpida.

Córdoba, templo abierto de San Rafael

Córdoba, fiel devota del Arcángel lleva empleando a sus artistas durante centurias en representarlo.

En los retablos de los templos e intimidad de los conventos, en los triunfos y altares callejeros, en los testeros de los negocios locales. Allá donde alcance la vista, está el Custodio. Pero obligatoriamente una iconografía tan repetida debía desarrollar una variante propia, generándose a lo largo de los siglosunmodelo de San Rafael exclusivamente cordobés.

No ha existido generación en la ciudad que no haya querido representar a San Rafael. Nombres tan reputados como Antonio del Castillo, Valdés Leal, Miguel Verdiguier, Duque Cornejo o Damián de Castro han dado lo mejor de sí en sus obras del Custodio. 

También en el pasado siglo, cada artista con su impronta recreó su angelical efigie. Icónica es la obra de Julio Romero de Torres que, con su peculiar estilo, representó varias veces a San Rafael. Hasta el propio Lorca, autor de uno de los más bellos poemas dedicados al Custodio, que sería fuente de inspiración para el grupo Cántico, quiso dibujar al arcángel San Rafael, el arcángel de Córdoba.

De Antonio del Castillo a Gómez de Sandoval: la consolidación de un modelo. El episodio de las apariciones -germen de la devoción local al Arcángel – fue enormemente representado em pinturas y grabados. Con el tiempo, y aunque jamás se dejó de recordar al sacerdote, la devoción hizo que se quisiera mostrar solo a San Rafael, aunque ya acompañado de uma cartela con las palabras del Juramento, atributo por excelencia del modelo cordobés.

Entre estas obras destaca el lienzo pintado por Antonio del Castillo para el cabildo municipal, creado en 1652 que generaría el primer icono de esta corriente manifiestamente cordobesa. Tanto gustó la obra en la ciudad que la Hdad. de San Rafael no cejó en esfuerzos por popularizarla a través de grabados. 

El impacto debió ser tal, que sin duda la obra creada por Del Castillo estuvo presente entre los cofrades a la hora de encargar al escultor Alonso Gómez de Sandoval su nueva y portentosa imagen, que pronto se convertiría en la más célebre de las representaciones del Custodio en Córdoba. Esta sería ejecutada en 1735 por 1.500 reales. No obstante, una amplia reforma realizada por Sandoval y su taller en 1795, le daría el aspecto actual.

VIA CRUCIS

Razón de la condena a muerte, escrita en arameo, griego y latin, basada en la reliquia que se conserva en la Basilica de la Santa Cruz en Jerusalén, de Roma, a partir de las investigaciones de Michael Hesemann.

CORONA DE ESPINAS

La cabeza del Hombre de la Sabana Santa presenta múltiples heridas punzantes por todo el cráneo. Monseñor Ricci las atribuyó a una corona de espinas en forma de casco. Con toda probabilidad serian espinas de azofaifo (Ziziphus jujuba).

LLAGA DEL COSTADO

En el Hombre de la Sábana Santa vemos una herida abierta en el quinto espacio intercostal, producida después de la muerte por un objeto punzante, como una lanza, de la que salió liquido seroso y sangre postmortal.

LIAGAS EN LAS RODILLAS

El Hombre de la Sábana Santa presenta desolladuras en las rodillas, fruto de las caídas camino del suplicio, con el madero en los hombros. Se ha encontrado en ellas tierra con aragonito, abundante en Jerusalén.

SHARA SANTA TESTIGO FIEL

CLAVOS EN LAS MUÑECAS

El Hombre de la Sabana Santa tiene perforadas las manos por las muñecas VIENTRE HINCHADO

Igual que el Hombre de la Sábana Santa, signo de muerte por asfixia.

PIES CLAVADOS

Como en el Hombre de la Sábana Santa, los pies están montados el izquierdo sobre el derecho y atravesados por un único clavo.

FORTOGRAFÍA JOSÉ LAGUILERA

LLAGAS OVLTIPLES POR TODA LA PIEL

Producidas por golpes de látigo, del tipo flagrum taxillatum, con cuidado de proteger la zona pericárdica, evitando asi la muerte del reo, Son especialmente abundantes en la espaida. En los hombros del Hombre de la Sábana Santa se ven también escoraciones debidas al roce de un madero prismático sobre la piel ya herida por los latigazos

MADERO DE LA CRUZ

Basado en la propuesta de Michael Hesemann, el patibulum o travesaño, de sección cuadrada y el stipes o palo vertical, de sección circular, como se deduce del agujero excavado en el Calvario.

La exposición de la Santísima Eucaristía en la custodia u ostensorio, lleva a los fieles a reconocer en ella la maravillosa presencia de Cristo y les invita a la unión de corazón con Él:

“Fijado el Señor en la cruz, para que los clavos no soltasen el divino cuerpo, arbitraron los ministros de la justicia redoblarlos por la parte que traspasaban el sagrado madero, y para ejecutarlo comenzaron a levantar la cruz para volverla, cogiendo debajo contra la tierra al mismo Señor Crucificado”.

Insólita imagen de la crucifixión, con influencia del pintor Antonio del Castillo, basada en las visiones de la Madre Sor María Jesús de Ágreda, recogidas en su libro “La Mística Ciudad de Dios”.

La película “La Pasión” dirigida por Mel Gibson, se inspira en este libro y representa la crucifixión como en esta pintura.

SOR MARÍA JESÚS DE ÁGREDA – Mística Ciudad de Dios (Capítulo XXIX)

Fuente: Basílica de San Rafael de Córdoba / Espanha.

REVELATIONS OF THE ARCHANGEL SAINT RAFAEL TO THE PRIEST ANDRÉS DE LAS ROELAS WRITTEN BY JUAN DEL PINO IN 1602

Córdoba, transfer of 1735

“[…] You conjured me the last night I came here, and I did not tell you who I was because of your disobedience. I swear to you by the crucified Jesus Christ that I am Raphael, the Angel whom God has appointed as the Guardian of this City. [. ..]”

DRAFT LETTER ADDRESSED BY THE HDAD. FROM SAINT RAFAEL TO POPE PIO VII WHERE IT IS REQUESTED THAT THE FEAST OF MAY 7, DEDICATED TO THE ARCHANGEL SAINT RAFAEL, BE ELEVATE TO A 1ST CLASS RITE

Córdoba, ca. 1818

“[…] that (the Revelations) seem to have the degree of authority and firmness that the Sacred Congregation requires in cases of the same nature. These revelations were expressly and judicially approved on August 6, 1603 by the Governor and Provisor of this city and bishopric, vacant episcopal see. […]”

TESTAMENT OF THE VENERABLE ANDRÉS DE LAS ROELAS

Córdoba, transfer of 1762 from the original of 1586

“Know how many of you see this letter of Testament as I do, Andrés de las Roelas, priestly clergyman, legitimate son that I am of my lord Jerónimo de las Roelas, deceased, who is in Gloria, neighbor that I am of the Villa de las Posadas, standing at the present in this city of Córdoba in the collation of San Lorenzo; being sick in body and healthy in will, and in my good judgment, memory, and natural understanding, which God our Lord was pleased to give me, and believing as I greatly believe in the high and sacred mystery of the Holy Trinity and in everything that the Holy Mother Church has and believes […]”

MEMORIAL OF THE DILIGENCE MADE TO RECOVER THE REMAINS OF ANDRÉS DE LAS ROELAS IN 1654

Córdoba, transfer at the beginning of the 19th century XIX.

“[…] having opened the hole in which he was buried, only a large skull was found, some shoes with their soles, and some stab wounds on the cordoban, and a piece of leather about as strong as a cassock […] “

Saint Raphael and the Martyrs: two great devotions in the Oath

In 1578 Father Roelas was seriously ill. On several occasions, while resting in his bed, he had heard, without seeing anyone, a voice that advised him, “Go out into the countryside, and you will be healthy.” 

He walked to the outskirts of the city, where, tired, he decided to catch his breath sitting on a rock next to a of the roads, near the area known as the Marrubial. There he saw five young men approaching on horses and by their clothes – white doublets, velvet leggings and hats – Roelas thought they were merchants who came from doing business in the city. 

When they reached him, one of them, hat in hand, greeted him friendly, immediately telling him that he had to go before the ecclesiastical authority and inform him that “that Sepulcher that was found in San Pedro, and the bones of the Saints, let them have them.” in great veneration, because many works and illnesses will come to this city, and through them, they will be free.

Meanwhile, the other four young men were talking among themselves, Father Roelas hearing one of them affirm “What a big mountain this was around here, when they arrested me.” 

The knights marched immediately, the priest not knowing where they were going, nor the signs of the hooves of their horses. This meeting would soon be identified as the appearance of the Five Martyrs – Faust, Januario, Marcial, Acisclo and Zoilo – to Andrés de las Roelas. 

His message would be a precursor to what San Rafael himself would transmit a few weeks later.

The temple of the Oath: from the house of Roelas to the house of the Custos

The site we walk on is undoubtedly the reason for the temple that houses us. 

Its particular name, the Oath, proves that it was here where San Rafael revealed his identity to Father Roelas and confirmed the veracity of the relics that appeared in San Pedro in 1575.

More than half a century later, the Plague epidemic of 1649, very aggressive in the city, caused the municipal council to appoint one of its twenty-four knights, José de Valdecañas, to watch over and promote the cult of San Rafael, thus requesting the protection of the Archangel in the face of this and other adversities. Valdecañas soon attempted to acquire the house where San Rafael had sworn to be Custodian of the city, and with donations from the cathedral chapter, city juries, nobility and common people, he made his purchase effective in 1652.

The temples of San Rafael: the growth of devotion

The next step was to consign such an important place to worship, which would be achieved only one year later – August 1653 – by obtaining ecclesiastical license to celebrate mass there. Soon the demolition of part of the house was undertaken in order to erect a hermitage that would forever remember the place of the apparitions. 

Meanwhile, in the part that was still standing, an oratory was set up where the people of Cordoba could show their affection and devotion to the Archangel. This oratory, intimate and small, was soon insufficient to house the devotion to Saint Raphael.

The construction work on the hermitage would continue for decades due to lack of funds, until finally in 1732 it could be consecrated. It had a Latin cross plan, consisting of a single nave with altars on its sides, a slight transept covered by a dome and a presbytery ending, in the first instance, in a flat front where the image of the owner was located.

The famous Lisbon earthquake, which occurred in 1755, had few consequences in the city, which was attributed to the intercession of Saint Raphael. 

Grateful, the municipal and ecclesiastical councils agreed to go perpetually in procession every May 7 to the hermitage. This de facto converted the temple into one of the religious centers of Córdoba, also giving it a certain degree of official status. 

The category of visitors and the increase in faithful meant that almost immediately the possibility of expanding it was considered, since once again, it was too small. 

For this, Hdad. of San Rafael was acquiring the adjoining land and, while the desired but expensive work was being undertaken – which would happen decades later – a hexagonal dressing room was built that gave prominence to the image of San Rafael.

There were several proposals for expansion. Some proposed doing it at the head of the temple (3 and 4), another at the foot and with side naves (5), and finally it was decided, after a host of historical circumstances, that it would be a mix of both ideas topped with a large dome. and a rotunda with a marked martyrdom meaning (6). The resulting temple, which we see today, would be consecrated after 10 years of work on May 4, 1806 (13).

IV. Devotion to San Rafael: between officialdom and popular piety

From the very beginning of the devotion to San Rafael in Córdoba there has been a total identification of all social strata with its Custodian. Religious and civil institutions, nobility and the common people have participated alone or together in the cult of the Archangel.

The ecclesiastical council, for example, decided that a superb image of San Rafael, the work of Duque Cornejo, would crown the cathedral choir. The city council, for its part, presided over the town hall houses with a fantastic canvas of the Custodian, from the brushes of Antonio del Castillo. The noble houses were no less. That of Villaseca, in the nearby Viana palace, gave a good example of its devotion with the interesting wall paintings of the story of Tobias, a biblical passage about the Archangel. And the people did not stop showing their affection for San Rafael. Countless homes put a small tile with his image on the lintel of their door, and in the privacy of the houses thousands of prints and photographs with his divine presence are lost. A mere walk through the most diverse shops in the city is enough to find the Archangel.

INSTRUMENTS OF PASSION

CROWN OF THORNS

Bishop Giulio Ricci observed that the numerous puncture wounds in the skull of the Man of the Holy Shroud were distributed both anteriorly and posteriorly throughout the cranial vault. For this reason he estimated that the crown of thorns that had been placed on this Man was not the one usually represented in the shape of a diadem, but rather had to be in the shape of a cap. The soldiers would weave it using a helmet as a last, undoubtedly using jujube branches (ziziphus jujuba or ziziphus spina-christi), which are flexible and can be braided only during spring. Its thorns are very hard and do not break, unlike those of other thorny plants.

San Rafael and Córdoba. The devotion to the Custodian that, over the centuries, has become a hallmark of a city. Beyond these walls, the presence of the Archangel is today a constant in the Córdoba landscape. Triumphs, altars, streets, names, festivals and rituals, which time and the faith of a people have turned into something special and their own.

The beginning to discover the keys to the significance of this great heritage wealth had to start from here, where it all began. The church of the Oath of San Rafael, built on the site of Father Roelas’ house, the place where the Archangel pronounced his oath of protection to the city.

Here begins a journey through centuries of historical and emotional ties where religiosity, culture and identity have formed a magnificent legacy of values ​​to discover, understand and share.

Córdoba, 1578. The city, like all of its century, is punished by epidemics and plagues that decimate the population and the fields. Storms, storms and general unhealthiness make life not easy. In these very adverse circumstances, the people of Cordoba will resort to the protection of God and his saints, thus constituting religiosity at the central axis of their existence.

The Holy Martyrs are the main devotion of the people of Cordoba in the 16th century. Two great moments of the city – in Roman and Islamic times – had coincided with periods of religious persecution, during which many Christians died who would become, centuries later, the hope to which we turn in the face of so much calamity. The remains of many martyrs were transferred to the north of the peninsula due to the danger that they would be devastated. Others hid in safe places in Córdoba itself, some of them being found centuries later. This happened in 1575 when a tomb full of relics was found in the basement of the church of San Pedro. Its discovery brought enormous joy to the city although, as there was no reliable evidence of its veracity, they did not prepare for worship.

Three years later Andrés de las Roelas, a humble and sick priest, decided to go out into the countryside to try to regain some health. There he ran into Five Caballeros, educated young men who told him, to his surprise, to tell the Bishop that the bones found were those of Martyrs and they should be worshiped. Frightened, Roelas did not comply with the command, so a new emissary of God would reproach him for his attitude and reaffirm the veracity of the Relics. He, at the insistence of the priest, recognized his identity on May 7: San Rafael Arcángel, Guardian and Custodian of Córdoba.

The origin of a devotion: the apparitions of Saint Raphael to Father Roelas

The origin of Córdoba’s great devotion to San Rafael is found in the appearances of the Archangel to the priest Andrés de las Roelas. Up to five were counted between the end of April and the beginning of May 1578. Roelas, concerned about their veracity, went to the most reputable theologians in the city, who recommended that he ask the mysterious visitor about his identity. He did so repeatedly and only in the last appearance, on May 7, would it be revealed to him with the now famous Oath. “I swear to you by Jesus Christ Crucified that I am Rafael the Archangel to whom God has entrusted the Custody of this City […]”.

Especially relevant were two of the revelations that Saint Raphael made to Father Roelas. On the one hand, that which manifested the veracity of the relics that, found three years earlier in the church of San Pedro, were believed to be those of the Holy Martyrs of Córdoba. On the other hand, the one that declared the custody and guardianship of the city by the Archangel himself, especially in the face of storms and epidemic diseases.

Juan del Pino, priest friend and confessor of Father Roelas, decided to transcribe what he had told him so many times about the visits of the Archangel, the text would henceforth be known as the Revelations. These received ecclesiastical approval in 1603 and since then, together with their religious and devotional value, they were an inexhaustible source of information and inspiration for artists.

Appearances in art: evolution of a model

Of great interest to the city of Córdoba, the episode of the apparitions was widely represented by practically all the arts, with numerous examples remaining in the Temple of the Oath. Examples include the canvas that welcomes the visitor or the delicate sculptural piece that we find in the sacristy. The engravings, of lower cost and therefore more accessible to the population, reproduced the meeting on many occasions.

As the years passed, the iconography would be refined to the sole representation of Saint Raphael, although now with an element inherited from the apparitions, and from the results of which the expressly Cordoban model of the Archangel would be generated: the cartouche of the Oath. This piece includes the words by which the Archangel is recognized as Custodian of Córdoba. 

The one shown originally belonged to the image that presides over this temple, and with this it was made by the sculptor Alonso Gómez de Sandoval in 1735. On its back it contains a document that recounts the reform of the effigy in 1795.

The documentary trail of the apparitions is also extensive. Especially important is the transfer that is exposed of the Revelations themselves, dated 1735. Likewise, the draft of a letter from 1818 addressed to Pope Pius VII states that these revelations were approved by the ecclesiastical governor of Córdoba in 1603.

Andrés de las Roelas

Around 1525 Andrés de las Roelas was born in the town of Posadas, Córdoba. Little is known about his life before the meeting with the Custodian, although he was a resident of the San Lorenzo neighborhood, residing in some houses – the lot where we are – owned by his sister, Francisca de las Roelas. Cautious and prudent, he questioned the encounters with the Archangel, only telling what happened to his confessor, religious authority and some theologians. He testified twice, stating in the second, in 1586, that he wanted to be buried in the monastery of the Discalced Carmelites, today the church of San Roque, arranging in detail how it should be done.

He died in 1587, several searches were made for his remains, all unsuccessful. The one dated 1841, promoted by the Hdad, stands out. of San Rafael, and for which the ark that was to house his mortal remains was even commissioned. 

Despite the setback of not finding them, the Brotherhood encouraged his figure by commissioning works that showed it, such as the engraving of the apparitions, a work by José Gómez from 1843, created only two years after the attempt.

The temple of the Oath of Saint Raphael: the Great Reliquary

The appearance of the Five Knights to Father Roelas first, and those of San Rafael later, all with the same message, would make the figures of the Holy Martyrs forever linked to that of the Archangel. 

The current temple, raised on the site of the house where the priest lived, was conceived not only to worship San Rafael, but the local martyrs were to occupy a preeminent place in it. This is demonstrated by the fact that Saints Acisclo and Victoria, martyrs and patrons of the city, escort the Custodian in places as significant as the Main Chapel or the façade. 

The canvas of the Martyrdom of Saint Eulogius, that of the martyrs Argentea and Wulfurano, or the extensive collection of martyrdom prints, are only a brief sample of the extensive heritage in honor of the Holy Martyrs that exists. in the temple of the Oath, completed by altarpieces, images and especially, a multitude of relics.

The spread of a devotion: the appearance of the Five Caballeros

This episode has been captured by numerous artists. In the Church of the Oath we find it on three canvases: in the temple – at the foot of the Gospel nave -, in the sacristy and in the one on display, from the Rector’s office. Among the engravings, true spreaders of devotion, the small one that combines the apparitions of the Holy Martyrs and Saint Raphael to Father Roelas stands out. Eloquent is the case of the following specimens, an example of the enormous demand for these engravings. 

The plate used for printing had to be constantly renovated due to its great use, including the engraver, in each of the restorations, new elements that differentiated them. Thus, a signature and date were added to the original model, and later a phylactery was included that outlined the meeting of the Knights and when it happened.

The episode was reflected in a multitude of documents and publications throughout the centuries. The Iltre. Hdad. of San Rafael undertook at various times a compilation of data that would give intellectual solidity to the faith in the Custodian, originating at this time the Compendium, a work that collects the reasons for the founding of the brotherhood, among which there is no shortage, in detail, the appearance of the Five Caballeros. 

Of great interest are the Critical Annotations, in which the revelations are translated into Latin in order to facilitate their knowledge outside of Spain and, especially, to make them accessible in the Vatican.

Saint Raphael and the Martyrs: two great devotions in the Oath

In 1578 Father Roelas was seriously ill. On several occasions, while resting in his bed, he had heard, without seeing anyone, a voice that advised him “Go out into the countryside, and you will be healthy.” 

He walked to the outskirts of the city, where, tired, he decided to catch his breath sitting on a rock next to a of the roads, near the area known as the Marrubial. 

There he saw five young men approaching on horses and because of their clothes – white doublets, velvet leggings and hats, Roelas thought that they were merchants who came from doing business in the city. 

When they reached him, one of them, hat in hand, greeted him friendly, immediately telling him that he had to go before the ecclesiastical authority and inform him that “that Sepulcher that was found in San Pedro, and the bones of the Saints, let them have them” in great veneration, because many works and illnesses will come to this city, and through them, they will be free.

Meanwhile, the other four young men were talking among themselves, Father Roelas hearing one of them affirm “What a big mountain this was around here, when they arrested me.” The knights marched immediately, the priest not knowing where they were going, nor the signs of the hooves of their horses. 

This meeting would soon be identified as the appearance of the Five Martyrs-Faust, Januario, Marcial, Acisclo and Zoilo to Andrés de las Roelas. His message would be a precursor to what San Rafael himself would transmit a few weeks later.

The temple of the Oath: from the house of Roelas to the house of the Custos

The site we walk on is undoubtedly the reason for the temple that houses us. Its particular name, the Oath, proves that it was here where Saint Raphael revealed

to Father Roelas his Identity and confirmed the veracity of the relics that appeared in San Pedro in 1575.

More than half a century later, the Plague epidemic of 1649, very aggressive in the city, caused the municipal council to appoint one of its twenty-four knights, José de Valdecañas, to watch over and promote the cult of San Rafael, thus requesting the protection of the Archangel. in the face of this and other adversities. Valdecañas soon attempted to acquire the house where San Rafael had sworn to be Custodian of the city, and with donations from the cathedral chapter, city juries, nobility and common people, he made his purchase effective in 1652.

Votive offerings and donations: faith materialized

Numerous goods were arriving at the Temple of the Oath in prayer to San Rafael or in gratitude for the favor received. In the canvas of the Apparition of the Virgin of Pilar to Santiago with a donor, he has been identified as Diego Mesía de la Cerda, a member of the aforementioned Casa de la Vega de Armijo, closely linked to the temple historically. 

Numerous popular votive offerings attest to the fidelity of San Rafael with the Cordoban people in the face of their misfortunes, highlighting the collection of popular paintings, or the very interesting votive offering that a Cordoban resident of Cádiz sent in thanksgiving when his house did not suffer significant damage before a bombardment, with a projectile fragment included. Donations of liturgical trousseau, spices or alms show the city’s professed love for its Custos.

Along with them, countless actions in favor of the cult of the Archangel. The municipal council, as a good example of them, sponsored a publication in 1651 that glossed the festivals celebrated by the city after the achievement of obtaining from Rome its own prayer to Saint Raphael. 

In this way, he prevented these celebrations – truly collective – from falling into oblivion. 

The Church, for its part, faced with the unequivocal dialogue between Córdoba and its Custos, began to recognize this special relationship with indulgences and graces, such as those granted by Clement XI to the brothers of San Rafael. And the people of Cordoba, with more or less humble offerings, continued to show their devotion. 

This is what the bearers of the image did in 1865, giving a new cartouche with the Oath, which made of silver has been at the foot of the effigy since then.

The Illustrious Brotherhood of San Rafael: custody of the Custodian

Since the mid-17th century, the devotees of San Rafael met with some regularity, although it was not until the 18th century that the current Brotherhood emerged. A new group of faithful began to worship the Archangel in 1708, deciding at the end of 1715 to request the Bishop’s approval as a Brotherhood. 

They get their approval in January of the following year. Since then and to this day, the illustrious Brotherhood of San Rafael has stood as the true custodian of the Custodian, watching over his cult, the conservation of the temple and keeping the devotional flame alive even in very unfortunate periods for the city. The first meeting of his brothers recorded in the minutes is dated May 21, 1716 (7). Years later, King Philip V approved his Constitutions, being one of the few Spanish corporations to have them sanctioned by religious and civil authority. 

In 1841 – a fateful year for the corporation – the Brotherhood rendered accounts to the State for its properties. On October 1 they would be seized. Despite the numerous difficulties, the devotion to San Rafael has ensured that the Brotherhood survives to this day, with more than three centuries of uninterrupted existence.

Córdoba, open temple of San Rafael

Córdoba, a faithful devotee of the Archangel, has been employing its artists for centuries to represent him.

In the altarpieces of the temples and intimacy of the convents, in the triumphs and street altars, in the fronts of local businesses. Everywhere the eye can see, there is the Custodian. But such a repeated iconography necessarily had to develop its own variant, generating over the centuries an exclusively Córdoba model of San Rafael.

There has not been a generation in the city that has not wanted to represent San Rafael. Such renowned names as Antonio del Castillo, Valdés Leal, Miguel Verdiguier, Duque Cornejo and Damián de Castro have given their best in their Custodio works. 

Also in the last century, each artist with his imprint recreated his angelic effigy. 

Iconic is the work of Julio Romero de Torres who, with his peculiar style, represented San Rafael several times. Even Lorca himself, author of one of the most beautiful poems dedicated to the Custos, which would be a source of inspiration for the Cántico group, wanted to draw the archangel San Rafael, the archangel of Córdoba.

From Antonio del Castillo to Gómez de Sandoval: the consolidation of a model.

The episode of the apparitions – germ of devotion local to the Archangel – was enormously represented in paintings and prints. Over time, and although never the priest was no longer remembered, devotion made him one would like to show only San Rafael, although already accompanied by a cartouche with the words of the Oath, an attribute par excellence of the Cordoban model.

Among these works, the canvas painted by Antonio del Castillo for the municipal council stands out, created in 1652 which would generate the first icon of this clearly Córdoban movement. The city liked the work so much that Hdad. de San Rafael did not give up his efforts to popularize it through engravings. 

The impact must have been such that without a doubt the work created by Del Castillo was present among the brothers when they commissioned the sculptor Alonso Gómez de Sandoval for their new and portentous image, which would soon become the most famous of the representations of the Custos in Córdoba. This would be executed in 1735 for 1,500 reales. However, an extensive renovation carried out by Sandoval and his workshop in 1795 would give it its current appearance.

VIA CRUCIS

Reason for the death sentence, written in Aramaic, Greek and Latin, based on the relic kept in the Basilica of the Holy Cross in Jerusalem, Rome, based on the research of Michael Hesemann

CROWN OF THORNS

The head of the Man of the Holy Savannah has multiple puncture wounds throughout the skull. Monsignor Ricci attributed them to a helmet-shaped crown of thorns. In all likelihood they would be jujube thorns (Ziziphus jujuba).

SIDE SORE

In the Man on the Shroud we see an open wound in the fifth intercostal space, produced after death by a sharp object, such as a spear, from which serous fluid and postmortal blood came out.

BOUNDS ON THE KNEES

The Man of the Holy Shroud has skin cuts on his knees, the result of falls on the way to execution, with the stake on his shoulders. Earth with aragonite, abundant in Jerusalem, has been found in them.

SHARA HOLY FAITHFUL WITNESS

NAILS IN THE WRISTS

The Man of the Holy Savannah has his hands pierced at the wrists

SWOLLING BELLY

Just like the Man on the Shroud, a sign of death by asphiaia.

NAILED FEET

As in the Man on the Shroud, the feet are mounted, the left one on top of the right, and pierced by a single nail.

PHOTOGRAPHY JOSÉ LAGUILERA

MULTIPLE SORES ALL OVER THE SKIN

Produced by whip blows, of the flagrum taxillatum type, with care taken to protect the pericardial area, thus avoiding the death of the prisoner. They are especially abundant in the sword. On the shoulders of the Man of the Holy Shroud there are also abrasions due to the rubbing of a prismatic wood on the skin already wounded by the lashes.

MADERO OF THE CRUZ

Based on the proposal of Michael Hesemann, the patibulum or crossbar, with a square section and the stipes or vertical pole, with a circular section, as deduced from the hole excavated in Calvary.

The exposition of the Holy Eucharist in the monstrance or monstrance leads the faithful to recognize in it the wonderful presence of Christ and invites them to unity of heart with Him.

“With the Lord fixed on the cross, so that the nails would not loosen the divine body, the ministers of justice decided to redouble them on the part that they pierced the sacred wood, and to execute it they began to lift the cross to turn it, holding it underneath against the earth to the Crucified Lord himself”.

Unusual image of the crucifixion, influenced by the painter Antonio del Castillo, based on the visions of Mother Sister María Jesús de Ágreda, collected in her book “The Mystical City of God”.

The film “The Passion” directed by Mel Gibson, is inspired by this book and depicts the crucifixion as in this painting.

SISTER MARÍA JESÚS DE ÁGREDA – Mystical City of God (Chapter XXIX)

Source: Basílica de San Rafael de Córdoba / Espanha.

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